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Prostíbulo

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(Redirecionado de Bordel)
 Nota: Para outros significados, veja Cabar�.
Fachada de prost�bulo em Munique (Alemanha)
Uma prostituta num bordel alem�o

Prost�bulo, bordel, lupanar, casa de prostitui��o, casa de prazeres, casa de toler�ncia ou, popularmente, puteiro, � um estabelecimento destinado � prostitui��o, o qual atua muitas vezes de forma ilegal, uma vez que tal pr�tica � considerada crime na maioria dos pa�ses.[1]

Distingue-se a casa de alterne,[2] embora associada tamb�m � prostitui��o. O alterne significa que as mulheres trabalhando nele se incumbem principalmente para incentivar os fregueses ao consumo, e elas participam do lucro da casa. O facto de envolver sexo n�o consta nos objetivos da casa em si, esse � um componente opcional por parte da empregada do local.

Os prost�bulos s�o na maioria das vezes administrados por mulheres mais velhas - via de regra ex-prostitutas - que assumem a lideran�a da casa de prostitui��o onde trabalharam ou abrem outra, com novas mulheres. As proxenetas, ou, mais popularmente cafetinas, as "matronas" ou "patroas" s�o em geral carinhosamente chamadas de "m�e", "m�ezinha", "m�inha", "tia", "dona" etc. Quase sempre gozam de prest�gio e respeito nas comunidades onde vivem.

H� muitos lugares do mundo onde os prost�bulos s�o legalizados, como por exemplo, alguns pa�ses do norte e da Europa Central (Holanda, Su��a, �ustria, Let�nia, Alemanha, Hungria), Equador, Uruguai, Gr�cia, Turquia e Leste da Austr�lia. O estado de Nevada, nos Estados Unidos, � um grande centro de prost�bulos legalizados.[1] No Brasil, a manuten��o, por conta pr�pria ou de terceiro, de uma casa de prostitui��o � um crime tipificado no C�digo Penal Brasileiro pelo art. 229.[3] Mas h� interpreta��es que dizem que, de acordo com a lei, s� � crime tipificado se houver a "explora��o ou vulnerabilidade", caso n�o tenha seria poss�vel de ser uma atividade regular.[4] As proxenetas e os proxenetas tamb�m s�o culp�veis de delito de rufianismo.

A primeira men��o registrada da prostitui��o como uma profiss�o aparece nos registros sum�rios de ca. 2400 a.C., e descreve um templo-bordelo operado por sacerdotes sum�rios na cidade de Uruk. O 'kakum' ou o templo foi dedicado � deusa Istar e abrigou tr�s graus de mulheres. O primeiro grupo realizou-se apenas nos ritos sexuais do templo; o segundo grupo participava tamb�m dos rituais, mas atendia aos seus visitantes tamb�m; e a terceira e mais baixa classe morava nas terras do templo, mas as mo�as eram livres para procurar tamb�m clientes nas ruas. Em anos posteriores, a prostitui��o sagrada existia tamb�m na Ass�ria, Gr�cia, Roma, �ndia, China, Jap�o e muitos outros pa�ses.[5] Ela tamb�m � mencionada no Velho Testamento da B�blia.[6] Em quase todas as culturas antigas a prostitui��o era legalizada e regularizada, permitindo a explora��o quase sempre desinibida das prostitutas escravizadas.[7]

Prost�bulos estaduais com pre�os taxados existiam na antiguidade na Atenas, fundados pelo legalista e pol�tico famoso Solon. Foram concebidos principalmente para clientes masculinos, com mulheres de todas as idades e tamb�m rapazes oferecendo servi�os. As prostitutas de alta categoria chamavam-se heteras e eram mo�as muitas vezes treinadas desde a inf�ncia no sexo, belas artes e conversa��o para poderem agradar da melhor forma aos clientes. Muitas n�o atenderam em prost�bulos, mas possu�am casas pr�prias. As prostitutas comuns, que enchiam os prost�bulos, eram muitas vezes escravas compradas em muitos pa�ses e meninas abandonadas por sua fam�lia, que viraram escravas at� provar o contr�rio.[8]

