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Rio Nilo

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(Redirecionado de Vale do Nilo)
 Nota: Se procura por outras acep��es, veja Nilo (desambigua��o).
Rio Nilo
Mapa
Mapa
Comprimento 7 088 km
Posi��o: 1[1]
Nascente Lago Victoria em Uganda e

Lago Tana na Etiópia

Caudal médio 3 100 m³/s
Foz Mar Mediterrâneo
Área da bacia 3 349 000 km²
Delta Delta do Nilo
País(es) Uganda
Tanzânia
Ruanda
 Quênia
 República Democrática do Congo
 Burundi
Sudão
Sudão do Sul
 Etiópia
 Egito
Montagem de imagens de satélite do Nilo (NASA)

O Nilo é um rio do continente africano, considerado o mais extenso curso d'água do mundo.[nota 1][nota 2] Situado no nordeste do continente africano, sua nascente está a sul da linha do Equador e sua foz ocorre no mar Mediterrâneo. Ele segue essa trajetória há 30 milhões de anos.[8]

A sua bacia hidrográfica, a bacia do Nilo, ocupa uma área de 3 349 000 km², abrangendo Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito.[9] A partir da sua fonte mais remota, situada no "Nyungwe National Park" do Ruanda, o Nilo tem um comprimento de 7 088 km.[1]

É formado pela confluência de três outros rios, o Nilo Branco (Bahr-el-Abiad), o Nilo Azul (Bahr-el-Azrak) e o rio Atbara. O Nilo Azul (Bahr-el-Azrak) nasce no lago Tana (Etiópia), confluindo com o Nilo Branco em Cartum, capital do Sudão.

M17X1
D21
G43N35AN36
N21 Z1

Os antigos egípcios chamavam-lhe itéru (trans. = jtrw) que significava "grande rio".[10] Esta "palavra" seria transformada mais tarde em eior .

Para alguns autores a palavra Nilo pode estar relacionada com a raiz semítica "nahal", que significa vale. Em língua árabe e hebraico, duas línguas semíticas, rio diz-se nahrun e nehar respectivamente. Contudo, duas outras línguas semíticas, o aramaico e a língua ge'ez usam palavras pouco semelhantes a "nahal" para se referirem a um rio (felege e wonz).[11][12]

A palavra Nilo (em árabe: nīl), deriva do grego Νεῖλος (Neilos), que seria uma transcrição deformada do termo egípcio Na-eiore, plural de eior designando o delta.[13] Em árabe escreve-se النيل‎ (An-Nil).

Tradicionalmente considerava-se que o rio Nilo nasce no lago Vit�ria.[14] Contudo, o pr�prio lago Vit�ria tem como principal tribut�rio o rio Cagera, que � por causa disso considerado como fonte mais remota do Nilo.[15]

O rio Cagera, que des�gua no lago Vit�ria perto da cidade tanzaniana de Bukoba, tem dois afluentes principais, o rio Ruvyironza, que nasce na prov�ncia de Bururi, no Burundi[16] e o rio Nyabarongo que nasce na Floresta Nyungwe, no Ruanda. No entanto, uma expedi��o recente descobriu a nascente do rio Rukarara, tamb�m afluente do Nyabarongo, ainda na Floresta Nyungwe, mas v�rios quil�metros a montante, o que permite atribuir ao Nilo o comprimento total de 7088 km.[1]

O Nilo Vit�ria

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O Nilo propriamente dito come�a em Jinja (Uganda), na borda norte do lago Vit�ria, correndo para norte atrav�s das quedas Ripon (que deixaram de existir desde a constru��o da barragem de Owen Falls em 1954), passando pelo lago Kyoga e pelo lago Alberto. O ramo entre estes dois lagos � conhecido como o Nilo Vit�ria.

O Nilo Alberto

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A partir do lago Alberto e at� N�mula, no Sud�o, o Nilo recebe a designa��o de "Nilo Alberto".

Em N�mula e at� se encontrar com o rio Sobate (um pouco acima de Malacal) o Nilo � conhecido como o Baral Jabal, o rio Montanhoso. Torna-se ent�o mais sinuoso, recebendo junto ao lago No o rio Gazzal (Gazela) como afluente. Por�m, antes disso, o Nilo passou por entre um p�ntano, o Sudd.

