Marabaixo
Marabaixo | |
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Dan�arina com vestimentas tradicionais e tocador com o instrumento caracter�stico (caixa de marabaixo). | |
Origens estil�sticas | Africanas, catolicismo popular |
Contexto cultural | Comunidades afrodescendentes do Amap� |
Instrumentos t�picos | Caixa de marabaixo, pau-de-chuva (em algumas comunidades). |
G�neros de fus�o | |
m�sica popular amapaense, marabaixo estilizado. | |
Outros t�picos | |
Outros ritmos afroamapaenses: batuque, sair�, vomin�, zimba. |
O Marabaixo � uma manifesta��o cultural de origem africana t�pica de comunidades afrodescendentes do Amap�, que inclui dan�a de roda, canto e percuss�o ligados �s festas do catolicismo popular em louvor aos santos padroeiros da comunidade. S�mbolo da identidade negra local, hoje o Marabaixo se apresenta como identidade e patrim�nio cultural da popula��o amapaense.[1][2][3]
Em novembro de 2018, o marabaixo foi registrado pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico e Nacional (IPHAN) como Patrim�nio Imaterial do Brasil e registrado como Forma de Express�o - Bens Culturais Imateriais, ao lado de manifesta��es como o Carimb� (Par�), o Maracatu (Pernambuco), o Tambor de Crioula (Maranh�o) e a Arte Kusiwa do Povo Ind�gena Wai�pi (Amap�).[4]
A Lei Estadual n� 1521/2010, de autoria do ent�o deputado Dalto Martins, definiu o dia 16 de junho como Dia Estadual do Marabaixo Amapaense.[5]
O Marabaixo n�o deve ser confundido com o Batuque nem com os demais ritmos afro-amapaenses (Sair�, Vomin� e Zimba), os quais t�m caracter�sticas pr�prias. Tampouco deve ser confundido com as religi�es afro-brasileiras[2][6] ou com o Carimb� paraense.
Hist�rico
[editar | editar c�digo-fonte]Presen�a negra no Amap�
[editar | editar c�digo-fonte]A presen�a de popula��es e culturas afrodescendentes � consequ�ncia direta do tr�fico transatl�ntico de africanos escravizados, que entre os s�culos XVI e XIX, trouxe aproximadamente 4,8 milh�es de pessoas do continente africano ao Brasil, inclusive uma pequena parcela dentre eles trazida ao Amap�.[7] Os primeiros africanos escravizados chegaram ao atual Amap� brasileira entre 1580 e 1610 por iniciativa dos ingleses, que pretendiam cultivar canaviais na costa de Macap� para fabrica��o de a��car e rum. O empreendimento falhou e os ingleses deixaram a regi�o, levando consigo os referidos escravizados.[8]
Por volta de 1700, a escravid�o negra tomou bastante f�lego no Maranh�o e na Guiana Francesa, enquanto caminhava a passos mais lentos no Gr�o-Par�.[8] O Cabo Norte era regi�o fronteiri�a, fracamente ocupada pela for�as coloniais europeias, rota de fuga e localiza��o perfeita para africanos escravizados no Par�, Maranh�o e Guiana Francesa constitu�rem mocambos (quilombos), de tal forma que as coroas francesa e portuguesa assinaram tratados de devolu��o m�tua de escravizados em 1732, 1752 e 1762.[9]
A partir de 1750, a Coroa Portuguesa, na figura de Francisco Xavier de Mendon�a Furtado, iniciou uma s�rie de medidas modernizadoras para assegurar a posse e as fronteiras portuguesas na regi�o amaz�nica: a funda��o de vilas e sua povoa��o com colonos portugueses, a constru��o de fortifica��es militares, a tentativa de introdu��o de monoculturas de exporta��o; a aboli��o da escravid�o dos ind�genas e a submiss�o dos nativos ao trabalho compuls�rio assalariado, regulamentado pelo Diret�rio dos �ndios e a cria��o da Companhia Geral de Com�rcio do Gr�o-Par� e Maranh�o para estimular a entrada de pessoas negras escravizadas trazidas da �frica.[8][10]