Fresco do Lupanar de Pompeia, com uma prostituta atendendo a um cliente

Na cidade romana de Pompeia encontra se a famosa ru�na do Lupanar (em latim, lit. "covil de lobas"), um s�tio arqueol�gico de interesse particular devido �s pinturas er�ticas que cobrem suas paredes. O Imp�rio Romano com seu grande poder b�lico capturava escravos e escravas em grande quantidade e seus comerciantes podiam com seu poder econ�mico comprar meninas e mulheres de todo o mundo conhecido, de v�rias ra�as es cores. Trancar escravas como prostitutas for�adas nos prost�bulos teve muitas vantagens para os donos, porque escravos podiam ser explorados legalmente de todas as formas, e sobretudo uma prostituta n�o podia esperar por ajuda ou piedade de ningu�m por pior que seriam as torturas aplicadas nelas. Destarte, elas foram treinadas sem d� e obrigadas a submiss�o absoluta e a aceitarem todas as formas de abuso e a cumprirem todos os desejos. Vasos antigos mostram muitas vezes cenas er�ticas, e, entre outras, se encontram cenas com prostitutas com clientes ou donos n�o satisfeitos que batem nelas com sand�lias ou varas.[9] Escravid�o, prostitui��o, proxenetismo e o uso de escravas como prostitutas for�adas eram permitidas, legalizadas e regularizadas, e o governo fazia tudo para ajudar aos donos manterem seus direitos e poderes sobre suas escravas, que eram sua propriedade legal e n�o possu�am direitos por serem escravas e, al�m disso, prostitutas e quase sempre estrangeiras.[10]

Segundo uma lei do Imperador Augusto mulheres ad�lteras podiam ser condenadas a virarem prostitutas for�adas. Em vez de lotar c�rceis em preju�zo do governo ou serem mortas elas contribu�am, desta maneira, para o bem da sociedade e mais verbas para o governo. Essa lei foi abolida pelo primeiro imperador crist�o Teod�sio.[11] Nas persegui��es a crist�os dos primeiros tr�s s�culos mo�as crist�s foram trancadas nos prost�bulos. Seu "amor � castidade, que resplandecia nos rostos das virgens crist�s, instigou os romanos, para as punir da sua cren�a, a inventar um novo supl�cio: condenaram-nas por um �dito para serem prostitu�das".[12]

Constru��o s�lida como base da cama no Lupanar de Pompeia

Prost�bulos em Roma s�o bem conhecidos pela literatura da �poca, listas e evid�ncias arqueol�gicas. Um prost�bulo era normalmente chamado de lupanar, em latim, lupan�rio (lupanarium), isto �, cova de loba, sendo uma lupa uma loba ou prostituta.[13] Eles encontraram-se em todas as 14 regi�es da Roma antiga.[14] Muitos prost�bulos foram tamb�m chamados de fornix, um termo para um espa��o geral para um lugar abobadado ou por�o de uma casa.[15] Estes prost�bulos baratos foram descritos como muito sujos, mal-cheirosos e mal ventilados. Seneca escreveu "voc� cheira ainda da catinga do prost�bulo".[16] Mas as vantagens eram que era mais dif�cil para as escravas prostitu�das fugirem, elas podiam ser encadeadas e seguradas nas paredes grossas, e n�o acomodavam transeuntes com ru�dos na copula��o nem com gritos quando a�oitadas e torturadas.[17]

As casas licenciadas existiam de duas formas: sob tutela de um proxeneta ou de uma cafetina (em latim leno ou lena), e casas com quartos alugados a prostitutas. No primeiro caso, o proxeneta e dono colocava muitas vezes um "secret�rio" (villicus puellarum) para cuidar das meninas. Este taxava as meninas, deu-les "nomes de guerra", definiu os pre�os, cobrou as taxas e forneceu roupas, comida e outros produtos necess�rios.[18]

