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Jean-Paul Sartre

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Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Sartre em 1967.
Nome completo Jean-Paul Charles Aymard Sartre
Nascimento 21 de junho de 1905
Paris
Morte 15 de abril de 1980 (74 anos)
Paris
Nacionalidade francês
Cônjuge Simone de Beauvoir
Ocupação Filósofo, escritor, crítico
Prêmios Nobel de Literatura (1964)
Magnum opus O ser e o nada
Escola/tradição Existencialismo, marxismo, fenomenologia
Principais interesses epistemologia, ética, política, ontologia, metafísica, fenomenologia, literatura, psicologia
Ideias notáveis "O Homem está condenado à liberdade", "A existência precede a essência"
Religião nenhuma (ateísmo)[1]
Assinatura

Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980) foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.

Repeliu as distinções e as funções problemáticas e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964.[2] Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" que suceda à existência.[3] Ele também é conhecido por seu relacionamento aberto que durou cerca de 51 anos (até sua morte) com a filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir.

1905 a 1918: a formação do filósofo

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Jean-Paul Sartre era filho de Jean-Baptiste Marie Eymard Sartre, oficial da marinha francesa[4] e de Anne-Marie Sartre (Nascida Anne Marie Schweitzer). Quando seu filho nasceu, Jean-Baptiste tinha uma doença crônica adquirida em uma missão na Cochinchina. Após o nascimento de Jean-Paul, ele sofreu uma recaída e retirou-se com a família para Thiviers, sua terra natal, onde morreu em 21 de setembro de 1906.[5] Jean-Paul, órfão de pai, e então com 15 meses, muda-se para Meudon com sua mãe, onde passam a viver na casa de seus avós maternos. O avô de Sartre, Charles Schweitzer nasceu em uma tradicional família protestante alsaciana da qual faz parte, entre outros, o famoso missionário Albert Schweitzer, sobrinho de Charles. Ao fim da Guerra Franco-Prussiana, Charles optou pela cidadania francesa e tornou-se professor de alemão em Mâcon onde conheceu e casou-se com Louise Guillemin, de origem grega, com quem teve sete filhos, George, Émile e Ana-Maria.[6]

Após o regresso de Anne-Marie, os quatro viveram em Meudon até 1911. O pequeno "Poulou", como Jean-Paul era chamado, dividia o quarto com a mãe. Em seu romance autobiográfico "As Palavras" (Les Mots) confessa que desde cedo a considerava mais como uma irmã mais velha do que como mãe.[7] De sua infância ao fim da adolescência, Sartre vive uma vida tipicamente burguesa, cercado de mimos e proteção.[8] Até os 10 anos foi educado em casa por seu avô e por alguns preceptores contratados. Com pouco contato com outras crianças, o menino tornou-se, em suas próprias palavras, um "cabotino"[9] e aprendeu a usar a representação para atrair a atenção dos adultos com sua precocidade.[10]

Desenho de Sartre feito por Reginald Gray para o The New York Times.

Em 1911, a família Sartre mudou-se para Nobres. Passa a ter acesso à biblioteca de obras clássicas francesas e alemãs pertencente ao seu avô. Após aprender a ler, Jean-Paul alterna a leitura de Victor Hugo, Flaubert, Mallarmé, Corneille, Maupassant e Goethe,[11] com os quadrinhos e romances de aventura que sua mãe comprava semanalmente às escondidas do avô. Sartre considerava serem essas suas "verdadeiras leituras", uma vez que a leitura dos clássicos era feita por obrigação educacional.[12] A essas influências, junta-se o cinema, que frequentava com sua mãe e que se tornaria mais tarde um de seus maiores interesses.

Por sinal, em 1958, John Huston encomendou a Sartre o roteiro do filme que queria fazer sobre a vida de Freud. Huston admirava Sartre e havia montado sua peça Entre Quatro Paredes. Era já o diretor consagrado de obras-primas como O Tesouro de Sierra Madre e O Segredo das Jóias. Surge, então, o famoso filme Freud, além da alma, realizado por Sartre entre 1959 e 1960 e não utilizado integralmente devido a conflitos com o diretor.[13] Já na atualidade, sem o existencialismo de Jean-Paul Sartre não teríamos as obras-primas do cinema sobre a angústia e a incomunicabilidade humana criadas por Michelango Antonioni em A noite (1961) e O eclipse (1962), por exemplo.[14]

Sartre conta em "As Palavras" que escrevia histórias na infância também como uma forma de mostrar-se precoce. Suas primeiras histórias eram cópias de romances de aventura, em que apenas alguns nomes eram alterados, mas ainda assim faziam sucesso entre os familiares.[15] Era incentivado pela mãe, pela avó, pelo tio (que o presenteou com uma máquina de escrever) e por uma professora, a sra. Picard, que via nele a vocação de escritor profissional. Aos poucos, o jovem Sartre passou a encontrar sua verdadeira vocação na escrita.[16]

Apenas seu avô o desencorajava da escrita e o incentivava a seguir carreira de professor de letras. Sem enxergar nele o talento que os demais viam, mas conformado com o fato de que seu neto "tinha a bossa da literatura",[17] incentivou Sartre a tornar-se professor por profiss�o e escrever apenas como segunda atividade.[18] Assim, Sartre atribui ao av� a consolida��o de sua voca��o de escritor: "Perdido, aceitei, para obedecer a Karl, a carreira de escritor menor. Em suma, ele me atirou na literatura pelo cuidado que desprendeu em desviar-me dela".[19]

Em 14 de abril de 1917 sua m�e casa-se novamente, com Joseph Mancy, que passa a ser cotutor de Sartre. Livre da depend�ncia dos pais, Anne-Marie muda-se com Sartre para a casa de Mancy em La Rochelle.[20] Nesta cidade litor�nea, Sartre toma contato pela primeira vez com imigrantes �rabes, chineses e negros. Mais tarde ele reconheceria esse per�odo como a raiz de seu anticolonialismo e o in�cio do abandono dos valores burgueses.[21]

1921 a 1936: a forma��o do fil�sofo

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Em 1921, retorna ao Liceu Henri IV, agora como interno. Encontra Paul Nizan e os dois tornam-se amigos insepar�veis. De 1922 a 1924, ambos estudam no curso preparat�rio do liceu Louis-le-Grand, onde se preparam para o concurso da �cole Normale Superieure. Nessa �poca despertou seu interesse pela filosofia. Sua primeira influ�ncia importante foi a obra de Henri Bergson.

