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Teodósio

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 Nota: Para outros significados, veja Teodósio (desambiguação).
Teodósio I
Augusto

Cabeça encontrada perto da base da estátua dedicada a Teodósio, na antiga cidade de Afrodisias
Imperador romano
Reinado agosto de 37817 de janeiro de 395
Consorte Élia Flacila
Gala
Antecessor(a) Valente (no Oriente)
Valentiniano II (no Ocidente)
Sucessor(a) Arcádio (Oriente)
Honório (Ocidente)
 
Nascimento c. 11 de janeiro de 346
  Cauca (atual Segóvia, Espanha)
Morte 17 de janeiro de 395
  Mediolano
Sepultado em Constantinopla
Dinastia Teodosiana
Pai Conde Teodósio
Mãe Temância
Filho(s) Com Élia Flacila:
Arcádio
Honório
Pulquéria
Com Gala:
Graciano
Gala Placídia
João
Religião Cristianismo

Teodósio I, dito o Grande (nascido Flávio Teodósio, desde 19 de Janeiro de 379, em latim Dominus Noster Flavius Theodosius Augustus; à sua morte, Divus Theodosius;Coca, Hisp�nia Tarraconense, 11 de janeiro de 347 - Mil�o, 17 de janeiro de 395), foi um imperador romano desde 379 at� � sua morte.[1] Promovido � dignidade imperial ap�s o Desastre de Adrian�polis, primeiro compartilhou o poder com Graciano e Valentiniano II. Em 392, Teod�sio reuniu as por��es oriental e ocidental do imp�rio, sendo o �ltimo imperador a governar todo o mundo romano. Ap�s a sua morte, as duas partes do Imp�rio Romano cindiram-se, definitivamente, em Imp�rio Romano do Oriente e Imp�rio Romano do Ocidente.[2]

No que diz respeito � pol�tica religiosa, tomou a decis�o de fazer do cristianismo niceno a religi�o oficial do Imp�rio mediante o �dito de Tessal�nica de 380.[2]

Origens e carreira

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Teod�sio I
Busto na localidade segoviana de Coca

Teod�sio nasceu na Hisp�nia, em Coca. Filho do conde Teod�sio,[3] foi o �ltimo l�der de um Imp�rio Romano unido - ap�s a divis�o entre os seus herdeiros, o imp�rio nunca mais seria governado por apenas um homem. Seu reinado � conhecido principalmente pelo �dito de Tessal�nica que institui o cristianismo como religi�o oficial do imp�rio.[4]

Acompanhou o pai � Brit�nia para ajudar a acabar com a Grande Conspira��o em 368. No entanto, pouco depois, � volta da �poca da repentina ca�da em desgra�a e execu��o de seu pai, Teod�sio retirou-se para a Hisp�nia. A raz�o da sua retirada, e a rela��o (se � que a havia) entre a morte de seu pai n�o � clara. � poss�vel que tenha sido demitido de seu cargo pelo imperador Valentiniano I depois da perda de duas das legi�es de Teod�sio perante os s�rmatas em finais de 374.[5]

A morte de Valentiniano I em 375 criou um pandem�nio pol�tico. Temendo mais persegui��es devido �s suas rela��es familiares, Teod�sio retirou-se para as suas propriedades hisp�nicas, onde se adaptou � vida de um aristocrata provincial.[5]

Desde 364 at� 375, o Imp�rio Romano era governado por dois co-imperadores, os irm�os Valentiniano I e Valente; quando Valentiniano morreu em 375, os seus filhos Valentiniano II e Graciano, sucederam-no como governantes do Imp�rio romano do Ocidente.[5]

O imperador Graciano nomeou Teod�sio co-imperador do Imp�rio Romano do Oriente em 378, ap�s a morte do imperador Valente, morto pelos godos na Batalha de Adrian�polis (378). Teod�sio, ap�s algumas campanhas inconclusivas, acabou por fazer um tratado pelo qual os godos preservavam sua independ�ncia pol�tica no interior do Imp�rio Romano em troca da obriga��o de fornecerem tropas ao ex�rcito imperial. Este tratado seria uma das causas do enfraquecimento militar romano que levaria ao saque de Roma pelos mesmos godos em 410. Por sua vez Graciano foi assassinado numa rebeli�o em 383, ap�s o que Teod�sio designou o seu filho mais velho, Arc�dio, co-augusto para o Oriente. Ap�s a morte do irm�o de Graciano, Valentiniano II em 392, a quem ele tinha apoiado contra v�rias usurpa��es, Teod�sio acabou por tomar o Ocidente do imp�rio e governou como imperador �nico, ap�s derrotar o usurpador Fl�vio Eug�nio em 6 de setembro de 394, na batalha do rio Fr�gido. Nomeou co-augusto para o Ocidente o seu filho mais novo Hon�rio (em Mil�o, a 23 de janeiro de 393).[4]

Teve dois filhos, Arc�dio e Hon�rio, e uma filha, Pulqu�ria, da sua primeira mulher �lia Flacila. Arc�dio foi o seu herdeiro no Oriente e Hon�rio no Ocidente. Pulqu�ria e �lia Flacila morreram em 385.[6]

De sua segunda mulher, Gala, filha do imperador Valentiniano I e sua terceira esposa Justina. Eles tiveram tr�s filhos: um menino, Graciano, nascido em 388 e que morreu jovem, uma filha, Gala Plac�dia (392-450), que seria a m�e de Valentiniano III, e um terceiro filho, Jo�o, que morreu com a sua m�e durante o parto, em 394.

