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Carl Gustav Jung

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(Redirecionado de Carl G. Jung)
Carl Jung
Carl Gustav Jung
Jung em 1935
Nome completo Carl Gustav Jung
Conhecido(a) por fundar a psicologia analítica
Nascimento 26 de julho de 1875
Kesswil, no Cantão de Turgóvia, na Suíça
Morte 6 de junho de 1961 (85 anos)
Küsnacht, no Cantão de Zurique, na Suíça
Nacionalidade Suíço
Parentesco Karl Gustav Jung (avô)
Cônjuge Emma Rauschenbach[1][2] (c. 1882; v. 1955)
Filho(a)(s) 5
Ocupação psiquiatra, professor universitário, psicólogo, psicanalista
Ideias notáveis Complexo
Inconsciente coletivo
Arquétipos
Sombra
Anima e Animus
Individuação
Sincronicidade
Assinatura

Carl Gustav Jung (/ˈjʊŋ/; Kesswil, na Turgóvia, Suíça, 26 de julho de 1875Küsnacht, em Zurique, Suíça, 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço, fundador da psicologia analítica. Com um legado influente nos campos da psiquiatria, psicologia, ciência da religião, literatura, criou alguns dos mais conhecidos conceitos psicológicos, incluindo a distinção entre personalidade extrovertida e introvertida, as ideias de arquétipo e de inconsciente coletivo, bem como a noção de sincronicidade. A classificação de personalidade MBTI foi postumamente desenvolvida a partir das suas teorias. Juntamente com Freud, foi um dos mais respeitados pensadores do seu tempo, sendo hoje amplamente conotado como um dos mais influentes psicólogos de sempre.

Via a psique humana como "de natureza simbólica"[3] e fez desse simbolismo o foco de suas explorações. Ele é um dos maiores estudiosos contemporâneos de análise de sonhos e simbolização.[4] Embora exercesse sua profissão como médico e se considerasse um cientista pautado no método empírico naturalista,[5] muito do trabalho de sua vida foi dedicado a explorar e aplicar também noções típicas das ciências humanas, tais como a antropologia, sociologia, mitologia e as religiões comparadas, além de áreas tangenciais à ciência, incluindo a filosofia oriental e ocidental, alquimia e astrologia, bem como a literatura e as artes.[6] Seu interesse pela filosofia e ocultismo levaram muitos a vê-lo como um místico.[5]

Foi também, durante 50 anos (1905-1955), sócio da marca de relógios IWC Schaffhausen, herdada pela mulher Emma.[7]

Kesswil, a cidade natal de Jung.

Os assuntos com que Jung ocupou-se surgiram em parte do seu fundo pessoal, que é vividamente descrito em sua "autobiografia", "Memórias, Sonhos, Reflexões" (1961). Ao longo de sua vida, Jung experimentou sonhos periódicos e visões com notáveis características mitológicas e religiosas, os quais despertaram o seu interesse por mitos, sonhos e a psicologia da religião. Ao lado destas experiências, certos fenômenos parapsicológicos emergiam, sempre para lhe redobrar o espanto e o questionamento.

Por muitos anos, Jung sentiu possuir duas personalidades separadas: um ego público, exterior, que era envolvido com o mundo familiar, e um eu interno, secreto, que tinha uma proximidade especial para com Deus. Ele reconhecia ter herdado isso de sua mãe, que tinha a notável capacidade de "ver homens e coisas tais como são". A interação entre esses egos foi o tema central da sua vida pessoal e contribuiu mais tarde para a sua ênfase no esforço do indivíduo para integração e inteireza.

Seis meses após seu nascimento, os pais de Jung mudaram-se de Kesswill (cantão da Turgóvia), à beira do lago de Constança, e foram morar no presbitério do castelo de Laufen, que domina as quedas do Reno.

Foto de família com seu pai Paul Achilles, sua irmã Johanna Gertrud e sua mãe Emilie Preiswerk, por volta de 1896.

O pai, um reverendo, deixou-lhe, como herança, uma cega que se mantinha a muito custo com o sacrifício da compreensão. A tarefa do filho seria responder a ele com uma fé renovada, baseada justamente no conhecimento tão rejeitado. Além disso, Jung viria a usar as escrituras como referência para a experiência interior de Deus, não como dogmas estáticos à espera de devoção muda, castradores do desenvolvimento pessoal. Ele lamentava que, à religião, faltasse o empirismo, o que alimentaria a sede da personalidade, e que, às ciências naturais, que também tanto o fascinavam devido ao envolvimento com a realidade concreta, faltasse o significado, que saciaria a personalidade.

Os dois aspectos, religião e ciência, não se tocavam, daí sua constante insatisfação, devido ao desencontro das duas instâncias interiores. E foi dessa tentativa de saciar tanto um aspecto quanto o outro, de fazer justiça ao ser como um todo, que decidiu formar-se em psiquiatria: "Lá estava o campo comum da experiência dos dados biológicos e dados espirituais, que até então eu buscara inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna realidade".

Antiga Universidade de Basileia.

Ao longo da sua juventude, interessou-se por filosofia e por literatura, especialmente pelas obras de Pitágoras, Empédocles, Heráclito, Platão, Kant e Goethe. Seu interesse pelos ensaios de filósofos como von Hartmann e Nietzsche também foi profundo. Em sua "autobiografia", ele descreve a abordagem deste último à obra Assim falou Zaratustra como uma experiência chocante, comparável apenas à que teve inspirada pelo Fausto de Goethe. Uma das suas maiores revelações seria a obra de Schopenhauer. Jung concordava com o irracionalismo que este autor concedia à natureza humana, embora discordasse das soluções por ele apresentadas.[8]

Por influência de sua família, principalmente da parte materna, Jung teve intenso contato com o moderno espiritualismo em sua juventude. Alguns de seus parentes participavam de sessões espíritas durante algum tempo. Seu avô materno, Samuel Preiswerk, era um reverendo luterano que afirmava realizar comunicação com espíritos. Em seu aprofundamento filosófico, Jung colheu modelos explicativos em obras como Sonhos de um Visionário (1766) de Kant e Ensaio sobre a Visão de Espíritos (1851) de Schopenhauer. Essa investigação se estenderia quando participou da fraternidade Zofingia, na qual defendeu o estudo científico do espiritualismo contra a corrente materialista que era majoritária e divulgou o tema em palestras aos colegas de medicina. A investigação desses fenômenos por Jung culminou na realização de sessões espíritas com sua prima médium, Hélène Preiswerk, que foi objeto de pesquisa e resultou em sua tese de doutorado "Sobre a psicologia e psicopatologia dos assim chamados fenômenos ocultos" (1902). Na psiquiatria, foi influenciado por Théodore Flournoy, que havia também publicado um livro sobre uma médium. Os interesses de Jung no espiritualismo continuariam pelo resto de sua vida influenciando o desenvolvimento de sua psicologia.[9][10][11]

Primeiros estudos

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Jung em 1909.

Já estudante de medicina, decide dedicar-se à então obscura especialidade de psiquiatria, após a leitura ocasional de um livro do psiquiatra Krafft-Ebing. Em 1900, Jung tornou-se estagiário na Clínica Psiquiátrica Burghölzli, em Zurique, então dirigida pelo psiquiatra Eugen Bleuler, famoso pela sua concepção de esquizofrenia.[8]

A clínica psiquiátrica universitária de Zurique (Burghölzli), cerca de 1890.
O galvanômetro desenvolvido e usado por Jung para detectar resposta eletrodermal às palavras.

Será neste contexto que começa a elaborar e aplicar o seu famoso teste de associação ou experimento de associação de palavras que leva o seu nome,[12] relembrando assim o caso de uma jovem melancólica e infanticida, diagnosticada com esquizofrenia ou demência precoce grave. O resultado obtido quatorze dias depois foi a alta hospitalar e ela nunca mais foi internada.

Em 1905 ele recebeu seu doutorado em psiquiatria, tornando-se simultaneamente médico-chefe da clínica psiquiátrica da Universidade de Zurique por quatro anos, até sua demissão em 1909 por excesso de trabalho. No entanto, ele manteria sua posição como professor assistente até 1913. Naquela época, ele focou seu interesse em psicopatologia, psicanálise e psicologia dos povos primitivos.

De 1904 a 1905 fundou um laboratório de psicopatologia experimental na clínica psiquiátrica, de onde surgiram tanto o teste de associação quanto os experimentos psicogalvânicos, para ser posteriormente convidado, em 1909, pela Clark University para expor seu trabalho. Freud também seria convidado de forma independente, ambos recebendo o título de doutor honoris causa.

Em 1903, Jung casou-se com Emma Rauschenbach, sete anos mais nova e filha mais velha de um rico industrial do leste da Suíça, Johannes Rauschenbach-Schenck, e sua esposa.[13] Rauschenbach era o proprietário, entre outras ocupações, da IWC Schaffhausen—a International Watch Company, fabricante de relógios de luxo. Após sua morte em 1905, suas duas filhas e seus maridos tornaram-se donos do negócio. O cunhado de Jung—Ernst Homberger—tornou-se o principal proprietário, mas os Jung continuaram como acionistas de um próspero negócio que garantiu a segurança financeira da família por décadas.[14] Emma Jung, cuja educação havia sido limitada, demonstrou considerável habilidade e interesse na pesquisa de seu marido e se lançou nos estudos e atuou como assistente dele em Burghölzli. Ela aprendeu matemática, latim e grego e acabou se tornando uma notável psicanalista por direito próprio.[7][15] Eles tiveram cinco filhos: Agathe Niehus (nascida em 28 de dezembro de 1904), Gret Baumann (nascida em 8 de fevereiro de 1906), Franz Jung-Merker (nascido em 28 de novembro de 1908), Marianne Niehus (nascida em 20 de setembro de 1910) e Helene Hoerni (nascida em 18 de março de 1914)[16]. O casamento durou até Emma morrer em 1955.[15]

Durante seu casamento, Jung supostamente se envolveu em relacionamentos extraconjugais. Seus supostos casos com Sabina Spielrein[17] e Toni Wolff[18] foram os mais amplamente discutidos. Embora tenha sido dado como certo que o relacionamento de Jung com Spielrein incluía um relacionamento sexual, essa suposição foi contestada, em particular por Henry Zvi Lothane.[19][20]

Serviço do exército em tempo de guerra

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Durante a Primeira Guerra Mundial, Jung foi convocado como médico do exército e logo se tornou comandante de um campo de internação para oficiais e soldados britânicos. Os suíços eram neutros e obrigados a internar pessoal de ambos os lados do conflito que cruzaram sua fronteira para evitar a captura. Jung trabalhou para melhorar as condições dos soldados retidos na Suíça e encorajou-os a frequentar cursos universitários.[21][22]

Relacionamento com Sigmund Freud

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Encontro e colaboração

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Jung e Freud influenciaram um ao outro durante os anos de formação intelectual da vida de Jung. Jung se interessou por psiquiatria quando estudante lendo Psychopathia Sexualis de Richard von Krafft-Ebing. Em 1900, Jung completou sua graduação e começou a trabalhar como estagiário (médico voluntário) sob o psiquiatra Eugen Bleuler no Hospital Burghölzli.[23] Foi Bleuler quem o apresentou aos escritos de Sigmund Freud (1856-1939), pedindo-lhe que escrevesse uma resenha de A Interpretação dos Sonhos (1899). No início de 1900, a psicologia como ciência ainda estava em seus estágios iniciais, mas Jung tornou-se um proponente qualificado da nova "psicanálise" de Freud. Na época, Freud precisava de colaboradores e alunos para validar e difundir suas ideias.Em 1902, deslocou-se a Paris, onde estudou com Pierre Janet, regressando no ano seguinte ao hospital de Burgholzli, onde assumiu um cargo de chefia e onde, em 1904, montou um laboratório experimental em que implementou o seu célebre teste de associação de palavras para o diagnóstico psiquiátrico. Burghölzli era uma renomada clínica psiquiátrica em Zurique e as pesquisas de Jung já haviam lhe rendido reconhecimento internacional independente. Jung enviou a Freud uma cópia de seu Estudos sobre Associação de Palavras em 1906.[24] A partir de então, Freud e Jung passaram a se corresponder (359 cartas que posteriormente foram publicadas entre 1906 a 1913).[25] No mesmo ano, ele publicou Estudos de Diagnóstico de Associação, do qual mais tarde enviou uma cópia para Freud—que já havia comprado uma cópia.[26] Precedido por uma animada correspondência, Jung conheceu Freud pela primeira vez em Viena em 3 de março de 1907.[27] Jung relembrou a discussão entre ele e Freud como interminável, incessante por treze horas.[28] Seis meses depois, Freud, então com 50 anos, enviou uma coleção de seus últimos ensaios publicados para Jung em Zurique. Isso marcou o início de uma intensa correspondência e colaboração que durou seis anos.[29] Em 1908, Jung tornou-se editor do recém-fundado Anuário de Pesquisa Psicanalítica e Psicopatológica.

