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Cravo (instrumento musical)

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Cravo
Cravo (instrumento musical)
Informa��es
Classifica��o Instrumento de teclas
Classifica��o Hornbostel-Sachs 314.122-6-8
Extens�o
V�rias conforme o n�mero de manuais
Instrumentos relacionados
Virginal
Espineta
Clavic�rdio
Relacionados
Varia��es Goldberg
Wanda Landowska
Ralph Kirkpatrick
Johann Gottlieb Goldberg
Johann Christian Bach
Wolfgang Amadeus Mozart

Cravo � a designa��o dada a qualquer dos membros de uma fam�lia europeia de instrumentos musicais de tecla, incluindo os grandes instrumentos comumente chamados de cravos, que s�o o clavecino tamb�m chamado de clavic�mbalo, mas tamb�m os menores: virginal, o virginal muselar e a espineta. Todos esses instrumentos pertencem ao grupo das cordas pin�adas, ou seja, geram o som tangendo ou beliscando uma corda ao inv�s de percuti-la como no piano ou no clavic�rdio. Acredita-se que a fam�lia de instrumentos desse tipo se originou quando um teclado foi anexado a um salt�rio, fornecendo um meio mec�nico para tanger as cordas. O tipo de instrumento que em portugu�s, � chamado de cravo � geralmente chamado de clavicembalo ou simplesmente cembalo em italiano, e esta �ltima palavra tamb�m � geralmente utilizada em alem�o. A palavra francesa tipicamente usada � clavecin. Confusamente, a palavra mais utilizada na Espanha para o cravo � clavicordio, gerando confus�o com o clavic�rdio. Por essa raz�o, nos c�rculos musicais espanh�is, os locutores utilizam a palavra italiana ou, mais comumente, a palavra francesa.

Um cravista � um m�sico que toca o cravo.

Virginal, provavelmente ingl�s, fins do s�culo XVII

A origem do cravo � obscura, mas sabe-se que surgiu em algum momento da alta Idade M�dia ou na Idade M�dia tardia. As mais antigas refer�ncias escritas ao instrumento datam dos anos 1300 e � poss�vel que o cravo tenha sido inventado naquele s�culo. O primeiro cravo conhecido era chamado de clavic�mbalo, dotado de apenas um teclado com no m�ximo quatro oitavas e sem amortecedores para as cordas. Sua caixa tem a forma de asa e por ser pequena o tornava um instrumento port�til comparado ao seus sucessores. Esta era uma �poca na qual os avan�os na fabrica��o de mecanismos e outras formas de antigas m�quinas pr�-modernas estavam sendo desenvolvidas e, portanto, uma �poca apropriada para a inven��o daqueles aspectos que diferenciam o cravo do salt�rio. Um manuscrito latino sobre instrumentos musicais, de autoria de Henri Arnault de Zwolle, c. 1440, inclui diagramas detalhados de um pequeno cravo e de tr�s tipos de movimentos de a��o dos ganchos. O termo clavic�mbalo foi posteriormente atribu�do ao clavecino, a constru��o de cravo mais sofisticada; com a caixa em asa, com registros diversos (conjuntos de cordas associadas para uma tecla) e podendo ter mais de um teclado, al�m de abafadores para a imita��o de instrumentos como ala�de, bem como acopladores de manuais ou oitavas.

O cravo mais antigo, completo, ainda preservado, veio da It�lia, o exemplar mais velho tendo sido datado de 1521. A Real Academia de M�sica em Londres possui um instrumento de curiosa forma vertical. Infelizmente, ele n�o funciona. Entretanto, esses primitivos instrumentos italianos n�o lan�am qualquer luz sobre a origem do cravo uma vez que representam uma forma j� bastante aperfei�oada do instrumento. Os fabricantes italianos do cravo constru�ram instrumentos de manual simples (um �nico teclado), de constru��o muito leve e relativamente pouca tens�o nas cordas. Este desenho sobreviveu entre os fabricantes italianos durante s�culos, com muito pouca altera��o. Os instrumentos italianos s�o considerados agrad�veis mas discretos quanto ao seu tom e s�o apropriados para acompanhamento de cantores ou outros instrumentos. Pr�ximo ao final do per�odo hist�rico, instrumentos maiores e mais elaborados foram constru�dos, principalmente por Bartolomeo Cristofori.

