Crítica de cinema
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Cr�tica de cinema � o exame de um filme, feito de modo a estabelecer um valor comparado a um objetivo final, como a verdade, o belo etc..[1]
� uma modalidade de an�lise da obra cinematogr�fica que possui caracter�sticas discursivas pr�prias,[2] e que, segundo Fern�o Ramos, evoluiu de modo emp�rico, no sentido de uma busca de respostas aos questionamentos "com base em evid�ncias dispon�veis fora dos limites da mente do observador" e "formulam suas interpreta��es a partir de evid�ncia intersubjetivamente dispon�vel no texto".[3]
Ramos cita a vis�o de uma te�rica, onde "a cr�tica � uma arte, n�o uma ci�ncia".[3] J� o professor Vitor A. Melo acentua que sua rela��o de espectador com um filme tem in�cio antes mesmo da ida ao cinema, com a leitura da cr�tica especializada publicada em jornais. Ap�s refletir sobre a obra, este volta � cr�tica, a fim de estabelecer um "di�logo com o que foi escrito".[4]
Tipos de cr�tica cinematogr�fica
[editar | editar c�digo-fonte]A cr�tica pode ser de dois tipos: externa, quando compara o filme nos seus contextos de produ��o e de recep��o; ou pode ser interna ou imanente, quando avalia a obra em si mesma. O termo tamb�m se estende aos ju�zos e coment�rios, bem como � pessoa que os produz.[1]
A cr�tica difere da an�lise; nela, existe uma jun��o de ju�zo de valor com informa��o, ao passo que a an�lise tem a proposta de interpretar a obra e tamb�m esclarecer o seu funcionamento.[1]
Cr�tica acad�mica de filmes
[editar | editar c�digo-fonte]Na disciplina de filmologia, os cr�ticos exploram o cinema al�m dos limites das cr�ticas de jornal. Eles procuram explicar por que os filmes funcionam, como eles operam esteticamente e politicamente, o que significam, e quais os seus efeitos sobre a popula��o. Em vez de publica��es de massa, seus artigos costumam ser publicados em jornais acad�micos de editoras universit�rias.
A cr�tica acad�mica de filmes costuma apresentar um resumo do enredo do filme. Logo em seguida, costuma haver uma discuss�o do contexto cultural do filme e de seus temas principais, bem como de seu legado para a sociedade.[5]
Alguns not�veis cr�ticos acad�micos de filmes foram Andr� Bazin, Jean-Luc Godard e Fran�ois Truffaut (todos eles escreveram para a revista Cadernos do cinema), Kristin Thompson, David Bordwell e Sergei Eisenstein. Godard, Truffaut e Eisenstein também foram diretores de cinema.
História
[editar | editar código-fonte]O cinema surgiu no final do século XIX. As primeiras críticas de cinema surgiram no início do século XX. O primeiro jornal a publicar uma crítica de cinema foi o "A lanterna ótica e jornal de cinematógrafo", seguido pelo Bioscope em 1908.[6] O cinema é uma forma relativamente nova de arte, em comparação à música, literatura e pintura, que já existem desde os tempos antigos. Os primeiros escritos sobre filmes procuravam defender a ideia de que os filmes eram uma forma de arte. Em 1911, Ricciotto Canudo escreveu um manifesto proclamando que o cinema era a "sexta arte" (posteriormente, "sétima arte").[7] Nas décadas seguintes, o cinema continuaria a ser tratado como uma forma menor de arte.[8]
Na década de 1920, os críticos analisavam os filmes mais por seu mérito do que pelo mero entretenimento. A crescente popularidade do cinema fez com que os jornais passassem a contratar críticos de cinema.[6] Na década de 1930, a indústria do cinema desenvolveu o conceito de astro de cinema. Concomitantemente, também ocorreu um aumento da importância dos críticos de cinema.