Carta de Freud a Jung (de 1913).

Jung viu, em Freud, um companheiro para desbravar os caminhos da mente. Enviou-lhe cópias de seus trabalhos sobre a existência do inconsciente, confirmando concepções freudianas de recalque e repressão. Ambos encantaram-se um com o outro, principalmente porque os dois desenvolviam trabalhos inéditos em medicina e psiquiatria. Depois do primeiro encontro que tiveram, estabeleceram uma amizade de aproximadamente sete anos, período em que trocavam informações sobre seus sonhos, análises, trocavam confidências e discutiam casos clínicos. Porém, ao lado de tamanha identidade de pensamento, havia também algumas diferenças fundamentais. Jung jamais conseguiu aceitar a insistência de Freud de que as causas dos conflitos psíquicos sempre envolveriam algum trauma de natureza sexual, e Freud não admitia o interesse de Jung pelos fenômenos espirituais como fontes de estudo válidas em si. Nos anos 1930, essa divergência atingiria seu auge, e o rompimento entre eles foi inevitável. Posteriormente, os livros de Freud seriam proibidos e queimados publicamente pelos nazistas, e o autor viu-se obrigado a deixar Viena pouco depois da anexação da Áustria, exilando-se em Londres. No mesmo período, Carl Jung tornar-se-ia uma das faces mais visíveis da psiquiatria alemã da época.

A criação de um método de análise dos sonhos e sua interpretação se mostrou de início muito valiosa na compreensão da sintomatologia psicótica. Aos vinte e cinco anos, Jung havia começado a ler A Interpretação dos Sonhos (1900), confessando experiência insuficiente para poder corroborar todas as teorias de Freud da época. Três anos depois, recomeçou a leitura e conseguiu tecer a relação com suas próprias ideias. Especialmente dois:[8]

  1. O que mais interessou a Jung foi a aplicação do conceito de repressão como mecanismo de defesa, transferido do campo da neurose para o dos sonhos. E é que em seus próprios experimentos de associação de palavras, Jung também encontrou repressões ao responder à sugestão de certos termos: ou elas não se produziam ou o tempo de reação era comparativamente longo. Nesse caso, o experimentador se deparava com um complexo do paciente, que nada mais fazia do que verificar as mesmas conclusões que Freud tirou do onírico.
  2. No entanto, desde o início, Jung manteve sua oposição ao fato de que a causa da repressão estava no trauma psicológico. Ele podia corroborar constantemente em sua própria consulta como havia numerosos casos que não concordavam com a sexualidade como etiologia.

No contexto acadêmico da época, Freud era considerado persona non grata, com o qual Jung se encontrava em uma situação difícil se quisesse explicitar suas coincidências e, assim, sustentar a teorização freudiana. Ele poderia continuar seu próprio trabalho e carreira promissora sem Freud. Apesar de tudo, "me declarei publicamente a favor de Freud e lutei por ele".[8] Ele o fez ante um congresso em Munique sobre neuroses forçadas, já que o nome de Freud foi deliberadamente omitido. Jung escreveria em resposta em 1906 um artigo para o Münchner Medizinische Wochenschrift (Semanário Médico de Munique) exaltando a teoria da neurose de Freud dada sua contribuição para as "neuroses forçadas", recebendo em resposta duas cartas alertando que seu futuro acadêmico estaria em perigo proporcionalmente à sua persistência. Jung continuou a se declarar a favor, embora mantendo em desacordo a etiologia sexual nas neuroses.[8]

Seria em torno dessas datas que começaria a troca de correspondência entre os dois autores, com Jung iniciando o envio de sua obra Diagnostische Assoziationsstudien (Estudos Diagnósticos de Associação, 1906). Em 1907, ele também enviaria Die Psychologie der Dementia Praecox (Sobre a psicologia da demência precoce). A troca epistolar continuaria até a data de sua separação, 1913.[8]

Será graças a esta última obra de 1907, também incompreendida entre os seus próprios colegas, que conduziria ao primeiro encontro entre Freud e Jung, à custa de um convite do primeiro em Viena. É neste momento que se costuma recordar a circunstância surpreendente, mas explícita, de que em fevereiro de 1907, a uma da tarde, "conversamos treze horas sem interrupção, por assim dizer".[8]

Jung ficou profundamente impressionado com o fato de que para Freud a sexualidade significasse um numinoso, impressão confirmada três anos depois (1910) em uma conversa novamente em Viena.[8]

"Meu caro Jung, prometa-me que nunca descartará a teoria sexual. É o mais importante de tudo. Você vê, devemos torná-la um dogma, um bastião inexpugnável contra a maré negra do ocultismo"
―Sigmund Freud, 1910.[8]

"Um traço de caráter particularmente me preocupou: a amargura de Freud. Já me chamou a atenção no nosso primeiro encontro. Por muito tempo não consegui entender até que consegui relacioná-lo com sua atitude em relação à sexualidade. Para Freud, a sexualidade certamente significava um numinoso, mas em sua teoria ela se expressa exclusivamente como uma função biológica. Apenas a inquietação com que ele falava sobre isso sugeria que nele ressoava mais profundamente. Em última análise, eu queria ensinar―pelo menos assim me parecia―que, vista de dentro, a sexualidade também implicava espiritualidade ou fazia sentido. Sua terminologia concreta era, no entanto, muito limitada para poder expressar essa ideia. Assim, ele me deu a impressão de estar trabalhando contra seu próprio objetivo e contra si mesmo; e não há amargura pior do que a de um homem que se tornou o mais amargo inimigo de si mesmo. Segundo sua própria expressão, sentiu-se ameaçado pela "maré negra", ele, que havia proposto principalmente esvaziar as profundezas obscuras."
―Carl Gustav Jung. Memórias, Sonhos e Reflexões.[8]

Jung iria tão longe a ponto de dizer de Freud que ele era prisioneiro de um ponto de vista, "uma figura trágica, mas um grande homem".[8]

Voltando à hipótese de poder de Alfred Adler, Jung estabelece uma relação entre Freud e Nietzsche, de tal forma que se em Freud há uma deificação de Eros, em Nietzsche o mesmo acontecerá com a vontade de poder, pois Eros e Poder serão dois princípios antagônicos, mas complementares, que a astúcia da história do espírito quis exaltar.[8]

Sobre precognição e parapsicologia

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Quando Jung visitou Freud em Viena em 1909, perguntou-lhe o que achava sobre isso. Receberia uma rejeição mais do que previsível de um preconceito materialista que se referia ao absurdo. No entanto, "... alguns anos se passaram antes que Freud reconhecesse a importância da parapsicologia e a autenticidade dos fenômenos 'ocultos'".[8]

"Enquanto Freud expunha seus argumentos, senti uma sensação extraordinária. Parecia-me que meu diafragma era feito de ferro e se tornava incandescente–uma cavidade diafragmática incandescente. E nesse instante houve um rangido tão grande na biblioteca, que estava imediatamente ao nosso lado, que ambos ficamos assustados. Achamos que o gabinete caía sobre nós. Tão alto foi o estalo. Eu disse a Freud: "Isso é um exemplo de um fenômeno de exteriorização catalítica".

"Bah", disse ele, "isso é realmente absurdo!". "Bem, não", respondi, "você está enganado, Sr. Professor. E para provar que estou certo, agora prevejo que outro estalo será ouvido novamente imediatamente. E de fato: assim que havia pronunciado essas palavras, o mesmo rangido foi ouvido na biblioteca!"

Freud olhou para mim horrorizado."

―Carl Gustav Jung. Memórias, Sonhos e Reflexões.[8]

Capa do The New York Times em sua edição de sábado, 29 de setembro de 1912, onde publica uma entrevista de página inteira com uma foto de Jung e com o título "América Enfrenta Seu Momento Mais Trágico – Dr. Carl Jung".[30]

No mesmo ano, de 6 a 11 de setembro, Jung é convidado à Clark University, em Worcester, Massachusetts, para dar conferências sobre os ensaios de associação. Freud também seria convidado de forma independente, acompanhado por Sándor Ferenczi. Lá eles receberam o doutor honoris causa no dia 11. Começariam a viagem de Bremen, ponto de encontro onde ocorreria outra famosa anedota sobre o desmaio de Freud diante do pontual interesse de Jung pelas "múmias do pântano". Freud acreditava que Jung inconscientemente o desejava morto.[8]

Um segundo desmaio ocorrerá no Congresso Psicanalítico de Munique em 1912, quando se discutia Amenófis IV. Novamente a fantasia sobre o assassinato do pai esvoaçou, dentro da relação transferencial entre Freud e Jung. Acrescentando a tudo isso que Freud já havia aludido anteriormente ao seu desejo de que Jung fosse seu "sucessor e príncipe herdeiro", e que Jung não estava em condições de satisfazer tal demanda, tanto por discrepâncias teóricas quanto por falta de interesse que o consequente prestígio pessoal produzido por ele, não é difícil encontrar uma explicação para tais desmaios "histéricos".[8][31]

A viagem aos Estados Unidos durou sete semanas, durante as quais eles ficaram juntos todos os dias e discutiram seus sonhos. Diante de alguns dos mais importantes de Jung, Freud não sabia que interpretação lhes dar, mesmo um deles parecia constituir uma esp�cie de introdu��o � obra Wandlungen und Symbole Der Libido (Transforma��es e s�mbolos da libido), bem como como a primeira oportunidade que o apresentou a Jung para formular seu conceito de inconsciente coletivo. Um conceito de inconsciente a priori do inconsciente pessoal, no qual, ao contr�rio de Freud, n�o havia espa�o para nada arbitr�rio ou qualquer inten��o enganosa.[8]

No entanto, Jung conseguiu completar a an�lise de um sonho de Freud, para o qual foi exigida sua sinceridade e a comunica��o de algum detalhe de sua vida privada. Freud respondeu: "A quest�o � que n�o posso arriscar minha autoridade". Jung compreendeu assim que Freud colocava a autoridade pessoal antes da verdade. O fim da rela��o j� estava consolidado no meio das �guas do Atl�ntico.[8]

Do sonho de Jung emergiu seu antigo amor pela arqueologia, derivando para o estudo do simbolismo e da mitologia dos povos antigos. De fato, em outubro de 1909 Jung escreve a Freud: "A arqueologia, ou melhor, a mitologia, me pegou", interesse palp�vel at� o final da Primeira Guerra Mundial.[32] Durante este estudo encontrar� o trabalho de uma jovem americana, a Sra. Miller, ficando impressionado com o car�ter mitol�gico de suas fantasias. Junto com seu conhecimento sobre os mitos, surgir� Transforma��es e s�mbolos da libido.[8]

De 30 a 31 de mar�o de 1910, o segundo Congresso Internacional de Psican�lise aconteceria em Nuremberg, sendo Jung nomeado presidente permanente da rec�m-fundada Associa��o Psicanal�tica Internacional (API) (ele renunciaria em 1914).