Foi nesse contexto geopol�tico que houve a funda��o dos n�cleos de coloniza��o europeia na regi�o: Vila de S�o Jos� de Macap� (1758), Vila Vistosa da Madre de Deus (1765) e Vila de Nova Mazag�o (1770), al�m da constru��o da Fortaleza de S�o Jos� de Macap� (1764-1782), fatos que impulsionaram fortemente o tr�fico negreiro para a regi�o.[9][10] Por exemplo, em fevereiro de 1765, s�o trazidos a Macap� 174 negros escravizados da C�mara de Bel�m alugados pela C�mara de Macap� para constru��o da fortaleza.[11] Em 1770, cerca de 2.000 mazaganenses aportam em Bel�m com 70 pessoas negras escravizadas (entre pretos e mouros); no mesmo ano chegam dois navios negreiros que trazem 419 negros da Guin�-Bissau, os quais s�o distribu�dos entre os mazaganenses e posteriormente assentados na Vila Nova Mazag�o entre 1770 e 1776.[10] Em 1776, um navio negreiro vindo de Benguela chega em Bel�m com 485 negros, 91 deles s�o trazidos para Macap� e uma quantidade n�o especificada � direcionada para Nova Mazag�o e Vila Vistosa.[11] Na d�cada de 1770, h� registros de negros de na��o mandinga e de na��o benguela entre os cerca de 2.400 africanos construtores da fortaleza.[9]
Embora Vila Vistosa da Madre de Deus tenha sido abandonada, a escravid�o negra amplamente difundida em Mazag�o e em Macap�, mesmo ap�s o fim dos trabalhos na fortaleza. Na Vila Nova Mazag�o, em 1799, havia mais pretos do que brancos.[11] Na Vila de S�o Jos� de Macap�, no ano de 1808, em praticamente todos os 297 domic�lios havia escravizados dedicados � lavoura � fia��o de tecidos (706 escravizados no total),[2] sendo que alguns chagavam a possuir dezenas, como a vi�va Thereza de Jesus (45 escravizados) ou Ant�nio Jos� Vaz (que possu�a nada menos que 83 escravizados).[9] Tal situa��o favorecia a ocorr�ncia de diversas fugas e revoltas[11] bem como a forma��es de mocambos: entre 1736 e 1816, o Amap� registra 18 mocambos de negros, 04 mocambos mistos (negros e ind�genas) e 1 mocambo de �ndios.[12]
Em 1888, ano da aboli��o da escravatura, ainda havia 211 pessoas negras escravizadas em Macap�.[12] Em Mazag�o, os 2 �nicos escravizados �quela data foram alforriados e foi feita uma celebra��o do acontecimento.[9]
O marabaixo antes e depois da cria��o do Territ�rio Federal do Amap� (1943-1988)
[editar | editar c�digo-fonte]Segundo a tradi��o oral, marabaixo remonta ao per�odo da escravid�o.[1][2][13] Em 1872, o jornal o Liberal do Par� menciona um grupo de pessoas negras escravizadas em Macap� colhendo galhos de murta para enfeitar o mastro da Sant�ssima Trindade ao som de toques de tambor,[14] um ritual id�ntico ao que ainda se pratica nos dias atuais.[2][15]
Pelo menos desde a d�cada de 1890 at� o in�cio da d�cada de 1940, o marabaixo em Macap� era dan�ado em frente � Igreja de S�o Jos�, logo ap�s a entrega da coroa de prata que representa o Esp�rito Santo e da missa em louvor ao Divino Esp�rito Santo.[1][2] Em frente � Igreja de S�o Jos� tamb�m era dan�ada a "carioca",[1] uma "luta dan�ada" muito provavelmente relacionada � capoeira trazida ao Brasil pelos negros de Angola.[16]
Por outro lado, o marabaixo desagradava setores da sociedade civil e da Igreja Cat�lica. Em 1898, o Jornal Pins�nia, o primeiro peri�dico impresso em terras que anos mais tarde seriam o Estado do Amap�, lan�ou pesadas cr�ticas ao marabaixo ao afirmar que "a dan�a diabola do Mar-Abaixo [...] � indecente, � o foco das mis�rias, o centro da libertinagem, a causa segura da prostitui��o [...] os paes de fam�lias, n�o devem consentir as suas filhas e esposas frequentarem t�o inconveniente e assustador espet�culo dessa dansa, oriunda dos Cafres".[17] Em 1910, o mission�rio belga Padre J�lio Maria Lombaerd combatia publicamente as festas de marabaixo e, em dado momento, quebrou a coroa do Divino e mandou entregar os peda�os ao ent�o festeiro do marabaixo.[1] Apesar da repress�o, o ato de dan�ar marabaixo em frente � Igreja matriz perdurou at� 1947, segundo relembra Lucimar Ara�jo Tavares (Tia Luci, conhecida brincante do marabaixo do Laguinho).[18]