Uma dama em p� junto a um virginal, de Jan Vermeer van Delft

Uma revolu��o na t�cnica de constru��o do cravo ocorreu em Flandres em algum momento durante 1580 com o trabalho de Hans Ruckers e seus descendentes, inclusive Ioannes Couchet. O cravo Ruckers era constru�do de maneira mais resistente do que os italianos. Devido ao fato de utilizarem cordas mais longas (sempre os dois conjuntos b�sicos de cordas: uma de 2,5 metros (8 p�s) e outra de 1,3 metros (4 p�s), embora ocasionalmente pudessem utilizar duas cordas de 2,5 metros (8 p�s)), maior tens�o nas cordas e uma caixa mais pesada junto com uma caixa de resson�ncia de abeto, bastante esbelta e responsiva. O tom era mais sustent�vel do que o do cravo italiano e foi largamente copiado pelos fabricantes de cravo na maioria das outras na��es. Os fabricantes flamengos tamb�m desenvolveram um tipo de cravo de manual duplo (dois teclados) que inicialmente era usado meramente para permitir a f�cil transposi��o, no intervalo de quarta, ao inv�s de aumentar a faixa expressiva do instrumento. Entretanto, mais tarde, no s�culo XVII, o manual adicional foi tamb�m usado para contraste do tom, com a possibilidade de duplicar os registros de ambos os manuais para se obter um som mais cheio. Os cravos flamengos com freq��ncia s�o elaboradamente pintados e decorados.

Cravo Ruckers-Taskin, (Paris, Mus�e de la Musique)

O instrumento flamengo foi mais desenvolvido na Fran�a, no s�culo XVIII, principalmente com o trabalho da fam�lia Blanchet e seu sucessor, Pascal Taskin. Estes instrumentos franceses imitaram o projeto flamengo mas tiveram a extens�o seu teclado aumentada de cerca de quatro para cerca de cinco oitavas. Adicionalmente, os instrumentos franceses de manual duplo al�m de usarem seus manuais para transposi��o, os empregavam tamb�m para variar a combina��o de paradas sendo utilizadas (isto �, a corda a ser beliscada). O cravo franc�s do s�culo XVIII � freq�entemente considerado um dos apogeus do projeto do cravo e � largamente adotado na constru��o dos instrumentos modernos.

Um aspecto impressionante da tradi��o francesa do s�culo XVIII era sua quase obsess�o com pelos cravos Ruckers. Num processo conhecido como grand ravalement, muitos dos instrumentos Ruckers sobreviventes foram montados e remontados com novo material de resson�ncia e constru��o da caixa que acrescentou uma oitava � extens�o original do teclado. Considera-se que muitos dos cravos que, na �poca, se diziam restaura��es Ruckers eram fraudulentos a despeito de poderem ser, de direito, considerados instrumentos soberbos. Um processo mais b�sico foi o chamado petit ravalement, no qual os teclados e os conjuntos de cordas, mas n�o a caixa, foram modificados.

Para a Inglaterra, o cravo teve relev�ncia durante a Renascen�a para o grande grupo de compositores importantes que escreveram para ele, mas, aparentemente, muitos dos instrumentos, na �poca, eram importados da It�lia. Os cravos constru�dos na Inglaterra s� ganharam notoriedade no s�culo XVIII, com o trabalho de dois fabricantes emigrantes, Jacob Kirckman (da Als�cia) e Burkat Shudi (da Su��a). Os cravos destes fabricantes, constru�dos para uma elite social pr�spera e em expans�o, eram not�veis por seu tom poderoso e ex�tico devido �s caixas de madeira compensada. O som dos cravos Kirckman e Shudi impressionaram muitos ouvintes, mas o sentimento de que eles afetavam negativamente a m�sica, fez com que muito poucos instrumentos tenham sido fabricados segundo o seu modelo. A firma Shudi passou para o genro de Shudi, John Broadwood, que o adaptou para a fabrica��o de pianos e se tornou uma for�a criadora no desenvolvimento daquele instrumento.