J� em agosto de 1911 foi publicada a primeira parte de Transforma��es e s�mbolos da libido, conte�do que por si s� ainda n�o acarretaria qualquer diverg�ncia com a ortodoxia freudiana, mas Jung j� insinuava o seguinte em suas mem�rias: "Agora eu vi claramente. Ele mesmo (Freud) tinha uma neurose, e era f�cil diagnostic�-la em particular por seus sintomas bastante desagrad�veis, como descobri em nossa viagem � Am�rica. (...) Havia visto que nem Freud nem seus disc�pulos conseguiam entender o que a psican�lise significava na teoria e na pr�tica, pois nem mesmo o professor conseguira resolver sua pr�pria neurose. Quando ele anunciou sua inten��o de identificar e dogmatizar teoria e m�todo, n�o pude mais cooperar com ele e n�o tive escolha a n�o ser voltar a mim mesmo".[33]

Por volta de 1912, Jung termina "O Sacrif�cio", a �ltima se��o da segunda parte de Transforma��es e S�mbolos da Libido, sabendo de antem�o que o que ele exp�s lhe custaria sua amizade com Freud. "Tive que expor minha pr�pria no��o de incesto, a transforma��o decisiva do conceito de libido, al�m de outras ideias pelas quais eu diferia de Freud." Ele disse � esposa que passou dois meses preocupado e sem tocar em uma caneta. Finalmente decidiu escrever e isso lhe custou a amizade com Freud.[8]

Freud sentiu-se desgostoso com as descobertas que Jung lhe transmitia e, assim, a rela��o epistolar correspondente come�ou a refletir a crescente tens�o entre os dois.[8]

Em 25 de fevereiro de 1912, Jung fundou a Sociedade de Interesses Psicanal�ticos, levando assim � sua pr�pria vers�o da psican�lise. Em setembro, ele d� uma palestra na Fordham University, em Nova York. O assunto ser� a psican�lise e suas diferen�as com Freud, fundamentalmente que a repress�o n�o d� conta de todos os estados, as imagens inconscientes podem ter um significado teleol�gico e a libido, ou energia ps�quica, n�o � exclusivamente sexual. Por sua vez, e no mesmo m�s, � publicada a segunda parte de Transforma��es e s�mbolos da libido, em que Jung prop�e que o incesto alude mais ao simbolismo do que � literalidade.[34]

Fotografia na Universidade Clark em setembro de 1909. Primeira fila da esquerda para a direita Franz Boas, E. B. Titchener, William James, William Stern, Leo Burgerstein, G. Stanley Hall, Sigmund Freud, Carl G. Jung, Adolf Meyer, H. S. Jennings.
Jung em 1910.

No ano de 1913 ocorrer� a ruptura definitiva com Freud. A separa��o afeta profundamente Freud; Jung fica devastado. Uma consequ�ncia direta desse estresse foi a contribui��o para um colapso nervoso que vinha amea�ando desde 1912. Portanto, ele se demite de seu cargo na Universidade de Zurique, aparentemente porque sua pr�tica privada aumentou muito, mas � mais prov�vel que seja devido ao seu estado de sa�de. Durante esse per�odo, Edith Rockefeller e Harold McCormick, dois filantropos americanos, se estabelecer�o em Zurique, sendo analisados por Jung e se tornando os primeiros de v�rios patronos ricos e muito generosos.[35]

Confronto com o inconsciente

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Em 1914, Jung demite-se do seu cargo na API e organiza, junto com Alphonse Maeder, as bases da chamada Escola de Zurique. Ap�s a separa��o de Freud, Jung sentiu o ch�o desmoronar-se sob os p�s. O sentido da sua vida ficou em primeiro plano. Seguiu-se uma s�rie de sonhos e vis�es que forneceram material para o trabalho de toda uma vida. Dir-se-ia que, se ele n�o houvesse se empenhado na integra��o de todo aquele material que jorrou qual lava derretida, teria, fatalmente, sucumbido a uma psicose. Mas algo nele o impelia a ir adiante na compreens�o de tudo que se originava naturalmente de seu inconsciente. Em suas palavras, "Os anos durante os quais me detive nessas imagens interiores constitu�ram a �poca mais importante da minha vida e, neles, todas as coisas essenciais se decidiram. (...) Toda a minha atividade ulterior consistiu em elaborar o que jorrava do inconsciente naqueles anos (...)". Foi durante essa fase de confronto com o inconsciente que ele desenvolveu o que chamou de "imagina��o ativa", um m�todo de intera��o com o inconsciente onde este se investe espontaneamente de v�rias personifica��es (pessoas conhecidas e desconhecidas, animais, plantas, lugares, acontecimentos etc.).[8]

Por volta do outono de 1913, Jung alude a uma realoca��o de sua sintomatologia interna de natureza ps�quica. � ent�o que ele tem v�rias alucina��es que se repetir�o ao longo do tempo. A dedu��o diagn�stica que seria alcan�ada ap�s todo o ac�mulo de epis�dios de aparente natureza psicopatol�gica seria a do in�cio de uma psicose, consequ�ncia direta do rompimento com Freud e sobretudo levando em conta os antecedentes familiares existentes se aventurando na dissocia��o. Durante a primavera e o in�cio do ver�o de 1914, epis�dios semelhantes de natureza catastr�fica ocorreriam novamente, mas desta vez na forma de tr�s sonhos sucessivos. No dia 1� de agosto eclodiria a Primeira Guerra Mundial e com ela a confirma��o do car�ter premonit�rio de seus sintomas.[8]

Seria 12 de dezembro de 1913 quando afirma: "decidi dar o primeiro passo". Ele ent�o decidiu confrontar os conte�dos do inconsciente e assim acender um processo de inicia��o concomitante em que ele viria a descobrir a exist�ncia de algo superior � vontade do ego e ao qual ele deveria se submeter. Jung teve que sacrificar seu ideal e sua atitude consciente. Aos poucos, v�rias representa��es arquet�picas surgiriam: o her�i (Siegfried, a serpente negra), a sombra, o eu como complexo, o velho s�bio (Elias, Filem�n, o ka eg�pcio), a anima (Salom�).[36]

Liber Novus ou Livro Vermelho, confeccionado por Jung a partir das anota��es dos Livros Negros resultantes de fantasia ativa, organizando-as. Foram tamb�m adicionadas pinturas feitas por Jung com estiliza��o de caligrafia medieval e representando conte�dos simb�licos em um estilo pr�prio de arte.[37]

Ap�s uma transforma��o gradual, em 1916 Jung sentiria a necessidade inescap�vel de escrever, sentindo-se "compelido de dentro para formular e expressar o que Philemon poderia ter dito". Será, portanto, desse arquétipo que surgirá a obrigação imperativa de transcrever o manuscrito dos Sete Sermões aos Mortos.[8]

Filemon será a imagem desejada por Jung naqueles momentos de perturbação e desordem, "uma sabedoria e um poder supremos que desvendariam para mim as criações espontâneas de minha fantasia". Que, por um lado, representou a forma de expressão dos "sete sermões", e que, por outro, deu origem a uma recapitulação teórica e a uma validação da existência autônoma dos arquétipos, para além dos complexos, estendendo-se aos "coletivo" o adjetivo “pessoal” do inconsciente freudiano.[8]

Em suma, tudo isso constituía um "prólogo" do que ele tinha que comunicar ao mundo sobre o inconsciente. Além dos Sete Sermões aos Mortos elaborados em 1916, Jung transcreveu suas experiências entre 1913 e 1932 em uma série de sete manuscritos chamados Livros Negros, dos quais fez o Liber Novus ou Livro Vermelho entre 1914 e 1930.[38] Nessa trajetória inicial, Jung foi influenciado em suas interpretações simbólicas respectivamente pelo mitraísmo, gnosticismo e alquimia.[39]

Durante a década de 1920, aos quarenta e cinco anos, tendo superado uma crise existencial "no meio da vida", e aumentando ainda mais a sua reputação internacional, passou cinco anos viajando assiduamente, principalmente interessado em culturas primitivas. Em 1921 será publicada sua obra Tipos Psicológicos, na qual desenvolverá suas ideias sobre a existência de duas atitudes da psique: introversão e extroversão, bem como quatro funções: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Também está incluída neste trabalho a primeira alusão ao seu conceito central do self como meta do desenvolvimento psicológico.[8]

Torre de Bollingen.

Simultaneamente, seria nessa época que ele começou a se retirar para Bollingen, sua segunda casa ou residência. Em 1922, ele comprou um terreno às margens do Lago Zurique, um local isolado a cerca de quarenta quilômetros de sua casa principal em Küsnacht e a dois de uma vila chamada Bollingen. É uma pequena cidade perto de Rapperswil, no cantão de São Galo, na Suíça. Está localizada na margem norte do Lago de Zurique e faz parte do município de Jona.[8]

Em 1923 sua mãe morreu. Jung aprende a esculpir em pedra e, com pouca ajuda profissional, inicia a construção de sua segunda casa caracterizada por uma torre sólida. Mais tarde irá complementá-lo com um hall de entrada, outra torre e um anexo. Descarta a instalação de eletricidade e telefone. Ele chamará a construção simplesmente de "Bollingen". Será para o resto da vida o seu lugar de retiro, tranquilidade, renovação, meditação e experimentação pessoal.[8]

No curso do primeiro pós-guerra, Jung tornou-se um viajante do mundo, graças aos copiosos fundos que obteve com a venda de seus livros, honorários e dinheiro recebido por ter alcançado status senior nas instituições médicas para as quais trabalhava. Os lugares que visitou foram os seguintes: Norte da África, Novo México, Quênia e Uganda no início dos anos 20. Na década de 30 viajaria à Itália e à Índia em 1938.[8]

Polêmicas sobre o nazismo

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Com a ascensão do partido nazista ao poder em 1933, de início a postura de Jung em relação ao nacional-socialismo alemão foi ambígua e não apresentou crítica até 1934, valendo-lhe acusações de que teria sido um simpatizante do nazismo.[40][41][42] Questionado por Joseph Henderson em 1933 sobre sua opinião de Hitler, Jung afirmou que nada sabia sobre o movimento nazista, o que também é corroborado por anotações de Esther Harding de que Jung desconhecia qual seria o futuro sob esse regime, e que o deus da guerra Wotan (versão germânica de Odin) teria começado a soprar sobre a Alemanha.[41]