A cria��o do Territ�rio Federal do Amap� (TFA), em 1943,[19] representou um momento de ruptura da comunidade negra e de enfraquecimento do marabaixo. Macap�, fundada como vila em 1758 e elevada � cidade em 1856,[9] desde 1944 passou a ser capital do territ�rio federal.[20] �quela data, era uma pequena cidade do interior do Par� com cerca de 1.200 habitantes, predominantemente negra e carente de infraestrutura.[1] No intuito de construir a infraestrutura necess�ria para a administra��o p�blica territorial, um dos projetos era a remo��o da popula��o negra que j� vivia na regi�o central para regi�es perif�ricas ao redor da cidade, ent�o �reas de mata e ro�ados desabitados, o que de fato ocorreu no final dos anos 1940.[1][2][3]
Uma parte da popula��o negra, liderada por Juli�o Thomaz Ramos (1876-1958) foi para o norte, para habitar ao redor do chamado Po�o do Mato (o antigo Po�o da Boa Hora), onde havia um pequeno lago que servia para coleta de �gua e lavagem de roupas. Surgiu a� o Bairro do Laguinho. Outros, liderados por Gertrudes Saturnino, se dirigiram para oeste e criaram o Bairro da Favela (hoje, Bairro Santa Rita).[1][2][3][21] O processo de despejo � ainda hoje controverso, relembrado e causa ressentimento entre aqueles que foram removidos e seus descendentes.[1][2][3] [21] Embora Juli�o Ramos e seus familiares apoiassem a pol�tica de remo��o, Josefa Lino da Silva (Tia Zefa, centen�ria brincante de marabaixo) relembra "que a maioria dos negros n�o gostou, mas ningu�m nada falava".[22] Maria Fel�cia Cardoso Ramos, outra idosa brincante do marabaixo, diz "os negros sa�am das casas, mas com aquela m�goa. N�s sa�mos com m�goa".[1]
A chegada de pessoas de outros estados a partir da cria��o do territ�rio (1943), a remo��o dos negros do Centro e a chegada do Pontif�cio Instituto das Miss�es Estrangeiras - PIME (1948) criaram muitos atritos entre brincantes do marabaixo, cl�rigos e alguns grupos sociais, que viam o marabaixo como um folclore demon�aco que deveria ser combatido. Nos anos 1950, Benedita Ramos (Tia Bil�, uma das mais conhecidas e idosas brincantes do marabaixo) afirma que seu pai (Juli�o Thomaz Ramos) e D. Felicinha foram afastados da Irmandade Sagrado Cora��o de Jesus por dan�arem marabaixo.[1] Ad�lia Tavares (Tia Gu�ta, famosa brincante de marabaixo) relembra que, nos primeiros anos do territ�rio, o marabaixo era desprezado por algumas pessoas como "dan�a de pretos" e que por isso brincantes de outras comunidades (como Curia�) deixaram de vir dan�ar marabaixo na zona urbana de Macap�.[23] Hernani Guedes (membro do grupo musical local Os Mocambos) relembra que na d�cada de 1960 "[...] quem dan�ava marabaixo ou batuque n�o era convidado para os bailes sociais".[24] Em 1980, Dom Aristides Pir�vano declarou que "[...] a Igreja n�o � contr�ria � divers�o do povo, mas n�o se pode misturar �gua benta com o diabo".[1][17] O �ltimo marabaixo em frente � Igreja de S�o Jos� de Macap� teria ocorrido em 1947.[18]
Nesse contexto, a dan�a do marabaixo migrou da frente da Igreja de S�o Jos� de Macap�, no Bairro Central, para dentro da casa do festeiro (organizador do festejo daquele ano) nos Bairros do Laguinho e da Favela, onde também passaram a ser rezadas as ladainhas e novenas (diante da mesa preparada para receber a a imagem da coroa de prata que representa a Santíssima Trindade e o Divino Espírito Santo) e realizados os bailes dançantes. O teto era enfeitado com bandeirinhas e em frente à casa do festeiro era levantado o mastro. Os homens e principalmente as mulheres da época buscavam exibir-se com roupas novas, não existia roupas padronizadas e o marabaixo era dançado descalço.[1][2][3][25]
Revalorização
[editar | editar código-fonte]Se o período territorial (1943-1988) foi de decadência e enfraquecimento do marabaixo, a partir dos anos 1980 a dança começou a passar por um projeto de resgate e valorização conduzido pelas próprias comunidades negras, movimentos sociais e poder público estadual (o Amapá tornou-se estado da federação em 08 de outubro de 1988).[1][18]