As pinturas e mosaicos murais eram consent�neos com o ambiente: cenas er�ticas. Na porta de cada cela teve uma tabuleta com o nome da prostituta e seu pre�o, e no reverso estava escrito occupata (ocupada), como funciona at� hoje em banheiros p�blicos. Plautus[19] chama uma casa de "menos rigorosa" para com as prostitutas, se era permitida, de vez em quando, que uma prostituta arrasada pelo excesso da labuta e da falta de sono pudesse colocar "ocupada" na porta para fazer uma pausa." A cela geralmente continha uma l�mpada de bronze ou, nos estabelecimentos inferiores, de argila, uma palete ou uma enxerga de algum tipo, sobre a qual se espalhava uma manta ou colcha, esta sendo �s vezes empregada como cortina.[20]

Os m�todos anticoncepcionais, na �poca, eram menos seguros, e por isso prostitutas engravidavam frequentemente. Nos prost�bulos, abortos e infantic�dios eram comuns, e ao redor das ru�nas deles acham-se muitas vezes restos de cemit�rios com prostitutas, que morriam no servi�o, e beb�s. Para beb�s do sexo feminino as chances de sobreviv�ncia eram melhores, porque alguns proxenetas incumbiram-se a cri�-las para empreg�-las como prostitutas. Na Roma n�o precisava esperar at� a menina entrar pelo menos na puberdade, porque a demanda por prostitutas infantis era tamb�m grande e completamente legal, desde que foram estrangeiras, escravas, cativas ou outras pessoas sem direitos.[21]

Brothel scene; Brunswick Monogrammist, 1537; Gem�ldegalerie, Berlim

Os primeiros na Europa ocidental, que regularizavam prost�bulos e a prostitui��o ap�s longos s�culos de aboli��o por raz�es religiosas do cristianismo cat�lico, foram a Inglaterra do rei Henrique II e o Le�o sob o rei Afonso IX.[22] No entanto, ao contr�rio da antiga Roma os governantes crist�os ocupavam-se com o bem-estar das prostitutas e proibiram a prostitui��o for�ada. As primeiras cidades europeias ocidentais, depois do fim do imp�rio romano, recome�aram entre 1350 e 1450 a oferecerem prostitutas em prost�bulos municipais.[23] Prefeituras, pr�ncipes e at� bispos que possu�am territ�rios pr�prios, viraram donos de prost�bulos, conseguindo de uma vez tr�s benef�cios: direitos, legaliza��o e prote��o para as prostitutas, abastecimento da popula��o com prostitutas e um bom lucro que aumentava as verbas do governo. Outros governos liberavam certas zonas para a prostitui��o, onde investidores podiam construir prost�bulos e taverneiros ofereciam garotas.[24] Muitas vezes era proibido abrir os prost�bulos em dias festivos ou durante a missa, para possibilitar as prostitutas participarem da missa e n�o desviar os homens do caminho � igreja.[25] Muitas vezes certas pessoas como cl�rigos, judeus ou, em certos casos, todos os homens casados foram impedidos a frequentarem os prost�bulos.[26]

A cena no lupanar da s�rie A Rake's Progress (A carreira de um patife) by William Hogarth, 1735

Com o tempo muitas outras leis regulavam prost�bulos, prostitui��o e os direitos e deveres das prostitutas, entre elas restri��es de vestimenta para as prostitutas se distinguirem claramente das mulheres "honestas", mas ao outro lado a prostitui��o chegou, em alguns lugares, a ser reconhecida como profiss�o ordin�ria, at� com o direito de formar guildas como marceneiros, pedreiros, ourives e outros artes�os, em outros casos prostitutas e proxenetas estavam em uma guilda juntos com barbeiros ou "Bader", as pessoas que tomavam conto de um banho p�blico medieval, e muitas vezes uma barbearia ou um banho p�blico empregou tamb�m prostitutas, assumindo tamb�m a fun��o de prost�bulo.[27]

