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Mascate

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 Nota: Para mercadores ambulantes de certas regiões do Brasil, veja Mascates.
Omã Mascate

Masqat

 
  Localidade  
Porta de Mascate
Porta de Mascate
Porta de Mascate
Símbolos
Bandeira de Mascate
Bandeira
Localização
Mascate está localizado em: Omã
Mascate
Localização de Mascate no Omã
Coordenadas 23° 36′ N, 58° 32′ L
Província Mascate
Vilaiete Mascate
Características geográficas
Área total 8,1 km²
População total (2021) 31 409 hab.
Densidade 3 877,7 hab./km²

Mascate (em árabe: مسقط; romaniz.: Masqaṭ), no golfo de Omã, é a capital e maior cidade do Sultanato de Omã. Sua população é de aproximadamente 31 409 habitantes, com um 1,3 milhões de pessoas no geral vivendo na província de Mascate. A cidade constitui-se, na verdade, em três urbes menores, que se desenvolveram em conjunto ao longo dos séculos:

  • Mascate propriamente dita, também conhecida como a "cidade amuralhada", onde se localizam os palácios reais;
  • Matara, originalmente uma pequena vila de pescadores, onde se localiza o labiríntico "Soco de Matara" (Matrah Souq);
  • Rui, considerada geralmente como centro comercial e diplomático da cidade.

Os vestígios da ocupação humana na região de Mascate remontam a 6 000 a.C. em Ra�al Hamra, onde sepulturas de pescadores foram identificadas. As sepulturas aparentam ter sido bem formadas e indicam a exist�ncia de enterramentos rituais. Ao sul de Mascate, remanescentes de cer�mica de Harapa indicam algum n�vel de contacto com a Civiliza��o do Vale do Indo.[1]

A notoriedade de Mascate como porto encontra-se registada desde o s�culo I pelos antigos ge�grafos: o grego Ptolomeu, refere-o como Cripto Porto (em latim: Cryptus Portus; romaniz.: lit. "Porto Escondido"), e Pl�nio, o Velho, denomina-o como Amitoscuta (em latim: Amithoscuta).[2] Ali era comerciado incenso, considerado o mais puro de seu tempo.

O porto caiu diante da invas�o dos Sass�nidas no s�culo III, sob o comando de Sapor I,[3] enquanto que a sua convers�o ao Isl�o ocorreu ainda durante o s�culo VII. A import�ncia de Mascate como porto comercial continuou a crescer nos s�culos que se seguiram, sob a influ�ncia da dinastia azdita, uma tribo local.

A implanta��o do primeiro imamado no s�culo IX, foi o primeiro passo para a consolida��o das fac��es tribais dispersas de Om� sob a bandeira de um estado ibadita. Entretanto, as escaramu�as tribais prosseguiram, permitindo aos Ab�ssidas de Bagd� conquistarem Om�. Os Ab�ssidas ocuparam a regi�o at� ao s�culo XI, quando foram expulsos pelos iamades, uma tribo local. O poder sobre Om� deslocou-se da tribo iamade para o cl� Azdi Nabaina, sob cujo governo a popula��o dos portos do litoral como Mascate prosperou com o com�rcio mar�timo e o estabelecimento de alian�as com o subcontinente indiano, ao custo da aliena��o das popula��es do interior de Om�.

A conquista portuguesa

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Velha Mascate. Ao fundo os fortes de Al Marani e Al Jalali, constru�dos pelos portugueses
Mascate � uma cidade muito grande e populosa, flanqueada em ambos os lados por altas montanhas e a frente est� perto da borda do mar; para tr�s, para o interior, h� uma plan�cie t�o grande como a pra�a de Lisboa, toda coberta com panelas de sal. Aqui se encontram pomares, hortas, bosques de palmeiras com po�os para reg�-las por meio de noras e outros engenhos. O porto � pequeno, no feitio de uma ferradura e abrigado de todos os ventos.
Afonso de Albuquerque, ap�s a queda de Mascate, em 1507[4][5]).