Em 1986, foi criada em Macapá a União dos Negros do Amapá (UNA), entidade civil ligada ao movimento negro muito atuante nas décadas de 1980 e 1990, voltada para o fortalecimento das tradições afro-amapaenses, combate ao racismo e promoção do acesso da população negra ao ensino superior. Alguns anos mais tarde, a UNA teria como sede do Centro de Cultura Negra (CCN), localizado no Bairro do Laguinho, sendo que até hoje o centro cultural é popularmente chamado de “UNA” (embora a entidade civil já não funcione mais).[1]
Em 1995, ocorreu o 1° Encontro dos Tambores no Quilombo do Curiaú, festividade em comemoração ao Dia da Consciência Negra que reuniu dezenas de comunidades negras e grupos de marabaixo, batuque, sairé e zimba do estado.[1][2] Desde então, o Encontro dos Tambores é realizado anualmente, em vasta programação durante o mês de novembro que inclui apresentação das comunidades e grupos, rodas de samba, pagode e capoeira, percussão das religiões de matriz africanas presentes no estado (candomblé, umbanda e tambor de mina), shows artísticos locais e nacionais, feira afro-empreendedora, palestras educativas e concurso de beleza.[26] O ápice da programação é a Missa dos Quilombos, celebração ecumênica que envolve praticantes de diversos seguimentos religiosos. Em 1998, o Encontro dos Tambores passou a ser realizado no Centro de Cultura Negra, não mais no Curiaú.[1] A Lei nº 2077/2016, de autoria da então Deputada Cristina Almeida, reconhece o Encontro dos Tambores como patrimônio imaterial do Estado do Amapá.[27]
Em 1998 foi inaugurado o Centro de Cultura Negra, no Bairro do Laguinho, Com seis blocos edificados numa aérea de 7,2 mil m², compreende um anfiteatro, Museu do Negro, auditório, espaço afro-religioso, sala de múltiplo uso e administração. O Centro de Cultura Negra foi erguido com o objetivo de preservar e difundir a cultura afro-amapaense e afro-brasileira, no entanto, salvo a programação do Encontro dos Tambores, o Centro de Cultura Negra encontra-se praticamente abandonado.[1][28][29][30]
Desde os anos 1990, o marabaixo tem sido citado como influência decisiva por muitos artistas do cenário artístico amapaense, como Patrícia Bastos (cantora de música popular amapaense, MPA),[31][32] Senzalas (grupo musical formado por Joãozinho Gomes, Val Milhomem e Amadeu Cavalcante, MPA),[31] Zé Miguel (MPA),[33] Banda Negro de Nós (MPA, zouk),[34] Preto Jorge Antagonista (hip hop),[35] Banda Tia Biló (rock),[36] Companhia de Dança Afro-Baraká (dança),[1] Coletivo Imazônia (artes plásticas).[37] O marabaixo também foi uma das manifestações culturais homenageadas pela escola de samba X-9 Paulistana, no desfile de 2020.[38][39]
Nos anos 2000 e 2010, diversas leis estaduais tiveram como objeto a salvaguarda do marabaixo, entre elas a Lei Estadual n° 845/2004 (insere o Ciclo do Marabaixo no calendário cultural do Estado),[40] Lei Estadual n° 1.263/2008 (considera o marabaixo bem histórico e cultural do Estado do Amapá, para fins de tombamento de natureza imaterial),[41] Lei Estadual n° 1.521/2010 (define o dia 16 de junho como Dia Estadual do Marabaixo)[5] e Lei Estadual n° 2.220/2017 (cria o Calendário de Eventos das Festas Tradicionais Afro-amapaenses, incluindo o marabaixo, batuque, zimba, sairé, capoeira e festividades afro-religiosas).[42] Além disso, o poder público investe recursos em dinheiro e infraestrutura para a realização das festividades anuais do Ciclo do Marabaixo. Por exemplo, em 2018, o Governo do Estado do Amapá destinou cerca de R$ 100 mil para a realização das festividades, além do suporte de segurança com a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.[43] No mesmo sentido, a Prefeitura Municipal de Macapá destinou R$ 80 mil para a realização do Ciclo do Marabaixo de 2021.[44]