Por causa das grandes epidemias com doen�as sexualmente transmiss�veis como a s�filis a partir do in�cio do s�culo XVI a pol�mica contra prost�bulos e tamb�m contra casas de banho ganhou novas for�as e levou, na rea��o exagerada dos povos, em muitos lugares n�o s� ao fechamento de prost�bulos e casas de banho, mas tamb�m ao evitamento de qualquer contato com �gua, levando uma vida sem jamais tomar banho, � supress�o do sexo, da nudez e da mulher em si. O corpo da mulher era o s�mbolo da lasc�via e do pecado e foi banido de muitos lugares; e em �ltima consequ�ncia foi tamb�m combatido indiretamente na persegui��o das supostas bruxas.[28][29]

No "Sal�o" da Rua des Moulins, Paris, Fran�a, pintura de Henri de Toulouse-Lautrec

A partir do s�culo XII, em Londres, Inglaterra, os prost�bulos foram limitados a certo distrito chamado Liberty of the Clink. Um "liberty" � uma regi�o livre da supervis�o do rei, onde estes direitos s�o exercidos por outra pessoa. A regi�o j� n�o pertencia � jurisdi��o de Londres, mas � do bispo de Winchester, que usufru�a ent�o direitos e regalias reais. Com esse poder ele deu licen�as para prost�bulos e prostitutas, assim como, mais tarde, para outros estabelecimentos de divertimento, entre eles teatros famosos como o Globe Theatre, conhecido pelos trabalhos de William Shakespeare. Por isso, Winchester Goose (Ganso de Winchester) � um sin�nimo de puta. Por�m, as mulheres trabalhando nesse ramo foram banidos dos cemit�rios e enterrados no cemit�rio Cross Bones, que era um cemit�rio n�o sagrado. Entre os clientes foram at� reis. Um prost�bulo famoso foi o Holland's Leaguer, que deu o nome � rua, onde fora situada, e a uma pe�a de teatro[30] Carlos I de Inglaterra deu licen�as a um grande n�mero de prost�bulos, inclusive o famoso Silver Cross Tavern em Londres, que existe at� hoje e, alegando a licen�a antiga, pretende ser o �nico prost�bulo legal da Inglaterra.

Prostituta jovem conversa em um prostíbulo em Paris
Prostíbulo no Japão

As autoridades do Paris medieval seguiam o mesmo caminho e confinaram os prostíbulos a certos distritos. Luís IX (r. 1226–1270) designou nove ruas em Beaubourg no 4.º arrondissement de Paris, um dos vinte distritos de Paris. No início do século XIX apareciam em várias cidades francesas os primeiros prostíbulos controlados pelo governo, conhecidos como "maisons de tolérance" ou "maisons closes". Pela lei, a chefe havia que ser uma mulher, e na maioria das vezes foi uma ex-prostituta que provou sua habilidade e ganhara a confiança dos cafetões e outros poderosos no comércio com o sexo. A fachada do prédio havia que ser discreta, e quando a casa estava aberta, havia que sinalizá-lo com uma lanterna vermelha acesa; por isso até hoje tais zonas se chamam através da luz vermelha: por exemplo no inglês "red-light district" (distrito da luz vermelha). Outros países seguiam o exemplo, no Japão, por exemplo, a primeira zona foi estabelecida em 1617, mas a leis alternavam em muitos países entre proibição e legalização.[31]