A localiza��o estrat�gica de Om�, entre a �frica e a �sia, desde cedo atraiu a aten��o dos europeus. Desse modo, for�as portuguesas sob o comando de Afonso de Albuquerque atacaram Mascate em julho de 1507, seguindo-se uma sangrenta batalha com as tropas leais ao governador persa. Os portugueses mantiveram o controle de Mascate por mais de um s�culo, a despeito dos desafios a partir da P�rsia e de um bombardeamento da cidade pelos Turcos em 1546.[6] Os turcos capturaram Mascate aos Portugueses em duas ocasi�es: em 1552[7] e em 1581-1588. O que se pode observar atualmente nos fortes g�meos Al Jalali e Al Mirani �, no essencial, resultante da interven��o portuguesa.

Ap�s a queda do Forte de Nossa Senhora da Concei��o de Ormuz diante dos Persas e seus aliados Ingleses (3 de maio de 1622), a sua guarni��o e a popula��o portuguesa, cerca de 2.000 pessoas, foram enviadas para Mascate, que da� em diante passou a concentrar os interesses portugueses na regi�o.

A elei��o de Nasir Bin Murshid al-Yaribi como Im� de Om� em 1624 alterou novamente o equil�brio do poder na regi�o, dos Persas e dos Portugueses para os Omanis locais. A 16 de agosto de 1648, o Im� expediu um ex�rcito para Mascate, que capturou e demoliu as altas torres de vigia dos Portugueses, enfraquecendo assim o seu dom�nio sobre a cidade. Finalmente, em 1650, um pequeno mas determinado corpo de tropas do Im� atacou o porto da cidade � noite, for�ando a rendi��o Portuguesa (23 de janeiro de 1650).[8] Essa data � considerada o in�cio da independ�ncia do pa�s, tornando o Sultanato de Om� no mais antigo estado independente da regi�o.

Do s�culo XVII ao tempo presente

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Com a vit�ria Omani sobre os portugueses em Mascate, a frota Omani prosseguiu combatendo os portugueses na costa leste africana, Em 1698, ap�s manter os portugueses cercados no Forte Jesus de Momba�a durante dois anos, os Omanis finalmente varreram a presen�a portuguesa de toda a costa leste africana at� Mo�ambique.

Posteriormente, no s�culo XVIII, uma guerra civil e as repetidas incurs�es de tropas do x� afex�rida Nader X�, desestabilizaram a regi�o, tornando ainda mais tensas as rela��es entre o interior e o litoral de Mascate. Este vazio de poder em Om� levou ao surgimento da Dinastia Abu�a�de que governou Om� desde ent�o.[9]

A supremacia naval e militar de Mascate foi restabelecida no s�culo XIX por Sa�de ibne Sult�o, que adquiriu o controle sobre Zanzibar, eventualmente deslocando para l� o seu governo (1840), constituindo o Sultanato de Zanzibar e Om�, em reconhecimento da crescente import�ncia de Zanzibar e do decl�nio do poder de Om�. Diante do aumento da possibilidade de uma guerra civil entre Zanzibar e Om�, o sult�o solicitou a arbitragem da Gr�-Bretanha que, preocupada em manter a paz na regi�o, declarou a separa��o dos dois pa�ses em 1861. Durante a segunda metade desse s�culo, a sorte da Dinastia Abu�a�de declinou e os atritos com os im�s do interior recrudesceram. Mascate e Matara foram atacadas por tribos do interior em 1895 e novamente em 1915.[10]

No entanto, os conflitos entre as tribos dispersas do interior e o Sult�o de Mascate e Om� prosseguiu na d�cada de 1950 e, posteriormente, deu lugar � Rebeli�o Dofar (1962).[11] Esta rebeli�o for�ou o Sult�o Sa�de ibne Taimur a solicitar assist�ncia � Gr�-Bretanha para dominar as revoltas no interior. Em 26 de abril de 1966 uma tentativa falhada de assass�nio de Sa�de ibne Taimur levou a um maior isolamento do Sult�o, com a transfer�ncia de sua resid�ncia de Mascate para Salal�, em meio ao conflito civil armado. Em 23 de julho de 1970, Qabus bin Said Al Said, filho do Sult�o, protagonizou um golpe de Estado sem sangue,[12] no pal�cio de Salal�, com o apoio brit�nico e tomou posse como governante.

