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Cinema novo

Origem: Wikip�dia, a enciclop�dia livre.
(Redirecionado de Cinema Novo)
 Nota: Para o movimento hom�nimo portugu�s, veja Novo Cinema. Para a can��o de Gilberto Gil e Caetano Veloso, veja Cinema Novo (can��o).

Cinema Novo � um movimento cinematogr�fico brasileiro, destacado pela sua cr�tica � desigualdade social que se tornou proeminente no Brasil durante os anos 1960 e 1970. O Cinema Novo se formou em resposta � instabilidade racial e classista no Brasil. Influenciados pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, filmes produzidos sob a ideologia do Cinema Novo se opuseram ao cinema tradicional brasileiro de at� ent�o, que consistia principalmente em musicais, com�dias e �picos ao estilo "hollywoodiano".[1] Glauber Rocha � amplamente considerado o cineasta mais influente do Cinema Novo.[2][3][4] Hoje, o movimento � muitas vezes dividido em tr�s fases sequenciais que diferem em tom, estilo e conte�do.

Apesar de surgir em circunst�ncias similares, o Cinema Novo n�o deve ser confundido com o Novo Cinema (�s vezes tamb�m chamado de "Cinema Novo"), um movimento de filmes que surgiu em Portugal entre 1963 e 1974.

Na d�cada de 1950, o cinema brasileiro era dominado por chanchadas (musicais, muitas vezes c�micos e "baratos" [6]), �picos de grande or�amento que imitavam o estilo de Hollywood, [6] e "cinema s�rio" que o cineasta de Cinema Novo Carlos Diegues caracteriza como "�s vezes cerebral e muitas vezes ridiculamente pretensioso". [7] Este cinema tradicional foi apoiado por produtores, distribuidores e expositores estrangeiros. � medida que a d�cada terminava, jovens cineastas brasileiros protestaram contra os filmes que eles percebiam como "de mau gosto e comercialismo s�rdido, uma forma de prostitui��o cultural" que dependia do patroc�nio de "um Brasil analfabeto e empobrecido". [7]

Tudo come�a em 1952 com o primeiro Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e o primeiro Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Por meio desses congressos, foram discutidas novas ideias para a produ��o de filmes nacionais. Essas ideias est�o bem representadas no filme Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos, obra fortemente influenciada pelas propostas do neorrealismo italiano que Alex Viany vinha divulgando.

Um trecho do livro A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro (1981), de Carlos Roberto de Souza, expressa bem quais viriam a ser as pretens�es do cinema nessa �poca:

"Rio, 40 graus era um filme popular, mostrava o povo ao povo, suas ideias eram claras e sua linguagem simples dava uma vis�o do Distrito Federal. Sentia-se pela primeira vez no cinema brasileiro o desprezo pela ret�rica. O filme foi realizado com um or�amento m�nimo e ambientado em cen�rios naturais: o Maracan�, o Corcovado, as favelas, as pra�as da cidade, povoada de malandros, soldadinhos, favelados, pivetes e deputados."

O Cinema Novo tornou-se cada vez mais pol�tico. Na d�cada de 1960, o Brasil estava produzindo o cinema mais pol�tico da Am�rica do Sul, tornando-se, portanto, o "lar natural do movimento Cinema Novo". [5] O Cinema Novo aumentou a proemin�ncia ao mesmo tempo que os presidentes progressistas brasileiros Juscelino Kubitschek e mais tarde Jo�o Goulart assumiram o cargo e come�aram a influenciar a cultura popular brasileira. Mas n�o foi at� 1959 ou 1960 que 'Cinema Novo' surgiu como um r�tulo para o movimento. [6] De acordo com Randal Johnson e Robert Stam, o Cinema Novo come�ou oficialmente em 1960, com o in�cio de sua primeira fase. [8]

Em 1961, o Centro Popular da Cultura, organiza��o associada � Uni�o Nacional dos Estudantes, lan�ou Cinco Vezes Favela, um filme seriado em cinco epis�dios que Johnson e Stam afirmam ser "um dos primeiros" produtos do movimento Cinema Novo. [9] O Centro Popular de Cultura (CPC) procurou "estabelecer um v�nculo cultural e pol�tico com as massas brasileiras, colocando pe�as em f�bricas e bairros da classe trabalhadora, produzindo filmes e registros e participando de programas de alfabetiza��o". [9] Johnson e Stam afirmam que "muitos dos membros originais do Cinema Novo" tamb�m eram membros ativos no CPC que participaram da produ��o de Cinco Vezes Favela. [9]