Em 1929, Jung havia integrado à Sociedade Médica Geral para Psicoterapia, convidado por Robert Sommer, cofundador da associação.[43] Em 1930, Jung ocupou o cargo de vice-presidente[43] e, em 1933, com a renúncia do então presidente Ernst Kretschmer, tornou-se presidente da seção internacional da sociedade.[41][44] No mesmo ano, com a tomada do poder pelo partido nazista, Jung teve de reestruturar a Sociedade Geral, que era então sediada na Alemanha mas recebia filiação de membros internacionais, e ela passou a ser organizada em uma seção alemã chamada Deutsche Allgemeine Ärtzliche Gesellschaft für Psychoterapie, à qual presidiu Matthias H. Göring, um psicoterapeuta adleriano e primo do político nazista Hermann Göring, e uma seção internacional, a Sociedade Médica Geral Internacional para Psicoterapia, liderada por Jung. A seção alemã era afiliada à sociedade internacional, bem como outras subseções de outros países. A Sociedade Internacional recebia filiação individual de médicos judeus, enquanto a seção alemã os excluía devido ao antissemitismo.[44] Jung afirma que aceitou encabeçar a Sociedade Internacional desse período por pragmatismo, caso contrário a Sociedade para o avanço da psicoterapia deixaria de existir e ser praticada na Alemanha sob a ameaça daquele regime.[41]

Jung também foi um diretor responsável pela publicação oficial da Sociedade Internacional, o jornal Zentralblatt für Psychotherapie.[44] Mesmo durante o antissemitismo nazista em 1933, Jung pediu a Rudolf Allers, um psicoterapeuta judeu, para que continuasse também como editor.[41]

As primeiras providências de Jung quando assumiu a Überstaatliche Ärztliche Gesellschaft für Psychotherapie (Sociedade Médica Internacional para Psicoterapia), acumulando com a entidade suíça, em 1933, foram:

  • A reformulação dos estatutos, para evitar o controle hegemônico por alguma das sociedades nacionais; como a Sociedade Internacional congregava as Sociedades Nacionais da Alemanha, Dinamarca, Grã-Bretanha, Países Baixos, Suécia e Suíça, era importante evitar o domínio isolado de uma delas,[45][46] de modo que as demais tivessem participação adequada e dividissem as responsabilidades;
  • A aceitação na Sociedade Internacional dos membros judeus e antinazistas expulsos da Sociedade da Alemanha,[45][46] de modo que eles podiam exercer o seu ofício em outros países e garantir a sua subsistência como profissionais qualificados.

Matthias Göring era adepto do nazismo e utilizou a psicoterapia para defendê-lo. No seu discurso de encerramento do Congresso Médico Geral de Psicoterapia, Göring profere:[42]

"Nós, médicos nacional-socialistas, acadêmicos nacional-socialistas, defendemos nossa ideia, o amor do nosso povo […] Assumo que todos os membros da Sociedade têm se ocupado desse trabalhado por meio desse livro e com toda a seriedade científica e o reconhecem como a base de seu pensamento. Peço a todos vocês que estudem em detalhe o livro e os discursos de Adolf Hitler. Quem quer que leia o livro e os discursos do Führer e estude sua natureza essencial, observará que ele tem algo de que a maioria de nós carece: Jung chama isso de intuição. Heil Hitler!".

Em 1934, Gustav Bally denunciou a associação de Jung como editor de um periódico que estava subserviente ao nazismo. Em réplica, Jung afirmou que estava desapontado com o juramento de fidelidade a Hitler publicado por Göringer na Zentralblatt, e que teria ocorrido por acidente tal veiculação no jornal internacional. Jung ressaltou que, de sua parte, ele era presidente da Sociedade Internacional, e não da Sociedade Alemã, sob responsabilidade de Göring.[47] Também afirmou que não podia mais confiar em Göring, devido aos motivos e interesses obscuros que esse propunha.[48] Nessa carta de resposta, Jung também negou antissemitismo e justificou sua atitude de aceitar o cargo de presidente da Sociedade Internacional:[47]

"Como as condições eram então, um único golpe da caneta em lugares altos teria bastado para varrer toda a psicoterapia para debaixo da mesa. Isso tinha que ser evitado a todo custo para o bem da humanidade sofredora, médicos e ... ciência e civilização."

Caça Selvagem (1889) de Franz von Stuck, representando Wotan.

Seguiu-se-lhe em 1936 a sua obra Wotan, cujo título alude à irrupção do antigo deus germânico na consciência coletiva alemã, "deus da tempestade e da efervescência, desencadeador de paixões ávidas de combate, e, além disso, poderoso feiticeiro e mágico, que esteve intimamente ligado aos mistérios da natureza oculta". Manifestação de um arquétipo como fator autônomo, representativo da natureza do nacional-socialismo, com repercussão coletiva e que confunde os homens pertencentes à massa, mesmo daqueles alegadamente cultos e racionais como os alemães.[49] Nela, Jung demonstra-se crítico à ideologia nazista, afirmando: "um homem, que obviamente está "possuído", infectou uma nação inteira a tal ponto que tudo está em movimento e começou a rolar em seu curso para a previsão". Jung também assume sua posição crítica nos seminários sobre o Zaratustra de Nietzsche, que iniciou em 1934 e foram ministrados até 1939, ano em que estourou a guerra, e nos quais sustenta que o filósofo havia se tornado o grande profeta do que estava acontecendo na Alemanha na época.[50]

Segundo Deirdre Bair, nessa época, Jung teria canalizado dinheiro para que Freud pudesse se refugiar em Londres, via Franz Riklin. Jung, sabendo que Freud estava seguro, teria enviado a ele um telegrama de solidariedade.[51] Já segundo o biógrafo Peter Gay, de acordo um dos relatos obtidos a partir de Franz Riklin Jr., ao saberem da invasão nazista da Áustria em 1938 e devido à perseguição contra judeus, Jung e Franz Riklin levantaram uma quantia de 10.000 dólares de seus próprios fundos para serem doados diretamente a Freud e sua família, para que estes abandonassem o país imediatamente. Freud recusou-se a receber em sua casa o filho de Riklin, escolhido como mensageiro, e a quantia, dizendo-lhe: "eu me recuso a ser contemplado por meus inimigos". Riklin Jr. retornou então a Zurique com o dinheiro.[52]

Em 1939, Jung foi reconduzido ao seu cargo no Instituto Göring. De fato, embora presidente da Sociedade Médica Geral de Psicoterapia, Jung também foi um "contrabandista de judeus" no exílio para a Suíça. A partir da Noite dos Cristais, em 9 de novembro de 1938, Jung usou sua influência nos serviços de imigração suíços, apoiando as necessidades financeiras para tirar intelectuais judeus da Alemanha. Foi assim que permitiu o exílio do francês Roland Cahan, que mais tarde o traduziu para o francês, e de sua amiga Jolande Jacobi.[51]

Jung tampouco escondeu da imprensa internacional sua posição em relação aos ditadores e ao Terceiro Reich. Em outubro de 1938, o jornalista americano Hubert Renfro Knickerbocker visita Jung em sua casa em Küsnacht para uma entrevista a ser publicada na edição de janeiro de 1939 da Hearst's International Cosmopolitan.[53] Jung descreve Hitler como um homem sem representação política, mas mágico, uma espécie de feiticeiro ou xamã, insignificante em si mesmo, mas que reflete e vocifera o inconsciente dos alemães. A projeção do inconsciente coletivo do povo alemão, constelada em Wotan, é veiculada por meio de um homem idealizado que se tornou uma espécie de messias.[54] Ele diz: "Hitler está chegando ao clímax e com ele a psicose alemã".[47]

Falhando em propor sua demissão por causa das manobras administrativas de Göring, Jung aproveitou essa entrevista. Apresentando um "Diagnóstico de ditadores" e Hitler como um psicopata patente,[nota 1][51] Jung deixa Matthias Göring furioso e este último acaba aceitando a renúncia de Jung em 12 de julho de 1940. A partir de então, Jung foi colocado na "Schwarze Liste", a lista negra de autores cujas obras foram banidas da Alemanha, depois na "Lista Otto" para a França ocupada. Confinado em seu país, a Suíça, Jung é mobilizado à fronteira com a Alemanha, por medo de uma invasão nazista. Muitos de seus amigos americanos se ofereceram para convidá-lo para os Estados Unidos ou para Londres, mas Jung respondeu que queria ficar na Suíça: "Estamos enraizados em nossa terra suíça", explica. Jung foi posto como coronel do exército suíço, depois que o general Guisan foi convocado para defender a nação suíça, e tornou-se médico militar na fronteira com a Alemanha.[51]

Há afirmações de Freud de que ele há muito desconfiava do antissemitismo de Carl Jung,[42] e nisso também Jung se apresentou ambíguo de início.[43][55] No início de 1934, num artigo "Sobre a situação actual da psicoterapia", Jung afirma que o judeu, como nómade, não poderia jamais criar a sua cultura própria; para desenvolver os seus instintos e talentos, tem de apoiar-se em um "povo anfitrião mais ou menos civilizado". Essa postura de Jung estava imersa na rivalidade que ele então tinha com a psicanálise freudiana. Em uma carta de Gershom Scholem a Aniela Jaffé, Scholem conta como em 1945, após a Segunda Guerra, o rabino líder da comunidade judaica alemã, Leo Baeck, confrontou Jung sobre essas questões. Jung realizou uma confissão afirmando: "eu escorreguei"; ambos então fizeram as pazes. Segundo Sanford Drob, "Isso, relata Scholem, foi suficiente para que Baeck e Scholem, de fato, perdoassem Jung e continuassem seu relacionamento. Que judeus proeminentes, mesmo aqueles que não eram seus discípulos (isto é, de Baeck e Scholem) estavam satisfeitos com seu relato de que ele havia “escorregado” ou “perdido o equilíbrio” durante o período nazista, e que Gershom Scholem, o fundador do moderno Estudos de Cabala, continuou a ter um diálogo frutífero com Jung e seus associados em Ascona, certamente deve levar aqueles de nós interessados nos aspectos psicológicos do misticismo judaico a considerar fazer o mesmo".[55]

Em uma carta de 1934 a James Kirsch, Jung afirmara:[56]

"Freud já me acusava de ser antissemita porque me sentia incapaz de vivenciar seu materialismo sem alma. Com essa propensão a farejar o antissemitismo, os judeus acabam despertando o antissemitismo. Não entendo por que o judeu não pode admitir, tanto quanto o chamado cristão, que quando você tem uma opinião sobre ele não se o está criticando. Por que devemos sempre assumir imediatamente que queremos condenar o povo judeu como um todo? (...) Considero que é uma forma inadmissível de fechar o adversário. Tenho me entendido muito bem com meus pacientes e colegas judeus na maioria dos casos (...) Mais de uma vez por ter criticado um alemão, ele me repreendeu por odiar alemães. É muito fácil querer esconder a própria inferioridade por trás de um preconceito político (...) Você já deveria me conhecer bem o suficiente para me crer (...) capaz de tal absurdo não individual como o antissemitismo. Sabe muito bem que considero o homem como pessoa e quanto esforço sempre faço para libertá-lo de suas determinações coletivas para torná-lo um indivíduo (...) O nacionalismo, por mais desagradável que seja, é uma conditio sine qua non: simplesmente o indivíduo não deve se afundar nela (...) A próxima calúnia a inventar será que sofro de uma total ausência de convicção porque não sou nem antissemita nem nazista. Vivemos tempos loucos."