Em 1924, ingressou na �cole Normale Sup�rieure na mesma turma de Nizan, Daniel Agache e Raymond Aron.[22] M�sico e ator talentoso e sempre disposto a participar de brincadeiras e eventos sociais, Sartre torna-se muito popular entre os colegas.[23] Os alunos da escola se dividem em grupos de afinidades religiosas ("ateus" e "carolas"), e fac��es pol�ticas: Socialistas, comunistas, reacion�rios, pacifistas. Sartre adere aos ateus e aos pacifistas[1] e enquanto Aron e Nizan aderem aos c�rculos socialistas e comunistas e come�am a participar da vida pol�tica francesa, Sartre mant�m o individualismo e o desinteresse pela pol�tica que conservaria at� o fim da Segunda Guerra. No campo filos�fico, al�m de Bergson, passou a ler Nietzsche, Kant, Descartes e Spinoza. J� na escola come�a a desenvolver as primeiras ideias de uma filosofia da liberdade leiga, da oposi��o entre os seres e a consci�ncia, do absurdo e da conting�ncia que ele viria a desenvolver posteriormente em suas grandes obras filos�ficas. Seu principal interesse filos�fico � o indiv�duo e a psicologia.[24]

Sartre junto a Simone de Beauvoir e Che Guevara, em Cuba, em 1960.

Em 1928, presta o exame de mestrado e � reprovado. Durante o ano de prepara��o para a segunda tentativa, estuda com Nizan e Ren� Maheu na Sorbonne. Conhece a namorada de Maheu, Simone de Beauvoir que mais tarde se tornaria sua companheira e colaboradora at� o fim da vida. Maheu havia apelidado Simone de Beauvoir de "Castor", devido � semelhan�a de seu nome com Beaver (Castor em ingl�s) e tamb�m "porque ela trabalhava como um castor".[25][26] Sartre assume o apelido e passa a cham�-la de Castor pessoalmente e em todas as cartas que lhe escreveu. Na segunda tentativa do mestrado, Sartre passa em primeiro lugar, no mesmo ano em que Beauvoir obt�m a segunda coloca��o.[27][28]

Sartre e Beauvoir nunca formaram um casal monog�mico. N�o se casaram e mantinham uma rela��o aberta. Sua correspond�ncia � repleta de confid�ncias sobre suas rela��es com outros parceiros. Al�m da rela��o amorosa, eles tinham uma grande afinidade intelectual. Beauvoir colaborou com a obra filos�fica de Sartre, revisava seus livros e tamb�m se tornou uma das principais fil�sofas do movimento existencialista. Sua obra liter�ria tamb�m inclui diversos volumes autobiogr�ficos, que frequentemente relatam o processo criativo de Sartre e dela mesma.

Entre 1929 e 1931, Sartre presta o servi�o militar e torna-se soldado meteorologista.[29] Escreve alguns contos e come�a a trabalhar em seu primeiro romance, "Factum sur la contingeance" (Panfleto sobre a conting�ncia), que depois viria a se chamar "La Naus�e" (A n�usea). Embora tenha se candidatado ao cargo de auxiliar de catedr�tico no Jap�o, ele � nomeado professor de filosofia de um liceu em Havre onde permanece at� 1936.[30] Sartre ainda seria professor em Laon e Paris at� 1944, quando abandonou definitivamente o magist�rio.

Em 1933, ele � apresentado � fenomenologia de Husserl por Raymond Aron, que havia retornado de um per�odo como bolsista do Institut Fran�ais em Berlim. Percebendo a semelhan�a dessa corrente � sua pr�pria teoria da conting�ncia, Sartre fica fascinado e imediatamente come�a a estudar a fenomenologia atrav�s de uma obra introdut�ria.[31] Por sugest�o de Aron, candidata-se � mesma bolsa e, aprovado, permanece em Berlim entre 1933 e 1934. Durante esta viagem, estuda a fundo a obra de Husserl e conhece tamb�m a filosofia de Martin Heidegger. Publica em 1936 o artigo La Transcendence de l'�go ("A Transcend�ncia do Ego"), uma cr�tica � teoria do Ego Husserliana que por sua vez se baseava no Cogito cartesiano. Sartre desafia o conceito de que o ego � um conte�do da consci�ncia e afirma que ele est� fora da consci�ncia, no mundo e a consci�ncia se dirige a ele como a qualquer outro objeto do mundo. Este � um dos primeiros passos para livrar a consci�ncia de conte�dos e torn�-la o "Nada" que mais tarde seria um dos conceitos-chave do existencialismo. De volta � Fran�a, continua a trabalhar nas mesmas ideias e entre 1935 e 1939 escreve L'Imagination ("A Imagina��o"), L'Imaginaire ("O Imagin�rio") e Esquisse d'une th�orie des �motions ("Esbo�o de uma teoria das emo��es"). Volta ent�o suas pesquisas para Heidegger e come�a a escrever L��tre et le n�ant ("O ser e o nada").

Em 1938, publica o romance La Naus�e (A n�usea) e a colet�nea de contos Le mur (O muro). A n�usea apresenta, em forma de fic��o, o tema da conting�ncia e torna-se seu primeiro sucesso liter�rio, o que contribui para o in�cio da influ�ncia de Sartre na cultura francesa e no surgimento da moda existencialista que dominou Paris na d�cada de 1940.

1939 a 1945: a g�nese do intelectual engajado

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Em 1939, Sartre volta ao ex�rcito franc�s, servindo na Segunda Guerra Mundial como meteorologista. � aprisionado em Nancy no ano de 1940 pelos alem�es, e permanece na pris�o at� abril de 1941.

De volta a Paris, alia-se � Resist�ncia Francesa, onde conhece e se torna amigo de Albert Camus (do qual j� conhecia a obra e sobre quem j� havia escrito um ensaio elogioso a respeito do livro O Estrangeiro). A amizade entre Sartre e Camus perdurar� at� 1952, quando os dois rompem a rela��o publicamente devido � publica��o do livro de Camus O Homem Revoltado no qual Camus atacou duramente o comunismo e o stalinismo. Sartre defendia uma rela��o de colabora��o critica com o regime da URSS e permitiu a publica��o de uma cr�tica desastrosa ao livro de Camus em sua revista Les Temps Modernes (cr�tica esta que Camus respondeu de maneira extremamente dura) e que foi a gota d��gua para o fim da rela��o de amizade. Mas at� o final da vida Sartre admirar� Camus, como ele mesmo expressa nas entrevistas que teve com Simone de Beauvoir em 1974 - e que ela publicou postumamente.

Em 1943, publicou seu mais famoso livro filos�fico, L'�tre et le N�ant (O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenol�gica), que condensa todos os conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filos�fico.

Sua participa��o na Resist�ncia n�o � aceita por todos, e o fil�sofo Vladimir Jank�l�vitch o reprova por sua "falta de engajamento pol�tico" durante a ocupa��o alem�, e v� em seus posteriores combates em prol da liberdade uma tentativa de se redimir por esta atitude.

Em 1945, ele cria e passa a dirigir junto a Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes ("Tempos Modernos"), onde s�o tratados mensalmente os temas referentes � literatura, filosofia e pol�tica. Al�m das contribui��es para a revista, Sartre escreve neste per�odo algumas de suas obras liter�rias mais importantes. Sempre encarando a literatura como meio de express�o leg�tima de suas cren�as filos�ficas e pol�ticas, escreve livros e pe�as teatrais que tratam das escolhas que os homens tomam frente �s conting�ncias �s quais est�o sujeitos. Entre estas obras destacam-se a pe�a Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la libert� (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da raz�o) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'�me (Com a morte na alma) (1949).