Pol�tica diplom�tica com os Godos

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Prov�ncias romanas ao longo do Dan�bio: D�cia, M�sia e Tr�cia, com os S�rmatas ao norte e a Germ�nia a noroeste

Os Godos e os seus aliados (V�ndalos, Taifalos, Bastarnas e os nativos Carpianos) entrincheirados nas prov�ncias da D�cia e Pan�nia inferior oriental absorveram a aten��o de Teod�sio. A crise g�tica foi t�o profunda que o seu co-imperador Graciano renunciou ao controlo das prov�ncias il�rias e retirou-se para Tr�veris na G�lia para deixar que Teod�sio actuasse sem impedimentos. Uma grande debilidade na posi��o romana ap�s a derrota de Adrian�polis foi o recrutamento de b�rbaros para lutar contra outros b�rbaros. Para reconstruir o ex�rcito romano do Ocidente, Teod�sio necessitava de encontrar soldados capazes e assim voltou-se para os homens mais qualificados que tinha � m�o: os b�rbaros recentemente estabelecidos no imp�rio. Isto causou muitas dificuldades na batalha contra os b�rbaros pois os lutadores recentemente recrutados tinham pouca ou nenhuma lealdade a Teod�sio.[7]

Teod�sio viu-se for�ado ao caro trabalho de embarcar os seus recrutas para o Egito e substitu�-los por romanos mais experientes, mas ainda existiam mudan�as de alian�as que produziram reveses militares. Graciano enviou generais para limpar as dioceses da Il�ria de godos (Pan�nia e Dalm�cia), e Teod�sio foi assim capaz de entrar em Constantinopla a 24 de novembro de 380, depois de duas campanhas. Os tratados finais com o resto das for�as godas, firmados a 3 de outubro de 382, permitiram a amplos contingentes de godos principalmente terv�ngios estabeleceram-se ao longo da fronteira danubiana meridional na prov�ncia da Tr�cia e governarem-se a si mesmos com bastante amplitude. Os godos ent�o estabelecidos dentro do imp�rio tiveram, como resultado dos tratados, obriga��es militares de lutar pelos romanos como um contingente nacional, em oposi��o a estar totalmente integrados dentro das for�as romanas.[7] No entanto, muitos godos serviram nas legi�es romanas e outros como federados, durante campanhas individuais; enquanto bandos de godos de lealdade duvidosa se converteram num fator desestabilizador nas lutas mort�feras pelo controlo do imp�rio. Nos �ltimos anos do reinado de Teod�sio, um dos l�deres emergentes chamado Alarico, participou na campanha de Teod�sio contra Eug�nio em 394, apenas para regressar ao seu comportamento rebelde contra o filho de Teod�sio e sucessor no Oriente, Arc�dio, pouco depois da morte de Teod�sio.[7]

Guerras civis no imp�rio

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Imp�rio Romano em 395

Ap�s a morte de Graciano em 383, o interesse de Teod�sio centrou-se no Imp�rio Romano do Ocidente j� que o usurpador Magno M�ximo havia tomado todas as prov�ncias do Ocidente salvo a It�lia. A amea�a auto-proclamada era hostil aos interesses de Teod�sio, j� que o imperador reinante, Valentiniano II, inimigo de M�ximo, era seu aliado. Teod�sio, no entanto, foi incapaz de fazer alguma coisa com M�ximo devido � sua inadequada capacidade militar e assim viu-se for�ado a manter a sua aten��o sem assuntos locais. No entanto, quando M�ximo come�ou a invas�o de It�lia em 387, Teod�sio viu-se for�ado a entrar em a��o. Os ex�rcitos de Teod�sio e M�ximo encontraram-se em 388 em Pet�vio e M�ximo foi derrotado. A 28 de agosto de 388 M�ximo foi executado.[8]

Surgiram de novo problemas, depois de se encontrar Valentiniano enforcado em casa. O mestre dos soldados Arbogasto atribuiu-o a um suic�dio. Arbogasto, incapaz de assumir o papel de imperador, elegeu Fl�vio Eug�nio, anteriormente mestre de ret�rica. Eug�nio come�ou um programa de restaura��o da f� pag�, e procurou, em v�o, o reconhecimento de Teod�sio. Em janeiro de 393, Teod�sio deu a seu filho Hon�rio o t�tulo de Augusto do Ocidente, aludindo � falta de legitimidade de Eug�nio.[9]

Teod�sio fez campanha contra Eug�nio. Os dois ex�rcitos encontraram-se na batalha do Fr�gido em setembro de 394.[10] A batalha come�ou a 5 de setembro de 394 com um assalto frontal total por parte de Teod�sio contra as for�as de Eug�nio. Teod�sio foi rejeitado e Eug�nio pensou que a batalha estava acabada. No campo de Teod�sio, a derrota do dia diminuiu a moral. Diz-se que Teod�sio recebeu a visita de dois "cavaleiros celestiais vestidos todos de branco"[9] que lhe deram �nimo. No dia seguinte, a batalha voltou a come�ar e as for�as de Teod�sio viram-se ajudadas por um fen�meno natural que produz ventos cicl�nicos, que se dirigiram contra as for�as de Eug�nio, e romperam a linha.[10]