Grande prostíbulo em Halle, Alemanha

No ano 1810 Paris teve 180 prostíbulos oficialmente registrados. As prostitutas eram registradas e recebiam um carimbo na certidão que lhes permitia a trabalhar como prostituta. Claro que com tal carimbo era lhes quase impossível candidatar-se para outro emprego para poder escapar da prostituição. Além disso, as prostitutas podiam sair dos prostíbulos somente em certos dias e acompanhadas por suas chefes. Tais leis implicavam uma grande dependência das garotas de suas chefes, e deu a estas - e através delas a cafetões e todo o sistema de aproveitadores - um grande poder sobre as mulheres. Eles podiam, destarte, explorar as mulheres sem dó e sob proteção do governo e da polícia, e assim os prostíbulos prosperavam como nunca antes. Paris virou famosa pela luxúria, o luxo e a grande qualidade e submissão de suas prostitutas. Ainda até a segunda guerra mundial o governo francês chegou a levar políticos estrangeiros e outros convidados do governo para conhecerem as maravilhas dos prostíbulos franceses, dando um destaque aos prostíbulos de luxo le Chabanais e le Sphinx. No programa oficial de uma viagem tais visitas foram chamadas discretamente "visita com o Presidente do Senado".[32] O Hotel Marigny, estabelecido em 1917 no segundo "arrondissement" (distrito) de Paris, era o mais conhecido para clientes homosexuais.[33] No entanto, frequentes investigações da polícia em prostíbulos para homosexuais mostravam uma tolerância menor para esse lado do comércio prostitutivo.[34]

Interior de um prostíbulo em Nápoles, Itália, 1945

Durante a segunda guerra mundial os nazistas confiscavam nos países conquistados muitos prostíbulos para as tropas do exército, funcionários e aliados. Também fundavam prostíbulos para o exército e para outras finalidades, e até nos campos de concentração fundaram prostíbulos de alta categoria para os vigilantes e de baixa categoria para os presos, que colaboravam com os nazistas e recebiam como prêmio o direito de abusar das cativas trancadas nos prostíbulos. Prevaleceu a prostituição forçada, mas também tinha muitas cativas, que optavam por prostituir-se para os nazistas para não serem mortas de fome ou de violência. Judias eram interditadas para virarem prostitutas para os vigilantes, porque segundo a ideologia racial nazista um alemão da "raça ariana" não podia ter relação com uma judia, da maneira que as jovens judaicas, mesmo as mais bonitas, ficavam normalmente só para presos não arianos. Também os outros exércitos abasteciam suas tropas com prostíbulos. Quem se destacou de longe, também em relação com os nazistas, eram os japoneses, que forçavam milhares de meninas das regiões ocupadas para virarem mulheres de conforto. Em consequência, depois da guerra, prostíbulos viraram ilegais em muitos países da Europa. Na França o aconteceu já em 1946 depois de uma campanha da vereadora e ex-prostituta Marthe Richard apontando a colaboração de muitos prostíbulos com os nazistas.[35]

Itália, por sua vez, declarou os prostíbulos ilegais em 1959; em consequência as estradas estão cheias de prostitutas: mulheres e meninas de países pobres, muitas vezes vítimas do tráfico de mulheres.[36] Ao lado dos prostíbulos legais existem sempre também prostíbulos clandestinos, como os que imigrantes muçulmanos fundam e frequentam para não se mexerem com homens de outras religiões, manterem as regras do islã e treinarem as meninas para submissão absoluta. Na Alemanha tais casas são chamados vulgarmente de "Türkenpuff" (Puteiro dos turcos). Já que esses prostíbulos não são registrados nem públicos e só conhecidos pela propaganda de boca em boca, a polícia não consegue fiscalizá-los o que garante aos donos a exploração desinibida das mulheres e meninas cativas nestes prostíbulos. Na Alemanha e países avizinhados é comum ameaçar uma prostituta insubmissa: "Se você não obedecer vou te vender a um puteiro dos turcos".[37][38]