Na década de 1940, as críticas de cinema passaram a defender as ideias do crítico com charme e estilo, aumentando a importância da crítica de cinema nos jornais e revistas.[6]
Críticos
[editar | editar código-fonte]Os críticos de cinema raramente são jornalistas formados. Entre eles, duas modalidades existem, conforme o meio para o qual escrevem: os que se dedicam aos jornais têm, no conteúdo informativo, a tônica principal, ao passo que aqueles que escrevem para revistas fazem um trabalho próximo ao do crítico de arte ou do analista.[1]
Grandes críticos também foram teóricos do cinema, como André Bazin, Barthélemy Amengual, James Agee, Gilbert Seldes e Umberto Barbaro; outros também procuravam emitir sua opinião pessoal, emitindo um juízo de valor, como Jean Duchet e Manny Farbet.[1] No Brasil, destacaram-se Wilson Cunha[9] e Rubens Ewald Filho.[10]
Crítica de cinema e internet
[editar | editar código-fonte]Nos Estados Unidos, havia programas de televisão célebres dedicados à crítica cinematográfica, que, ao fim da primeira década do século XXI, foram deixando de ser exibidos. O editor Clarence Page, do Chicago Tribune, reputa o advento da internet como o responsável pelo fim, em agosto de 2009, do programa específico da ABC-Disney, e o anúncio feito, em abril de 2010, do encerramento do antigo programa apresentado por Roger Ebert.[11]
Page lamenta o fim dos grandes críticos, que, segundo ele, não são competitivos em relação à massa de informações "idiotas" da rede mundial de computadores.[11]
Agregador de críticas
[editar | editar código-fonte]Alguns sites, como o Metacritic, Rotten Tomatoes e RateTheFilm, mostram como melhorar a utilidade de resenhas de filmes, compilando-as e atribuindo uma pontuação para cada filme, a fim de avaliar a recepção geral que um filme recebe. Outros sites, como Spill.com, possuem classificações de como "alugá-lo", para dizer, ao espectador, em qual configuração assistir ao filme, em vez de uma pontuação numérica. Alguns vão tão longe a ponto de recomendar o número de cervejas que você precisa para desfrutar de um filme, como MovieBoozer.[12]
O Online Film Critics Society, uma associação profissional internacional de revisores de cinema baseados na Internet, é composta por escritores de todo o mundo, e é considerado o maior prêmio da crítica na Internet.[13] Para sites de filmes independentes, há o IndyRed, feito para comentar títulos de filmes independentes amadores e, em seguida, contar com redes sociais para espalhar as revisões.[14] Sites como este estão preenchendo a lacuna entre Hollywood e cineastas independentes. Uma série de sites permite que os usuários da internet enviem críticas de filmes e pontuações para permitir uma revisão de consenso amplo de um filme.
Mais específicos
[editar | editar código-fonte]Alguns sites são especializados em aspectos estreitos de revisão. Por exemplo, os que se concentram nos avisos de conteúdo específico para os pais, para avaliar a adequação de um filme para crianças, por exemplo, o Screen it! (em português: tela-o!).[15] Outros se concentram em uma perspectiva religiosa (por exemplo, o CAP - ChildCare Action Project).[16] Outros, ainda, destacam os assuntos mais esotéricos, como a representação de filmes de ficção científicaː um exemplo é o "Física do filme insultuosamente estúpido", do Intuitor.[17] O site Everyone's a Critic (a sigla EaC), permite que qualquer pessoa publique resenhas de filmes e comente-as.[18] Existem até mesmo sites de grupos de interesses especiais, tais como o site cristão de revisão, o Movieguide.[19]
Curva ondulatória de deslocamento de expectativas
[editar | editar código-fonte]A curva ondulatória de deslocamento de expectativas (undulating curve of shifting expectations, UCoSE) refere-se tanto ao título de uma característica da indústria de entretenimento recorrente na New York Magazine pelo crítico cultural Adam Sternbergh, como a um conceito de análise de mídia codesenvolvido pela escritora Emily Nussbaum.[20][21]
Em termos simples, UCoSE refere-se à tensão dinâmica entre pré-lançamento, esforços promocionais e reações do público subsequentes na mídia de entretenimento.