O campo de Eug�nio foi tomado de assalto e Eug�nio foi capturado e pouco depois executado. Assim Teod�sio converteu-se no �nico imperador.[10]

Teod�sio, o Mecenas

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"Teod�sio oferece uma coroa de louro ao vencedor"
Base de m�rmore do obelisco de Tutem�s III no Hip�dromo de Constantinopla

Teod�sio supervisionou a retirada em 390 de um obelisco eg�pcio desde Alexandria at� Constantinopla. Actualmente � conhecido como o obelisco de Teod�sio e ainda permanece em p� no Hip�dromo, que era o centro da vida p�blica de Constantinopla e cena de confus�o pol�tica. Voltar a erigir o mon�lito foi um desafio para a tecnologia que se havia ajustado � constru��o de armas de cerco. O obelisco, ainda reconhec�vel como um s�mbolo solar, havia-se transportado desde Carnaque at� Alexandria junto com o que hoje � o Obelisco Laterano de Const�ncio II. O Obelisco Laterano foi embarcado para Roma pouco depois, mas o outro passou uma gera��o inteira deitado no cais devido � dificuldade que representava tentar envi�-lo para Constantinopla. Com o tempo, o obelisco fragmentou-se no tr�nsito. A base de m�rmore branco est� totalmente coberta por baixo-relevos documentando a casa imperial e a fa�anha de engenharia de o transportar at� Constantinopla. Teod�sio e a fam�lia imperial est�o separados dos nobres entre os espetadores no palco imperial com uma cobertura entre eles como sinal de status. O naturalismo da arte romana tradicional em semelhantes cenas deu lugar nestes relevos a uma arte conceptual: a ideia de ordem, mod�stia e posi��o respetivamente, expressada em apertadas linhas de caras. Desta maneira come�a-se a real�ar que os temas formais come�am a derrubar os detalhes transit�rios da vida mundana, celebrados nos retratos pag�os. O cristianismo acabava de ser adoptado como nova religi�o de estado.

O Forum Tauri de Constantinopla foi rebaptizado e redecorado como o forum de Teod�sio, incluindo uma coluna e um arco de triunfo em sua honra.

O cristianismo niceno converte-se na religi�o de estado

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Teod�sio promoveu o trinitarismo niceno dentro do cristianismo e o cristianismo dentro do Imp�rio Romano. A 27 de fevereiro de 380, declarou o cristianismo na sua vers�o ortodoxa a �nica religi�o imperial legitima, acabando com o apoio do Estado � religi�o romana tradicional e proibindo a " adora��o p�blica" dos antigos deuses.[11]

No s�culo IV, a igreja crist� estava dividida pela controv�rsia sobre a divindade de Jesus Cristo, a sua rela��o com Deus Pai e a natureza da Trindade. Em 325, Constantino convocou o Primeiro Conc�lio de Niceia, que afirmou que Jesus, o Filho, era igual ao Pai, uno com o Pai, e da mesma subst�ncia (homoousios em grego). O conc�lio condenou os ensinamentos do te�logo �rio: que o Filho foi criado inferior a Deus Pai, e que o Pai e o Filho eram de uma subst�ncia similar contudo n�o id�ntica. Apesar da decis�o do conc�lio, continuou a controv�rsia. Na altura da ascens�o de Teod�sio, havia ainda algumas fac��es eclesi�sticas que promoviam um cristologia alternativa.

Embora nenhum dos principais cl�rigos do imp�rio tenham aderido explicitamente a �rio ou aos seus ensinamentos, ainda havia alguns que usavam a formula homoiousios, e outros que tentavam iludir o debate dizendo simplesmente que Jesus era como Deus Pai, sem falar de mat�ria. Todos estes n�o nicenos frequentemente eram denominados arianos pelos seus opositores, ainda que eles mesmos s�o se tenham identificado como tal.[12]

O imperador Valente havia favorecido o grupo que usava a f�rmula homoios; tratava-se da teologia predominante em grande parte do Oriente e, sob os filhos de Constantino, o Grande, introduziu-se no Ocidente. Teod�sio, pela sua parte, seguia de perto o credo niceno que era a interpreta��o dominante no Ocidente e sustentada pela importante igreja de Alexandria.

Estabelecimento da ortodoxia nicena

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Valentiniano e Teod�sio
Reverso de moeda cunhada por Valentiniano II co-governante de Teod�sio em 379-392. Tanto Valentiniano como Teod�sio s�o representados com aur�ola

A 26 de novembro de 380, dois dias ap�s ter chegado a Constantinopla, Teod�sio expulsou o bispo n�o niceno, Dem�filo de Constantinopla,e nomeou a Mel�cio patriarca de Antioquia, e Greg�rio Nacianceno, um dos padres capad�cios de Antioqu�a, patriarca de Constantinopla.