Simone de Beauvoir e Sartre em Pequim, em 1955.

No per�odo mais prol�fico de sua carreira escreve ainda v�rias pe�as de teatro e ensaios.

Na d�cada de 1950 assume uma postura pol�tica mais atuante, e abra�a o comunismo. Torna-se ativista, e posiciona-se publicamente em defesa da liberta��o da Arg�lia do colonialismo franc�s. � importante frisar que Sartre, junto com Fanon, foram dois intelectuais importantes no processo de descoloniza��o-contribui��o referenciada atrav�s de textos relacionados ao tema do colonialismo e tamb�m no envolvimento manifestado no engajamento pol�tico de ambas as partes. Suas contribui��es passam pelo estudo das inter-rela��es que se estabelecem no plano do pensamento e as interconex�es que ocorrem atrav�s de in�meras raz�es, entre elas a exist�ncia do colonialismo e suas interconex�es.[32]

Em dezembro de 1960, Fanon, por exemplo, inicia a sua escrita apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da escrita de forma a sintetizar seus ac�mulos te�ricos antes que seu tempo esgote (pois, foi diagnosticado com leucemia, e percebe, mediante aos est�gios que a medicina se encontra nesta �poca, que lhe resta pouco tempo de vida[33]). � neste contexto que ser� escrito em quest�o de meses o famoso Os Condenados da Terra. Enquanto escrevia o livro e revisava os trechos, chegou a voar para It�lia a fim de encontrar Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para encomendar a Sartre o Pref�cio do seu livro.[33]

A influ�ncia de Sartre sobre Fanon � bastante conhecida. Fanon o admirava tanto que, em ocasi�o do memor�vel encontro entre os dois, no ver�o de 1961 em Roma, teria dito a Claude Lanzmann: "Eu pagaria vinte mil francos para falar com Sartre da manh� � noite durante quinze dias" (DE BEAUVOIR, 2009, p. 437).[34][35] � sabido que Fanon se refere constantemente a obra Reflex�es Sobre a Quest�o Judaica, publicada por Sartre em 1943.[35]

A aproxima��o do marxismo inaugura a segunda parte da carreira filos�fica de Sartre em que tenta conciliar as ideias existencialistas de autodetermina��o aos princ�pios marxistas. Por exemplo, a ideia de que as for�as socioecon�micas, que est�o acima do nosso controle individual, t�m o poder de modelar as nossas vidas. Escreve ent�o sua segunda obra filos�fica de grande porte, La Critique de la raison dialectique (A cr�tica da raz�o dial�tica) (1960), em que defende os valores humanos presentes no marxismo, e apresenta uma vers�o alterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradi��es entre as duas escolas.

Considerado por muitos o s�mbolo do intelectual engajado, Sartre adaptava sempre sua a��o �s suas ideias, e o fazia sempre como ato pol�tico. Em 1963, Sartre escreve Les Mots (As palavras, lan�ado em 1964), relato autobiogr�fico que seria sua despedida da literatura. Ap�s dezenas de obras liter�rias, ele conclui que a literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com o mundo. Em 1964 a Academia Sueca lhe agracia com o Nobel de Literatura, que ele no entanto recusa, pois segundo ele "nenhum escritor pode ser transformado em institui��o". O caso se tornou um esc�ndalo, que poderia ter sido evitado pela Academia Sueca, visto que Sartre teria descoberto antecipadamente que seu nome estava entre os indicados, e por isso enviou uma carta a Academia avisando que recusaria o pr�mio caso fosse o escolhido para receb�-lo, a carta, no entanto, s� chegou a m�o dos Acad�micos respons�veis pela escolha do vencedor do pr�mio, dias depois de Sartre ter sido escolhido para receb�-lo.[36][37]

Morreu em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais (em Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Est� enterrado no Cemit�rio de Montparnasse em Paris. No mesmo t�mulo jaz Simone de Beauvoir.[38]

O existencialismo de Sartre

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Baseado principalmente na fenomenologia de Husserl e em 'Ser e Tempo' de Heidegger, o existencialismo sartriano procura explicar todos os aspectos da experi�ncia humana. A maior parte deste projeto est� sistematizada em seus dois grandes livros filos�ficos: O ser e o nada e Cr�tica da raz�o dial�tica.

� importante postular que a forma como Sartre entende aquilo que ele batiza de "Em-si", termo emprestado de Hegel,[39] � diferente daquilo que outros pensadores da exist�ncia, como Heidegger, ir�o compreender o mesmo campo.

Segundo o existencialismo sartriano, o mundo � povoado de "Em-si". Podemos entender um Em-si como qualquer objeto existente no mundo e que n�o � nada al�m daquilo que �. Este modo de apari��o do ser, que n�o � o �nico, � fundamentado em tr�s caracter�sticas: o ser �, o ser � o que �, o ser � em-si. Estas tr�s caracter�sticas poder�amos resumir dizendo que este ser � opaco a si mesmo, absoluta plenitude de ser, retomando, segundo Gerd Bornheim, a ideia de um ser esf�rico presente em Parm�nides, que n�o pode ser penetrado por nada externo a ele. A grosso modo, podemos dizer que possuem o modo de ser do Em-si todos aqueles "objetos", que n�o possuem consci�ncia, que n�o se fundam na alteridade, na presen�a do outro. Um ser Em-si n�o tem potencialidades nem consci�ncia de si ou do mundo. Ele apenas .

A consci�ncia humana � um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu pr�prio respeito e a respeito do mundo. � uma forma diferente de ser, chamada "Para-si".

� o "Para-si" que faz as rela��es temporais e funcionais entre os seres "Em-si", e ao fazer isso, constr�i um sentido para o mundo em que vive.

O "Para-si" n�o tem uma ess�ncia definida. Ele n�o � resultado de uma ideia preexistente. O existencialismo sartriano desconsidera a exist�ncia de um criador que tenha predeterminado a ess�ncia e os fins de cada pessoa. � preciso que o "Para-si" exista, e durante essa exist�ncia ele define, a cada momento o que � sua ess�ncia. Cada pessoa s� tem, como ess�ncia imut�vel, aquilo que j� viveu. Posso saber que o que fui se definiu por algumas caracter�sticas ou qualidades, bem como pelos atos que j� realizei, mas tenho a liberdade de mudar minha vida deste momento em diante. Nada me compete a manter esta ess�ncia, que s� � conhecida em retrospecto. Podemos afirmar que meu ser passado � um "Em-si", possui uma ess�ncia conhecida, mas essa ess�ncia n�o � predeterminada. Ela s� existe no passado. Por isso se diz no existencialismo que "a exist�ncia precede e governa a ess�ncia". Por esta mesma raz�o cada Para-si tem a liberdade de fazer de si o que quiser.

Liberdade em Sartre

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Sartre e Beauvoir, no Balzac Memorial.