Em 2018, o marabaixo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional (IPHAN) como patrimônio imaterial do Brasil e inscrito no Livro Livro de Registro das Formas de Expressão - Bens Culturais Imateriais, ao lado de manifestações como o carimbó (Pará), o maracatu (Pernambuco), o tambor de crioula (Maranhão) e a arte kusiwa do povo indígena waiãpi (Amapá).[4] A solenidade teve como consequência a criação do Comitê Gestor da Salvaguarda do Marabaixo, que objetiva elaborar o Plano de Salvaguarda do Marabaixo.[45]
"Essa questão da juventude estar inserida começou a acontecer de mais ou menos dez anos para cá. Pouquíssimo tempo. A juventude não se inseria porque tinha esse conceito de que o marabaixo era 'de velho', que era 'de preto', que era 'macumba'. Se tem muito isso. Marabaixo não é 'macumba', mas não vejo nenhum problema se fosse. Umbanda e candombl� s�o religi�es, como � a cat�lica, como � a evang�lica e que merecem todo o respeito e valoriza��o como qualquer uma outra. Mas o marabaixo n�o �! Marabaixo � uma manifesta��o cultural! Que envolve uma religi�o e essa religi�o � a Igreja Cat�lica." Danniela Ramos (Laguinho), em entrevista concedida ao IPHAN em 2019, sobre a rela��o entre marabaixo e religi�es afro-brasileiras.[6]
Apesar do crescente prest�gio, o preconceito e a desinforma��o de parte da sociedade amapaense persiste. Em 2008 e 2009, houve atritos entre os marabaixeiros e os p�rocos da Igreja S�o Benedito, ap�s o padre da �poca declarar publicamente que "o marabaixo era festa do diabo para tirar dinheiro do governo".[46] Em 2018, a ent�o Miss Amap� causou pol�mica ao demonstrar desconhecimento total sobre a manifesta��o cultural, o que culminou na abdica��o de seu t�tulo.[47] Em 2021, um pastor evang�lico causou pol�mica ao se referir � est�tua que homenageia Tia Chiquinha (famosa brincante de marabaixo e batuque do Curia�) erguida na Zona Norte de Macap� como "est�tua sombria que causa medo nas crian�as". A postagem foi repudiada por brincantes do marabaixo e por membros da cena cultural do estado.[48][49]
Ocorr�ncia
[editar | editar c�digo-fonte]O marabaixo est� intimamente ligado aos festejos do catolicismo popular realizados em louvor aos santos padroeiros e de devo��o das comunidades afrodescendentes. Cada comunidade tem suas festas tradicionais e calend�rios pr�prios compostos por diversos eventos: missas, novenas, ladainhas (parte religiosa do festejo), rodas de marabaixo, bailes dan�antes, quebra da murta, corte e levantamento do mastro, almo�os e bingos (parte l�dica do festejo). Assim, as rodas de marabaixo tradicionalmente ocorrem durante as festas em louvor ao santo de devo��o da comunidade.[1][2]
O marabaixo tamb�m � dan�ado durante o Encontro dos Tambores, festividade em alus�o ao Dia da Consci�ncia Negra que ocorre desde a d�cada de 1990, reunindo anualmente dezenas de grupos de marabaixo, batuque, sair� e zimba no Centro de Cultura Negra do Amap�[2]. A Lei n� 2077/2016, de autoria da ent�o Deputada Cristina Almeida, reconhece o Encontro dos Tambores como patrim�nio imaterial do Estado do Amap�.[27]
No Dossi� de Registro de 2018, o IPHAN identificou que existem 5 grupos que mant�m a tradi��o do marabaixo na zona urbana de Macap� (2 grupos no Laguinho e 3 na Favela, atual Santa Rita) al�m de 36 comunidades negras rurais em 3 munic�pios (Macap�, Santana e Mazag�o) que praticam a dan�a do marabaixo no interior do estado:[2]
- Abacate da Pedreira (Macap�)
- Alto do Pirativa (Santana)
- Amb� (Macap�)
- Areal do Matapi (Macap�)
- Campina Grande (Macap�)
- Carmo do Maruanum (Macap�)
- Carv�o (Mazag�o)
- Casa Grande (Macap�)
- Cinco Chagas do Matapi (Santana)
- Concei��o do Macacoari (Macap�)
- Concei��o do Maruanum (Macap�)
- Cora��o (Macap�)
- Curia� (Macap�)
- F�tima do Maruanum (Macap�)
- Igarap� do Lago (Santana)
- Ilha Redonda (Macap�)
- Joaquina do Marac� (Mazag�o)
- Lagoa de Fora (Macap�)
- Lagoa dos �ndios (Macap�)
- Maruanum (Macap�)
- Mazag�o Velho (Mazag�o)
- Nossa Senhora do Desterro (Macap�)