A biógrafa Aniela Jaffé, de ascendência judia, faz a seguinte declaração explicativa:[57]

"Mas deve ser considerado um grave erro que [com sua distinção entre uma psicologia judia e uma não judia] se apresentara na esfera pública em um momento em que ser judeu trazia consigo uma ameaça de morte, e que incluiu as distinções em psicologia racial no programa científico da Sociedade Internacional. Mesmo quando as consequências abismais do ódio aos judeus só foram conhecidas mais tarde, naquela época qualquer alusão ao caráter diferencial dos judeus era o gatilho que despertava mais fanatismo. O silêncio que é familiar ao médico e que muitas vezes é imposto deveria ter sido seu dever naquele momento."

Segundo Nise da Silveira:

"As acusações sobre Jung, como resultantes de um mal-entendido, teriam sido logo liquidadas de modo definitivo, face a tantas documentações e testemunhos logicamente irrefutáveis. Entretanto, a persistência desses rumores bem indica que, por trás deles, podem fermentar, ainda, as divergências entre Jung e o grande judeu Freud, nunca perdoadas pelos discípulos do mestre ortodoxo."[58]

Em alguns documentos, Jung afirmou, num comentário de época sobre a cultura judaica, que judeus, em geral, são mais conscientes e diferenciados, enquanto os 'arianos' comuns permaneceram próximos à barbárie.[59] A polêmica teórica mantida por Jung com Freud não chegou ao ponto de Jung fazer referências à origem religiosa ou racial de Freud, com vistas a conquistar a simpatia nazista. Nem no artigo de 1929, em que comparava as duas teorias,[60] nem no discurso de Jung sobre Freud após a morte deste eminente pensador, em 1939, num momento que poderia ser propício a angariar aquele beneplácito.[61] Nise afirma:

"Jung interpretou o nacional socialismo, o comunismo e outros "ismos" em geral como fen�menos patol�gicos, de identidade. Uma irrup��o do inconsciente coletivo. "Wotan" havia tomado posse da alma do povo alem�o. E quem � Wotan? O deus representativo das for�as naturais em desequil�brio, "um deus das tempestades e da efervesc�ncia, desencadeia paix�es e apetites combativos". Num ensaio publicado em 1936, Jung tra�a o paralelo entre Wotan redivivo e o fen�meno nazista. Wotan � uma personifica��o de for�as ps�quicas correspondentes a "uma qualidade, um car�ter fundamental da alma alem�, um 'fator' ps�quico de natureza irracional, um ciclone que anula e varre para longe a zona calma onde reina a cultura". Os fatores econ�micos e pol�ticos pareceram, a Jung, insuficientes para explicar todos os espantosos fen�menos que estavam ocorrendo na Alemanha. Wotan reativado no fundo do inconsciente, Wotan invasor, seria a explica��o mais pertinente. E est�vamos apenas em 1936."[58]

Sabe-se, tamb�m, que o obscurantismo atingiu obras de Jung que n�o interessavam ao regime nazista, tendo sido suprimidas em 1940 v�rias edi��es publicadas na Alemanha e, quando da invas�o da Fran�a, a Gestapo destruiu as tradu��es francesas da obra de Jung.[61]

"O argumento decisivo é, porém, a atitude dos nazistas em relação a Jung. Com o aparecimento do livro Psicologia e Religião (1940), as autoridades decidiram que toda a sua obra fosse interditada e queimada na Alemanha, bem como nos países ocupados por Hitler. Outra acusação correlata com a de simpatizante do nazismo foi a de antissemita. Seria desde logo estranho admitir que um psicólogo, com toda sua vida em busca do fundo psíquico comum a todos os homens (inconsciente coletivo) eternamente existente sob as diferentes peculiaridades individuais, locais, nacionais, raciais e históricas, fosse partidário de discriminações entre esses mesmos homens, cujas almas tinham, para ele, igual estrutura básica. Seria, também, extravagante que um antissemita contasse entre seus discípulos mais próximos precisamente com homens de origem semita."[58]

Agente da CIA

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Uma série de documentos americanos desclassificados e material suíço revelados na revista L'Hebdo relataram uma suposta colaboração entre Jung e Allen Dulles, que mais tarde se tornaria o chefe da CIA após a guerra. Dulles estaria em Berna no final de 1942, com a missão de produzir um relatório sobre o movimento secreto antinazista na Alemanha. Dessa forma, ele teria entrado em contato com Jung, grande conhecedor da alma germânica do momento, e que teria previsto o suicídio de Hitler. O espião americano o teria convencido a coletar informações úteis, tornando Jung o agente nº 488 da Agência Central de Inteligência Americana.[62][63] Dulles creditou a Jung uma grande contribuição:[63]

"[Ele conhecia] as características dos sinistros líderes da Alemanha nazista e da Itália fascista. Seu julgamento sobre esses líderes e sobre suas prováveis reações aos eventos correntes foi de real ajuda para mim na avaliação da situação política. Sua profunda antipatia por aquilo que o nazismo e o fascismo defendem evidenciou-se claramente nessas conversas"

Além disso, em 1945, o General Eisenhower, Comandante Supremo Aliado da Europa, estudou o ponto de vista de Jung sobre a melhor forma de ajudar os civis alemães a aceitar a derrota, a fim de restaurar a economia da Alemanha o mais rápido possível, sem sangue.[63]

Reconhecimento internacional

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Em 1935, a classe médica britânica convidou Jung para uma série de palestras organizadas no Instituto de Psicologia Médica da Clínica Tavistock, em Londres. Jung apresenta ali sua teoria e a noção de inconsciente coletivo. Samuel Beckett e seu analista, Wilfred Bion estão na assembleia. Jung também evoca a importância da religiosidade do paciente no quadro da cura, argumentando inclusive que o sistema de confissão é uma psicanálise anterior ao seu tempo. Ele conclui quanto ao perigo da "besta loura", a Alemanha nazista, que atesta, segundo ele, o risco que surge quando "a imagem arquetípica que a época ou o momento produz então ganha vida e apodera-se de todos", uma espécie de psicose coletiva que havia anunciado em seus escritos já em 1918, e que desenvolveu no ano seguinte, em seu ensaio Wotan, no qual anuncia "o despertar do inconsciente alemão".[64] Em 1935, publicou um “Comentário Psicológico sobre Bardo Thödol”, importante obra do budismo tibetano traduzida e publicada no Ocidente em 1927, inaugurando um diálogo entre o budismo e a psicologia que se desenvolveria.[65]

Em 1938, quando Freud saiu de Viena para Londres, a doutora Iolande Iacobi também emigrou para Zurique, continuou seus estudos com Jung e, posteriormente, foi uma das fundadoras do Instituto C. G. Jung, tendo escrito a introdução às obras completas de Jung.[66] Ainda nesse ano, a Universidade de Oxford, na Inglaterra, concedeu-lhe o título de Doutor Honoris Causa.

Em 1939, Jung renunciou à presidência da Sociedade Médica Internacional para Psicoterapia. Alegou que já tentara por duas vezes anteriores a renúncia, tendo permanecido apenas devido a pedidos dos representantes britânico e neerlandês, somente se retirando quando foram interrompidas as comunicações internacionais e a sua permanência não era mais necessária.[67]

Em 1942, psicanalistas junguianos suíços criaram a Fundação Bollingen, em homenagem à Torre Bollingen. Em 1944, a Universidade de Basileia criou para ele uma cátedra de medicina psicológica na qual lecionou por apenas dois anos.[34] No mesmo ano, de fato, Jung sofreu uma embolia pulmonar que gradualmente o enfraqueceu. Imerso em coma, ele experimenta intensa fantasia e eventos mentais oníricos relacionados a conceitos cabalísticos do Pardes Rimmonim.[8][55] Uma vez recuperado, está convencido de que deveria agora utilizar as notas recolhidas no seu Livro Vermelho, em relação ao que doravante chama "as visões de 1944".[8] Henri Ellenberger chamou essa experiência de "doença criativa", comparando-a à neurastenia e à histeria.[68]

Após a guerra, Jung recebeu seu sétimo título honorário da Universidade de Genebra, entregue pelo psicólogo Jean Piaget.[69]

Em 1946, em cerimônia realizada em Zurique, Winston Churchill pediu que o doutor Jung compusesse a mesa e se sentasse a seu lado.[59] Em abril desse ano, Ernest Harms publicou um artigo cujo título era "Carl Gustav Jung – Defender of Freud and the Jews" na Psychiatric Quarterly.[70]

Alguns dos seus mais devotados pupilos – Erich Neumann, Gerhard Adler, James Kirsch e Aniela Jaffé – eram judeus.[71][72][73][74]

Últimos dias

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Túmulo da família Jung em Küsnacht, onde jazem os restos mortais de Carl Gustav e sua esposa Emma.

Carl Gustav Jung morreu a 6 de junho de 1961, aos 85 anos, em sua casa, nas margens do lago de Zurique, em Küsnacht, após uma longa vida produtiva, que marcou a antropologia, a sociologia e a psicologia, e também, em outros campos como a arte, a literatura e a mitologia. Encontra-se sepultado no Cemitério da Igreja Protestante, em Küsnacht, no cant�o de Zurique, na Su��a.[75] Jung sobreviveu � sua mulher, Emma, e � sua amante Toni Wolff.

Faleceu por volta das quatro horas, ap�s uma curta enfermidade precedida por uma embolia e um acidente vascular cerebral.[76] Ele estava lendo O Fen�meno Humano de Teilhard de Chardin.[77] No momento de sua morte, um raio partiu a �rvore onde ele costumava descansar. O jardineiro a curou.[78]

Ap�s os funerais na igreja K�snacht, Jung foi enterrado no cemit�rio local. A laje traz o bras�o da fam�lia Jung e, ao lado, os nomes do pai, m�e, irm�, Emma e Carl. Nos frisos superior e inferior a gravura: Vocatus adque non vocatus deus aderit (Evocado ou n�o evocado, Deus estar� presente). Dos lados direito e esquerdo, a frase: Primus homo de terra terrenus. Secundus homo de caelo caelestis (O primeiro homem procede da terra e � terreno; o segundo homem procede do c�u e � celeste).[79]

A psicologia anal�tica

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Ver artigo principal: Psicologia anal�tica
Instituto C. G. Jung em Zurique, na Su��a, fundado em 1948.

Anterior mesmo ao per�odo em que estavam juntos, Jung come�ou a desenvolver um sistema te�rico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o de "Psicologia Anal�tica", como resultado direto de seu contato pr�tico com seus pacientes. O conceito de inconsciente j� est� bem sedimentado na s�lida base psiqui�trica de Jung antes de seu contato pessoal com Freud, mas foi com Freud, real formulador do conceito em termos cl�nicos, que Jung p�de se basear para aprofundar seus pr�prios estudos. O contato entre os dois homens foi extremamente rico para ambos, durante o per�odo de parceria entre eles. Ali�s, foi Jung quem cunhou o termo e a no��o b�sica de "complexo", que foi adotado por Freud.

Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo � composto fundamentalmente de uma tend�ncia para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, s�mbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arqu�tipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos ("fato" este negado por correntes de ci�ncias humanas, como por exemplo em antropologia o culturalismo de Franz Boas), tamb�m � prov�vel que em nosso psiquismo exista um material ps�quico com alguma analogia com os instintos.

A "conjun��o dos opostos", ou reuni�o dos contr�rios, representa a conjun��o do consciente e do inconsciente. Gravura alqu�mica extra�da do tratado Aurora consurgens, por volta de 1500, que foi analisado por Jung em rela��o ao tema dos opostos ps�quicos em sua �ltima grande obra, escrita aos 80 anos, Mysterium Coniunctionis (1955).[80]

No plano te�rico, o in�cio da separa��o de Jung de Freud ocorreu quando o primeiro extrapolou o conceito de libido para al�m das quest�es puramente sexuais. A no��o de libido utilizada pelo psiquiatra su��o referia-se antes a uma ideia de energia ps�quica em abstrato, cuja origem e destino n�o eram exclusivamente sexuais, como analogia ao conceito cient�fico de energia, transpondo a linguagem f�sica de princ�pios como "conserva��o de energia" e "entropia". Jung tem sido prol�fico em ter cunhado termos que j� s�o t�picos na psican�lise e na psicologia em geral, como: complexo (e mais especificamente: complexo de Electra), introvers�o e extrovers�o, inconsciente coletivo, arqu�tipo ou individua��o.[81]

Suas pesquisas muitas vezes se aventuraram em campos como religi�o (Psicologia e religi�o, 1937) ou alquimia (Psicologia e alquimia, 1944), aprofundando-se no estudo de conceitos como o inconsciente coletivo, arqu�tipo (como base para a exist�ncia de mitos universalmente repetidos) ou Si mesmo (entidade diferente do "self" em senso comum; o Self/Si mesmo de Jung se refere � integridade do sujeito e engloba tanto o consciente quanto o inconsciente). Ele tamb�m definiu os tipos b�sicos de introvertido e extrovertido. A heterodoxia desse autor lhe rendeu julgamentos conflitantes, que v�o da indiferen�a � admira��o.[81]

Como mencionado, um conceito-chave em sua obra � o de inconsciente coletivo, que Jung considerava composto de arqu�tipos. Exemplos desses arqu�tipos s�o a persona, a sombra, a fera, a bruxa, o her�i, o animus e a anima. Ele tamb�m identificou certas imagens espec�ficas como arquet�picas, como as representa��es da mandala. Para desenvolver seu conceito de arqu�tipo, Jung inspirou-se na reitera��o de motivos ou temas em v�rias mitologias das culturas mais remotas: ele acreditava ter encontrado temas comuns inconscientes, que a humanidade reiterava com apenas pequenas varia��es, dependendo das circunst�ncias.[82]

Nesse sentido, sua obra mostra um contraste com o ceticismo freudiano e a rejei��o da religi�o. A ideia de Jung de que serve como um caminho pr�tico para a individua��o tem sido muito popular e ainda � abordada em alguns textos modernos sobre a psicologia da religi�o.[83]

Os tipos psicol�gicos

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Jung sentia que a �nfase da psican�lise nos fatores er�ticos era um ponto de vista unilateral, uma vis�o reducionista da motiva��o humana e do seu comportamento. Ele prop�s que a motiva��o do homem fosse entendida em termos de uma energia de vida criativa geral - a libido - capaz de ser investida em dire��es diferentes, assumindo grande variedade de formas. A libido corresponderia ao conceito de energia adotado na F�sica, a qual pode ser interpretada em termos de calor, eletricidade, motricidade etc. As duas dire��es principais da libido s�o conhecidas como extrovers�o (projetada no mundo exterior, nas outras pessoas e objetos) e introvers�o (dirigida para dentro do reino das imagens, das ideias, e do inconsciente). As pessoas em quem a primeira tend�ncia direcional predomina s�o chamadas extrovertidas, e introvertidas aquelas em quem a segunda dire��o � mais forte.

A sua necessidade em criar uma tipologia ps�quica decorreu da quest�o que nasceu em seu interior acerca de sua diverg�ncia com Freud e at� com outros profissionais. Ele poderia, assim, ter perguntado: "Por que divirjo de Freud?". A resposta tomou forma na an�lise que fez das teorias psicol�gicas de seu mestre e de Adler, tamb�m um ex-disc�pulo de Freud. Para este, as neuroses derivavam de problemas com os instintos, para o outro do pr�prio ego, no seu sentimento de superioridade ou inferioridade. Um, portanto, extrovertido, e o outro introvertido. Jung tamb�m prop�s que se poderia agrupar as pessoas de acordo com o seu maior desenvolvimento em uma das quatro fun��es psicol�gicas: pensamento, sentimento, sensa��o, ou intui��o. Transforma��es de libido de uma esfera de express�o para outra - por exemplo, de sexualidade para religi�o - s�o realizadas por s�mbolos que s�o gerados durante a mudan�a de personalidade.

A psicologia junguiana tamb�m merece outro destaque: o processo de individua��o. Conforme Nise da Silveira (2006), todo ser tende a realizar o que existe nele, em germe, a crescer, a completar-se. Assim � para a semente do vegetal e para o embri�o do animal. Assim � para o homem, embora o desenvolvimento de suas potencialidades seja impulsionado por for�as instintivas inconscientes, isso adquire um car�ter peculiar: o homem � capaz de tomar consci�ncia desse desenvolvimento e de influenci�-lo. Precisamente no confronto do inconsciente com o consciente, no conflito como na colabora��o entre ambos � que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa s�ntese, na realiza��o de um indiv�duo espec�fico e inteiro. Essa confronta��o "� o velho jogo do martelo e da bigorna: entre os dois, o homem, como o ferro, � forjado num todo indestrut�vel, num indiv�duo. Isso, em termos toscos, � o que eu entendo por processo de individua��o" (Jung).

O processo de individua��o n�o consiste num desenvolvimento linear. � um movimento de circunvolu��o que conduz a um novo centro ps�quico. Jung denominou esse centro de "Self" (si mesmo). Quando consciente e inconsciente v�m ordenar-se em torno do Self, a personalidade completa-se. O "Self" ser� o centro da personalidade total, como o ego � o centro do campo do consciente. O conceito junguiano de individua��o tem sido, muitas vezes, deturpado. Entretanto, � claro e simples na sua ess�ncia: tend�ncia instintiva a realizar plenamente potencialidades inatas. Mas, de fato, a psique humana � t�o complexa, s�o de tal modo intrincados os componentes em jogo, t�o vari�veis as interven��es do ego consciente, tantas as vicissitudes que podem ocorrer, que o processo de totaliza��o da personalidade n�o poderia jamais ser um caminho reto e curto, de ch�o bem batido. Ao contr�rio, ser� um percurso longo e dif�cil.

Pol�tica e Estado

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Jung expressou a import�ncia dos direitos individuais de cada pessoa em rela��o ao Estado e � sociedade. Ele percebia o Estado como sendo tratado como "uma quase personalidade viva da qual tudo se espera", mas que "na verdade nada mais � do que uma camuflagem para aqueles indiv�duos que sabem manipul�-lo",[84] e se referiu ao Estado como uma forma de escravid�o.[85] Do mesmo modo, pensava que "o Estado ditatorial tem, sobre a raz�o do cidad�o, a vantagem de ter absorvido tamb�m as suas for�as religiosas. O Estado passou a ocupar a posi��o de Deus", tornando-o compar�vel a uma religi�o em que "a escravid�o do Estado � uma forma de culto".[86] Jung observou que "atos encenados de Estado" eram compar�veis a manifesta��es religiosas: "Marchas musicais, bandeiras, faixas, desfiles e com�cios de propor��es monstruosas n�o diferem, em princ�pio, de prociss�es de ora��o, tiros de canh�o e fogos de artif�cio para expulsar os dem�nios".[87] Na perspectiva de Jung, essa substitui��o de Deus pelo Estado em uma sociedade de massa levou ao deslocamento da unidade religiosa e resultou no mesmo fanatismo Igreja-Estado da Idade M�dia, em que quanto mais "adorado" � o Estado, mais a liberdade e a moralidade s�o suprimidas;[86] isso acaba deixando o indiv�duo psiquicamente subdesenvolvido e com sentimentos extremos de marginalidade.[88]

A psique objetiva

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A mandala �, segundo Jung, a representa��o do arqu�tipo da totalidade.[58]

Jung percebeu que a compreens�o da cria��o de s�mbolos era crucial para o entendimento da natureza humana. Ele, ent�o, explorou as correspond�ncias entre os s�mbolos que surgem nas lutas da vida dos indiv�duos e as imagens simb�licas religiosas subjacentes e sistemas mitol�gicos e m�gicos de muitas culturas e eras. Gra�as � forte impress�o que lhe causaram as muitas not�veis semelhan�as dos s�mbolos, apesar de sua origem independente nas pessoas e nas culturas (muitos sonhos e desenhos de seus pacientes de variadas nacionalidades exprimiam temas mitol�gicos long�nquos), ele sugeriu a exist�ncia de duas camadas da psique inconsciente: a pessoal e a coletiva. O inconsciente pessoal inclui conte�dos mentais adquiridos durante a vida do indiv�duo que foram esquecidos ou reprimidos, enquanto o inconsciente coletivo � uma estrutura herdada comum a toda a humanidade composta dos arqu�tipos - predisposi��es inatas para experimentar e simbolizar situa��es humanas universais de diferentes maneiras. H� arqu�tipos que correspondem a v�rias situa��es, tais como as rela��es com os pais, o casamento, o nascimento dos filhos, o confronto com a morte. Uma elabora��o altamente derivada destes arqu�tipos povoa todos os grandes sistemas mitol�gicos e religiosos do mundo.

Definida desta forma, no entanto, a psique objetiva n�o constitui um mecanismo capaz de justificar a ocorr�ncia das sincronicidades, como um dos conceitos fundamentais da psicologia de Carl Gustav Jung. Por isso, ao longo de sua vida, Jung complexificou a no��o de psique objetiva, ou inconsciente coletivo, ampliando-a ao ponto de que pudessem ser, nela inclu�dos, tanto arqu�tipos universais e conte�dos filogen�ticos humanos, quanto cria��es mentais mais recentes. A psique objetiva tornou-se integrada � vida em todos os seus aspetos, dando conta dos muitos fen�menos integrativos da cl�nica psicol�gica, que antes careciam de uma formula��o explicativa consistente.[89]

Justamente por for�a da dificuldade de elabora��o deste conceito, Jung acessou conhecimentos da f�sica qu�ntica de sua �poca, principalmente atrav�s de Pauli e Einstein, o que influenciou decisivamente o desenvolvimento posterior da psicologia anal�tica. O m�dico conheceu aspetos da teoria da relatividade e da f�sica qu�ntica, especialmente o princ�pio da incerteza, da complementaridade e da n�o localidade, por interm�dio principalmente dos f�sicos Wolfgang Pauli e Albert Einstein, e foi informado das pesquisas em parapsicologia de Joseph Banks Rhine, na Universidade de Duke. Isso, associado a experi�ncias pessoais e de seus pacientes, o levou a sugerir que as camadas mais profundas do inconsciente n�o dependem das leis de espa�o, tempo e causalidade, produzindo fen�menos paranormais como a clarivid�ncia e a precogni��o, que passaram a ser estudados pela psicologia.