Sartre defende que o homem � livre e respons�vel por tudo que est� � sua volta. Sartre dizia "Somos inteiramente respons�veis por nosso passado, nosso presente e nosso futuro". Em Sartre, temos a ideia de liberdade como uma pena, por assim dizer. "O homem est� condenado a ser livre". Se, como Nietzsche afirmava, j� n�o havia a exist�ncia de um deus que pudesse justificar os acontecimentos, a ideia de destino, passava a ser inconceb�vel, sendo ent�o o homem o �nico respons�vel por seus atos e escolhas. Para Sartre, nossas escolhas s�o direcionadas por aquilo que nos aparenta ser o bem, mais especificamente por um engajamento naquilo que aparenta ser o bem e assim tendo consci�ncia de si mesmo. Em outras palavras, para o autor, o homem � um ser que "projeta tornar-se deus".

Segundo o coment�rio de Artur Pol�nio, "se a vida n�o tem, � partida, um sentido determinado , n�o podemos evitar criar o sentido da nossa pr�pria vida". Assim, "a vida obriga-nos a escolher entre v�rios caminhos poss�veis [mas] nada nos obriga a escolher uma coisa ou outra". Assim, dentro dessa perspectiva, recorrer a uma suposta ordem divina representa apenas uma incapacidade de arcar com as pr�prias responsabilidades.

Sartre n�o nega por completo o determinismo, mas determina o ser humano atrav�s da liberdade, no fim das contas, n�o somos livres para n�o ser livres. N�o � deus, nem a natureza, tampouco a sociedade que nos define, quem define o que somos por completo ou nossa conduta. Somos o que queremos ser, o que escolhemos ser; e sempre poderemos mudar o que somos. o quem ir� definir. Os valores morais n�o s�o limites para a liberdade.

Em Paris, sob o dom�nio alem�o, Sartre p�de utilizar suas refer�ncias para a liberdade. Organizava-se a Resist�ncia Francesa. Sartre desejava participar do movimento, mas agindo � sua maneira. N�o chegou a pegar no fuzil. Sua arma continuava sendo a palavra. Nesta circunst�ncia, o teatro parecia-lhe o instrumento mais adequado para atingir o p�blico e transmitir sua mensagem. Assim surgiu a primeira pe�a teatral de Sartre, As Moscas, encenada em 1943.

Animado pelo �xito de sua primeira experi�ncia, em 1945 Sartre volta � cena com a pe�a Entre Quatro Paredes, cujos personagens vivem os grandes problemas existenciais que o autor aborda em sua filosofia.

Limita��o da liberdade

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A liberdade d� ao homem o poder de escolha, mas est� sujeita �s limita��es do pr�prio homem. Esta autonomia de escolha � limitada pelas capacidades f�sicas do ser. Para Sartre, por�m, estas limita��es n�o diminuem a liberdade, pelo contr�rio, s�o elas que tornam essa liberdade poss�vel, porque determinam nossas possibilidades de escolha, e imp�em, na verdade, uma liberdade de elei��o da qual n�o podemos escapar.

A exist�ncia, a responsabilidade e a m�-f�

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Segundo Raymond Plant, em seu livro "Pol�tica, Teologia e Hist�ria", o argumento de que a ess�ncia precede a exist�ncia implica a necessidade de um criador; assim, quando um objeto vai ser produzido (um martelo, uma caneta, uma m�quina), ele obedece a um plano pr�-concebido, que estabelece sua forma, suas principais caracter�sticas e sua fun��o, ou seja, ele possui um prop�sito definido, uma ess�ncia que define sua forma e utilidade, e precede a sua exist�ncia. Sendo Sartre um representante do existencialismo ateu, ele defende que h� um ser onde essa situa��o se inverte, e a exist�ncia precede a ess�ncia: o ser humano. Assim, seria o pr�prio homem o definidor de sua ess�ncia, e n�o Deus, como advogava o existencialismo crist�o.

Em sua confer�ncia "O existencialismo � um humanismo", Sartre afirma que o ser humano � o �nico nesta condi��o; n�s existimos antes que nossa ess�ncia seja definida. Esse seria um dos preceitos b�sicos do existencialismo. Assim, o autor nega a exist�ncia de uma suposta "ess�ncia humana" (pr�-concebida), seja ela boa ou ruim. As nossas escolhas cabem somente a n�s mesmos, n�o havendo, assim, fator externo que justifique nossas a��es. O respons�vel final pelas a��es do homem � o pr�prio homem.

Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede importante relevo � responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obriga��o de responder pelos pr�prios atos, um encargo que torna o homem o �nico respons�vel pelas consequ�ncias de suas decis�es. E cada uma dessas escolhas provoca mudan�as que n�o podem ser desfeitas, de forma a modelar o mundo de acordo com seu projeto pessoal. Assim, perante suas escolhas, o homem n�o se torna apenas respons�vel por si, mas tamb�m por toda a humanidade.

Essa responsabilidade � a causa da ang�stia dos existencialistas. Essa ang�stia decorre da consci�ncia do homem de que s�o as suas escolhas que definir�o a sua ess�ncia, e mais, de que essas escolhas podem afetar, de forma irrevers�vel, o pr�prio mundo. A ang�stia, portanto, vem da pr�pria consci�ncia da liberdade e da responsabilidade em us�-la de forma adequada.

Sartre nega, ainda, a suposi��o de que haja um prop�sito universal, um plano ou destino maior, onde ser�amos apenas atores de um roteiro definido. Isto implica que apenas n�s mesmos definimos nosso futuro, atrav�s de nossa liberdade de escolha. Por�m, Sartre n�o se restringe em "justificar" a ang�stia dos existencialistas, fruto da consci�ncia de sua responsabilidade, mas vai al�m, e acusa como m�-f� a atitude daqueles que n�o procedem de tal forma, renunciando, assim, a pr�pria liberdade.

De acordo com o autor, a m�-f� � uma defesa contra a ang�stia criada pela consci�ncia da liberdade, mas � uma defesa equivocada, pois atrav�s dela nos afastamos de nosso projeto pessoal, e ca�mos no erro de atribuir nossas escolhas a fatores externos, como Deus, os astros, o destino, ou outro. Nesse sentido, Sartre considerava tamb�m a ideia freudiana de inconsciente como um exemplo de m�-f�.

Podemos dizer, ent�o, que para os existencialistas a m�-f� compreendia a mentira para si pr�prio, sendo imprescind�vel para o homem abandonar a m�-f�, passando ent�o a condi��o de ser consciente e respons�vel por suas escolhas. Ao fazer isso, o homem passa, invariavelmente, a viver num estado de ang�stia, pois deixa de se enganar, mas em compensa��o retoma a sua liberdade em seu sentido mais pleno.

T�mulo de Sartre, onde foi enterrado junto a Beauvoir.

As outras pessoas s�o fontes permanentes de conting�ncias. Todas as escolhas de uma pessoa levam � transforma��o do mundo para que ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos se sobrep�em.