Influ�ncias

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Os cineastas brasileiros modelaram o Cinema Novo segundo g�neros conhecidos por subvers�o: neorrealismo italiano e Nouvelle Vague francesa. Johnson e Stam afirmaram ainda que o Cinema Novo tem algo em comum "com o filme sovi�tico dos anos vinte", que, como o neorrealismo italiano e a francesa Nouvelle Vague, "tinha uma propens�o para teorizar sua pr�pria pr�tica cinematogr�fica". [10] O cinema neorrealista italiano filmava frequentemente em localiza��o com atores n�o-profissionais e cidad�os da classe trabalhadora representados durante os tempos econ�micos dif�ceis ap�s a Segunda Guerra Mundial. A Nouvelle Vague absorveu fortemente o neorrealismo italiano, pois os diretores franceses rejeitaram o cinema cl�ssico e abra�aram a iconoclasia.

Alguns proponentes do Cinema Novo foram "desprez�veis com a pol�tica da Nouvelle Vague", considerando sua tend�ncia de copiar estilisticamente Hollywood como elitista. [2] Mas os cineastas de Cinema Novo foram bastante atra�dos pelo uso da teoria do autor por parte da onda francesa, o que permitiu aos diretores fazer filmes de baixo or�amento e desenvolver bases de f�s pessoais.

O cineasta Alex Viany descreve o movimento como tendo elementos de cultura participativa. De acordo com Viany, enquanto o Cinema Novo era inicialmente "t�o fluido e indefinido" como sua antecessora, Nouvelle Vague, exigia que os cineastas tivessem paix�o pelo cinema, um desejo de us�-lo para explicar "problemas sociais e humanos" e uma vontade de individualizar seu trabalho. [6]

A teoria do autor tamb�m influenciou muito o Cinema Novo. Embora suas tr�s fases fossem distintas, o Cinema Novo encorajava os diretores a enfatizar suas pol�ticas pessoais e prefer�ncias estil�sticas. Como o cineasta Joaquim Pedro de Andrade explicou a Viany em uma entrevista de 1966:

Em nossos filmes, as proposi��es, posi��es e id�ias s�o extremamente variadas, �s vezes at� contradit�rias ou pelo menos m�ltiplas. Acima de tudo, elas s�o cada vez mais livres e desmascaradas. Existe uma total liberdade de express�o. � primeira vista, isso parece indicar alguma incoer�ncia interna no movimento Cinema Novo. Mas, na realidade, penso que isso indica uma maior coer�ncia: uma correspond�ncia mais leg�tima, verdadeira e direta entre o cineasta - com suas perplexidades, d�vidas e certezas - e o mundo em que vive. [11]

A luta de classes tamb�m informou o Cinema Novo, cujo tema mais forte � a "est�tica da fome", desenvolvida pelo estreante cineasta de Cinema Novo, Glauber Rocha, na primeira fase. Rocha desejava expor qu�o diferente era o padr�o de vida para latinoamericanos ricos e latinoamericanos pobres. Em seu ensaio de 1965 'Uma est�tica da fome', Rocha afirmou que "A fome latina, por isto, n�o � somente um sistema alarmante: � o nervo da sua pr�pria sociedade (...) Nossa originalidade � nossa fome e nossa maior mis�ria � que esta fome, sendo sentida, n�o � compreendida." [12] Sobre esta nota, Wheeler Winston Dixon e Gwendolyn Audrey Foster sustentam que" as implica��es marxistas do cinema [de Rocha] s�o dif�ceis de n�o perceber". [13]

Temas e estilo

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A maioria dos historiadores do cinema divide o Cinema Novo em tr�s fases sequenciais que diferem em tema, estilo e assunto. Stam e Johnson identificam "uma primeira fase que vai de 1960 a 1964," uma segunda fase em execu��o "de 1964 a 1968," e uma terceira fase em execu��o "de 1968 a 1972" (embora tamb�m reivindiquem que a fase final se conclui "grosso modo" "no final de 1971"). [14] H� pouco desacordo entre os cr�ticos de cinema sobre essa linha do tempo. [15] [16] [17] [18]