Teod�sio foi educado numa fam�lia crist�. Ele foi batizado em 380, durante uma doen�a severa, como era comum nos tempos dos primeiros crist�os. Em fevereiro desse mesmo ano, ele, Graciano e Valentiniano II fizeram publicar um �dito deliberando que todos os seus s�ditos deveriam seguir a f� dos bispos de Roma e do patriarca de Alexandria (C�digo de Teod�sio, XVI,I,2). A lei reconhecia quer a primazia daquelas duas inst�ncias quer a problem�tica teol�gica de muitos dos patriarcas de Constantinopla, que porque estavam sob a observa��o dos imperadores eram por vezes depostos e substitu�dos por sucessores teologicamente mais male�veis. Em 380, o patriarca de Constantinopla era um ariano.

Historicamente, durante o per�odo de Teod�sio alguns eventos humilhantes evidenciaram a ascens�o cada vez maior da Igreja Cat�lica. Ap�s vencer a guerra contra M�ximo e ordenar o Massacre de Tessal�nica, Teod�sio pretendia, como era costume se sentar ao presb�tero da igreja de Mil�o, mas foi proibido pelo bispo Ambr�sio de entrar sem que antes fizesse uma confiss�o p�blica.

Ambr�sio excluiu o imperador da comunh�o e durante oito meses a tens�o se manteve, at� que Teod�sio, durante o Natal, vestido com um saco de penit�ncia, foi perdoado. Teod�sio afirmaria mais tarde: "sem d�vida, Ambr�sio me fez compreender pela primeira vez o que deve ser um bispo". Desde ent�o o poder eclesi�stico de julgar os poderes p�blicos, n�o s� em quest�es dogm�ticas mas tamb�m por seus erros p�blicos, prevaleceu at� a Idade Moderna.

Em 388, a popula��o crist� incendiou a sinagoga de Cal�nico, pequena cidade na Mesopot�mia. As autoridades civis informaram Teod�sio, que instruiu o bispo a reconstruir a sinagoga com os pr�prios recursos e a punir os incendi�rios. Ambr�sio, bispo de Mil�o, ouvindo disso, fez representa��o a Teod�sio ao longo das linhas de que queimar sinagogas era agradar a Deus[carece de fontes?] e de que o pr�ncipe crist�o n�o teria direito de intervir. A hist�ria � complexa e, para a abreviar, basta dizer que Teod�sio estava sendo for�ado a submeter-se a Ambr�sio e revogar as suas instru��es para a restitui��o da sinagoga.

Esse epis�dio � significante, porque exemplifica a mudan�a do imp�rio pluralista para o Estado crist�o. Teod�sio come�ou a sua resposta � queima da sinagoga em Cal�nico se comportando como um imperador pag�o o teria feito, ansioso de manter lei e ordem, respeitando os direitos aceitos dos judeus. Ambr�sio desafiou o auto-entendimento da sua qualidade de imperador, encarregando-o a comportar-se como imperador crist�o, que n�o deveria mostrar boa vontade aos judeus, ou at� equidade simples. Isso era, segundo Ambr�sio, inconsistente com a Cristandade.[carece de fontes?] O dever do imperador crist�o, segundo Ambr�sio, era garantir o triunfo da verdade (na sua vis�o, o cristianismo) sobre o erro (na sua vis�o, o juda�smo). Teod�sio capitulou, e a Igreja tinha a �ltima palavra. A separa��o entre o cristianismo e o juda�smo, efetivada teologicamente em 325 no Primeiro Conc�lio de Niceia, era agora lei sob os imperadores romanos, que tomaram os seus conselhos da Igreja. O incidente de Cal�nico � o s�mbolo da conquista do antissemitismo eclesial. A Igreja podia agora manejar, e manejou, para influenciar a legisla��o imperial num modo danoso para os judeus.[carece de fontes?]

Mas foi justamente em virtude do crescimento do poder do catolicismo que ocorreu a sobrevida ao Imp�rio Romano do Oriente,[carece de fontes?] j� que o do Ocidente passaria a ser dirigido a partir do ano de 476 por povos ent�o chamados de b�rbaros.

Conflitos pag�os durante o reinado de Teod�sio I

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Morte do Imperador Romano do Ocidente Valentiniano II

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A 15 de maio de 392 Valentiniano II foi encontrado enforcado na sua resid�ncia na cidade de Vienne na G�lia. O pag�o e soldado franco Arbogasto, protetor de Valentiniano e mestre dos soldados, afirmou que era um suic�dio. Arbogasto e Valentiniano haviam disputado frequentemente o governo sobre o Imp�rio romano do Ocidente, e Valentiniano tamb�m se havia queixado do controlo de Arbodasto sobre Teod�sio. Assim quando a noticia da sua morte chegou a Constantinopla, Teod�sio acreditou, no menos suspeito, que Arbogasto estava mentindo e que havia tramado o desaparecimento de Valentiniano. Estas suspeitas aumentaram com a eleva��o por Arbogasto de um tal Eug�nio, oficial pag�o, � posi��o de Imperador do Ocidente, e as veladas acusa��es que Ambr�sio, o bispo de Mil�o, lan�ou durante a ora��o f�nebre por Valentiniano.

A morte de Valentiniano II fez estalar a guerra civil entre Eug�nio e Teod�sio sobre o governo do Ocidente na batalha do Fr�gido. O resultado, a vit�ria oriental, levou � �ltima e breve unifica��o do Imp�rio Romano sob Teod�sio, e � �ltima e irrepar�vel divis�o do Imp�rio ap�s a sua morte.