Mas Sartre n�o defende, como muitos pensam, o solipsismo. O homem por si s� n�o pode conhecer-se em sua totalidade. S� atrav�s dos olhos de outras pessoas � que algu�m consegue se ver como parte do mundo. Sem a conviv�ncia, uma pessoa n�o pode perceber-se por inteiro. "O ser Para-si s� � Para-si atrav�s do outro", ideia que Sartre herdou de Hegel. Cada pessoa, embora n�o tenha acesso �s consci�ncias das outras pessoas, pode reconhecer neles o que t�m de igual. E cada um precisa desse reconhecimento. Por mim mesmo, n�o tenho acesso � minha ess�ncia, sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. S� atrav�s dos olhos dos outros posso ter acesso � minha pr�pria ess�ncia, ainda que tempor�ria.

S� a conviv�ncia � capaz de me dar a certeza de que estou fazendo as escolhas que desejo. Da� vem a ideia de que "o inferno s�o os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretiza��o de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, n�o posso evitar sua conviv�ncia. Sem eles o pr�prio projeto fundamental n�o faria sentido.

Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Eremildo Viana na Faculdade Nacional de Filosofia.

O existencialismo ateu de Sartre, por sua natureza avessa aos dogmas da igreja e da moral constituída, atraiu muitos grupos que viam na defesa da liberdade e da vida autêntica um endosso à vida desregrada - obviamente, por um erro na compreensão do que há de essencial na concepção de liberdade elaborada pelo filósofo francês. Por razões semelhantes foi vista por muitos como uma filosofia nociva aos valores da sociedade e à manutenção da ordem. Seria uma filosofia contra a humanidade. Esta é uma das razões porque toda a obra de Sartre foi incluída no Index de obras proibidas pela Igreja Católica.

Sartre responde a isso na conferência "O existencialismo é um humanismo" em que afirma que o existencialismo não pode ser refúgio para os que procuram o escândalo, a inconsequência e a desordem. O movimento, segundo este texto, não defende o abandono da moral, mas a coloca em seu devido lugar: na responsabilidade individual de cada pessoa. O existencialismo reconhece, assim, a possibilidade de uma moral laica em que os valores humanos existem sem a necessidade da existência de Deus. A moral existencialista pretende que as escolhas morais não sejam determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência da responsabilidade.

No meio acadêmico, o existencialismo foi criticado por tratar exclusivamente de questões ontológicas, e por sua defesa da autodeterminação. O existencialismo seria uma filosofia excessivamente preocupada com o indivíduo, sem levar em conta os fatores socioeconômicos, culturais e os movimentos históricos coletivos que, segundo o marxismo e o estruturalismo, determinam as escolhas e diminuem a liberdade individual. Em uma relação da história do pensamento, há uma crítica sobre as estruturas estabelecidas entre o em-si e o para si. Para alguns críticos, Sartre estaria fazendo uma retomada do pensamento proposto pelos modernos, na separação da estrutura ontológica em uma nova roupagem da já estabelecida entre sujeito e objeto.[40]

Não se pode negar sua duradoura influência sobre os mais variados ramos do conhecimento humano. Por ser muito voltado à discussão de aspectos formadores da personalidade humana, o existencialismo exerceu influência na psicologia de Carl Rogers, Fritz Perls, R. D. Laing e Rollo May. Assim, a filosofia de Sartre está presente entre as principais e mais conhecidas abordagens da Psicologia dentro dessa perspectiva fenomenológico-existencial: a Gestalt-Terapia e a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP).[41] Sua filosofia também é base fundamental para outra abordagem da psicologia: a própria Psicologia Fenomenológico-Existencial ou a Psicologia Existencial.

Na literatura, influenciou a poesia da Geração Beat, cujos maiores expoentes foram Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs, além dos dramaturgos do chamado Teatro do absurdo. Já na literatura brasileira, podemos destacar a escritora Clarice Lispector. Pelo menos, desde o seu segundo livro, O Ilustre, conforme ela mesma afirmou mais tarde: "Acontece que só vim a saber da existência de Sartre no meu segundo livro" (Cf. BORELLI, 1981, p. 66). De acordo com Nádia Gotlib, inclusive, "uma das possíveis razões de o livro ter sido bem recebido na França pode ter sido mesmo a idéia de que teria tido ele influência do existencialismo" (GOTLIB, 1995, p. 340). Muitos dos trabalhos críticos sobre a obra da autora confirmam a relação daquela com a filosofia existencialista de Sartre.[42] A obra de Clarice A maçã no escuro é também entendida como influenciada pelo pensamento filosófico de Sartre. Guimarães compara A maçã no escuro ao romance de Sartre A náusea e nota traço esquizo em Martim, por este apresentar pensamento fragmentado, com ausência de elos. Segundo Guimarães, a consciência tanto de Martim quanto de Roquentin (protagonista do romance de Sartre), "opera por contiguidade, adesão, coexistência em relação aos circunstantes e não por identificação, à maneira psicanalítica".[43] No mais, muitos críticos literários discutiram a influência do existencialismo de Sartre e da discussão e papéis femininos/masculinos de Simone de Beauvoir nas narrativas de Clarice Lispector. Isso pode ser encontrado, por exemplo, nos seguintes textos: BRASIL, Assis. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Simões, 1969; NUNES, Benedito. O mundo de Clarice Lispector; op. cit.; HERMAN, op. cit., p. 69-74; PONTIERO, Giovanni. The drama of existence in Laços de família. Studies in Short Fiction, n.8, 1971 e ANDERSON, Robert K. Myth and existencialism in Clarice Lispector's, 1985.[44] Neste contexto, e feitas estas considerações pertinentes, é possível pensar uma influência da filosofia formulada por Sartre na obra de Clarice, embora fosse temerário considerar a autora como adepta do existencialismo. A verdade é que a filosofia existencialista de Sartre marcou profundamente a geração de intelectuais contemporâneos de Clarice Lispector.[45][46][47][48] No fim do ano, frequenta o terapeuta Ulysses Girsoler. Ela e Maury passam o réveillon na França, com o casal Wainer, a convite de Bluma.[49]