O Nilo Branco e o Nilo Azul

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Entre Malacal e Cartum, o Nilo � conhecido como o Nilo Branco. Em Cartum o Nilo Branco recebe as �guas do Nilo Azul, oriundo dos altos planaltos da Eti�pia.

A 322 quil�metros a norte de Cartum, o Nilo recebe o seu �ltimo grande afluente, o rio Atbara, oriundo igualmente do planalto abiss�nio. O rio avan�a ent�o pelos penhascos da regi�o da N�bia at� chegar a Assu�o no Egipto. A partir de Assu�o o vale alarga at� se atingir o Delta, desaguando no mar Mediterr�neo.

Delta do Nilo

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O Delta do Nilo � uma regi�o plana com uma forma triangular, apresentando 160 km de comprimento e 250 km de largura. No Delta o Nilo bifurca-se em dois canais que levam as suas �guas para o Mediterr�neo: a oeste, o canal de Roseta, e, a leste, o de Damieta.

Cataratas do Nilo

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Ver artigo principal: Cataratas do Nilo

O Nilo possui v�rias cataratas, mas na antiguidade distinguiam-se seis cataratas cl�ssicas do Nilo que estavam situadas entre Assu�o e Cartum.

A primeira catarata situa-se em Assu�o, constituindo hoje em dia a �nica catarata do Nilo em territ�rio eg�pcio. Esta catarata era na Antiguidade a fronteira sul do Antigo Egito, pois a partir dali come�ava a N�bia.

A segunda catarata, perto de Uadi Halfa, encontra-se hoje submersa. O fara� Ses�stris III ordenou a constru��o nas suas redondezas das fortalezas de Semna e Kumma.

Barragens do Nilo

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Ao longo do curso do Nilo existem algumas barragens, sendo uma das mais importantes a Grande Barragem de Assu�o.

Entre 1899 e 1902, construiu-se, com recurso de capitais ingleses, a primeira barragem de Assu�o, que foi alargada em 1911 e 1934.

Entre 1959 e 1970 construiu-se a Barragem de Assu�, a cerca de oito quil�metros da primeira barragem, gra�as ao apoio fornecido pela Uni�o Sovi�tica.

Estudo e explora��o do Nilo

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Margem esquerda (ocidental) do rio Nilo, entre Edfu e Com Ombo

Julga-se que os antigos Eg�pcios conheciam o Nilo at� ao ponto de conflu�ncia do Nilo Branco com o Nilo Azul, em Cartum. Embora n�o tenham explorado o Nilo Branco, acredita-se que conheceriam o Nilo Azul at� � sua nascente no lago Tana.

Em meados do s�culo V a.C., o historiador grego Her�doto realizou uma viagem ao Egito, tendo percorrido o rio at� Assu�o, a fronteira tradicional do Antigo Egito.

No s�culo II a.C. Erat�stenes desenhou um mapa que mostrava de forma bastante precisa o percurso do Nilo at� Cartum, no qual tamb�m se mostravam dois afluentes, o Atbara e o Nilo Azul. Erat�stenes foi o primeiro a postular que a nascente do Nilo estaria em lagos equatoriais.

Em 25 a.C. o ge�grafo Estrab�o e �lio Galo (prefeito do Egito) exploraram o Egito at� Assu�o. Estrab�o descreveu tamb�m o rio no Livro 17 da sua Geografia, aludindo �s teorias de Erat�stenes.

Em 66 d.C., na �poca do imperador Nero, o ex�rcito romano tentou encontrar a nascente do rio. Por�m, e segundo S�neca, o p�ntano Sudd, impediu o ex�rcito de avan�ar. Ainda no s�culo I um mercador grego chamado Di�genes relatou ao ge�grafo Marino de Tiro que durante uma viagem pela costa oriental africana decidiu penetrar pelo continente, tendo ao fim de vinte e cinco dias chegado junto a dois grandes lagos e a uma cadeia de montanhas cobertas de neve de onde o Nilo nasceria. No s�culo II Ptolomeu utilizou esta informa��o para fazer um mapa onde se mostrava o Nilo Branco a nascer desses lagos, que recebiam as suas �guas das montanhas da Lua (Lunae Montes). � prov�vel que estas montanhas sejam os montes Ruvenzori, situados entre o Uganda e o Zaire.