Interdi��o do paganismo

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Durante a primeira parte de seu governo, Teod�sio parece ter esquecido o prestigio semioficial dos bispos crist�os; de facto, havia verbalizado o seu apoio � conserva��o de templos e est�tuas pag�s como edif�cios p�bicos �teis. No princ�pio de seu reinado, Teod�sio era bastante tolerante com os pag�os, pois necessitava do apoio da influente classe dirigente pag�. No entanto, com o tempo, erradicaria os �ltimos vest�gios do paganismo com grande severidade.[13] A sua primeira tentativa de dificultar o paganismo foi em 381 quando reiterou a proibi��o de Constantino do sacrif�cio.

Em 388 enviou um prefeito � S�ria, Egito, e �sia Menor com o prop�sito de dissolver associa��es pag�s e destruir os seus templos. O Serapeu de Alexandria foi destru�do nesta campanha.[14] Numa s�rie de decretos chamados os �decretos teodosianos� progressivamente declarou que aquelas festas pag�s que n�o se haviam convertido em festas crist�s seriam ent�o dias de trabalho (em 389).

Em 391, reiterou a proibi��o de sacrif�cios de sangue e decretou, segundo Router, 1997, que �ningu�m ir� aos santu�rios, passear� pelos templos, ou elevar� seus olhos a est�tuas criadas por obra do homem�. Os templos que assim fecharam foram declarados �abandonados�, e o bispo Te�filo de Alexandria imediatamente destacou um pedido de licen�a para demolir um lugar e cobri-lo com uma igreja crist�, um acto que deve ter recebido aprova��o geral, como o mitra�smo formando criptas de igrejas, e templos formando os alicerces de igrejas do s�culo V aparecem por todo o Imp�rio Romano.

Teod�sio participou em a��es dos crist�os contra os principais lugares pag�os: a destrui��o do gigantesco Serapeu de Alexandria por soldados e cidad�os crist�os locais em 392, de acordo com as fontes crist�s autorizadas por Teod�sio (extirpium malum),para ser vista em contraste com um complicado fundo de viol�ncia menos espectacular na cidade:[15] Eus�bio menciona lutas de rua em Alexandria entre crist�os e n�o crist�os j� no ano de 249, e os n�o crist�os haviam participado nas lutas a favor e contra de Atan�sio em 341 e 356. �Em 363 matar�o o bispo Jorge por actos repetidos de manifesto esc�ndalo, insulto e pilhagem dos tesouros mais sagrados da cidade�.[16] Que a destrui��o do Serapeu significara a destrui��o ou saque da biblioteca, que a biblioteca houvera deixado de existir antes, ou que os fundos foram conservados noutro lugar, � um assunto que ainda n�o est� claro.

Por decreto de 391, Teod�sio acabou tamb�m com os subs�dios que ainda escorriam em alguns restos de paganismo civil greco-romano. O fogo eterno do Templo de Vesta, no F�rum Romano, foi extinguido e as virgens vestais foram dissolvidas. As pessoas que celebravam algum auspicio e/ou praticavam os rituais pag�o seriam castigados. Membros pag�os do senado em Roma apelaram a Teod�sio para restaurar o Altar da Vit�ria na sede do senado, mas este negou-se. Depois dos �ltimos Jogos Ol�mpicos de 393, Teod�sio cancelou os jogos, rotulando-os de pag�os. Acabou-se assim com o c�lculo das datas pelas Olimp�adas. Agora Teod�sio representa-se a si mesmo nas moedas segurando o lábaro.[16]

A aparente mudança de política que se observa nos «decretos teodosianos» tem sido atribuída frequentemente à crescente influência de Ambrósio, bispo de Milão. Merece a pena destacar que em 390, Ambrósio havia excomungado Teodósio, que recentemente havia ordenado o massacre de 7 000 habitantes de Salonica,[17] em resposta ao assassinato do seu governador militar estabelecido na cidade, e que Teodósio levou a cabo vários meses de penitência pública. A excomunhão foi temporária e Ambrósio não o readmitiu até que Teodósio mostrasse público arrependimento, demonstrando assim a sua autoridade frente ao imperador.

Santo Ambrósio e o imperador Teodósio
Por Anton van Dyck

Teodósio morreu em Milão, depois de combater um edema vascular, a 17 de janeiro de 395. Ambrósio organizou e logrou que seu corpo repousasse numa propriedade em Milão. Ambrósio pronunciou um panegírico intitulado De Obitu Theodosii[18] ante Estilicão e Honório no qual Ambrósio detalhou a supressão da heresia e o paganismo por Teodósio. Os seus restos mortais foram trasladados definitivamente para Constantinopla a 8 de novembro de 395.[18] A Igreja Ortodoxa reconhece-o como santo.