O cineasta Carlos Diegues afirma que, embora a falta de fundos reduza a precis�o t�cnica dos filmes do Cinema Novo, tamb�m permitiu que diretores, escritores e produtores tivessem uma quantidade incomum de liberdade criativa. "Porque o Cinema Novo n�o � uma escola, n�o tem um estilo estabelecido", afirma Diegues. "No Cinema Novo, as formas expressivas s�o necessariamente pessoais e originais sem dogmas formais". [7] Esta liberdade de dire��o, juntamente com a mudan�a do clima social e pol�tico no Brasil, fez com que o Cinema Novo experimentasse turnos de forma e conte�do em um curto per�odo de tempo.

Primeira fase (1960-1964)

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Os filmes da primeira fase representam a motiva��o original e os objetivos do Cinema Novo. Eles tomaram um tom intenso e rural no cen�rio, lidando com doen�as sociais que afetaram a classe trabalhadora como fome, viol�ncia, aliena��o religiosa e explora��o econ�mica. Eles tamb�m abordaram o "fatalismo e estoicismo" da classe trabalhadora, o que o desencorajou de trabalhar para resolver esses problemas. [18] "Os filmes compartilham um certo otimismo pol�tico", escrevem Johnson e Stam, "uma esp�cie de f� que apenas mostrando esses problemas seria um primeiro passo para a solu��o deles". [19]

Ao contr�rio do cinema tradicional brasileiro que retratava belos atores profissionais em para�sos tropicais, o Cinema Novo de primeira fase "procurou os cantos sombrios da vida brasileira - suas favelas e seu sert�o - os lugares onde as contradi��es sociais do Brasil apareceram de forma mais dram�tica". [2] Esses t�picos foram apoiados por estética que "foram visualmente caracterizadas por uma qualidade documental, muitas vezes alcançada pelo uso de uma câmera de mão" e foram filmadas "em preto e branco, usando cenários simples e vivos que enfatizavam vividamente a dureza da paisagem". [18] Diegues sustenta que o Cinema Novo de primeira fase não se concentrou na edição e no enquadramento, mas sim na divulgação de uma filosofia do proletariado. "Os cineastas brasileiros (principalmente no Rio, na Bahia e em São Paulo) levaram suas câmeras e saíram para as ruas, o país e as praias em busca do povo brasileiro, o camponês, o trabalhador, o pescador, o morador das favelas." [20]

A maioria dos historiadores do cinema concorda que Glauber Rocha, "um dos cineastas mais conhecidos e prolíficos que surgiram no final da década de 1950 no Brasil" [21] foi o mais poderoso defensor do Cinema Novo em sua primeira fase. Dixon e Foster afirmam que Rocha ajudou a iniciar o movimento porque queria fazer filmes que educassem o público críticos à desigualdade social o que o cinema brasileiro na época não fazia. Rocha resumiu esses objetivos ao afirmar que seus filmes usavam "estética da fome" para tratar da agitação racial e classista. Em 1964, Rocha lançou Deus e o Diabo na Terra do Sol, que ele escreveu e dirigiu para "sugerir que apenas a violência ajudará aqueles que são extremamente oprimidos". [5]

Com Rocha no leme durante sua primeira fase, o Cinema Novo foi elogiado por críticos em todo o mundo.

Segunda fase (1964-1968)

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Em 1964, o popular presidente democrata João Goulart foi retirado do cargo por um golpe militar, transformando o Brasil em uma ditadura militar sob o novo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Por conseguinte, os brasileiros perderam a fé nos ideais do Cinema Novo, uma vez que o movimento prometeu proteger os direitos civis, mas não conseguiu defender a democracia. O cineasta Joaquim Pedro de Andrade culpou vários diretores, que ele afirmou terem perdido contato com os brasileiros enquanto apelavam aos críticos: "Para que um filme seja um instrumento verdadeiramente político", disse De Andrade, "deve primeiro se comunicar com o público". [22] O Cinema Novo de segunda fase procurou tanto desviar a crítica quanto enfrentar a "angústia" e a "perplexidade" que os brasileiros sentiram depois que Goulart foi expulso. Fez isso produzindo filmes que eram "análises do fracasso - do populismo, do desenvolvimentismo e dos intelectuais de esquerda" para proteger a democracia brasileira. [23]