Os fabricantes alem�es de cravos adoptaram ligeiramente o modelo franc�s, mas com interesse especial em conseguir uma variedade de sonoridades, talvez porque alguns dos mais eminentes construtores alem�es fossem tamb�m construtores do �rg�o de tubos. Alguns cravos alem�es incluem um coro de cordas de 2 p�s, isto �, cordas afinadas duas oitavas acima do conjunto prim�rio. Uns poucos chegaram mesmo a incluir um registros de 16 p�s, afinados uma oitava abaixo dos coros principais de 8 p�s. Um cravo alem�o preservado, tem at� manual triplo para controlar as muitas combina��es de cordas que estavam dispon�veis. Os registros de 2 p�s e de 16 p�s do cravo alem�o, n�o s�o apreciados pelos cravistas modernos que tendem a preferir o tipo franc�s de instrumento.

Obsolesc�ncia e Renascimento

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No ponto m�ximo de seu desenvolvimento, o cravo perdeu para o piano o favoritismo que desfrutava. O piano rapidamente evoluiu a partir de suas origens semelhantes ao cravo e o conhecimento tradicional, acumulado, dos construtores de cravo gradualmente se dissipou.

No in�cio do s�culo XX, um interesse despertado por interpreta��es de �poca, tendo a renomada, energ�tica e atualmente, algumas vezes, controversa Wanda Landowska como sua porta-voz, resultou no renascimento do cravo. Nas primeiras d�cadas de seu renascimento, os cravos ent�o constru�dos foram fortemente influenciados pelo moderno piano de cauda, principalmente quanto ao uso de pesadas arma��es de metal, de longe muito mais robustas do que o necess�rio para suportar a tens�o das cordas do cravo. Este foi o instrumento que os fabricantes parisienses de piano Pleyel constru�ram para Mme. Landowska. Os construtores inclu�ram registros de 16 p�s nesses instrumentos para abafar o som, uma pr�tica relativamente incomum dos construtores alem�es do s�culo XVIII.

A partir de meados do s�culo XX, a constru��o de cravos tomou um novo �mpeto quando uma nova gera��o de fabricantes procurou os m�todos de projeto e constru��o dos s�culos passados. Este movimento foi liderado, entre outros por Frank Hubbard e William Dowd, trabalhando em Boston, Arnold Dolmetsch, sediado em Surrey no Reino Unido e Martin Skowroneck, trabalhando em Bremen, Alemanha. Estes peritos-construtores estudaram e inspecionaram muitos instrumentos antigos e consultaram o material escrito no per�odo hist�rico, dispon�vel, sobre cravos. Hoje os cravos que se baseiam nos princ�pios redescobertos dos antigos fabricantes dominam o cen�rio e s�o constru�dos em oficinas ao redor do mundo. As oficinas tamb�m constroem kits que s�o montados na sua forma final por amadores entusiastas.

Funcionamento

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O modo de funcionar � o mesmo em todos os cravos:

Vis�o esquem�tica de um cravo 2x8 de manual simples. 1) tecla, 2) batente do nome, 3) placa do nome 4) pinos de afina��o, 5) porca, 6) trilho do saltador, 7) registros superiores, 8) corda , 9) cavalete, 10) pino de sustenta��o, 11) revestimento, 12) curvatura lateral, 13) moldura, 14) placa de som, 15) folga, 16) trilho interno superior, 17) saltador, 18) trilho interno inferior, 19) base, 20) cavalete, 21) pino guia, 22) registros inferiores, 23) prancha de afina��o, 24) pino balanceador, 25) estrutura do teclado.
  • A tecla � um piv� simples que oscila em torno de um pino que a atravessa.
  • O Saltador � uma pe�a de madeira, fina, retangular que se assenta sobre a extremidade final da tecla. � mantido no lugar por duas guias (superior e inferior) que s�o duas longas pe�as de madeira com furos atrav�s dos quais os saltadores possam passar.
Parte superior de um saltador. 1) corda, 2)eixo da ling�eta, 3) ling�eta, 4) plectro, 5) amortecedor.
  • No saltador, um plectro projeta-se quase horizontalmente (normalmente, o plectro est� colocado num pequeno �ngulo para cima) e passa sob a corda. Historicamente, os plectros eram fabricados de penas de corvo ou couro embora a maioria dos cravos modernos utilizem um pl�stico (delrin or celcon).
  • Quando a parte da frente da tecla � pressionada (2) a parte de tr�s � levantada, o saltador � levantado e o plectro faz a corda vibrar (3).
Funcionamento do saltador. A) Saltador na posi��o normal. O amortecedor est� encostado � corda para evitar sua vibra��o. B) Quando uma tecla � pressionada, o saltador � levantado e o plectro toca a corda e come�a a se dobrar. C) O plectro tange a corda, que emite uma vibra��o (som). O saltador atinge o trilho do saltador. D) Quando a m�o do int�rprete libera a tecla, o saltador cai de volta, sob a a��o do pr�prio peso e o plectro se inclina para tr�s, para permitir que passe pela corda sem toc�-la. 1) trilho superior, 2) feltro, 3) amortecedor, 4) corda, 5) plectro, 6) ling�eta, 7) eixo da ling�eta, 8) mola, 9) saltador, 10) rota��o da ling�eta.
  • Quando a tecla volta � sua posi��o de repouso, o saltador cai, descendo pela a��o do pr�prio peso, e os piv�s do plectro se curvam para tr�s permitindo que ele passe pela corda (4) sem toc�-la. Isto se torna poss�vel porque o plectro est� fixado a uma ling�eta que, por sua vez, est� presa por uma articula��o e uma mola ao corpo do saltador.
  • Na parte de cima do saltador, um amortecedor de feltro encosta na corda impedindo-a de vibrar quando a tecla n�o est� pressionada (1).