  • 347 - Nasce em Cauca, atual Coca (Segóvia, Espanha) com o nome de Flávio Teodósio, filho de Termância e de Flávio Honório Teodósio, o velho, lugar-tenente hispano e um dos generais mais prestigiados de Valentiniano I, dito duque eficacíssimo (dux efficacisimus) (chefe, ou general, altamente eficaz) por isso.
  • 368-369 - Teodósio, ainda jovem, luta junto com seu pai contra os pictos (assim chamados os povos da região da moderna Escócia (Scotia) que pintavam seus corpos para a guerra), na Britânia, detrás da famosa Muralha de Adriano que separava a província da Scotia e contava com 117 quilômetros de comprimento.
  • 370-371 - Teodósio luta contra os alamanos nos chamados Campos Decúmanos (Floresta Negra) entre a França e a Alemanha.
  • 372-372 - Idem contra os Sármatas, povo do sul da Rússia, que entravam na Bulgária atual, nos Bálcãs.
  • 373 - Primeira pugna entre santo Ambrósio, bispo de Milão, com o poder temporal. Morte de Santo Efrém de Nísibis).
  • 374 - Com a idade de 27 anos, como duque na diocese (diocesis; novas subdivisões romanas criadas por Diocleciano) da Mésia, no Danúbio, derrotou de novo os Sármatas. Além da experiência militar, tanto pai como filho, ambos de origem aristocrática (daí o nome de Flávio) eram experientes com os cavalos hispanos, famosos por suas atitudes para a guerra e sobretudo para as carreiras que tanto apaixonavam os contemporâneos. Aurélio Símaco, um dos senadores romanos mais notáveis na época, importou cavalos de suas propriedades hispanas para as carreiras com que devia comemorar a prefeitura de seu filho em Roma. Desses cavalos, combinados com os do norte da África, resultou a raça chamada "árabe", tão estimada como puro sangue nas corridas modernas. Seu pai era na época mestre da cavalaria nomeado pelo imperador Valentiniano I. Na mesma data das vitórias do filho na Mésia, o pai foi enviado com plenos poderes ao norte da África para reprimir a revolta de Firmo.
  • 375 - Ao morrer Valentiniano I de doença quando se tratava em Sirmio (atual Sremska Mitrovica, na Sérvia, ao oeste de Belgrado) em repelir os Quados (povos de origem suábia do centro da Alemanha, atualmente Augsburgo), sucede-lhe Graciano (r. 367–383), o filho, então com 16 anos, que reconhece Valentiniano II, seu meio-irmão de 4 anos, como augusto. Devido a maquinações da corte de Graciano, a sorte dos dois Teodósios mudou. O pai foi preso e executado em Cartago e, apesar de cristão, só se batizou na hora da morte como era o costume na época. Teodósio, o jovem, retirou-se à Diocese da Hispânia durante três anos, possivelmente para as propriedades de um tio chamado "Materno Cinégio". Aí casa com sua compatriota Élia Flacila da que teve logo o primeiro filho, Arcádio, logo Honório e a filha Pulquéria.
  • 378 - devido à derrota na Batalha de Adrianópolis, Graciano chama Teodósio, que derrota os Sármatas.
  • 379 - Graciano nomeia Teodósio I, "imperador do Oriente". Ao provar Teodósio sua habilidade como militar, derrotando os visigodos, causadores do desastre de Adrianópolis, Graciano o proclamou co-imperador, dando-lhe o domínio do Oriente junto com as dioceses da Dácia e Macedônia.
  • 380 - Teodósio, "Augusto do Oriente", após a paz com os godos, entra triunfante em Constantinopla, que será sua capital e lugar de residência habitual até 388, quando se dirige a Mediolano. Aparece a crônica de São Jerônimo. Pelo Édito de Tessalônica, de Teodósio I, se confirma o cristianismo como religião de Estado no império. Teodósio batiza-se como cristão devido a uma grave doença, contraída em Tessalônica, escolhida por ele como capital temporária, sendo assim o primeiro imperador romano que exerceu o poder estando batizado, apesar dos seus predecessores, desde Constantino, à exceção de Juliano, se declarassem cristãos e tentassem se comportar como tais. Foi talvez por isso que foi o primeiro imperador que recusou o título de pontífice máximo (pontifex maximus), que podemos traduzir por "Supremo Guardião" dos velhos cultos romanos. Como reconhecesse que os bárbaros, especialmente os teutônicos e germânicos, podiam ajudar o exército, bastante minado pelas lutas internas, Teodósio os admitiu como soldados e oficiais, de modo que em suas dioceses (subdivisões civis) tanto romanos como teutônicos se encontravam entre seus generais. Em Constantinopla, constrói as muralhas e o fórum (Praça), o maior da época, ao estilo de Trajano em Roma. Teodósio, consanguíneo com a família Élia, da qual procedia sua esposa, era hispano como Trajano e com o qual tinha grande semelhança: loiro, de mediana estatura e de agradável aspecto, quis imitar nisto seu predecessor. Junto com Graciano, editam um decreto que manda que todos os súditos deviam professar a fé dos bispos de Roma e Alexandria. Os templos dos arianos e heréticos não podiam ser chamados de igrejas.