Também na música brasileira, Sartre influenciou canções como a “Infinita highway” da banda Engenheiros do Hawaii. Por exemplo, essa música que mudou definitivamente a trajetória dos Engenheiros explicita trechos como “a dúvida é o preço da pureza”, uma frase da obra O Muro, de Sartre. A “Infinita highway” permite induzir a presença de uma temática existencial. Além da citação de O Muro em “Infinita highway”, Sartre é mencionado em “Guardas da fronteira” (“Acontece que eu não tenho escolha / Por isso mesmo é que eu sou livre / Não sou eu o mentiroso / Foi Sartre quem escreveu o livro”).[50] O próprio Humberto Gessinger, líder da banda Engenheiros do Hawaii, afirma que "Infinita Highway" coloca sobre uma base musical progressiva reflexões existencialistas inspiradas por Sartre.[51] O segundo disco da banda, A Revolta dos Dândis, um dos mais aclamados pela crítica nacional, também é o que mais deixa transparecer as preferências de Humberto por Sartre. Ao mesmo tempo, o grupo foi acusado de elitista e fascista devido ao conteúdo de suas letras. Em resposta, Gessinger afirmou que o povo brasileiro entende tanto de existencialismo como de boxe, sendo os dois produtos de consumo. Entre as faixas que mais nitidamente evidenciam a filosofia existencial estão: "Infinita Highway", "Terra de Gigantes", "Refrão de Bolero" e a faixa que dá nome ao álbum, "A Revolta dos Dândis".[52][53][54]Caetano Veloso, em entrevista ao jornal Gazeta de Alagoas, diz que "... entre Merleau-Ponty, que defendia a percepção do mundo por meio do corpo, e Sartre, que defendia a tomada de posição intelectual, sempre fui mais Sartre, desde a universidade", sendo retrucado pelo entrevistador que argumenta que sendo Caetano homem de "afirmação erótica" e de "presença intensa", estaria mais para Merleau-Ponty. Ao que Caetano acrescentou: "Pois é. Mas o fato é que líamos Sartre, e não Merleau-Ponty".[55]

Sartre influenciou do mesmo modo o famoso psiquiatra David Cooper, que foi um psiquiatra sul-africano, notável teórico e líder do movimento antipsiquiatria, ao lado de R. D. Laing, Thomas Szasz e Michel Foucault. A influência da filosofia de Sartre, especialmente com a obra "Crítica da Razão Dialética", segundo a qual Laing e Cooper compuseram um notável texto com o título Raison et violence, fez Cooper lutar contra a repressão manicomial que se encontra associada a outras lutas anti-repressivas e se soma às reivindicações por um mundo melhor e mais livre.[56]

Um grande intelectual brasileiro que também sofre influência de Sartre, é o Paulo Freire. Ainda na sua obra Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire cita diretamente o Sartre: “Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: ‘consciência e mundo se dão ao mesmo tempo’” (Freire, 1987, p. 71).[57] O pensamento existencialista sartriano enquanto se ocupa do ser humano, tem importância para a educação, na medida em que esclarece a condição dele no mundo. "Paulo Freire (1996) sofre influências desta corrente e a desenvolve em sua Pedagogia. Se por um lado, uma educação é possível a partir do pensamento de Sartre (1987), de outro, encontra-se a humanização na pedagogia de Freire" (MENDONÇA, 2006, 161),[58] que objetiva, finalmente, a humanização das relações no processo de ensino/aprendizagem.[59]

Para marcar também o centenário de Sartre no ano de 2005, Annie Cohen-Solal, uma socióloga, acadêmica, escritora e principal biógrafa de Sartre, entrou em uma turnê de conferências internacionais, levando-a, entre outros países, para o Brasil, onde foi recebida pelo então Ministro da Cultura Gilberto Gil, criando a cadeira Sartre na Universidade de Brasília (UnB).[60] Ainda o filósofo francês continua despertando paixões e sendo louvado ou execrado. Segundo Cohen-Solal, devido a isso e porque os estudantes franceses da atualidade estão percebendo a relevância de Sartre, na École Normale Supérieure, uma grande universidade francesa, estão discutindo do mesmo modo a criação de uma cadeira Sartre.[61]

Alguns filósofos argumentam que o pensamento de Sartre é contraditório. Especificamente, acreditam eles que Sartre apresenta argumentos metafísicos, apesar de afirmar que suas visões filosóficas ignoram a metafísica. O marxista Herbert Marcuse, doutorando de Heidegger, criticou o "Ser e o Nada" por projetar ansiedade e falta de sentido na natureza da própria existência: "Na medida em que o Existencialismo é uma doutrina filosófica, permanece como uma doutrina idealista: hipostatiza condições históricas específicas da existência humana em características ontológicas e metafísicas. Assim, o existencialismo se torna parte da própria ideologia que ataca e seu radicalismo é ilusório".[62]

Já contrariando o pensamento de Herbert Marcuse, o filósofo e marxista István Mészáros afirmou: "sempre senti que os marxistas deviam muito a Sartre, pois vivemos numa era em que o poder do capital é dominador [...] Sartre foi um homem que sempre pregou exatamente o oposto: como indivíduos, devemos nos rebelar contra esse poder, esse monstruoso poder do capital. Os marxistas, de modo geral, não conseguiram da voz a isso [...] Não há ninguém nos últimos cinquenta anos de filosofia e literatura que tenha tentado martelar isto com tanta pertinácia e determinação quanto Sartre".[63]

Na Carta sobre Humanismo, Heidegger criticou o existencialismo de Sartre:

"O existencialismo diz que a existência precede a essência. Nesta afirmação, ele toma existentia e essentia de acordo com seu significado metafísico, que, a partir de Platão, afirmou que a essentia precede a existentia. Sartre reverte essa afirmação. Mas a reversão de uma afirmação metafísica continua sendo uma afirmação metafísica. Com ele, permanece a metafísica, no esquecimento da verdade do Ser".[64]

Os filósofos Richard Wollheim e Thomas Baldwin argumentaram que a tentativa de Sartre de mostrar que a teoria do inconsciente de Sigmund Freud está enganada foi baseada em uma interpretação errônea de Freud.[65][66] Richard Webster considera Sartre um dos muitos pensadores modernos que reconstruíram as ortodoxias judaico-cristãs de forma secular.[67]

Os intelectuais associados à direita alegam que a política de Sartre é índice de autoritarismo. Brian C. Anderson denunciou Sartre como um apologista da tirania, do terror e um defensor do stalinismo, maoísmo e do regime de Castro em Cuba.[68] O historiador Paul Johnson afirmou que as ideias de Sartre haviam inspirado a liderança do Khmer Vermelho: "Os eventos no Camboja na década de 1970, nos quais entre um quinto e um terço da nação estavam morrendo de fome ou assassinados, eram inteiramente obra de um grupo de intelectuais, que eram em sua maioria alunos e admiradores de Jean-Paul Sartre - 'Filhos de Sartre', como eu os chamo".[69]

Contudo, apesar de alegarem que Sartre era índice de autoritarismo, era um defensor do stalinismo e do regime de Castro em Cuba, a verdade é que Sartre escreveu o ensaio Le phantome de Stalin (O fantasma de Stalin), em repúdio à invasão da Hungria pelo Exército Vermelho. O que constitui ainda um acerto de contas com o stalinismo, repudiando-o. Além disso, a manifestação de sua repulsão com que é antidemocrático.[70] Também numa entrevista ao L'Express, Sartre anunciou: "Eu estou rompendo, com pesar, mas totalmente, meus laços com meus amigos escritores soviéticos que não denunciam (ou não podem denunciar) o massacre na Hungria. Nós não mais podemos qualquer amizade com a facção dominante da burocracia soviética".[71][72] Igualmente, a rigor, Sartre não apoiava o regime de Castro, "pois Fidel Castro ainda não declarara Cuba um país comunista, inclusive o jornal O Estado de S. Paulo apoiava a Revolução e cobriu toda a visita de Sartre, que era favorável ao movimento revolucionário cubano", comenta Castilho.[73][74]

