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Joaninha

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 Nota: Para outros significados, veja Joaninha (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaCoccinellidae
Joaninha a exibir o seu corpo semiesférico, típico da família Coccinellidae.
Joaninha a exibir o seu corpo semiesférico, típico da família Coccinellidae.
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Sub-reino: Eumetazoa
Filo: Arthropoda
Subfilo: Hexapoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Superordem: Endopterygota
Ordem: Coleoptera
Subordem: Polyphaga
Infraordem: Cucujiformia
Superfamília: Cucujoidea
Família: Coccinellidae
Géneros

Joaninha[1] é o nome comum dos insetos coleópteros da família das Coccinellidae (Coccinelídeos[2]).

As espécies desta família, geralmente, têm o corpo semiesférico com élitros vermelhos sarapintados de manchas pretas (embora haja de outras cores).[1] Assumem particular relevo na agricultura biológica, como predadoras de pragas agrícolas, porquanto desempenham funções de controlo biológico.[3][4] Há muitas espécies desta família que podem ser confundidas com as de outro grupo de besouros pequenos e coloridos, a família dos crisomelídeos.[5]

O nome científico desta espécie, Coccinela, provém do étimo latino coccĭnus,[6] que significa «escarlate», em alusão à coloração vermelha-viva de muitas das espécies desta família.

Caraterísticas

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Joaninha em voo, exibindo as asas que ficam geralmente escondidas sob sua carapaça colorida.

Os coccinelídeos possuem um corpo geralmente arredondado ou semiesférico, cabeça pequena e antenas curtas, 6 patas e asas membranosas bem desenvolvidas e protegidas por uma carapaça quitinosa (chamada élitro), que geralmente apresenta cores vistosas (vermelho, verde, amarelo, entre outras cores).[4] Podem medir de 0,8 milímetros (como as espécies muito pequenas de Carinodulinka) até 1,8 centímetros de comprimento (como as espécies Megalocaria).[3]

Como os demais coleópteros, passam por uma metamorfose completa durante o seu desenvolvimento. As larvas, geralmente, têm corpo achatado e longo, com tubérculos ou espinhos e faixas coloridas ao seu longo. Possuem duas antenas curtas (com 8 a 11 segmentos) que servem para captar o cheiro e o sabor. Há cerca de 6 000 espécies na família,[3] distribuídas por mais de 350 géneros, distinguíveis pelos padrões de cores e pintas da carapaça, além de outras características.

Alimentação

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Joaninha se alimentando de pulgões de plantas.

A maioria das espécies desta família são predadoras, no entanto também existem algumas que comem folhas, pólen, mel ou até fungos.[3] As espécies predadoras alimentam-se de afídios, moscas da fruta, cochonilhas, ácaros e outros tipos de invertebrados, a maior parte dos quais é nociva para as plantas.[4][3] Uma vez que a maioria das suas presas causa estragos �s colheitas e planta��es, as joaninhas destacam-se por serem ben�ficas para os agricultores.[4] Apesar da grande utilidade, estes insetos s�o amea�ados pelos agrot�xicos, utilizados pelos agricultores nas planta��es, embora a maioria das esp�cies n�o seja considerada como amea�as.[7]

S�o relativamente poucas as esp�cies herb�voras de joaninhas, sendo que todas elas, se subsumem dentro do grupo conhecido como Epilachnini, alimentando-se principalmente de plantas da fam�lia das solan�ceas e das cucurbit�ceas.[4]

Certas esp�cies de joaninha t�m a capacidade de segregar um l�quido amarelo de cheiro desagrad�vel, atrav�s de gl�ndulas localizadas nas pernas, que servem principalmente como defesa contra predadores.[3][4]

Cren�as populares

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Popularmente, nas cren�as populares, atribui-se �s joaninhas o cond�o de darem felicidade, sorte e serenidade.[8]

Papel regulador no ecossistema

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Larva de joaninha se alimentando de pulg�o, uma praga agr�cola.

A maioria das joaninhas s�o excelentes predadores, alimentando-se de ovos e larvas de outros insetos e influindo de forma direta no ecossistema. Nalgumas culturas agr�colas, desempenham um papel regulador e participam no controle biol�gico, proporcionando prote��o � diversidade bot�nica e contribuindo tamb�m para a fertilidade do solo.

Pesquisadores e cultivadores t�m usado estes animais, no desempenho do papel de controladores naturais, no contexto do uso de recursos naturais para equil�brio bioecol�gico. Desta maneira, h� uma necessidade de conhecimento das fases vitais deste animal (ovo, larva, pupa e adulto).[9]

Ciclo de vida da joaninha

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Larva de joaninha em seu formato t�pico, de corpo alongado e com pequenos "espinhos".

As joaninhas s�o organismos dioicos, ou seja, existem f�meas e machos, que s�o morfologicamente diferentes. A fecunda��o � interna e pode ocorrer diversas vezes ao ano, sendo que em cada ciclo reprodutivo, a f�mea pode colocar de 150 a mais de 200 ovos por postura.[10] As f�meas colocam os ovos em diversos locais, mas preferem aqueles colonizados pelas presas que s�o alimentos de suas larvas. Da sua eclos�o at� atingir a forma adulta, as joaninhas sofrem metamorfose completa.

