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Armorial

Origem: Wikip�dia, a enciclop�dia livre.
P�gina do Liber Additamentorum de Matthew Paris, c. 1250.
As armas do rei da Esc�cia no Livro do Armeiro-Mor, 1509, um dos mais ricos armoriais conhecidos.

Armorial � um cat�logo ou compila��o de armas her�ldicas ou bras�es.

O uso de s�mbolos identificadores pessoais ou familiares � imemorial, mas a linguagem da her�ldica como ela se tornou mais conhecida come�ou a ser articulada no s�culo XII. Neste per�odo inicial os bras�es tinham um uso irregular, principalmente eram s�mbolos pessoais, e muitas vezes impermanentes. No s�culo XIII as armas passaram a ser heredit�rias, e em fun��o do aspecto jur�dico envolvido na transmiss�o de heran�a, especialmente da nobreza, ficou evidente a necessidade de controlar seu uso e transmiss�o. Para isso foram criados oficiais especializados, os reis de armas, encarregados de elaborar os desenhos, aquando de novas concess�es de honras, e de compilar as ins�gnias j� em uso, preservando os registros em cat�logos ou livros especiais, os armoriais.[1][2]

Os mais antigos conhecidos datam de meados do s�culo XIII, como o Glover's Roll (c.1245), o Liber Additamentorum de Matthew Paris (c.1250), o R�le d'armes Bigot (c.1254), e o Dering Roll (c.1275).[3][4] Em Portugal o mais antigo de que se tem not�cia � "hum livro pintado e dourado do Rroll dos Sygnaes e pendons dos cavalleyros portugueses que forom na Batalha do �elado", que devia datar do s�culo XIV, e que existia na biblioteca de D. Manuel de Castelo Branco, o segundo Conde de Vila Nova de Portim�o. Fern�o Lopes descreve a exist�ncia de uma tape�aria composta como um armorial que fazia parte dos ornamentos da c�mara nupcial da infanta D. Beatriz, filha do rei D. Fernando I. Dos que chegaram aos nossos dias o mais antigo é o Livro do Guarda-ropa de El-Rei D. Manuel, do século XV, que sobrevive em uma cópia posterior.[5] O mais antigo exemplar brasileiro, mantido pelo rei de armas Possidônio Carneiro da Fonseca Costa, também se perdeu.[6] Entre as mais ambiciosas compilações realizadas a partir de fins do século XIX estão as de Giovan Battista di Crollalanza,[7] de Johannes Rietstap,[8] e a edição revista e ampliada do Wappenbuch de Johann Siebmacher, editada por Otto Titan von Hefner et alii,[9] mas nas últimas décadas, acompanhando os progressos tecnológicos, o número de publicações novas importantes e de reedições de obras antigas vem crescendo rapidamente, e uma vasta quantidade de material já está disponível online.[10][11]

Os armoriais podem ser apenas descritivos ou ilustrados, e podem conter resumos sobre a história e genealogia das famílias, à maneira de dicionários ou enciclopédias.[12] Podem ser divididos em diferentes categorias, conforme seus objetivos e âmbito:

  • Ocasionais ou Comemorativos, compilando as armas de pessoas presentes em um evento específico;
  • Institucionais, cobrindo armas de membros de alguma ordem religiosa ou militar, ou de alguma entidade ou fundação;
  • Regionais, com as armas em uso em determinada área geográfica;
  • Ilustrativos, como acessório visual de alguma crônica ou narrativa, e
  • Gerais, com um escopo enciclopédico e universal.

A heráldica se tornou logo uma moda extremamente popular e uma língua-franca europeia, alcançando todas as camadas sociais, instituições, corporações, cidades e Estados,[13] e os armoriais não tardaram a se multiplicar, deixando o âmbito estritamente oficial e passando a ser elaborados também por eruditos, historiadores e mesmo diletantes, e por isso sua qualidade gráfica e exatidão informativa são muito desiguais; alguns estão repletos de erros.[5][14] Os armoriais são documentos valiosos para o estudo da história, genealogia, sociologia, simbologia e história da arte, acumulando um vasto repertório de símbolos, formas e insígnias que se enraizaram profundamente na cultura europeia.[5][15]

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Referências

  1. National Library of Ireland. Office of the Chief Herald.
  2. Fox-Davies, Arthur Charles. A Complete Guide to Heraldry. Jack, 1909, pp. 1-18; 27-48
  3. Planché, J. R. The Pursuivant of Arms; or Heraldry founded upon facts. London, 1873, p. 31
  4. Dilthey-Project Die Performanz der Wappen. Digitised Armorials. Heraldica Nova — University of Münster
  5. a b c O Marquês de Abrantes. Introdução ao Estudo da Heráldica. Série Biblioteca Breve, vol. 27. Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1992, pp. 31-32
  6. O Visconde de Sanches de Baena. Archivo Heraldico Genealógico. Typographia Universal, 1872
  7. Vercellone, Guido Fagioli. "Di Crollalanza, Giovanni Battista". In: Dizionario Biografico degli Italiani, Volume 39. Istituto dell’Enciclopedia Italiana, 1991
  8. Van Drie, Rob. "Rietstap, Johannes Baptista (1828-1891)". In: Biografisch Woordenboek van Nederland, vol. 4. Den Haag, 1994
  9. "Sibmacher, Hans". In: Allgemeine Deutsche Biographie, Vol. 34. Duncker & Humblot, 1892, pp. 136–138
  10. Clemmensen, Steen. "An Ordinary of Medieval Armorials". In: Heraldica Nova, 21/11/2013
  11. Hiltmann, Torsten. "Digital Heraldry: Digitisation and Dissemination of the European Heraldic Heritage". In: Heraldica Nova, 31/05/2015
  12. Riquer, Martín de. Heràldica catalana: des l´any 1150 al 1550. Barcelona, 1983, p. 54
  13. Meer, Marcus. "Report: Visible Identities: Symbolic Codes from Personal Heraldry to Corporate Logos, London, 6 November 2017". In: Heraldica Nova, 06/12/2017
  14. Clemmensen, Steen. "Evaluating armorials (IV) – Grünenberg, the unfortunate armorist". In: Heraldica Nova, 03/12/2014
  15. Nogueira, Sónia Patrícia Marques. Tradição e Inovação na Identidade Visual dos Municípios Portugueses: Do Brasão à Marca. Dissertação. Universidade da Beira Interior, 2012