"... O que a UCoSE faz é fornecer-nos uma forma de analisar a trajetória de produtos de entretenimento, como eles transformaram seu caminho através de uma teoria de sete estágios gráficos de crescimento: pré-zumbido, zumbido, comentários delirantes, ponto de saturação, exageros, folga, e finalmente, folga para a folga."[22]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e Aumont, Jacques; Michel Marie. «verbete: Crítica». In: Papirus. Dicionário Teórico e Crítico de Cinema. 2006. tradução: Eloísa Araújo Ribeiro 2ª ed. Campinas: [s.n.] pp. 68–69. ISBN 85-308-0703-0
- ↑ «Crítica de cinema na leitura e produção escrita no ensino fundamental» (pdf). Unital. 2003. Consultado em 14 de maio de 2010
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sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda) - ↑ a b RAMOS, Fernão. Editora Senac, ed. Teoria Contemporâ̂nea do Cinema: Pós-estruturalismo e filosofia analítica (ISBN2 : 8573594225). 2005. I. [S.l.: s.n.] 433 páginas. ISBN 9788573594225
- ↑ MELO, Vitor Andrade de. «A Análise da Produção Cinematográfica, o Lazer e a Animação Cultural» (pdf). UFRJ. Consultado em 14 de maio de 2010
- ↑ Hantke, Steffen (2007). "Academic Film Criticism, the Rhetoric of Crisis, and the Current State of American Horror Cinema: Thoughts on Canonicity and Academic Anxiety". College Literature. 34 (4): 191–202. doi:10.2307/25115464. JSTOR 25115464. [S.l.: s.n.]
- ↑ a b c James Battaglia (maio de 2010). «Everyone 's a Critic: Film Criticism Through History and Into the Digital Age». Consultado em 2 de novembro de 2019 line feed character character in
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at position 9 (ajuda) - ↑ Giovanni Dotoli (1999). Ricciotto Canudo ou le cinéma comme art. [S.l.]: Schena-Didier Érudition
- ↑ KATIE KILKENNY (27 de dezembro de 2015). «Why Are So Few Film Critics Female?». Consultado em 2 de novembro de 2019
- ↑ «Wilson Cunha». Consultado em 6 de novembro de 2019
- ↑ «Morre o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, aos 74 anos». 19 de junho de 2019. Consultado em 6 de novembro de 2019
- ↑ a b Page, Clarence (14 de abril de 2010). «One very big thumbs down: Balcony closed, idiot floodgates open». Chicago Tribune (em inglês). Chicago. Consultado em 15 de maio de 2010
- ↑ «Movieboozer - WE RATE MOVIES BY BEER!» (em inglês). movieboozer.com. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «Annual Online Film Critics Society» (em inglês). ofcs.org. Consultado em 7 de maio de 2014[ligação inativa]
- ↑ «indyred - IndyRed independent film reviews» (em inglês). www.indyred.com. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «Screen it!» (em inglês). screenit.com. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «ChildCare Action Project (CAP): Christian Analysis of American Ulture» (em inglês). capalert.com. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «Intuitor Insultingly Stupid Movie Physics» (em inglês). intuitor.com. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «Everyone's a Critic (EaC)» (em inglês). everyonesacritic.net. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «Movieguide - The Family Guide to Movie Reviews» (em inglês). movieguide.org. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «When it Ok Spoil» (em inglês). onthemedia.org. Consultado em 7 de maio de 2014. Arquivado do original em 20 de setembro de 2013
- ↑ «The Mathemagical World of New York Magazine» (em inglês). mediabistro.com. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ «Comes out in Support of Lana del Rey the Music Industrys most Criticized Female» (em inglês). VH1.com. Consultado em 7 de maio de 2014