No Brasil, durante o século XIX, muitos antigos sobrados da época patriarcal foram transformados em prostíbulos. Além de mulheres e meninas pobres traficadas da Europa e brasileiras voluntárias qualquer um podia comprar escravas e obrigá-las a tudo, entre outros a se prostituírem, e ele tinha o poder ilimitado sobre o corpo das escravas que lhe permitia a torturá-las até concederem toda a devida atenção e submissão que queria para poder explorá-la da melhor forma. O tempo de ouro para os prostíbulos chegou, porém, depois da abolição, porque milhares de negras e mulatas habituadas com a promiscuidade e a submissão sexual tiveram que procurar um sustento, e traficantes e cafetões importavam cada vez mais meninas do Leste da Europa e outras regiões sob promessas falsas, principalmente judias do leste da Europa, albanesas, mulheres e garotas do Império Habsburgo, mas também francesas e italianas para os homens com melhor poder aquisitivo.[39] Dessa época tratam muitos livros do escritor Jorge Amado, retratando muitas prostitutas e descrevendo a vida nos prostíbulos. Chegou ao auge em 1930,[40] quando os prostíbulos do Rio de Janeiro eram famosos no mundo inteiro; o bordel Casa Rosa é hoje um centro de cultura.[41] (Veja sobre detalhes o artigo Prostituição no Brasil.)[42] Além disso existiam e existem prostíbulos clandestinos improvisados em regiões subdesenvolvidos como para garimpeiros na Amazônia, em que meninas e mulheres de famílias pobres do Nordeste e outras regiões trabalham e são exploradas ilegalmente, mas muitas vezes com conivência de autoridades locais, tema abordado corajosamente no filme Anjos do sol.[43][44][45]

Nos Estados Unidos prostíbulos viraram ilegais juntos com álcool, drogas e prostituição entre 1910 e 1915 devido a grandes campanhas contra drogas, e os prostíbulos continuam ilegais até hoje, com exceção de pequenas áreas como no Estado Nevada.[46]

Na África existem prostíbulos enormes em Nigéria, África do Sul e muitos outros países. A pobreza, as guerras civís, a posição baixa da mulher, a tradição da escravidão e a falta de controle por causa de governos ausentes, fracos, coniventes e corruptos permitem a existência de casas com, às vezes, centenas de mulheres e meninas mesmo em países que, pela lei, não permitem prostíbulos. Quase sem direitos e sem ajuda da polícia as meninas podem ser exploradas e traficadas livremente e sofrem de muita violência, sobretudo do lado de clientes. Os prostíbulos das categorias mais baixas, chamadas em certas regiões de "bushbir" são destinados para homens com pequeno poder aquisitivo e cheios de meninas extremamente carentes e tão baratas, que hão de atender dia a noite a, às vezes, mais de cem homens por dia e nem têm como se levantar e limpar enter um programa e outro.[47]

Milhões de escravos africanos foram levados para outros países, e milhões de meninas africanas foram vendidas a prostíbulos, mas também existe o contrário. Desde a época dos romanos comerciantes levaram meninas e mulheres brancas para a África, sobretudo dos povos eslavos. Na época medieval comerciantes turcos e outros do Império Otomano, normandos, piratas e outros abasteciam a África com cativas, escravas e prostitutas brancas, que serviam em prostíbulos como delícia exótica para clientes ricos e para chamar atenção.[48] Corsários muçulmanos chegaram até a Islândia em busca de pessoas indefesas, que podiam assaltar e capturar para vendê-las como escravos.[49] Uma prostituta branca garante a um prostíbulo africano sempre maior sucesso. Desde os anos 80 as máfias russas e turcas levam novamente mais brancas para os prostíbulos africanos e países árabes. A maioria delas são prostitutas que já faziam programa por muitos anos e perderam seu valor para o mercado europeu, mas rendem ainda um preço razoável na África. Se jovens brancas são levadas para a África, são muitas vezes trocadas da forma de o traficante receber por uma jovem branca entre três e oito meninas negras. Algumas são levadas para a África por amigos sob promessa de uma viagem turística e acabam serem trocadas por uma penca de jovens ou adolescentes negras e trancadas em um prostíbulo.[50]