Controlando m�ltiplos coros de cordas

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Num aspecto em que os cravos variam muito, � nos mecanismos que controlam que coro de cordas dever� soar quando as teclas forem pressionadas. Geralmente um conjunto de cordas pode ser "desligado" movendo um pouco para os lados o registro superior (atrav�s do qual seus saltadores deslizam), impedindo desse modo que o plectro toque as cordas. Nos instrumentos mais simples, esta fun��o � realizada manualmente, mas � medida que o cravo evoluiu, surgiram v�rias inven��es que facilitaram a mudan�a dos registros, por exemplo, com alavancas pr�ximas ao teclado, alavancas na altura dos joelhos e pedais.

Em instrumentos que tivessem mais de um manual (teclado), os fabricantes freq�entemente arranjaram disposi��es em que as notas de um manual podiam, opcionalmente, ser tocadas com o outro manual. O sistema mais flex�vel foi o sistema franc�s de acoplamento por empurra, no qual o manual mais baixo pode deslizar para frente e para tr�s, e, na posi��o para tr�s, ganchos presos � superf�cie superior do manual inferior agarram a superf�cie inferior das teclas do manual superior, fazendo-as tocar. Dependendo da escolha do teclado e da posi��o de acoplamento, o executante poderia selecionar o conjunto de saltadores rotulados como A, B ou C ou todos os tr�s.

Acoplamento franc�s por empurra. 1) pino de balanceamento, 2)&5) guia inferior (fixa), 3) saltadores, 4) gancho de acoplamento, S) tecla superior, I) tecla inferior. � esquerda: teclados n�o acoplados. A tecla superior pressionada levanta o saltador. A tecla inferior pressionada levanta os saltadores B e C. � direita: O teclado superior est� acoplado ao inferior ao se puxar este �ltimo. Ao ser pressionada tecla superior, o saltador A � levantado. Ao pressionar o teclado inferior, s�o levantados os saltadores A, B e C.

O sistema ingl�s de saltadores tipo "perna de c�o" ("dogleg") era menos flex�vel, na medida em que os manuais ficavam im�veis. O formato em perna de c�o do conjunto de saltadores rotulados como A, permitiam que os saltadores A fossem tocados por ambos os teclados, mas o manual inferior tocava obrigatoriamente os tr�s conjuntos e n�o podia tocar apenas o conjunto B e C, como no caso do acoplamento franc�s por empurra.

Saltador perna de c�o, Sistema ingl�s de acoplamento. 1) pino balanceador, 2) registro inferior (fixo), 3) saltador com "perna de c�o" 4) saltadores, S) tecla superior, I) tecla inferior. Quando pressionada, a tecla superior levanta o saltador tipo "perna de c�o" (saltador A). A tecla inferior levanta os tr�s saltadores A, B e C.