- Nossa Senhora da Concei��o do Maruanum (Macap�)
- Ressaca da Pedreira (Macap�)
- Rosa (Macap�)
- Santa Luzia do Maruanum (Macap�)
- Santo Ant�nio do Matapi (Macap�)
- S�o Francisco do Matapi (Santana)
- S�o Jo�o do Matapi (Santana)
- S�o Jos� do Matapi do Porto do C�u (Santana)
- S�o Jos� do Mata Fome (Macap�)
- S�o Miguel do Marac� (Mazag�o)
- S�o Raimundo do Maruanum (Macap�)
- S�o Raimundo do Pirativa (Macap�)
- S�o Tiago do Matapi (Macap�)
- Torr�o do Matapi (Macap�)
Origem
[editar | editar c�digo-fonte]No meio acad�mico, a origem do marabaixo � tida como imprecisa, embora seja unanimidade entre os praticantes que o marabaixo foi trazido da �frica pelos negros escravizados.[1][2][50] O pesquisador amapaense Fernando Canto prop�e que tenha origem no Marrocos, no norte do continente africano, pois h� brincantes e comunidades que defendem que o marabaixo foi criado e difundido em Mazag�o Velho.[51][3]
O pr�pria palavra marabaixo � tamb�m de origem incerta e existem v�rias vers�es sobre seu significado. Em uma vers�o, marabaixo faria refer�ncia do trajeto do navio negreiro mar abaixo (ou seja, da �frica para o Brasil).[1][13] Noutra, seria a uma corruptela de marabiti ("louvar", em �rabe).[13] Em outra triste vers�o, o termo marabaixo teria se originado a partir de um negro africano que faleceu durante a horrenda viagem no navio negreiro e teve seu corpo jogado mar abaixo, sendo posteriormente feita uma dan�a em sua homenagem.[2]
"O marabaixo, ele veio da �frica. Eles vinham no fundo do barco, no fundo do navio... Vinham no fundo do navio jogado no fundo do navio... Acorrentado! E desse por�o do navio � que eles vinham cantando mar acima e mar abaixo." Raimundo Lino Ramos (1936-2011), o Mestre Pav�o, um dos mais respeitados marabaixeiros do Bairro do Laguinho, sobre a origem do marabaixo.[13]
"Ele mandou chamar o negro [...] pegaram ele e embarcaram ele obrigado [...] botaram pra dentro do navio, e sa�ram e vieram embora. [...] Quando entraram no norte, o velho morreu, fraco, l� emburrado. [...] o velho fedendo, morreu h� mais de 3 dias l�, a� a mesma senhora que era dona do grupo [...]: o fulano vai nos fazer mal, o mar � bento, � sagrado, vamos jogar ele no mar. A� todo mundo rezou pra eles e jogaram ele no mar, a� ele foi descendo, no mar abaixo. A sinh� deu licen�a e fez um coco, em homenagem a ele. E ela disse que a dan�a agora, n�o ia ter mais o nome de coco, mas de Marabaixo." Josefa Pereira Lau (1928-2020), a Tia Zezinha, uma das mais respeitadas mestras do marabaixo e do batuque de Mazag�o Velho e da Comunidade Quilombola do Igarap� do Lago, sobre a origem do marabaixo.[2]
Caracter�sticas
[editar | editar c�digo-fonte]Instrumentos
[editar | editar c�digo-fonte]O instrumento musical caracter�stico do marabaixo � a caixa de marabaixo (chamadas de zanga no Quilombo do Maruanum).[1] Na maioria das comunidades, � o �nico instrumento tocado durante as rodas de marabaixo, por�m algumas poucas comunidades (como Mazag�o Velho e Maruanum) tamb�m utilizam os paus-de-chuva (chocalhos comprido feito de bambu).[52]
A caixa de marabaixo � geralmente produzida de madeira nobre. Seu corpo possui formato cil�ndrico com duas peles de couro animal (sucuriju, carneiros, veados, bodes) afixadas nas extremidades e tensionadas por meio de aros feitos de madeira flex�vel. O som � produzido pelo ato de percutir com duas baquetas o couro afixado em uma das extremidades fazendo com que as ondas formadas no interior da caixa atinjam a extremidade oposta desta, onde est� afixada a esteira da caixa, um fio em nylon preenchida com mi�angas que fica muito pr�xima ao couro da extremidade inferior da caixa, fundamental produzir o som t�pico do instrumento. As caixas s�o atracadas com fios e peda�os de borracha, presos a elas pela lateral, os quais s�o respons�veis pela afina��o do instrumento. Para as caixas serem tocadas, s�o presas ao ombro por um cord�o grosso colorido.[1][2]