Oriente Médio

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Para clientes muçulmanos alguns prostíbulos do Oriente Médio[51] oferecem o serviço de um casamento temporário permitido no islã. O cliente casa-se com a prostituta de sua escolha antes do programa em uma cerimônia de meio minuto, e ao sair do prostíbulo assina uma carta de divórcio.[52] Assim ele pode aproveitar-se da prostituta sem cair em pecado segundo as normas do islã.[53] Tais prostitutas chamam-se, em inglês, "halal prostitutes" (prostituta halal).[54]

Referências

  1. a b «Legalidade da prostituição (e prostíbulos) no mundo». Consultado em 11 de agosto de 2017 
  2. «Dicionário Priberam». Consultado em 11 de agosto de 2017 
  3. «Código Penal (Casa de prostituição, Art. 229)». Presidente do Brasil. Consultado em 2 de maio de 2009 
  4. «Ser dono de prostíbulo só é crime se houver exploração de serviços sexuais alheios». Conjur. Consultado em 4 de dezembro de 2018 
  5. Murphy, Emmet (1983). Great Bordellos of the World. [S.l.]: Quartet Books 
  6. Por exemplo 1.Rs 14,24 ou 2.Rs 23,7
  7. José Guimarães Mello: Negros E Escravos Na Antiguidade, p. 40 ss, entre outras. No internet aqui.
  8. História breve dos prostíbulos (em inglês)
  9. Thomas A.J. McGinn, Prostitution, Sexuality and the Law in Ancient Rome, Oxford University Press, 1998, p. 56.
  10. Thomas A. McGinn The Economy of Prostitution in the Roman World: A Study of Social History and the Brothel, University of Michigan Press, 2004, p. 167–168
  11. Thomas AJ McGinn, Prostitution, Sexuality and the Law in Ancient Rome, Oxford University Press, 1998, p. 171.
  12. F. A. Rodrigues de Gusmão: A Prostituição entre os romanos, Lisboa, 1861, p.27; no internet aqui.
  13. Thomas A McGinn, The Economy of Prostitution in the Roman World (University of Michigan Press, 2004), pp. 7–8.
  14. Adler, Description of the City of Rome, p. 144ss.
  15. Curiosum Urbis e Notitia Notitia de Regionibus em LacusCurtius de Bill Thayer
  16. Seneca, Cont. I, 2. Veja também Horácio, Satira 1, 2, 30 ("por outro lado, não teria nenhuma, exceto essa que estava de pé na cela fedorenta" do prostíbulo); Petrônio, Priapeia XIII, 9 ("quem quiser pode entrar aqui e se sujar com a fuligem preta do prostíbulo").
  17. F. A. Rodrigues de Gusmão: A Prostituição entre os romanos, Lisboa, 1861, p.9ss; no internet aqui.
  18. Seneca, Controv. I, 2: "você se exibiu com as prostitutas, engalada para atrair clientes, com as roupas que seu cafetão lhe deu.", no internet em espanhol, p. 116, aqui.
  19. Plautus, Asin. IV, I, 9.
  20. Petrônio, Satiricon, cap. 7.
  21. Roman dead baby 'brothel' mystery deepens, BBC
  22. No livro "Prostitution: an illustrated social history" de Vern L. Bullough e Bonnie Bullough as leis são associadas a Castela, mas Afonso IX era rei de Leão e Galiza e não de Castela. Leia a frase no livro aqui.
  23. «Historical Timeline--Prostitution». Should prostitution be legal?. ProCon.org. Consultado em 25 de julho de 2017 
  24. Heckel, N.M. «Sex, Society, and Medieval Women». River Campus Libraries. Consultado em 25 de julho de 2017. Arquivado do original em 2 de novembro de 2011 
  25. Prostitution in the middle age
  26. Bennett, Judith M. (1989). Sisters and Workers in the Middle Ages. Chicago, IL: University of Chicago Press. pp. 100–134 