Porém, ao visitar Fidel Castro em Cuba, Sartre já havia rompido com o Partido Comunista Francês - PCF, ao qual nunca se filiou, e publicado O Fantasma de Stalin, espécie de manifesto de seu anti-stalinismo e ao mesmo tempo de seu anti-imperialismo. “Éramos muito difíceis de classificar. De esquerda, mas não comunistas”, escreveu sua parceira e filósofa Simone de Beauvoir em A Força das Coisas, terceiro volume de sua autobiografia.[74] A estadia em Cuba fez Sartre escrever seu livro Furacão sobre o Açúcar, publicado no Brasil como Furacão sobre Cuba pela Editora do próprio filósofo e no mesmo ano Sartre e Simone romperiam com Fidel Castro diante da prisão do poeta Herberto Padilla. No livro seu livro Furacão sobre o Açúcar, Sartre relata suas impressões de um Fidel em princípio desconfiado e mal-humorado, que vai relaxando pouco a pouco, mas que se mantém “um homem difícil de ser enquadrado”.[75][76][77]

Sartre, que afirmou em seu prefácio de Os Condenados da Terra, obra de Frantz Fanon, que: "Abater um europeu é matar dois coelhos com uma cajadada, destruir um opressor e o homem que ele oprime ao mesmo tempo: sobra um homem morto e um homem livre". Mas, de fato, por outro lado, Sartre estava a condenar o colonialismo brutal da Fran�a e estando a favor das lutas de liberta��o da Arg�lia, j� que os colonizados encarnavam, na Arg�lia, o combate universal de todos os oprimidos dos ent�o pa�ses do Terceiro Mundo.[78] Com outras palavras, Sartre insistia na viol�ncia do sistema colonial - como a francesa -, em seus mecanismos econ�micos e ideol�gicos, aspectos que o levam a condenar a a��o do Ex�rcito franc�s sobre a Arg�lia, encarada como uma ocupa��o estrangeira. "O colonialismo � um sistema que recusa ao colonizado qualquer humanidade e, nesse sentido, � semelhante a um sistema totalit�rio [...] Os condenados da terra eram produto de cem anos de humilha��o coletiva e de perman�ncia de uma ordem dominante fundamentada na separa��o entre colonos e colonizados". Esse mal-estar e desumaniza��o na Arg�lia, que Sartre tentou combater.[78]

O cr�tico, radialista e escritor Clive James[79] criticou Sartre em seu livro de mini biografias Cultural Amnesia (2007). James ataca a filosofia de Sartre como sendo "apenas uma pose".[80] Ao contr�rio de tal ataque, Bo�chat ressalta "que a filosofia de Sartre, mantendo-se atrelada ao mundo concreto e a vida cotidiana do homem, aborda o ser atrav�s de suas infinitas manifesta��es".[81] Al�m disso, a fil�sofa e a psicoterapeuta canadense Bonnie Burstow afirmou o humanismo de Sartre: "a posi��o de Sartre a respeito das rela��es humanas decorre de sua concep��o do ser humano e da exist�ncia. Embora, como espero demonstrar, existam outros erros, anti-sartreanos erram na compreens�o das rela��es humanas porque tamb�m erram ao tentar compreender a exist�ncia segundo Sartre [...] � o Outro que me torna um ser humano. Eis um ponto essencial e um ponto totalmente negligenciado por esses cr�ticos de Sartre".[82]

  • 1905 - Sartre nasce em Paris em 21 de junho.
  • 1907 - Morte de seu pai. Muda-se para a casa do av� materno, em Meudon; retorna a Paris quatro anos depois.
  • 1924 - Sartre matricula-se na Escola Normal Superior, em Paris.
  • 1929 - Conhece Simone de Beauvoir.
  • 1931 - � nomeado professor de filosofia no Havre.
  • 1936 - Sartre publica "A Imagina��o" e "A Transcend�ncia do Ego".
  • 1938 - Publica o romance La Naus�e (A n�usea) e a colet�nea de contos Le mur (O muro).
  • 1940 - Servindo na guerra, Sartre � feito prisioneiro pelos alem�es e enviado a um campo de concentra��o.
  • 1941 - Liberto, volta � Fran�a e entra para a Resist�ncia. Funda o movimento Socialismo e Liberdade.
  • 1943 - Publica "O Ser e o Nada".
  • 1945 - Sartre dissolve Socialismo e Liberdade e funda, com Merleau-Ponty, a revista Les Temps Modernes.
  • 1952 - Sartre ingressa no Partido Comunista Franc�s.
  • 1956 - Rompe com o Partido Comunista. Escreve "O Fantasma de St�lin".
  • 1960 - Sartre publica "Cr�tica da Raz�o Dial�tica".
  • 1964 - Publica "As Palavras". Recusa o Nobel de Literatura por acreditar que "nenhum escritor pode ser transformado em institui��o"
  • 1968 - Durante a revolta estudantil na Fran�a e em v�rias partes do mundo, Sartre p�e-se ao lado dos estudantes da barricada.
  • 1970 - Sartre assume simbolicamente a dire��o do jornal esquerdista La Cause de Peuple, em protesto � pris�o de seus diretores.
  • 1971 - Publica "O Idiota da Fam�lia".
  • 1973 - Colabora na funda��o do jornal libert�rio Lib�ration.
  • 1980 - Morre em 15 de abril.
  • L'imagination ("A imagina��o"), ensaio filos�fico - 1936
  • La transcendance de l'�go ("A transcend�ncia do ego"), ensaio filos�fico - 1937
  • La naus�e (A N�usea), romance - 1938
  • Le mur ("O muro"), contos - 1939
  • Esquisse d'une th�orie des �motions ("Esbo�o de uma teoria das emo��es"), ensaio filos�fico - 1939
  • L'imaginaire ("O imagin�rio"), ensaio filos�fico - 1940
  • Les mouches ("As moscas"), teatro - 1943
  • L'�tre et le n�ant (O Ser e o Nada), tratado filos�fico - 1943
  • R�flexions sur la question juive ("Reflex�es sobre a quest�o judaica"), ensaio pol�tico - 1943
  • Les Lettres Nouvelles ("A Rep�blica da Sil�ncio"), ensaio filos�fico - 1944
  • Huis clos ("Entre quatro paredes"), teatro - 1945
  • Les Chemins de la libert� (Os Caminhos da Liberdade) trilogia, compreendendo:
    • L'age de raison (A Idade da Raz�o), romance - 1945
    • Le sursis (Sursis), romance - 1947
    • La mort dans l'�me ("Com a morte na alma"), romance - 1949
  • Morts sans s�pulture ("Mortos sem sepultura"), teatro - 1946
  • L'Existentialisme est un humanisme ("O existencialismo � um humanismo"), transcri��o de uma confer�ncia proferida em 1946 - Texto posteriormente rejeitado por Sartre.
  • La putain respectueuse ("A prostituta respeitosa"), teatro - 1946
  • Qu'est ce que la litt�rature? ("O que � a literatura?"), ensaio - 1947
  • Baudelaire - 1947
  • Les jeux sont faits ("Os dados est�o lan�ados"), romance - 1947
  • Situations, v�rios volumes que re�nem ensaios pol�ticos liter�rios e filos�ficos - 1947 a 1965
  • Les Mains Sales ("As m�os sujas"), teatro - 1948
  • L'Engrenage ("A engrenagem"), teatro - [948
  • Orph�e noir ("Orfeu negro"), teatro - 1948
  • Le diable et le bon dieu ("O diabo e o bom deus"), teatro - 1951
  • Saint Genet, com�dien et martyr ("Saint Genet, ator e m�rtir"), biografia de Jean Genet - 1952
  • Les s�questr�s d'Altona ("Os sequestrados de Altona") - 1959
  • Critique de la raison dialectique - Tome I: th�orie des ensembles pratiques ("Cr�tica da raz�o dial�tica", Tomo I), tratado filos�fico - 1960
  • "Furac�o sobre Cuba" (escrito juntamente com Fernando Sabino e Rubem Braga) - 1961
  • Les mots (As Palavras), autobiografia - 1964
  • L'idiot de la famille - Gustave Flaubert de 1821 a 1857 ("O idiota de fam�lia"), biografia inacabada de Gustave Flaubert. Apenas tr�s dos cinco[83] volumes planejados foram escritos - 1971 (volume I) - 1972 (volume II e III)[84]