Varia��es

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Embora os termos utilizados para denotar os v�rios membros da fam�lia estejam hoje praticamente padronizados, nos dias do apogeu do cravo este n�o era o caso.

Cravo (Clavecino / Clavic�mbalo moderno)

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Atualmente, cravo pode designar todos os elementos que comp�em a fam�lia do instrumento ou, mais especificamente, o instrumento no formato de um piano de cauda como uma caixa de forma quase triangular acomodando � esquerda cordas longas para o baixo e, � direita, cordas curtas soprano � direita; Caracteristicamente tem um perfil mais alongado do que o do piano de cauda e o lado em curva com maior raio de curvatura (bentside). Estes instrumentos maiores e mais ricos tem o nome espec�fico de clavecino (ainda que seja um termo generalista na Fran�a) ou Clavic�mbalo - termo mais popular nos pa�ses germ�nicos (ironicamente este era o nome do cravo mais antigo, muito menor e rudimentar).

Um cravo pode ter de uma a tr�s - e algumas vezes at� mesmo mais, cordas por nota. Normalmente, uma est� afinada a quatro p�s, isto � uma oitava acima do fundamental. Quando existem dois coros de oito p�s, um deles tem seu ponto de vibra��o pr�ximo ao cavalete criando uma tonalidade mais "nasal", enfatizando os harm�nicos superiores.

Manuais simples ou teclados, s�o comuns, especialmente nos cravos italianos. Manuais duplos, que permitem maior controle sobre que cordas s�o beliscadas s�o encontrados em instrumentos mais elaborados. H� uns poucos exemplos de manuais triplos em cravos alem�es.

Virginal flamengo (Paris, Mus�e de la Musique)

O virginal ou virginals � um cravo pequeno de forma retangular (que se parece com um clavic�rdio (ver tamb�m clavic�rdio - em ingl�s), com apenas uma corda para cada nota fixada paralelamente ao teclado no lado comprido da caixa. Identificado com esse nome por volta de 1460, era tocado sobre o colo ou, mais comumente colocado sobre uma mesa.[1] embora o nome venha da mesma raiz que o adjetivo "virginal" a raz�o para lhe ter sido dado este nome � obscura. Observe-se que no Per�odo elisabetano era utilizado para designar qualquer tipo de cravo n�o, como acontece hoje, apenas os virginais. Portanto, as obras primas de William Byrd e seus contempor�neos foram tocadas freq�entemente num cravo, no estilo italiano e n�o nos instrumentos que hoje chamamos de virginais. Os virginais s�o descritos como espineta virginal (o tipo comum) ou virginal muselar.

Espineta Virginal

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Na espineta virginal o teclado � colocado do lado esquerdo e as cordas s�o beliscadas numa das extremidades, como nos demais membros da fam�lia cravo. Este � o arranjo mais comum e um instrumento descrito simplesmente como um "virginal" � uma espineta virginal.

Virginais Muselares

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Num virginal muselar (em flamengo, muselaar), o teclado é colocado á direita ou no meio da caixa, de modo que as cordas são beliscadas no centro de seu comprimento sonoro. Isto produz um som quente e rico, mas a um preço, o funcionamento para a mão esquerda é colocado no meio da placa de som do instrumento, resultando que qualquer ruído originário deste tipo de funcionamento é amplificado. Um comentarista do século XVIII disse que os muselares "grunhem nos baixos como leitões". Em adição ao ruído mecânico, o ponto de vibração no baixo torna a repetição difícil porque o movimento da corda, que ainda permanece vibrando, interfere com a habilidade do plectro conectar novamente. Portanto o muselar é mais apropriado para música com acordes e melodias sem partes complexas para a mão esquerda.

Os muselares foram populares nos séculos XVI e XVII mas caíram em desuso no século XVIII.

Ver artigo principal: Espineta

Finalmente, um cravo com o conjunto de cordas inclinado de um ângulo (geralmente cerca de 30º) em relação ao teclado é chamado espineta. Neste instrumentos as cordas estão muito próximas para se colocar os saltadores entre elas do modo normal, em vez disso, as cordas são dispostas aos pares e os saltadores são colocados no espaço maior entre os pares de cordas e são instalados com suas faces voltadas para direções opostas, beliscando as cordas adjacentes a esse espaço. A palavra harpsichord do inglês veio de Arpicordo, o nome original para a espineta na região italiana.