A partir da eclos�o, as larvas se dispersam pela planta � procura de alimento, crescem e desenvolvem-se; ap�s a fase larval, transformam em pupa e quando adultos, se dispersam � procura de um novo habitat, mostrando boa mobilidade entre agrossistemas. O ciclo de vida das joaninhas depende muito de cada esp�cie e da sua dieta, mas no geral, ap�s per�odo que varia entre 2 e 5 dias da postura, as larvas eclodem e come�am a se alimentar.[11] Elas em nada se parecem com as joaninhas adultas. S�o alongadas e podem apresentar uma colora��o escura.

Ap�s um per�odo que pode variar de uma semana at� cerca de 10 dias, a larva se fixa a um local que pode ser a superf�cie de uma folha e se transforma na pupa, que ir� resultar no indiv�duo adulto.[11] O est�gio de pupa pode durar at� cerca de 12 dias.[11] Ap�s este per�odo, a parede da pupa se abre e emerge a forma adulta da joaninha. Assim que sai da pupa, o exoesqueleto do inseto � mole e vulner�vel, por isso, a joaninha adulta permanece im�vel durante alguns minutos, at� que ele endure�a e ela possa voar. No estado adulto, as joaninhas est�o prontas para a reprodu��o.[11]

Foi estudado em laborat�rios de pesquisas a joaninha Cycloneda sanguinea. Notando maior longevidade e fertilidade em rela��o as f�meas deste predador. Outro fator importante, foi levantado em experimentos, quando notou-se em gaiolas fechadas a capacidade em reprodu��o, produzindo descentes em maior larga escala, quando sua dieta era baseada com pulg�es (Hyadaphis foeniculi).[12]

A classificação dos diferentes grupos (taxonomia) de joaninhas têm mudado de acordo com os avanços científicos. Por muito tempo foram consideradas 6 a 7 subfamilias de joaninhas.[3] No entanto, em 2011, após uma extensa pesquisa genética com várias espécies de joaninhas, foi determinada a seguinte classificação:[3]

Subfamília Microweiseinae Leng, 1920

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Subfamília Coccinellinae Latreille, 1807

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Algumas espécies

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  • Rodolia cardinalis, originária da Austrália, que apresenta élitros de coloração vermelho-sanguínea decorados com manchas pretas. Foi introduzida em várias partes do mundo para combater cochonilhas que atacam os pomares. Também é conhecida pelo nome de joaninha-australiana.[4]
  • Cycloneda sanguinea, de ampla distribuição nas Américas, que apresenta corpo quase redondo, coloração geral vermelha clara, com a cabeça e o protórax pretos. Também é conhecida pelo nome de joaninha-vermelha.[4]
  • Coccinella septempunctata, da Europa, que apresenta geralmente de uma a sete manchas pretas sob fundo vermelho em cada élitro. Sua larva é azul com pintas amarelas. Também é conhecida pelo nome de joaninha-de-sete-pontos. Existem também joaninhas de cor amarela e verde.
  • Eurydema dominulus, apresenta cor em tons laranja ou vermelho, possui manchas pretas ou verde metálico. Apresenta asas membranosas, amanho de 10 mm, e o seu habitat em sua maioria costuma ser em terrenos cultivados.[13]

Referências

  1. a b Infopédia. «joaninha | Definição ou significado de joaninha no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 8 de novembro de 2021 
  2. Infopédia. «Coccinelídeos | Definição ou significado de Coccinelídeos no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 8 de novembro de 2021 
  3. a b c d e f g h SEAGO, Ainsley; et al. (2011). «Phylogeny, classification and evolution of ladybird beetles (Coleoptera: Coccinellidae) based on simultaneous analysis of molecular and morphological data» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution 60(1):137-51. Consultado em 31 de dezembro de 2018 
  4. a b c d e f g h COSTA LIMA, A. (1953). Insetos do Brasil - Tomo 8: Coleópteros - Parte 2. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia. pp. Página 283 em diante 
  5. Infopédia. «Crisomelídeos | Definição ou significado de Crisomelídeos no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 8 de novembro de 2021 
  6. «coccĭnus - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 8 de novembro de 2021 
  7. «Embrapa Agrobiologia - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 17 de agosto de 2017 
  8. GUERREIRO, Julio César (5 de junho de 2014). «A IMPORTÂNCIA DAS JOANINHAS NO CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS NO BRASIL E NO MUNDO» (PDF). REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE AGRONOMIA. Consultado em 17 de agosto de 2017 
  9. Cividanes, Terezinha Monteiro (1 de janeiro de 2014). «CONTROLE BIOLÓGICO COM JOANINHAS: UMA TECNOLOGIA DE SUCESSO». Pesquisa & Tecnologia, vol. 11. Consultado em 16 de agosto de 2017 
  10. «Embrapa Agrobiologia - Portal Embrapa». www.cnpab.embrapa.br. Consultado em 13 de julho de 2017 
  11. a b c d "Cividanes"," Freitas", "Suguino", "Terezinha", "Anielly", "Eduardo" (2014). «CONTROLE BIOLÓGICO COM JOANINHAS: UMA TECNOLOGIA DE SUCESSO». Pesquisa & Tecnologia, vol. 11, n. 1,". Consultado em 17 de agosto de 2017 
  12. Wanderley, Paulo Alves,; et al. (2003). «"Reprodução de Joaninhas Alimentadas com Pulgões e Néctar de Erva-Doce."». ENCONTRO TEMÁTICO MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UFPB 2. Consultado em 17 de agosto de 2017 
  13. Michael, Marylene Pinto (1999). Insects- ecologia animal. São Paulo: Nobel. 17 páginas 

Ligações externas

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