  • 381 - As forças bárbaras, especialmente os visigodos, invadiam as províncias do sul do rio Danúbio constantemente desde 375. Teodósio que não podia contar com as forças de Graciano, buscou a paz através de uma coexistência pacífica. Por isso, recebeu o rei dos visigodos Atanarico de maneira amigável. Neste mesmo ano busca a paz ente os diversos grupos cristãos. Ele se declara imperador "pela graça de Deus" e por isso convoca um Concílio Ecumênico, o segundo da Igreja, em Constantinopla, agora capital de seu império. Os arianos e seus partidários são condenados.
  • 382 - Teodósio conclui um tratado (foedus) com os visigodos, que então recebem um território dentro dos limites do império, ao sul do Danúbio, a Mésia. Eles se comprometiam como federados a ajudar o império com soldados, defendendo sua fronteira oriental e receberam como missionário cristão o bispo Úlfilas, que os converteu ao arianismo. Assim permaneceram na Mésia até 395, quando por ocasião da morte de Teodósio e sob o comando do rei Alarico I, invadiram a Grécia por quatro anos e, em 401 a Itália.
  • 383 - Na primavera, Graciano é derrotado por Magno Máximo. Graciano escapa da derrota e é traído por seu general Andragácio que o mata em Lyon. Máximo, de origem hispana e parente de Teodósio, foi proclamado imperador pelas tropas da diocese da Britânia, então pertencente à prefeitura das Gálias que correspondia às dioceses de Hispânia, Britânia, Viena e Gália. Assim, Máximo se tornou dono da prefeitura da Gália. Morto Graciano, Máximo, defensor do catolicismo niceno porque a imperatriz Justina, mãe do pequeno Valentiniano II, meio-irmão de Graciano, era de religião ariana, é reconhecido como imperador por Teodósio e escolhe como capital Tréveris. Valentiniano II, filho de Graciano, jurado augusto aos 4 anos, tinha nesta época 12 anos e se refugia com sua mãe em Mediolano, como imperador das prefeituras de Itália (dioceses da Itália Anonária e Suburbicária, e Panônia ou Ilírico). Valentiniano II reconhece Máximo como imperador. Este eleva seu filho Flávio Victor ao status de "augusto". Também Teodósio nomeia seu filho Arcádio como "augusto" por motivo da quinquenália (cinco anos como imperador). Neste mesmo ano, Élia Flacila é também exaltada à categoria de "augusta", título que lhe garantia a coroa ou diadema, o paludamento ou manto púrpura e o broche imperial. Também recebeu o poder de cunhar moedas com sua imagem. As últimas "augustas" foram Helena, mãe, e Fausta, esposa de Constantino I. Talvez pelo destino de Fausta, condenada à morte por pressuposto adultério por Constantino, nenhuma mulher foi, até a ocasião de Flacila, elevada a essa categoria. Flacila, a "consciência de Teodósio", era fervorosa católica-nicena e antiariana.
  • 384 - Sirício é o novo Papa (título que pela primeira vez recebe o bispo de Roma). Criador das decretália que serão instrumentos habituais da soberania dos papas. Sua carta a Himério bispo de Tarragona (Espanha) é muito importante.
  • 386 - Morte de Élia Flacila, chamada Flacila, a esposa, também de origem hispana, mãe de seus dois filhos, Arcádio e Honório, e de Pulquéria.
  • 387 - Máximo invade a Itália, forçando Valentiniano II e família a fugir para Tessalônica.
  • 388 - Novas núpcias com Gala, filha de Valentiniano I e de Justina, a ariana mais famosa de seu tempo. Teodósio abandona Constantinopla para enfrentar Máximo. Escolhe como general supremo Estilicão, meio gaulês, meio romano, casado com sua sobrinha predileta, Serena, e se dirige ao Ilírico. Envia uma flotilha a Roma com Valentiniano II (então com 17 anos). O estratagema de Teófilo, que era o patriarca de Alexandria, apelidado, por suas riquezas e poder, de "faraó cristão". Habitava então o Alto Egito um monge, João de Licópolis que, por seu poder de predizer o futuro, era consultado com freqüência por Teodósio. Naquele tempo, os augúrios sobre o resultado de uma batalha eram compartilhados por todos os povos e eram usuais as consultas aos deuses pagãos ou ao Deus cristão. Teófilo serviu-se de um estratagema que não deu certo. Enviou a Roma um monge de sua confiança, Isidoro, com duas cartas: uma para Máximo, felicitando-o pela vitória e outra para Teodósio com o mesmo conteúdo. Evidentemente, quem fosse o vencedor deveria apresentar uma ou outra, com a qual o poderoso patriarca teria previsto a vitória e seria dono de um Dom profético inestimável. Por sorte ou azar, quando Isidoro esperava em Roma, as cartas caíram nas mãos de um diácono que o acompanhava e a patranha foi descoberta. Na realidade, ambos os exércitos se enfrentaram em Aquileia, norte da Itália, às margens do rio Sava.[necessário esclarecer] Máximo foi derrotado e morto mas Teodósio tratou seus seguidores com clemência. Teodósio então se dirigiu a Milão, permanecendo na Itália 3 anos. Pela primeira vez Ambrósio e Teodósio se encontram em Mediolano. Teodósio, como era costume no Oriente, intentou sentar-se no presbitério durante a Missa. Mas Ambrósio o expulsou sem cerimônia. Teodósio então proibiu que Ambrósio recebesse as informações do conselho imperial. Neste mesmo ano alguns monges incendiaram a sinagoga de Calínico na Mesopotâmia e Teodósio obrigou o bispo da cidade a reconstruí-la. Ambrósio num sermão pronunciado na presença de Teodósio condenou a atitude deste e do conselheiro imperial Timásio, opondo Igreja à Sinagoga. À resposta de Teodósio dizendo que os monges cometiam muitos crimes, Ambrósio o ameaçou com a excomunhão e Teodósio cedeu. Sem dúvida que a razão legal estava com imperador, porque o judaísmo estava permitido pelas leis do Estado.