A estas correspond�ncias entre acontecimentos interiores e exteriores por meio de um significado comum, ele deu o nome de sincronicidade, como estudada hoje no contexto da linha de pesquisa F�sica e Psicologia. Al�m disso, fatos ocorridos enquanto tratava seus clientes o fizeram crer que os acontecimentos se dispunham "de tal modo, como se fossem o sonho de uma 'consci�ncia maior e mais abrangente, por n�s desconhecida'".[90]

Na qualidade de cientista altamente desapegado e desconfiado do favorecimento que se d� a certas verdades, para ele materialismo e ci�ncia n�o eram sin�nimos. O materialismo n�o passa do culto a um deus exteriormente concreto por meio da raz�o, um tipo de f� nos princ�pios limitadores das leis f�sicas. "A raz�o nos imp�e limites muito estreitos e apenas nos convida a viver o conhecido". Para sermos realmente justos, conv�m recebermos igualmente os aspetos racionais e irracionais da vida. Assim foi o caso da paciente que apresentava uma forte resist�ncia � terapia. A monotonia n�o escapava a nenhum dos dois, at� o dia em que ela lhe relatou o sonho com um escaravelho dourado. Mal acabara de contar-lhe a trama, quando ouviram uma batida na vidra�a. Jung, ent�o, enxergou uma esp�cie de besouro de colora��o dourada muito rara naquelas paragens e naquela esta��o do ano. Da� para diante, a an�lise deslanchou, ocasionando o renascimento daquela personalidade. Besouro e renascimento... um s�mbolo eg�pcio muito antigo.

Sincronicidade

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Ver artigo principal: Sincronicidade
Est�tua de Carl Jung em Liverpool.
Jung popularizou a gravura medieval do fen�meno celeste de Nurembergue em 1561, divulgando a hip�tese psicossocial sobre OVNIs em Um mito moderno sobre coisas vistas no c�u (1958).[91]

Jung tentou dar uma base cient�fica a v�rios de seus postulados, embora em muitos casos n�o encontrasse os meios para alcan��-lo. O termo "sincronicidade" � uma tentativa de encontrar formas de explica��o racional para fen�menos que a ci�ncia de ent�o n�o alcan�ava, fen�menos n�o causais que n�o podem ser explicados pela raz�o, por�m s�o significativos para o indiv�duo que os experimenta. A constru��o do conceito de sincronicidade surgiu da leitura que Jung fez de um grande n�mero de obras sobre alquimia e o pensamento renascentista. Jung chegou a possuir grande quantidade de textos alqu�micos originais, que o levaram tamb�m a usar a express�o Unus mundus em sua "autobiografia", e a ideia de anima mundi.[92]

Juntamente a sua obra de mesmo nome sobre o assunto, foi publicada uma monografia de Wolfgang Pauli, "A influ�ncia das ideias arquet�picas nas teorias cient�ficas de Kepler".[93]

A influ�ncia de Jung estendeu-se a importantes refer�ncias em diversos campos da cultura, do pintor Wifredo Lam ao fil�sofo Gaston Bachelard, passando pelos escritores Hermann Hesse (� evidente, por exemplo, na obra Demian deste �ltimo)., H. G. Wells (a quem ele chamou de seu "amigo" e a quem seu bi�grafo Vincent Brome descreve diretamente como "junguiano", vis�vel em suas obras Christina Alberta's Father and The World of William Clissold) e J. B. Priestley, o fil�logo Ernst Robert Curtius, o psic�logo comportamental Hans Eysenck, o historiador das religi�es Mircea Eliade e o mit�grafo e ensa�sta Joseph Campbell, ambos reconhecidos devedores da concep��o junguiana.[94]

Por sua vez, merecem destaque os muitos cruzamentos e paralelos com o fil�sofo e psic�logo americano William James.[81] Por outro lado, segundo Chester P. Michael, Jung teria declarado que o padre Henri Huvelin seria a pessoa que mais se aproximaria em toda a hist�ria de seus m�todos de dire��o espiritual.[95] Da mesma forma, ele foi inspirador e participante dos col�quios do C�rculo Eranos.[96]

Alco�licos An�nimos

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Jung passou a recomendar a espiritualidade como uma cura para o alcoolismo e � considerado como tendo desempenhado um papel indireto no estabelecimento de Alco�licos An�nimos. Alguns, como Bill Willson, creditaram a ele um papel de lideran�a em sua funda��o.[97][98]

Jung uma vez teve um paciente americano chamado Rowland Hazard III, que sofria de alcoolismo cr�nico. Depois de tentar trabalhar com o paciente por algum tempo, Jung percebeu que n�o havia feito nenhum progresso significativo e disse ao homem que sua condi��o era desesperadora, exceto pela possibilidade de ter uma experi�ncia espiritual. Jung havia considerado que tais experi�ncias ocasionalmente serviram com sucesso para reformar alco�latras em situa��es em que tudo o mais havia falhado. Hazard levou a s�rio o conselho de Jung e partiu para uma experi�ncia espiritual. Ao retornar ao seu pa�s natal, ele se tornou parte de um grupo de crist�os evang�licos conhecido como o Grupo Oxford. Ele, por sua vez, comunicou a outros alco�licos o que Jung lhe dissera. Um deles era Ebby Thacher, um velho amigo alco�latra de Bill Wilson, que mais tarde se tornaria conhecido como o fundador dos Alco�licos An�nimos. Thacher contou a Wilson sobre o Grupo Oxford e, por meio dele, Wilson soube da experi�ncia de Hazard com Jung. Dessa forma, a influ�ncia do su��o esteve presente indiretamente na forma��o do grupo, embora o programa de doze passos e o movimento em si n�o sejam junguianos.[99]

  • Laurens van der Post, autor afric�ner que afirmou ter tido uma amizade de dezesseis anos com Jung que geraria uma s�rie de livros e um filme sobre sua pr�pria vida.[100]
  • Hermann Hesse, autor de obras como Siddhartha e Steppenwolf, foi tratado pelo Dr. Joseph Lang, aluno de Jung. Isso iniciaria em Hesse um longo interesse pela psican�lise, atrav�s do qual ele conheceria Jung pessoalmente.[101]
  • James Joyce em seu Finnegans Wake, pergunta se "A co-educa��o de animus e anima � totalmente desej�vel?" Sua resposta talvez esteja contida em seu verso "anama anamaba anamabapa". O livro tamb�m ridiculariza a psicologia anal�tica de Jung e a psican�lise de Freud referindo-se a "psoakoonaloose". Jung tinha sido incapaz de ajudar a filha de Joyce, Lucia, que Joyce afirmava ser "yung and easily freudened" (um trocadilho com "young and easily frightened", "jovem e facilmente assustada"). Lucia foi diagnosticada com esquizofrenia e acabou internada permanentemente.[102] Retrato do artista quando Jovem, de Joyce, pode ser lido como uma par�dia ir�nica dos "quatro est�gios do erotismo" de Jung.[103]
  • O escritor argentino Jorge Luis Borges reconheceu: "Sempre fui um grande leitor de Jung... Li-o como uma esp�cie de mitologia, ou como uma esp�cie de museu ou enciclop�dia de curiosos saberes". Borges deu uma contribui��o significativa ao realismo m�gico, um g�nero de fic��o latino-americana em que elementos fant�sticos s�o misturados em uma atmosfera realista.[104]
  • Miguel Serrano manteve correspond�ncia e entrevistas com Jung, que recorda em O C�rculo Herm�tico.[105][106][107][108]
  • Frank Herbert estudou as obras de Jung e teve contato com anota��es de aulas de Jung recolhidas pela psic�loga Irene Sattley, as quais ela havia frequentado. Conceitos junguianos foram incorporados na obra Duna.[109][110]
  • Philip K. Dick sustentou que muitas de suas ideias e obras foram fortemente influenciadas pelos escritos de Jung. Durante sua adolesc�ncia, ele estava em tratamento com um analista junguiano.[111] Na d�cada de 1950, ele adquiriu devotadamente as obras completas de Jung, publicadas pela editora Bollingen. Ele ficou particularmente impressionado com seus Sete Serm�es aos Mortos, de inspira��o gn�stica.[112] Os modelos e construções junguianas que mais afetaram Dick parecem ser os arquétipos do inconsciente coletivo, projeções e alucinações coletivas, experiências de sincronicidade e sua teoria da personalidade. Muitos dos protagonistas das obras de Dick analisam a realidade e suas próprias percepções em termos junguianos.[113] Outras vezes, o sujeito se refere a Jung tão claramente que a conexão é óbvia. Sua obra Exegese também contém muitas notas sobre Jung em relação à teologia e ao misticismo. Outra autora de ficção científica com reminiscências junguianas é Ursula K. Le Guin.[114]
  • Influenciou fortemente a obra de Fernando Sánchez Dragó.[115][116][117]
  • Jung aparece na capa do álbum dos The Beatles Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band na primeira fila, sétima da esquerda, entre W. C. Fields e Edgar Allan Poe.[122]
  • Na capa do último álbum de The Police, Synchronicity, nomeado em referência à teoria de Jung, Sting é visto lendo um livro intitulado Synchronicity.[123] O próprio Sting afirma ter estudado psicologia junguiana e analisado a si mesmo.[124]
  • O músico David Bowie se descreveu como junguiano em sua relação com os sonhos e o inconsciente.[125] Bowie cantou sobre Jung em seu álbum Aladdin Sane (um trocadilho com a palavra sanidade) e participou da exposição Red Book em Nova York com o artista Tony Oursler, que descreveu Bowie como "... lendo e falando sobre o psicanalista com paixão". A música de Bowie de 1967 "Shadow Man" encapsula poeticamente um conceito chave junguiano, enquanto em 1987 Bowie descreveu os candelabros de cristal em Never Let Me Down como figuras maternas junguianas em torno das quais ele não apenas ancorou uma turnê mundial, mas também criou uma enorme efígie no palco.[126]
  • A música de Peter Gabriel "Rhythm of the Heat" (Security, 1982), trata da visita de Jung à África durante a qual ele se juntou a um grupo de bateristas e dançarinos tribais, ficando dominado pelo medo de perder o controle de si mesmo. Naquela época, Jung estava explorando o conceito de inconsciente coletivo e temia que ele ficasse sob o controle da música. Gabriel aprendeu sobre a viagem de Jung à África no ensaio Símbolos e a Interpretação dos Sonhos. Na música, Gabriel tenta capturar os sentimentos poderosos da música tribal africana evocados em Jung através de um uso intenso de tambores tribais. O título original da música era "Jung in Africa".[127]
  • O álbum Map of the Soul: Persona da banda sul-coreana BTS é baseado no trabalho do analista junguiano Murray Stein Jung: O Mapa da Alma, que fornece os princípios básicos da psicologia analítica de Jung.[128] O álbum inclui uma música introdutória intitulada Persona rimada pelo líder do grupo RM, que faz a pergunta 'quem sou eu?', confrontando várias versões de si mesmo com termos como "persona", " sombra " e "Si mesmo" às teorias de Jung.[129] Em 21 de fevereiro de 2020, a banda lançou Map of the Soul: 7, que foca especificamente na “sombra” e no “Si mesmo”.[130][131]