Um clavicítero é um cravo que é montado verticalmente. Foram construídos poucos exemplares. O mesmo conceito de economia de espaço foi posteriormente incorporado ao piano vertical. Seu funcionamento na vertical foi possibilitado, modificando-se a forma dos saltadores para um corpo curvo, como um setor circular de 45º (um quarto de círculo). Suas cordas podiam ser ou metálicas, ou de tripa. Um modelo do século XV pode, por exemplo, ser encontrado no Royal College of Music en Londres). O clavicítero foi utilizado até o século XVIII.[2]

Para um instrumento que foi produzido em larga escala ao longo de três séculos, não surpreende que exista um grande número de variantes entre os cravos.

Em adição às formas variadas e as diferentes disposições ou registros que podem ser adaptados ao cravo, como foi visto anteriormente, a gama de variações é muito grande.

Geralmente, os cravos mais antigos têm uma extensão menor e os modelos posteriores têm uma extensão maior, embora possa haver exceções.

Em geral, os cravos maiores têm uma extensão acima de cinco oitavas e os menores, uma extensão abaixo de quatro oitavas. Usualmente, estende-se os menores teclados usando a técnica da "pequena oitava".

No século XVI, foram construídos vários cravos com os teclados bastante modificados, como o arquicímbalo, para acomodar sistemas variados de afinação demandados pelas práticas composicionais e experimentação teórica.

Música para o cravo

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A primeira música escrita especificamente para solo de cravo foi publicada em meados do século XVI. Compositores que escreveram solos de cravo foram bastante numerosos durante todo o período Barroco na Itália, Alemanha, Portugal, Espanha, Inglaterra e França. Os gêneros favoritos para o solo de cravo incluem as suites de danças a fantasia e a fuga. Além das obras solo, o cravo foi largamente utilizado para acompanhamento no estilo de baixo contínuo (uma função mantida na ópera mesmo no século XIX). No século XIX o cravo foi considerado como tendo vantagens e desvantagens com relação ao piano.

Durante o século XIX o cravo foi ignorado pelos compositores tendo sido suplantado pelo piano. No século XX, entretanto, graças aos esforços e pioneirismo de Wanda Landowska, o crescente interesse em música antiga e a busca dos compositores por novos sons, mais uma vez passou-se a se escrever novamente obras para o cravo. Concertos para o instrumento foram escritos por Francis Poulenc (o Concert champêtre, 1927-28), Manuel de Falla e mais tarde por Henryk Górecki, Philip Glass e Roberto Carnevale. Bohuslav Martinů escreveu um concerto e uma sonata para ele e o Double Concerto de Elliott Carter é para cravo, piano e duas orquestras de câmara. Na música de câmara, György Ligeti escreveu um pequeno número de peças solo para o instrumento, incluindo o "Continuum" enquanto que "Les Citations" (1991) de Henri Dutilleux é uma composição para cravo, oboé, contrabaixo e percussão. Ambos Dmitri Shostakovich em Hamlet (1964) e Alfred Schnittke (Symphonia No. 8, 1998) utilizaram o cravo como parte da textura orquestral. Mais recentemente, o cravista Hendrik Bouman compôs, no estilo dos séculos XVII e XVIII, 75 peças, das quais 37 foram composições para solo de cravo, duas são concertos para cravo, duas composições tinham o cravo obbligato e 36 composições incluíam o cravo como baixo contínuo em sua música de câmara e música orquestral.

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Como no caso da maioria dos instrumentos da música clássica, o cravo tem sido adaptado às obras populares. O número de tais usos é enorme; para uma lista parcial ver O cravo na cultura popular

Three Centuries of Harpsichord Making de Frank Hubbard (1967, Cambridge, MA: Harvard University Press; ISBN 0-674-88845-6) é uma pesquisa competente a respeito de como os cravos antigos eram construídos e como evoluíram ao longo do tempo em diferentes tradições nacionais.

Referências

  1. The Ultimate Encyclopaedia of Musical Instruments, Robert Dearling, ISBN 1858681855
  2. The Ultimate Encyclopaedia of Musical Instruments, ISBN 1858681855, p. 138

Ligações externas

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