Neste momento, cineastas também começaram a tentar tornar o Cinema Novo mais lucrativo. Stephanie Dennison e Lisa Shaw afirmam que os diretores da segunda fase "reconheceram a ironia na fabricação de filmes chamados 'populares', para serem vistos apenas por estudantes universitários e aficionados por arte. Como resultado, alguns autores começaram a se afastar da chamada 'estética da fome' em direção a um estilo cinematográfico e temas projetados para atrair o interesse do público em geral ao cinema". [24] Como resultado, o primeiro filme do Cinema Novo a ser filmado e representar protagonistas de classe média foram lançados durante esse período: Garota de Ipanema (1968), de Leon Hirszman.

Terceira fase e o Novo Cinema Novo (1968-1972)

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Hans Proppe e Susan Tarr caracterizam a terceira fase do Cinema Novo como "uma mistura de temas sociais e políticos contra um pano de fundo de personagens, imagens e contextos que não são diferentes da riqueza e floridez da selva brasileira". [25] O Cinema Novo de terceira fase também foi chamado de "fase canibal-tropicalista" [26] ou simplesmente "tropicalista". [25]

O tropicalismo era um movimento que se concentrava em kitsch, mau gosto e cores turvas. Os historiadores do cinema referem-se ao canibalismo tanto literal como metaforicamente. Ambos os tipos de canibalismo são visíveis em Como Era Gostoso o Meu Francês (Nelson Pereira dos Santos, 1971), em que o protagonista é sequestrado e comido por canibais literais ao mesmo tempo em que é "sugerido que os índios (ou seja, o Brasil) deve metaforicamente canibalizar seus inimigos estrangeiros, apropriando-se de sua força sem serem dominados por eles". [14] Rocha acreditava que o canibalismo representava a violência necessária para promulgar mudanças sociais e representá-la na tela: "Do Cinema Novo deve-se aprender que uma estética da violência, antes de ser primitiva, é revolucionária. É o momento inicial em que o colonizador se torna consciente dos colonizados. Somente quando confrontado com a violência o colonizador compreende, através do horror, a força da cultura que ele explora". [12]

Com o Brasil modernizando a economia global, o Cinema Novo de terceira fase também se tornou mais polido e profissional, produzindo "filmes em que a rica textura cultural do Brasil foi pressionada ao limite e explorada para seus próprios fins estéticos do que pela adequação como metáfora política ". [25] Os consumidores e os cineastas brasileiros começaram a sentir que o Cinema Novo contradiz os ideais da sua primeira fase. Essa percepção levou ao nascimento do Novo Cinema Novo, também chamado de cinema Udigrudi, que usava a estética "tela suja" e "lixo" para retornar o Cinema Novo ao foco original em personagens marginalizados e problemas sociais.

Mas o Cinema Novo de terceira fase também teve apoiadores. O cineasta Joaquim Pedro de Andrade, que atuou durante a primeira fase e produziu um dos filmes de estreia da terceira fase, Macunaíma (1969), ficou satisfeito pelo fato de o Cinema Novo ter se tornado mais confiável para os cidadãos brasileiros, apesar das acusações que estava vendendo para fazer assim. Referindo o Garota de Ipanema de Leon Hirszman, Andrade elogia o diretor por usar "um estereótipo popular para estabelecer contato com as massas, ao mesmo tempo que desmistifica esse estereótipo". [27]

Fim do Cinema Novo

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Burnes St. Patrick Hollyman, filho do famoso fotógrafo estadunidense Thomas Hollyman, afirma que "em 1970, muitos dos filmes do Cinema Novo ganharam inúmeros prêmios em festivais internacionais". [28] Em 1970, Rocha publicou um manifesto sobre o progresso do Cinema Novo, no qual disse que estava satisfeito que o Cinema Novo "ganhou aceitação crítica como parte do cinema mundial" e se tornou "um cinema nacionalista que refletiu com precisão as preocupações artísticas e ideológicas de o povo brasileiro"(Hollyman). [28] Mas Rocha também advertiu os cineastas e consumidores que ser muito complacente nas conquistas do Cinema Novo retornaria o Brasil ao seu estado pré-Cinema Novo:

"O movimento é maior do que qualquer um de nós. Mas os jovens devem saber que não podem ser irresponsáveis quanto ao presente e ao futuro, porque a anarquia de hoje pode ser a escravidão de amanhã. Em pouco tempo, o imperialismo começará a explorar os filmes recém-criados. Se o cinema brasileiro é a palmeira do tropicalismo, é importante que as pessoas que vivenciaram a seca estejam em guarda para garantir que o cinema brasileiro não se torne subdesenvolvido." [29]

Os medos de Rocha foram realizados. Em 1977, o cineasta Carlos Diegues disse que "só se pode falar sobre o Cinema Novo em termos nostálgicos ou figurativos porque o Cinema Novo como grupo não existe mais, sobretudo por ter sido diluído no cinema brasileiro". [30] Para o final de Cinema Novo, o governo brasileiro criou a empresa de cinema Embrafilme para incentivar a produção do cinema brasileiro; mas a Embrafilme produziu filmes que ignoraram a ideologia Cinema Novo. Aristides Gazetas afirma que o Terceiro Cinema agora exerce a tradição do Cinema Novo. [31]

Em 1969, o governo brasileiro instituiu a Embrafilme, empresa destinada a produzir e distribuir o cinema brasileiro. A Embrafilme produziu filmes de vários gêneros, incluindo fantasias e épicos de grande orçamento. Na época, o cineasta Carlos Diegues disse que apoiava a Embrafilme porque era "a única empresa com poder econômico e político suficiente para enfrentar a devastadora voracidade das corporações multinacionais no Brasil". [30] Além disso, Diegues afirmou que enquanto o Cinema Novo "não está identificado com a Embrafilme", ​​"a existência [da Embrafilme] é, na realidade, um projeto do Cinema Novo". [30]

Quando a Embrafilme foi desmantelada em 1990 pelo presidente Fernando Collor de Mello, "as conseqüências" para o setor cinematográfico brasileiro "foram imediatas e sombrias". [32] À falta de investidores, muitos diretores brasileiros co-produziram filmes em inglês. Isso causou que o cinema inglês ultrapassasse o mercado brasileiro, que passou de 74 filmes produzidos em 1989 para nove filmes produzidos em 1993. O presidente brasileiro Itamar Franco encerrou a crise implementando o Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro, que financiou 90 projetos entre 1993 e 1994. A premiação "abriu novas portas para uma nova geração de novos cineastas (e alguns dos veteranos) confiantes de que, como o título de um filme do cineasta veterano Carlos Diegues, anunciado profeticamente, chegariam melhores dias (Dias Melhores Virão, 1989). "[33]

Terceiro Cinema

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Segundo Aristides Gazetas, Cinema Novo é o primeiro exemplo de um gênero influente chamado Terceiro Cinema. Como o Cinema Novo, o Terceiro Cinema se baseia no neorrealismo italiano e na Nouvelle Vague francesa. Gazetas alega que o Cinema Novo pode ser caracterizado como um precursor do Terceiro Cinema, porque Glauber Rocha "adotou as técnicas do Terceiro Cinema para conscientizar as realidades sociais e pol�ticas em seu pa�s atrav�s do cinema". [3] Depois de desaparecer com o Cinema Novo, o Terceiro Cinema foi revivido em 1986, quando as empresas de cinema inglesas procuravam criar um g�nero que "se concentrasse em pr�ticas cinematogr�ficas n�o anglo-americanas" e "evitasse a teoria cultural sentimental do Reino Unido e as pr�ticas culturais e educacionais alinhadas com culturas empresariais e consumismo de mercado que se relacionam com variantes do p�s-modernismo". [31]