Os toques (chamados dobrados ou viradas) produzidos pelos caixeiros s�o diversos: podem ser mais lentos ou mais acelerados; mais cadenciados ou mais quebrados; dependendo do ladr�o (cantiga), da comunidade (Macap�, Mazag�o Velho e Maruanum t�m ritmos diferentes) e da habilidade do tocador. O diferencial do marabaixo � que os caixeiros evoluem DENTRO da roda junto com os dan�antes, ao mesmo tempo que tocam a caixa e jogam ou respondem os ladr�es. Uma roda de marabaixo pode ter de tr�s a sete tocadores, geralmente homens (embora seja muito comum que mulheres tamb�m toquem caixa).[1][2]
Canto
[editar | editar c�digo-fonte]Dan�a
[editar | editar c�digo-fonte]O marabaixo � uma dança de roda.[52] Nas rodas de marabaixo, os tocadores de caixa posicionam-se no centro, enquanto os dançantes dançam ao redor deles, formando uma roda que gira sempre em sentido anti-horário. O passo característico do marabaixo é pé arrastado no ritmo das caixas, o que representa os antigos africanos escravizados com os pés acorrentados.[1][2]
No marabaixo, os dançantes seguem o passo básico de pés arrastados um seguido do outro, mas todos têm a oportunidade de desenvolver seus próprios movimentos e gingados peculiares. As mulheres dançam segurando a saia rodada num bailado cadenciado que envolve deslocamento lateral, para frente e para trás e também girando para ambos os lados. Ora os braços são embalados pela ginga dos corpos, ora são movimentados para baixo e para cima e, às vezes, erguidos para cima no momento dos giros. Os quadris são requebrados e empurrados para trás, para frente e para ambos os lados. Os homens dançam cortejando a dama com movimentos corpóreos cheios de “catimba, graça e presepada”. Ora se agacham como se fossem cair, ora ficam saculejando os ombros, ora abrem as pernas inclinando o corpo à frente e marcando a cadência da cantiga com os pés arrastados um seguido do outro ou paralelos, com passos miúdos.[1] No passado, a performática corporal era discreta porque rememorava os antepassados africanos acorrentados; hoje, o toque da caixa e a dança apresentam uma postura corporal altiva, alegre e confiante, que busca transmitir orgulho e afirmação.[2]
No passado, junto ao marabaixo existiu entre os negros de Macapá uma “luta dançada”, chamada de carioca. Em 1949, o pesquisador Manoel Nunes Pereira a descreveu como “homens ‘feitos’, rapazes e crianças que se empenhavam em luta corporal, rasteiras e capoeiras”. Segundo Pedro Bolão, quilombola do Curiaú brincante do marabaixo, a carioca era executada pelos homens e ocorria no momento em que as pessoas iam realizar o corte da murta. Na ocasião o som da caixa era “dobrado”, ou seja, em ritmo bastante acelerado. A carioca em si está há muitas décadas extinta em Macapá, mas uma referência a ela ainda existe nas rodas de marabaixo, quando os dançantes simulam uma luta corporal com movimentos parecidos com a capoeira.[2]
Vestimentas
[editar | editar código-fonte]Ciclo do Marabaixo: etapas e significados
[editar | editar código-fonte]Ciclo do Marabaixo é o nome que se dá ao tradicional festejo organizado pelos negros do Laguinho e da Favela (bairros da região central de Macapá) em homenagem à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo: eventos sagrados (missas e ladainhas) e profanos ou lúdicos (roda de marabaixo, corte dos mastros, quebra da murta, bailes dançantes, almoços e outros eventos) compõem o calendário do ciclo. O ciclo do marabaixo sempre começa no Sábado de Aleluia (na Favela) e no Domingo de Páscoa (no Laguinho); e termina no Domingo do Senhor (primeiro domingo após Corpus Christi). Assim, as datas iniciais e finais do ciclo variam de ano a ano em função da data da Páscoa.[1][3][25]
Os atos e datas do Ciclo do Marabaixo estão especificados abaixo. A título ilustrativo, serão utilizadas as datas relativas ao ciclo de 2018.