Obras p�stumas

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  • Carnets de la dr�le de guerre ("Di�rio de uma guerra estranha"), di�rio escrito entre setembro de 1939 e mar�o de 1940 - 1983. Reedi��o ampliada em 1995.
  • Cahiers pour une morale ("Cadernos por uma moral"). Esbo�o inacabado de uma teoria moral existencialista preconizada em "O ser e o nada". Escrito em 1947 e 1948 - 1983.
  • Lettres au Castor et � quelques autres. Dois volumes abarcando correspondência de 1926 a 1963. Organizado por Simone de Beauvoir - 1983
  • Le scènario Freud ("Freud, além da alma"), roteiro do filme de John Huston realizado por Sartre entre 1959 e 1960 e não utilizado integralmente devido a conflitos com o diretor - 1984
  • Critique de la raison dialectique - Tome II: l'inteligibilité de l'histoire ("Crítica da razão dialética - Tomo II: a inteligibilidade da história"), ensaio filosófico. Escrito em 1958 e publicado em 1985.
  • "Sartre no Brasil: a conferência de Araraquara". Edição bilíngue (português e francês) contendo a transcrição da conferência na Faculdade de Filosofia de Araraquara em 4 de setembro de 1960 - 1986.
  • Verité et Existence ("Verdade e Existência"), fragmentos de um ensaio filosófico escrito em 1948 - 1989
  • Écrits de jeunesse ("Escritos da juventude"), textos escritos entre 1922 e 1928 - 1990
  • Le reine Albemarle ou le dernier touriste ("A rainha Albemarle ou o último turista"), fragmentos inacabados escritos em 1951 e publicados em 2009 (no Brasil).

Referências

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  2. Vanessa Rato (13 de janeiro de 2015). «Como Sartre recusou o Nobel em 14 linhas e pouco mais de 100 palavras». jornal Público. Consultado em 13 de janeiro de 2015 
  3. Ver Sartre, "O Existencialismo É um Humanismo".
  4. Jean-Baptiste Sartre atingiu o posto de segundo-tenente-de-mar-e-guerra. (Cohen-Solal (2008), pg. 51)
  5. Cohen-Solal (2008), pg. 50
  6. Cohen-Solal (2008), pp. 43-44
  7. Sartre (1963), pg. 17
  8. Sartre (1963), pp. 21-27
  9. Sartre (1963), pg. 26.
  10. "Felizmente os aplausos não me faltam: escutem eles minha tagarelice ou a Arte da Fuga, os adultos esboçam o mesmo sorriso de degustação maliciosa e de conivência; isso mostra o que sou no fundo: um bem cultural." Sartre (1963) pg. 30.
  11. Sartre (1963), pp. 46-57
  12. "Eu fazia entretanto verdadeiras leituras: fora do santuário, em nosso quarto ou debaixo da mesa da sala de jantar; daquelas eu não falava a ninguém e ninguém, salvo minha mãe, me falava delas." Sartre (1964), pp. 53-54
  13. «Huston e Sartre em um roteiro do inconsciente (filme Freud além da alma) – Blog da Psicologia da Educação». www.ufrgs.br. Consultado em 29 de outubro de 2017 
  14. Gubern, Román (23 de janeiro de 2015). «A filosofia no cinema». EL PAÍS 
  15. Sartre (1963), pp. 101-111.
  16. "Eu escapava à comédia: não trabalhava ainda, porém não brincava mais, o mentiroso encontrava sua verdade na elaboração de suas mentiras." - Sartre (1963), pg. 111.
  17. Sartre (1963), pg. 112
  18. "(…) a literatura não dava de comer. Sabia eu que escritores famosos haviam morrido de fome? Que outros, para comer, tinham se vendido? Se eu pretendia conservar minha independência, convinha escolher uma segunda profissão. O magistério prometia lazeres;" Sartre (1963), pg. 113
  19. Sartre (1963), pg. 118
  20. Cohen-Solal (2008), pg. 68
  21. Cohen-Solal (2008), pg. 76
  22. Cohen-Solal (2008), pg. 89.
  23. Cohen-Solal (2008), pp. 90-95.
  24. Cohen-Solal (2008), pp. 98-100.
  25. Rowley (2006), p. 24.
  26. Cohen-Solal (2008), pp. 107-108.
  27. Cohen-Solal (2008), p. 107.
  28. Rowley (2006), p. 36.
  29. Cohen-Solal (2008). pp 107-109
  30. Cohen-Solal (2008). pg 111
  31. Este livro é "A Teoria da intuição na fenomenologia de Husserl", de Emmanuel Lévinas, publicado em 1930. (Cohen-Solal (2008), pg. 128)
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  39. "Sartre begins by establishing two categories of being he is going to investigate, except that now he employs the language of Hegel in his definitions. The first category is the en-soi (in-itself), which is being-in-itself, the object, totally self-sufficient. The second category is the pour-soi (for-itself), which is the consciousness of the reflected ego, the cogito". (Sartre começa por estabelecer duas categorias de ser que ele vai investigar, exceto que agora, ele emprega a linguagem de Hegel em suas definições. A primeira categoria é o en-soi (em-si), que é o ser-em-si, o objeto, totalmente autossuficiente. A segunda categoria é o pour-soi (para-si), que é a consciência do ego reflexivo, o cogito.) Kleinberg (2007), pg 134
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