  27. Bergstedt, Axel: O costume de tomar banho como expressão cultural e corporal na história da cristandade, p. 40ss; no internet aqui.
  28. Bergstedt, Axel: O costume de tomar banho como expressão cultural e corporal na história da cristandade, p. 49ss; no internet aqui.
  29. «A Brief History of Brothels». The Independent Newspaper. 21 de janeiro de 2006. Consultado em 23 de novembro de 2011 
  30. Edward Walford (1878). «'Southwark: Winchester House and Barclay's Brewery', Old and New London: Volume 6». British History Online. Consultado em 26 de julho de 2017 
  31. 1617 - Japan Creates Red-Light Districts
  32. Die Sphinx im Freudenhaus, Süddeutsche Zeitung, 17 August 1996. (em alemão)
  33. Roberts, Genevieve (6 de novembro de 2009). «Sin city: show celebrates the Paris brothel that was loved by Cary Grant». The Independent. Consultado em 30 de janeiro de 2011 
  34. Julian Jackson (2009). Living in Arcadia: homosexuality, politics, and morality in France from the liberation to AIDS. [S.l.]: University of Chicago Press. p. 29. ISBN 978-0-226-38925-7 
  35. Peter Allen, Sleeping with the enemy: How 'horizontal collaborators' in Paris brothels enjoyed a golden age entertaining Hitler's troops, Daily Mail, 1 May 2009
  36. Oct. 1, 2000 - Netherlands Legalizes Brothels (e seguintes artigos dessa fonte)
  37. Jennifer, 14, atendeu a 30 até 40 clientes por dia no puteiro dos turcos
  38. Programa por 5 Euros nos "cafés" dos turcos
  39. Luiz Carlos Soares: Prostitution in Nineteenth-Century Rio de Janeiro, University of London, 1988, p.17s, no internet aqui.
  40. Prates Conrado, Mônika (2016). Prostituição, tráfico e exploração sexual de crianças: diálogo multidisciplinar. Brasília: Vestnik. Consultado em 31 de maio de 2017 
  41. Cristiana Schettini, Thaddeus Blanchette: A History of Rio Sex.
  42. Gilberto Freyre: Sobrados e mucambos, 1ª edição digital, São Paulo, 2013, no internet aqui; entre outros lugares na "Introdução à 2ª edição"
  43. «Políticos cometem mais de 100 mil estupros de menores por ano na Amazônia». Consultado em 11 de agosto de 2017. Arquivado do original em 11 de agosto de 2017 
  44. «Prostíbulo clandestino em fazenda de Santa Leopoldina, ES, fechado». Consultado em 11 de agosto de 2017. Arquivado do original em 11 de agosto de 2017 
  45. [Brasileiras se prostituem em garimpo para ganhar em ouro]
  46. História breve dos prostíbulos (Veja no final do artigo.)
  47. Prevalence and correlates of violence against female sex workers in Abuja, Nigeria
  48. Folha online: África escravizou 1 milhão de brancos, diz historiador
  49. Fatos curiosos da escravidão
  50. As escravas brancas de Barbary
  51. Correspondent, D. C. (4 de setembro de 2018). «Iranian hookers selling 3 minute Halal marriages' to legally have sex with men». www.deccanchronicle.com (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2024 
  52. «Temporary 'Enjoyment Marriages' In Vogue Again With Some Iraqis». The Washington Post Company. The Washington Post. 20 de janeiro de 2007 
  53. Murata, Sachiko. «The Legitimacy of Mut'a». Al-Islam.org 
  54. Al-Maghafi, Nawal (6 de outubro de 2019). «In Iraq, religious 'pleasure marriages' are a front for child prostitution». The Observer (em inglês). ISSN 0029-7712. Consultado em 23 de fevereiro de 2024 
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