  • 389 - Teodósio, junto com seu filho de 4 anos Honório, futuro imperador, visita pela primeira vez Roma. Nela estava o senado romano, que aportava ao império os quadros mais importantes da administração. Embora o processo da conversão ao Cristianismo tinha avançado muito entre os aristocratas, a maioria dos senadores de Roma eram, ainda no final do século IV, hostis à política religiosa e cristã de Teodósio. Algumas famílias o tinham demonstrado acolhendo com entusiasmo a invasão de Máximo na Itália. Símaco, o orador mais famoso e o Porta-voz do Senado, tinha dirigido ao usurpador Máximo um discurso de boas-vindas. Nesta ocasião foi Pacato quem saudava Teodósio como o homem que ao vencer o tirano devolveu a liberdade perdida a Roma, restaurando a ordem no império. Teodósio tinha então a plena maturidade dos 40 anos, era casto, austero e frugal, respeitoso com as leis e os direitos humanos, odiava o derramamento de sangue e com um profundo sentimento de amizade, repartia ofícios entre seus amigos e era acessível aos seus súditos o que constituía uma atitude muito rara entre os monarcas do Baixo Império. O elogio agradou a Teodósio de modo que pouco mais tarde nomeou Pacato para conde das coisas públicas (comes rei publicae) ou vigário da Diocese da África. Em Roma, Teodósio conhece Dâmaso, o Papa, também de origem hispana e se tornam amigos.
  • 390 - Condenada a homossexualidade pelo imperador.
  • 391 - Por lei, proibiu às mulheres serem diaconisas antes dos 60 anos e às diaconisas nomear herdeiros à Igreja, aos pobres e ao clero. Proibiu também aos monges morar nas cidades. Todas estas leis tinham a intenção de manter a independência ante o poder eclesiástico, assim como foi a nomeação de dois cônsules pagãos, Símaco (inimigo de Ambrósio) e Tatieno. Porém no mesmo ano proibiu os sacrifícios e a visita aos templos pagãos. Uma briga entre sua segunda esposa e seu filho mais velho Arcádio o levou de novo a Constantinopla.
Itália romana por volta de 400
  • 392 - Arbogasto, o general protetor de Valentiniano II parece que matou seu dono. Como Arbogasto era de origem bárbara, não podendo ocupar o trono, escolheu para este cometimento um "homem de palha", o retórico Eugênio, cristão só de nome, que ao não contar com o apoio de Ambrósio nem de Teodósio, buscou a nobreza senatorial pagã, dirigida por Nicômaco Flaviano, que viu nele a última possibilidade de sobrevivência da Roma antiga ante o cristianismo emergente e triunfador.
  • 393 - Em janeiro, levou seu segundo filho Honório de 8 anos à dignidade de augusto, pois Valentiniano II estava morto e o Ocidente precisava de um imperador legítimo. Ainda nesse ano, proibiu os Jogos Olímpicos, por ser uma manifestação de um ritual pagão.
  • 394 - Teodósio enfrenta as forças de Eugênio no norte da Itália. A vanguarda de Teodósio formada por visigodos comandados por Alarico I, vândalos por Estilicão e até hunos, foi derrotada na batalha do rio Frígido, nas proximidades do rio Soča (em italiano, rio Isonzo), na atual Eslovênia. Mas no dia seguinte, quando Teodósio se encontrava em situação difícil aconteceu um fato considerado miraculoso: suscitou-se uma furiosa tempestade com um vento inesperado soprando com violência contra as tropas inimigas, que quase as cegou anulando assim o efeito e suas setas e contribuiu para a desordem e fuga dos inimigos. Mortos Eugênio, Arbogasto e Nicômaco Flaviano, Teodósio se mostrou benigno com os contrários. A vitória foi comemorada como o segundo triunfo do cristianismo contra os pagãos, uma repetição da realizada na ponte Mílvio por Constantino I. Teodósio se apresenta em Milão e Ambrósio lhe proíbe receber os sacramentos até aceder suas petições de clemência para com os vencidos.
  • 395 - Em janeiro deste ano Teodósio morre de doença, pronunciando suas últimas palavras que foram as do salmo 116(5): Diligo Dominum quia audivit vocem obsecrationis meae - "Amo o Senhor porque ouviu a voz de minha súplica". Deixou ao cuidado de Ambrósio seus dois filhos, Arcádio, enfermiço de 17 anos e Honório de 10. Estilicão, o general de origem v�ndala casado com sua sobrinha Serena, foi o encarregado de cuidar de Hon�rio, augusto do Ocidente enquanto Rufino cuidava de Arc�dio, augusto do Oriente. Mas o imp�rio estava agonizando e praticamente morria com seu �ltimo grande imperador.

�rvore geneal�gica

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Referências

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Ligações externas

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Precedido por
Graciano e
Valentiniano II
Imperador romano

379 — 395
Sucedido por
Flávio Augusto Honório
e Arcádio