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Fausto (Goethe)

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Fausto
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Autor Johann Wolfgang von Goethe
Gênero tragédia
Data de publicação 1808, 1832
Fausto em seu escrit�rio (pintura de Georg Friedrich Kersting, 1829)

Fausto (em alem�o: Faust) � um poema tr�gico do escritor alem�o Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Est� redigido como uma pe�a de teatro com di�logos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. � considerado uma das grandes obras-primas da literatura alem�.

A cria��o da obra ocupou toda a vida de Goethe, ainda que n�o de maneira cont�nua. A primeira vers�o foi composta em 1775, mas era apenas um esbo�o conhecido como Urfaust (Proto-Fausto). Outro esbo�o foi feito em 1791, intitulado Faust, ein Fragment (Fausto, um fragmento), e tamb�m n�o chegou a ser publicado.

A vers�o definitiva s� seria escrita e publicada por Goethe no ano de 1808, sob o t�tulo Faust, eine Trag�die (Fausto, uma trag�dia). A problem�tica humana expressada no Fausto foi retomada a partir de 1826, quando ele come�ou a escrever uma segunda parte. Esta foi publicada postumamente sob o t�tulo de Faust. Der Trag�die zweiter Teil in f�nf Akten (Fausto. Segunda parte da trag�dia, em cinco atos) em 1832.

As principais personagens da Parte I s�o:

Henrique Fausto (Heinrich Faust), um s�bio erudito. Esse personagem liter�rio � possivelmente baseado na vida do mago Johann Georg Faust (c.1480-c.1540);
Mefist�feles, um dem�nio;
Margarida (Margarete ou Gretchen), o amor de Fausto;
Marta (Marthe), a vizinha de Margarida;
Valentim (Valentin), irm�o de Margarida;
Wagner, assistente de Fausto.
Primeira edi��o de Faust, eine Trag�die, de 1808

A Parte I � uma hist�ria complexa que abarca m�ltiplos cen�rios. N�o est� dividida em atos, mas sim em cenas. Ap�s um poema dedicat�rio e um prel�dio, a a��o come�a no C�u, onde Mefist�feles faz uma aposta com Deus: diz que poder� conquistar a alma de Fausto - um favorito de Deus -, um s�bio que tenta aprender tudo que pode ser conhecido. A pr�xima cena ocorre no est�dio de Fausto, onde o erudito reflete sobre as limita��es do conhecimento cient�fico, humanista e religioso, e sobre suas tentativas de usar a magia para chegar ao conhecimento ilimitado. Frente ao fracasso, considera o suic�dio, mas muda de ideia ao escutar as celebra��es de P�scoa na rua. Decide ent�o sair a passear com seu assistente, Wagner, e ambos s�o seguidos por um c�o vagabundo no caminho de volta a casa.

No interior do est�dio, o c�o se transforma em Mefist�feles. Os dois chegam ao acordo - selado com sangue - de que Mefist�feles far� tudo o que ele quiser na Terra e, em troca, Fausto ter� de servir o dem�nio no Inferno. Mas h� uma cl�usula importante: a alma de Fausto ser� levada somente quando Mefist�feles criar uma situa��o de felicidade t�o plena que fa�a com que Fausto deseje que aquele momento dure para sempre. Ap�s o pacto, o dem�nio o leva a uma taverna em Leipzig - o Por�o de Auerbach - onde se encontram com um grupo de estudantes b�bados. Fausto, por�m, n�o encontra ali nada que lhe agrade.

Dali, os dois v�o em presen�a de uma bruxa, que por meio de uma po��o d� a Fausto a apar�ncia de um homem jovem e belo. A imagem de Helena de Troia aparece num espelho m�gico, e sua beleza impressiona Fausto enormemente (Helena ser� personagem importante na Parte II). Na rua, Fausto v� a bela Margarida (Gretchen), e pede que Mefist�feles a consiga para ele. Para o dem�nio � uma dura tarefa devido � natureza pura da menina. Com j�ias e a ajuda da vizinha Marta, Mefist�feles consegue um encontro no jardim entre Fausto e Margarida. A mo�a tem medo de lev�-lo ao seu quarto devido � m�e. Fausto d� uma po��o do sono a Margarida para adormecer a m�e mas, tragicamente, a po��o termina matando-a.

Margarida tem o pressentimento de estar gr�vida. Valentim est� enfurecido pela rela��o da irm� com Fausto e o desafia a um duelo. Ajudado por Mefist�feles, Fausto mata Valentim, que antes de morrer lan�a uma maldi��o contra a irm�. Margarida busca conforto espiritual numa catedral, mas é atormentada por um espírito maligno que a enche de sentimentos de culpa.