Cinema e televisão

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  • O cineasta italiano Federico Fellini, um dos mais reconhecidos no cinema de arte, trouxe para a tela um imaginário exuberante forjado graças ao seu encontro com as ideias de Jung, especialmente sua interpretação dos sonhos. Fellini preferiu Jung a Freud porque a psicologia analítica definia o sonho não como um sintoma de uma doença que requer cura, mas sim como um vínculo com imagens arquetípicas comuns a toda a humanidade.[132][133][134]
  • Diferentes programas de televisão foram dedicados a Jung; por exemplo, em 1959 John Freeman entrevistou Jung para a BBC em sua casa em Zurique,[135] e em 1984, uma edição do documentário da BBC Sea of Faith foi dedicada a ele.
  • Em 1991, Carlo Lizzani, um dos primeiros representantes do neorrealismo, trouxe à tela pela primeira vez um caso narrado por Jung em sua "autobiografia", baseado em um roteiro de Francesca Archibugi. O filme Cattiva descreve a história de Emilia Schmidt (Giuliana De Sio), uma rica e atraente senhora suíça que sofre de suspeita de esquizofrenia, que está internada no hospital psiquiátrico Burghölzli, onde um jovem médico Jung (Julian Sands), ainda sob a proteção de Freud, a liberta de um complexo de culpa dilacerante e injustificado nascido como resultado da morte de sua filha.[136]
  • Em 2002, Roberto Faenza dirigiu o filme Prendimi l'anima (Jornada da Alma), no qual reconstrói a história da relação entre Jung (Iain Glen) e Sabina Spielrein (Emilia Fox), uma judia russa de 19 anos que está internada no Burghölzli Clínica Psiquiátrica em 1904 com uma neurose complexa (Jung escreverá a Freud em março de 1909), e que tratará com sucesso em poucos meses com novos procedimentos terapêuticos ( método associativo e psicogalvanômetro).[137]
  • Em 2011, o diretor de cinema David Cronenberg lançou Um Método Perigoso, a adaptação cinematográfica de uma peça de 2002 de Christopher Hampton. Sua trama gira em torno das relações profissionais e afetivas entre Sabina Spielrein (Keira Knightley), Carl Gustav Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen).[138]
  • A série de televisão The Man in the High Castle, baseada no romance homônimo de Philip K. Dick, inclui tanto alusões diretas a Jung (citadas, por exemplo, pelo próprio "homem no castelo", Stephen Root, quanto aludidas pela interpretação de Jeffrey Nordling como Dr. Daniel Ryan, analista junguiano, que por sua vez trata Helen Smith, referindo-se à paciente de Th�odore Flournoy, H�l�ne Smith, que influenciou Jung) como indireta por meio de concep��es que permeiam toda a pe�a: animus, transfer�ncia, sincronicidade, I Ching, vis�es ou a rela��o entre psique e mat�ria em alguns viajantes interdimensionais: Nobusuke Tagomi (Cary-Hiroyuki Tagawa), Juliana Crain (Alexa Davalos).[139][140]
  • Soul, filme de anima��o da Pixar de 2020 inclui breves apari��es de Jung como um personagem de desenho animado et�reo, "Soul Carl Jung".[141]

Breve biografia em t�picos

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Emma Jung em 1911.
  • 1875: Nasce na Su��a, a 26 de julho, filho de um pastor;
  • 1895 - 1900: Estuda medicina na Universidade de Basileia;
  • 1900: � assistente de Eugen Bleuler, m�dico-chefe do Burgh�lzli (hospital psiqui�trico) em Zurique;
  • 1902: Tese de doutoramento: "Sobre a psicologia e a patologia dos fen�menos ditos ocultos";
  • 1903: Casa-se com Emma. Desta uni�o nascem cinco filhos;
  • 1905 - 1909: Chefe de cl�nica no Burgh�lzli;
  • 1905 - 1913: Professor na Faculdade de Medicina de Zurique; aulas de psicologia e psiconeuroses;
  • 1907: "Psicologia da Dem�ncia Precoce"; encontro com Freud;
  • 1908: I Congresso Internacional de Psican�lise;
  • 1909: Abertura de cl�nica particular;
  • 1910 - 1914: Primeiro presidente da Associa��o Psicanal�tica Internacional;
  • 1913: Jung d� o nome � sua psicologia de "Psicologia Anal�tica"; demiss�o de seu posto de ensino na Universidade de Zurique;
  • 1914: Confer�ncias em Londres e Aberdeen; � mobilizado para o servi�o de sa�de;
  • 1916: "Sete Serm�es aos Mortos" e "A Fun��o Transcendente"; estudo sobre os gn�sticos;
  • 1918 - 1919: Comandante do campo de interna��o de Soldados ingleses; pintura de mandalas;
  • 1921: Publica��o de "Tipos Psicol�gicos";
  • 1923: Constru��o da torre perto do lago de Zurique; Jung trava amizade com Richard Wilhelm (tradutor do "I Ching - O Livro das Muta��es");
  • 1924 - 1925: Visita aos �ndios Pueblo do Novo M�xico (Estados Unidos);
  • 1925 - 1926: Expedi��o a Uganda, ao Qu�nia, �s margens do Nilo; visita aos Elgonys no Monte Elgon;
  • 1928: "O Eu e o Inconsciente";
  • 1929: Coment�rio de "O Segredo da Flor de Ouro";
  • 1932: Pr�mio de literatura em Zurique;
  • 1933: Viagem ao Egito e Palestina;
  • 1934: Presidente da Sociedade M�dica Geral para Psicoterapia;
  • 1936: Doutor "honoris causa" em Harvard (Massachusetts);
  • 1938: Viagem � �ndia, a convite do governo brit�nico; presidente do Congresso Internacional de Psicoterapia, em Oxford; membro da Real Sociedade de Medicina;
  • 1940: "Psicologia e Religi�o";
  • 1944: Nomea��o para a c�tedra de Psicologia da Faculdade de Medicina de Basileia; "Psicologia e Alquimia";
  • 1945: Doutor "honoris causa" da Universidade de Genebra;
  • 1948: Inaugura��o do Instituto C. G. Jung em Zurique;
  • 1951: "Aion";
  • 1952: "Sincronicidade" e "Resposta a J�";
  • 1955: Morte de sua mulher a 27 de novembro;
  • 1955 - 1956: "Mysterium Conjunctionis";
  • 1957: Come�o da reda��o de "Mem�rias, Sonhos e Reflex�es", com Aniela Jaff�; entrevista na TV para a BBC;
  • 1961: Termina, dez dias antes de morrer, um ensaio para "O Homem e Seus S�mbolos"; morre a 6 de junho.

Abaixo, a Obra Completa de C. G. Jung, lan�ada no Brasil pela editora Vozes:

  • Volume 1: Estudos psiqui�tricos.
  • Volume 2: Estudos experimentais.
  • Volume 3: Psicog�nese das doen�as mentais.
  • Volume 4: Freud e a psican�lise.
  • Volume 5: S�mbolos da transforma��o.
  • Volume 6: Tipos Psicol�gicos.
  • Volume 7/1: Psicologia do inconsciente.
  • Volume 7/2: O eu e o inconsciente.
  • Volume 8/1: A energia ps�quica.
  • Volume 8/2: A natureza da psique
  • Volume 8/3: Sincronicidade.
  • Volume 9/1: Os arqu�tipos e o inconsciente coletivo.
  • Volume 9/2: Aion - Estudo sobre o simbolismo do si-mesmo.
  • Volume 10/1: Presente e futuro.
  • Volume 10/2: Aspectos do drama contempor�neo.
  • Volume 10/3: Civiliza��o em transi��o.
  • Volume 10/4: Um mito moderno sobre coisas vistas no c�u.
  • Volume 11/1: Psicologia e religi�o.
  • Volume 11/2: Interpreta��o psicol�gica do Dogma da Trindade.
  • Volume 11/3: O s�mbolo da transforma��o na missa.
  • Volume 11/4: Resposta a J�.
  • Volume 11/5: Psicologia e religi�o oriental.
  • Volume 11/6: Escritos diversos.
  • Volume 12: Psicologia e alquimia.
  • Volume 13: Estudos alqu�micos.
  • Volume 14/1: Mysterium Coniunctionis - Os componentes da Coniunctio; Paradoxa; As personifica��es dos opostos.
  • Volume 14/2: Mysterium Coniunctionis - Rex e Regina; Ad�o e Eva; A Conjun��o.
  • Volume 14/3: Mysterium Coniunctionis - Ep�logo; Aurora Consurgens.
  • Volume 15: O esp�rito na arte e na ci�ncia.
  • Volume 16/1: A pr�tica da psicoterapia.
  • Volume 16/2: Ab-rea��o, an�lise dos sonhos, transfer�ncia.
  • Volume 17: O desenvolvimento da personalidade.
  • Volume 18/1: A vida simb�lica.
  • Volume 18/2: A vida simb�lica.
  • Cartas de Carl Gustav Jung.
  • O Homem e Seus S�mbolos. Obra para leigos, organizada por Jung e escrita por ele e seus colaboradores, com artigos de Aniella Jaff�, Marie-Louise von Franz e outros.
  • O Segredo da Flor de Ouro: Um Livro de Vida Chinesa.
  • Mem�rias, Sonhos e Reflex�es. "Autobiografia" escrita em conjunto com Aniela Jaff�.
  • O Livro Vermelho.

Alguns termos empregados por Jung na descri��o da psique

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Alma Amplifica��o An�lise
Anima Animus Arqu�tipo
Circum-ambula��o Compensa��o Complexo
Consci�ncia Desintegra��o Diferencia��o
Dissocia��o Ego Extrovers�o
Fantasia passiva Fun��o auxiliar Fun��o inferior
Fun��o Intui��o Fun��o Pensamento Fun��o Sensa��o
Fun��o Sentimento Fun��o superior Fun��o transcendente
Fun��es da consci�ncia Imagina��o Ativa Inconsciente coletivo
Inconsciente pessoal Individua��o Infla��o
Instinto Integração Introversão
Libido Personalidade maná Mandala
Método redutivo Método sintético (construtivo) Mito
Neurose Numinoso Opostos
Participação Mística Perda da alma Persona
Personificação Ponto de vista prospectivo (finalista) Possessão
Projeção Projeção Psicoide
Psicologia Analítica Psicose Psique
Psique objetiva Puer Aeternus Realidade psíquica
Regressão Sacrifício Self (Si-mesmo)
Significado Símbolo Sincronicidade
Sombra Sonhos Tipos psicológicos
Totalidade Transformação Unus Mundus
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Notas

  1. Henri F. Ellenberger atesta que Jung esteve presente durante o encontro entre Hitler e Mussolini em 28 de setembro de 1937, em Berlim, durante o desfile e que: "À medida que a situação internacional se deteriorava, Jung, que nunca havia se preocupado muito com a política mundial, interessava-se cada vez mais por ela. Entrevistas que dava a várias revistas mostram que procurava analisar a psicologia dos chefes de Estado e, em particular, dos ditadores". Ellenberger, Henri F. (2008). Histoire de la découverte de l'inconscient. Paris: Fayard. p. 695.

Referências

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Todas as citações entre aspas que se encontram acima foram extraídas do livro "Memórias, Sonhos e Reflexões", "autobiografia" de Jung, Editora Nova Fronteira S.A., exceto as que explicitamente referem-se a outras obras.

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Ligações externas

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