Com o aux�lio brit�nico, Cabus ibne Sa�de colocou fim � insurrei��o Dofar e �s disputas tribais. Mudou o nome do pa�s para Sultanato de Om� (at� ent�o denominado como "Mascate e Om�"), visando p�r fim ao isolamento do interior. Cabus recorreu aos servi�os de Omanis capazes de ocupar cargos em seu novo governo,[13] baseados em empresas como a Petroleum Development Oman (PDO). Novos minist�rios para os servi�os sociais como os de Sa�de e Educa��o foram estabelecidos. A constru��o do Porto de Cabus, um novo porto concebido inicialmente por Sa�de ibne Taimur, foi desenvolvido durante os primeiros dias do governo de Cabus. Do mesmo modo, um novo aeroporto internacional foi constru�do, no distrito de Seebe. Um complexo de escrit�rios, armaz�ns, lojas e resid�ncias transformou a antiga vila de Ruwi, em Mutra, em um distrito comercial.[14] O primeiro plano quinquenal de desenvolvimento de Mascate, em 1976, enfatizou o desenvolvimento de infra-estruturas em Mascate, o que proporcionou novas oportunidades para o com�rcio e o turismo nas d�cadas de 1980 e 1990, atraindo migrantes de toda a regi�o.

A cidade de Mascate como grande parte do país tem como maior parte de sua renda as exportações sendo elas de petróleo, madrepérola e tâmaras. A cidade abriga grandes empresas petrolíferas como a Royal Dutch/Shell, Total e Partex.

A maioria de suas exportações são feitas pelo porto da cidade.

Eventos notórios

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  • Em 4 de maio de 2001 foi construída a Grande Mesquita do Sultão Qaboos, por determinação de Qaboos bin Said.
  • Em 6 de junho de 2007, o Ciclone Gonu assolou Mascate causado extensos danos a propriedades, infra-estruturas e actividades comerciais.
  • Em 20 de abril de 2018, o DJ sueco Avicii teve sua morte confirmada na capital do sudanato. Apesar de não confirmado, infere-se que o produtor musical tenha se suicidado com cortes no punho, feitos com o vidro de uma garrafa de champgnhe.

Referências

  1. Rice (1994), p. 255-256.
  2. Foster (1844), p. 234.
  3. Potter (2002), p. 41.
  4. Miles (1997), p. 147.
  5. «Mascate». no sítio do Património de Influência Portuguesa, da Fundação Calouste Gulbenkian 
  6. Miles (1997), p. 167
  7. Forças navais sob o comando do almirante otomano e cartógrafo Piri Reis capturaram Mascate aos portugueses, mas acabaram por abandoná-la.
  8. Miles (1997), p. 196.
  9. Miles (1997), p. 256.
  10. JE Peterson: entrada da Enciclopédia Britânica (1990), p. 6.
  11. Em 1965, o povo do estado de Dofar, no interior, iniciou uma rebelião com apoio do governo do Iêmen do Sul e a recusa do Sultão de utilizar as receitas da exportação de petróleo para enfrentar a rebelião, levou seu filho - o atual Sultão Cabus ibne Saíde, na época com somente 30 anos de idade – a liderar um golpe pacífico em 1970 e tomar o lugar do seu pai.
  12. Long (2007), p. 188.
  13. Middle East Policy (2004), p. 126.
  14. Middle East Policy (2004), p. 128.

Liga��es externas

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