Para distraí-lo de Margarida, Mefistófeles leva Fausto à festa da Noite de Santa Valburga (Walpurgisnacht), onde celebram juntos bruxas e demônios. Uma jovem bruxa tenta seduzir Fausto em vão. Enquanto isso, Margarida afogou o filho recém-nascido num sinal de desespero e foi condenada à morte pela justiça. Fausto sente-se culpado por isso e acusa Mefistófeles, que replica que é Fausto quem tem toda a culpa. O demônio consegue a chave da cela de Margarida e Fausto tenta fazer com que ela escape, mas ela resiste porque percebe que ele já não a ama. Ao ver Mefistófeles, Margarida grita "Meu Deus, toda me entrego a teu juízo!".[1] Mefistófeles tira Fausto da cela e diz que "Foi julgada!".[1] Em seguida, um coro celestial afirma "Salvou-se!",[1] indicando que a pureza de Margarida salvou sua alma.

Rica em alusões clássicas, na Parte II o enredo romântico da primeira é deixado de lado. De fato, é uma obra totalmente diferente da primeira quanto aos temas abordados, que abrangem agora aspectos políticos e sociais. Fausto desperta junto a fadas e inicia um ciclo de aventuras dividido em cinco atos, cada um com um tema diferente.

No final Fausto consegue ir ao Paraíso, por haver perdido apenas metade da aposta com o demônio. Anjos, como mensageiros da vontade divina, anunciam no final do Ato V "Cantemos em coro, Da vitória a palma, O ar está puro: Respire esta alma!",[1] e levam a parte imortal de Fausto ao Céu, derrotando Mefistófeles.[2]

Reconhecido como uma obra-prima literária, inúmeras traduções do Fausto foram realizadas a muitas línguas. Em português, a primeira tradução foi feita em verso pelo diplomata português Agostinho de Ornelas, a primeira parte em 1867 e a segunda em 1873.[3] No Brasil, destacam-se as traduções de Sílvio Meira, publicada em 1974 e a de Jenny Klabin Segall, cuja primeira parte foi originalmente publicada pela Companhia Editora Nacional em 1943 e a segunda parte pela Editora Martins em 1970.[4] Em 1999, o escritor português João Barrento lançou sua tradução da primeira parte.

Referências

  1. a b c d Ornellas, Agostinho (1861). «Fausto:Tragedia de Goethe» 
  2. Para um resumo completo do chamado FAUSTO II, ver: Ivo Korytowski. «Fausto II, de Goethe (resenha)». Consultado em 6 de setembro de 2023 .
  3. Tinka Reichmann1. «Frases célebres do Fausto: um desafio para a tradução» (PDF). Consultado em 6 de agosto de 2022 
  4. Para uma análise desta tradução sob o ponto de vista da versificação ver: Helmut Paul Erich Galle. «"E TUDO FICA MELODIA" – OBSERVAÇÕES SOBRE A VERSIFICAÇÃO DO FAUSTO DEJENNY KLABIN SEGALL». Consultado em 6 de agosto de 2022 

Edições em português

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  • GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto: Uma Tragedia de Goethe. Traduzido por Agostinho Dornellas. Lisboa, 1867 no Wikisource em português.
  • GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto. Traduzido por António Feliciano de Castilho. Lisboa, 1872. Versão de 1919 no Wikisource em português.
  • GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto zero [Urfaust]. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. Tradução de Christine Rõhrig.
  • GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto zero [Urfaust]. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. Tradução de Christine Rõhrig.
  • ______Fausto. Tradução, introdução e notas de João Barrento.Lisboa: Relógio D'Água, 1ª edição,1999 e 2ª edição, 2013.
  • _____. Fausto: uma tragédia – Primeira parte. Tradução de Jenny Klabin Segall; apresentação, comentário e notas de Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: 34, 2007. Edição bilíngue alemão-português traduzida de Faust. Der Tragödie erster Teil ou Faust I.
  • _____. Fausto: uma tragédia – Segunda parte. Tradução de Jenny Klabin Segall; apresentação, comentário e notas de Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: 34, 2007. Edição bilíngue alemão-português traduzida de Faust. Der Tragödie zweiter Teil ou Faust II.
  • BARRENTO, João. Introdução. In: Fausto, de J.W Goethe. Lisboa: Editora Relógio D' Água,2ª edição, 2013.
  • BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo: Cia das Letras, 1986.
  • CAMPOS, Haroldo de. Deus e o Diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981. (Coleção Signos, 9).

Ligações externas

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