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Corneto

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 Nota: Para o sorvete, veja Cornetto (sorvete).
Corneto
Tr�s tipos de cornetos: o mudo, o curvo e o tenor.
Informa��es
Classifica��o Aerofones

O corneto[1] � um instrumento musical da fam�lia dos aerofones, recurvo e de se��o c�nica internamente e, externamente, quase sempre perfilado em forma octogonal. Na Europa � conhecido desde o medievo. O instrumento assume sua forma definitiva a partir do s�culo XV e foi usado at� o barroco tardio, entrando em decl�nio por volta de 1640. Bach ainda utilizou o corneto em algumas das suas cantatas.[2][3]

Constru��o

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O corneto tem a forma de um tubo, tipicamente com cerca 60 cent�metros de longo, feito de madeira, marfim ou, no caso de alguns modelos reconstru�dos modernos, de ebonite, com tocar comum aos instrumentos de madeira.

A se��o atravessada do instrumento normalmente � octogonal e � tido de couro, com os buracos que penetram esta coberta.

O corneto est� ligeiramente curvada, normalmente para a direita, melhorando o conforto do int�rprete que ent�o toca os buracos superiores com a m�o esquerda e o inferior com a direita: esta posi��o � praticamente o padr�o para os instrumentos de madeira.

Ao fim superior do instrumento h� um bocal pequeno, do tipo desses usado nos instrumentos de metal onde a vibra��o � gerada com os l�bios.

Por isto o corneto � um instrumento de constru��o incomum entre instrumentos de sopro; um corpo ao estilo dos de madeira (clarinete, flauta doce, fagote), com um bocal - e por conseq��ncia a gera��o do som - para o estilo dos metais (trombone, trompete, corneta).

V�rios especialistas asseguram que a �ltima caracter�stica � a mais importante, com o que classificam a corneta entre os metais. Em particular o sistema de classifica��o de instrumentos de Hornbostel-Sachs, localiza ao instrumento entre as trompetes.

Os int�rpretes puristas do corneto tendem a usar um bocal menor, o mesmo que precisam para poder interpretar instrumentos de metal modernos, outra op��o � tornear a base dos bocais atuais de forma que eles possam cal�ar no corpo do corneto.

Hist�ricamente, o corneto foi usado em conjunto com a sacabuxa, geralmente para dobrar o coro da igreja. Isso foi particularmente popular em Veneza, em igrejas como a Bas�lica de S�o Marcos, onde utilizou-se frequentemente o estilo, especialmente nos coros de ant�fonas. Giovanni Bassano foi um exemplo de virtuoso do cornetto, e Giovanni Gabrieli escreveu muita de sua esplendorosa m�sica polif�nica pensando nesse instrumento.

Heinrich Sch�tz tamb�m empregou extensamente o corneto em seus primeiros trabalhos. Estudou em Veneza com Gabrielli, e conhecia a m�sica de Bassano.

Como ocorre com quase todos os instrumentos renascentistas e barrocos, o corneto tamb�m era confeccionado em uma fam�lia completa. Os diferentes tamanhos configuravam o agudo cornetino, o corneto, o corneto tenor e o raro corneto baixo. O serpent�o substituiu largamente o corneto baixo durante o s�culo XVII. Outras vers�es incluem o corneto mudo, que � um instrumento reto com bocal integrado e silencioso o suficiente para ser utilizado acompanhado por viola ou mesmo flauta doce.

O corneto tamb�m foi utilizado como um instrumento solo, e uma grande quantidade de m�sica composta para solo de corneto (e/ou violino) sobrevive. O uso do instrumento declinou a partir de 1700 embora ainda fosse comum na Europa at� o final do s�culo XVIII. Johann Sebastian Bach, Georg Philipp Telemann e seus contempor�neaos alem�es empregaram tanto o corneto como o cornetino em cantatas, em un�ssono com as vozes soprano do coro. Em ocasi�es, esses compositores alocaram o corneto em partes solo, por exemplo, na cantata de O Jesu Christ, meins Lebens Licht, BWV 118. Alessandro Scarlatti usou o corneto, ou pares de cornetos, em v�rias de suas �peras. Johann Joseph Fux usou um par de cornetos mudos em um Requiem. Uma das �ltimas composi��es conhecidas foi da �pera Orfeu e Eur�dice de Gluck, na qual sugere-se o trombone soprano como alternativa ao instrumento.

Em geral, o corneto � considerado um instrumento dif�cil de tocar. Carrega um desenho que j� n�o � mais visto em nenhum instrumento moderno. Isto �, o tubo principal tem a largura dos instrumentos de sopro de madeira, mas o bocal � igual ao dos metais, o que obriga o int�rprete a produzir a vibra��o sonora com os l�bios. A maioria dos instrumentos de metal s�o consideravelmente mais largos que o corneto, o que permite empregar a resson�ncia do tubo para controle mais eficaz da afina��o.

A �poca da m�sica barroca foi relativamente tolerante a respeito do brilho e da qualidade tonal extrovertida, conforme atestam os �rg�os da �poca que ainda existem. Assim, o te�rico da m�sica barroca Marin Mersenne descreve o som do corneto como "um raio de sol perfurando as sombras". Ainda assim, h� evid�ncias de que o corneto era frequentemente mal tocado, ainda que tenha sido tocado com mais perfei��o que a maioria dos instrumentos de madeira. Seu registro superior soa como um trompete, enquanto seu registro grave lembra a sabuxa que constantemente o acompanha. O registro m�dio tem som no estilo de um lamento, que n�o � atrativo quando tocado "solo".

Como resultado de seu desenho, o corneto requer uma embocadura especial que � cansativa quando se toca por tempo prolongado, produz cansa�o ao ser tocado por tempo prolongado. Dessa maneira, os int�rpretes dos instrumentos de madeira acabaram prestando aten��o, como alternativa, a um instrumento que come�ava a se desenvolver no barroco: o oboé.

O corneto e a música antiga

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Como resultado do renascimento da música antiga no século XX, o corneto foi redescoberto e, como em sua época, atrai os intérpretes mais aperfeiçoados.

Em muitas peças (particularmente aquelas de compositores do Barroco inicial ao médio, como Claudio Monteverdi, Giovanni Gabrieli, Francesco Cavalli, Girolamo Frescobaldi, Giovanni Battista Riccio, Dario Castello, Antonio Bertali, Pavel Josef Vejvanovský, Jan Křtitel Tolar, Michael Praetorius, Johann Hermann Schein, Samuel Scheidt, Sebastian Knüpfer, Johann Schelle, Johann Pachelbel, Giovanni Felice Sances, Johann Joseph Fux, Johann Heinrich Schmelzer, Heinrich Ignaz Franz von Biber, Andreas Hofer, Alessandro Stradella, Matthew Locke, John Adson e Heinrich Schütz) o corneto é instrumento indispensável, e o resultado não é o mesmo quando ele é substituído por outro instrumento. Seus substitutos mais comuns nas insterpretações atuais são o violino, a flauta doce, o trompete moderno em Si bemol, o oboé e o saxofone soprano.

Referências

  1. «Corneto». Michaelis On-Line. Consultado em 12 de janeiro de 2024 
  2. Le cornet à bouquin
  3. Le cornet à bouquin, "un truc d'intello" ?

Ligações externas

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