No s�culo XII, Dreses atribui como nascente do rio Nilo e do rio N�ger um lago. No s�culo XVI conhece-se uma expedi��o �rabe que procurou atingir as nascentes do Nilo pelo Saara e Sud�o.

Em 1618 o jesu�ta Pero Pais (ou Pedro P�ez) foi o primeiro europeu a localizar as nascentes do Nilo Azul no lago Tana, tendo falecido na Eti�pia v�tima de mal�ria. Em 1770 o escoc�s James Bruce realizou uma viagem de explora��o do Nilo Azul no lago Tana, ficando com a fama de descobridor da sua nascente, embora como exposto o jesu�ta ali chegou primeiro.

Cais da cidade de Com Ombo, na margem direita do rio Nilo

A partir de 1821, o quediva Maom� Ali e os seus filhos seriam respons�veis por v�rias viagens de explora��o do Nilo. Em dezembro de 1856, Richard Francis Burton convidou John Hanning Speke para participar numa expedi��o aos grandes lagos da �frica Oriental. Em resultado da expedi��o Burton e Speke tornaram-se os primeiros europeus a chegar ao lago Tanganica em fevereiro de 1858. Na viagem de regresso Speke viajou em sentido norte e descobriu o lago Vit�ria (que recebeu este nome em honra da rainha Vit�ria) e que considerou como nascente do Nilo.

Em 1860, sob os ausp�cios da Royal Geographical Society, Speke realiza uma nova expedi��o � regi�o acompanhado por James Grant, da qual resultaria a descoberta do rio Cagera e do local de sa�da do Nilo a partir do lago Vit�ria (as quedas de Ripon, 1862).

Maior do mundo

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O Nilo � normalmente tido como o maior rio do mundo, com um comprimento de cerca de 6 852 km,[2] e o Amazonas como o segundo maior, com um comprimento de cerca de 6 400 km.[3][2] O debate sobre a verdadeira origem (nascente) dos respectivos rios e, portanto, sob o seu comprimento, intensificou-se nas �ltimas d�cadas. Segundo estudos brasileiros e peruanos efectuados em 2007 e 2008,[4] foram acrescentados � nascente do Amazonas os canais de mar� da bacia do interior sul da Amaz�nia e o estu�rio do Par� do Tocantins, concluindo-se dessa forma que o Amazonas tem um comprimento de 6 992 km sendo portanto maior que o Nilo, cujos estudos at� a data apontavam para um comprimento calculado em 6 853 km,[5] quando se suponha que a nascente do Nilo era no rio Cagera. No entanto, estudos efectuados em 2009 apontam para que a nascente do Nilo seja no rio Rukarara passando este a ter 7 088 km[1] e voltando novamente a ser o maior rio do mundo. Todos estes estudos levam a que o comprimento de ambos os rios permane�a em aberto, continuando por isso o debate e como tal, continuando-se a considerar o Nilo como o rio mais longo.[3]

Em 2008 a Sociedade Geogr�fica de Lima, apoiada por entidades da comunidade científica internacional, teria colocado fim à polémica sobre a origem do rio Amazonas. Com nascente nos Andes do sul do Peru, o Amazonas é o maior rio do mundo, com quase 7 000 km, maior que o Nilo, na África. A verdadeira nascente do Amazonas foi identificada na quebrada Apacheta, na base do Nevado Quehuisha, no departamento de Arequipa, Peru, a 5 150 m de altitude, percorrendo 7 062 km de extensão, pelo Peru e Brasil, até a sua desembocadura no Atlântico.[7] Meses mais tarde o INPE, afirma que efectuou medições correctas e que afinal o Amazonas é apenas 140 km maior que o Nilo, tendo os rios respectivamente 6 992,06 km e 6 852,15 k.[5] No entanto novos estudos efectuados no Nilo apontam para que este tenha uma extensão maior, mais precisamente 7 088 km.[1] Nenhum destes valores até ao momento foi aceito como correto, pelo que o verdadeiro tamanho de ambos continua em aberto.