Em 1965, Glauber Rocha afirmou que "o Cinema Novo � um fen�meno de novos povos em todos os lugares e n�o um privil�gio do Brasil". [12] Adequadamente, o Terceiro Cinema afetou a cultura do cinema em todo o mundo. Na It�lia, Gillo Pontecorvo dirigiu Battaglia di Algeri ("A Batalha de Argel", 1966), que retratava mu�ulmanos africanos nativos como valentes guerrilheiros combatendo colonialistas franceses na Arg�lia. O cineasta cubano Tom�s Guti�rrez Alea, co-fundador do inovador Instituto Cubano del Arte e Ind�stria Cinematogr�fico, utilizou o Terceiro Cinema para "reconstituir um passado hist�rico para os cubanos". [34] Segundo Stuart Hall, o Terceiro Cinema tamb�m impactou povos negros no Caribe, dando-lhes duas identidades: uma em que s�o unificados em uma di�spora, e outra que destaca "o que os negros tornaram-se como resultado da reg�ncia branca e da coloniza��o". [35]

Lista de filmes-chave

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Primeira fase

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A primeira fase do Cinema Novo � marcada por uma forte influ�ncia do neorrealismo italiano e da nouvelle vague francesa. Os filmes desta fase focam em temas sociais e pol�ticos, retratando a vida dos pobres e marginalizados no Brasil.

A segunda fase � mais radical e experimental, refletindo o crescente descontentamento com a situa��o pol�tica do Brasil. Esta fase � marcada por uma abordagem mais aleg�rica e menos realista, com filmes que exploram a viol�ncia e a opress�o.

Terceira fase

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A terceira fase do Cinema Novo lida com a repress�o pol�tica mais intensa ap�s o golpe militar de 1964. Os filmes dessa fase s�o frequentemente mais pessimistas e introspectivos, refletindo a desilus�o com a pol�tica e a sociedade brasileiras.

Document�rio

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Em 2016, o document�rio brasileiro "Cinema Novo", dirigido por Eryk Rocha, recebeu pr�mio Olho de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Cannes.[5]

H� uma m�sica composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil do �lbum Tropic�lia 2 que se chama Cinema Novo (can��o) e � dedicada a esse movimento.

Principais nomes do cinema novo

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Ligações externas

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  • Dennison, Stephanie and Lisa Shaw (2004), Popular cinema in Brazil, 1930-2001, New York: Manchester.
  • Dixon, Wheeler Winston and Gwendolyn Audrey Foster (2008), A Short History of Cinema, New Brunswick, NJ: Rutgers.
  • Gazetas, Aristides (2008), An Introduction to World Cinema, Jefferson, NC: McFarland & Company.
  • Hollyman, Burnes Saint Patrick (1983), Glauber Rocha and The Cinema Novo, New York & London: Garland.
  • Johnson, Randal and Robert Stam (1995), Brazilian Cinema, New York: Columbia.
  • King, John (2000), Magical Reels: A History of Cinema in South America, New York & London: Verso.
  • Proppe, Hans and Susan Tarr (1976), "Pitfalls of cultural nationalism in cinema novo", Jump Cut: A Review of Contemporary Media, 10, 45-48.
  • Rêgo, Cacilda (2011), "The Fall and Rise of Brazilian Cinema", in Rêgo, Calcida; Carolina, Rocha, New Trends in Argentine and Brazilian Cinema, Chicago: intellect.
  • Rodríguez-Hernández, Rafael (2009), Splendors of South Cinema, Westport, CT: Praeger.
  • Stam, Robert and Randal Johnson (November 1979), "Beyond Cinema Novo"Jump Cut: A Review of Contemporary Media, 21, 13-18.
  • Viany, Alex (Winter, 1970), "The Old and the New in Brazilian Cinema", The Drama Review14 (2), 141-144.
  • Xavier, Ismail (2000), "Cinema Novo", in Balderston, Daniel; Gonzalez, Mike; Lopez, Ana M., Encyclopedia of Contemporary South American and Caribbean Cultures, London: Routledge.

Referências

  1. Johnson and Stam, Randal and Robert (1995). Brazilian Cinema. New York: Columbia. p. 33 
  2. Gazetas, Aristides (2008). An Introduction to World Cinema. Jefferson, NC: McFarland & Company. p. 308 
  3. Johnson, Randal; Stam, Robert (1995). Brazilian Cinema. New York: Columbia. p. 42 
  4. Dixon, Wheeler Winston; Foster, Gwendolyn Audrey (2008). A Short History of Cinema. New Brunswick, NJ: Rutgers. p. 292 
  5. filme brasileiro cinema novo ganha premio de documentario em cannes, acesso em 31 de julho de 2016.