Notas e referências

Notas

  1. O Nilo é normalmente tido como o maior rio do mundo, com um comprimento de cerca de 6852 km,[2] e o Amazonas como o segundo maior, com um comprimento de cerca de 6400 km.[3][2] O debate sobre a verdadeira origem (nascente) dos respectivos rios e, portanto, sob o seu comprimento, intensificou-se nas últimas décadas. Segundo estudos brasileiros e peruanos efectuados em 2007 e 2008,[4] foram acrescentados à nascente do Amazonas os canais de maré da bacia do interior sul da Amazónia e o estuário do Pará do Tocantins, concluindo-se dessa forma que o Amazonas tem um comprimento de 6992 km sendo portanto maior que o Nilo, cujos estudos até a data apontavam para um comprimento calculado em 6853 km,[5] quando se suponha que a nascente do Nilo era no rio Cagera.[6] No entanto, estudos efectuados em 2009 apontam para que a nascente do Nilo seja no rio Rukarara passando este a ter 7088 km[1] e voltando novamente a ser o maior rio do mundo. Todos estes estudos levam a que o comprimento de ambos os rios permaneça em aberto, continuando por isso o debate e como tal, continuando-se a considerar o Nilo como o rio mais longo.[3]
  2. Em 2008 a Sociedade Geográfica de Lima, apoiada por entidades da comunidade científica internacional, teria colocado fim à polémica sobre a origem do rio Amazonas. Com nascente nos Andes do sul do Peru, o Amazonas é o maior rio do mundo, com quase 7000 km, maior que o Nilo, na África. A verdadeira nascente do Amazonas foi identificada na quebrada Apacheta, na base do Nevado Quehuisha, no departamento de Arequipa, Peru, a 5150 m de altitude, percorrendo 7062 km de extensão, pelo Peru e Brasil, até a sua desembocadura no Atlântico.[7] Meses mais tarde o INPE, afirma que efectuou medições correctas e que afinal o Amazonas é apenas 140 km maior que o Nilo, tendo os rios respectivamente 6992,06 km e 6852,15 k.[5] No entanto novos estudos efectuados no Nilo apontam para que este tenha uma extensão maior, mais precisamente 7088 km.[1] Nenhum destes valores até ao momento foi aceite como correcto, pelo que o verdadeiro tamanho de ambos continua em aberto.

Referências

  1. a b c d e f g S. Liu, P. Lu, D. Liu, P. Jin, W. Wang (2009). «Pinpointing the sources and measuring the lengths of the principal rivers of the world». International Journal of Digital Earth (em inglês). 2 (1): 80 - 87. ISSN 1753-8947. doi:10.1080/17538940902746082 
  2. a b c d «Nile River». Encyclopædia Britannica. 2010. Consultado em 18 de janeiro de 2011 
  3. a b c d «Amazon River». Encyclopædia Britannica. 2010. Consultado em 18 de janeiro de 2011 
  4. a b «Amazon river 'longer than Nile'». BBC News. 16 de junho de 2007. Consultado em 18 de janeiro de 2011 
  5. a b c d «Estudo do INPE indica que o rio Amazonas é 140 km mais extenso do que o Nilo». Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 1 de julho de 2008. Consultado em 18 de janeiro de 2011 
  6. «Afinal parece que o Nilo não nasce no lago Vitória». Diario de Noticias. 5 de abril de 2006. Consultado em 29 de junho de 2012. Arquivado do original em 25 de maio de 2013 
  7. a b «Amazonas é o maior rio do mundo». Portal Terra. 2008. Consultado em 29 de maio de 2011 
  8. «The Nile river could be 30 million years old». Tech Explorist (em inglês). 12 de novembro de 2019. Consultado em 13 de novembro de 2019 
  9. Oloo, Adams (2007). «The Quest for Cooperation in the Nile Water Conflicts: A Case for Eritrea» (PDF). African Sociological Review. 11 (1). Consultado em 25 de julho de 2011 
  10. (em inglês) What did the ancient Egyptians call the Nile river? Open Egyptology. (verificado em 17 de outubro de 2006)
  11. What did the ancient Egyptians call the Nile river? Open Egyptology. (Accessed 17 October 2006)
  12. «Nile». Oxford English Dictionary 3 ed. Oxford, England: Oxford University Press. Dezembro de 2009 
  13. Splendeurs de l'Égypte, collectif, Éd. Molière coll. Splendeurs, Paris, 1990
  14. McLeay, Cam (2 de julho de 2006). «The Truth About the Source of R. Nile». New Vision. Consultado em 31 de agosto de 2011 
  15. «Team Reaches Nile's 'True Source'». BBC News. 31 de março de 2006. Consultado em 4 de abril de 2011 
  16. «Nile River». Consultado em 5 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 10 de janeiro de 2007