ETAPAS DO CICLO DO MARABAIXO[1][3][53] | |||
Data | Local | Ato | Descrição |
Sábado de Aleluia (31/03/2018) | Favela | Aceitação das bandeiras (de dia) e marabaixo de aceitação das bandeiras (à noite) | No Sábado de Aleluia, os brincantes do Laguinho (portando a bandeira vermelha e branca do Divino Espírito Santo) vão às ruas encontrar os brincantes da Favela (portanto a bandeira azul e branca da Santíssima Trindade). O ato representa o reencontro das famílias negras separadas pela remoção do centro de Macapá, na década de 1940. À noite, ocorre o marabaixo de aceitação da bandeira: primeira roda de marabaixo do ciclo, que ocorre na Favela. A roda de marabaixo começa às 18hs e termina à meia-noite. |
Domingo de Páscoa (01/04/2018) | Laguinho | Marabaixo da Ressurreição | Primeira roda de marabaixo no Laguinho. |
Pausa | Depois dos atos de abertura, na Semana Santa, o ciclo pausa durante quatro semanas, recomeçando no quinto final de semana após a Páscoa. | ||
Quinto sábado após a Páscoa (05/05/2018) | Laguinho | Sábado do mastro do Divino Espírito Santo (corte dos mastros) | No quinto sábado após a Páscoa, os brincantes do Laguinho vão ao Quilombo do Curiaú cortar os mastros (ou seja, retirar das matas dois troncos de árvore: um será pintado de vermelho e branco e outro será enfeitado com murta e em seguida erguidos em frente à casa do festeiro). Depois de cortado, os mastros são levados à casa do festeiro pelas ruas do Bairro do Laguinho ao som das caixas de marabaixo. |
Domingo seguinte ao sábado dos mastros do Divino Espírito Santo (06/05/2018) | Laguinho | Domingo do Mastro do Divino Espírito Santo | No dia seguinte ao corte do mastro ocorre a segunda roda de marabaixo no Laguinho, das 18hs à meia-noite. |
Primeira quarta-feira após o domingo dos mastros (09/05/2018) | Laguinho | Quarta-Feira da Murta do Divino Espírito Santo | Na tarde da quarta-feira, os brincantes do Laguinho retornam às matas do Curiaú para quebrar a murta (retirar galhos da referida planta, para prendê-los junto a um dos mastros retirados no final de semana anterior). A murta é uma planta aromática que faz referência à murta bíblica, representando limpeza e pureza espiritual. Em seguida, os brincantes caminham com os galhos de murta pelas ruas do bairro do Laguinho, ao som do toque das caixas, até a casa do festeiro. A partir das 18hs começa a terceira roda de marabaixo do Laguinho, que terminará somente na manhã da quinta-feira seguinte. |
Quinta-feira seguinte à quarta-feira da murta (10/05/2018) | Laguinho | Quinta-feira da Hora | Depois de uma noite inteira de marabaixo, às 06hs da manhã da chamada Quinta-feira da Hora ocorre a levantação dos mastros do Divino Espírito Santo. Os dois mastros são erguidos na frente da casa do festeiro: um deles é pintado de vermelho e branco e outro tem galhos de murta presos por toda sua extensão. No alto de ambos os mastros é pregada uma pequena bandeira vermelha e branca, representando o Divino Espírito Santo. À noite, ocorre o primeiro baile dançante, embalado por som mecânico reproduzindo as músicas da moda (como o tecnobrega paraense ou o zouk antilhano). No passado, o baile dançante era chamado Baile de Sócios do Divino Espírito Santo: o baile era frequentado apenas pelo sócios pagantes da mensalidade. Como no presente, a música tocada não era o marabaixo, mas a música em voga no momento. |
Sexta-feira seguinte à Quinta-feira da Hora (11/05/2018) | Laguinho | Na noite da sexta-feira seguinte à Quinta-Feira da Hora é rezada a primeira de 9 ladainhas (em português e em latim) em louvor ao Divino Espírito Santo. Para as ocasião, o festeiro organiza dentro de sua casa um altar com flores, velas e uma pequena imagem (coroa de prata enfeitada de fitas vermelhas e brancas). | |
Pausa | No primeiro final de semana imediatamente após a levantação dos mastros do Divino Espírito Santo, não há nenhum evento. O ciclo recomeça no final de semana seguinte, momento em que recomeçará o ciclo na Favela. | ||
Segunda sexta-feira após a levantação dos mastros do Divino Espírito Santo (18/05/2018) | Laguinho e Favela | Na segunda sexta-feira após a levantação dos mastros é rezada a primeira de 9 ladainhas (em português e em latim) em louvor à Santíssima Trindade. Para as ocasião, o festeiro organiza dentro de sua casa um altar com flores, velas e uma pequena imagem (coroa de prata enfeitada de fitas azuis e brancas). | |
Segundo sábado depois da Quinta-feira da Hora (19/05/2018) | Laguinho e Favela | Sábado do mastro da Santíssima Trindade (corte dos mastros) | No segundo sábado após a levantação dos mastros do Divino Espírito Santo, o ciclo prossegue no Laguinho e recomeça na Favela depois de uma longa pausa. Os brincantes retornam às matas do Curiaú: os brincantes do Laguinho e da Favela vão retirar dois mastros cada um: um será pintado de azul e branco e outro será enfeitado com galhos de murta. No Laguinho ocorre o segundo baile dançante. |
Domingo seguinte ao sábado do mastro da Santíssima Trindade (20/05/2018) | Laguinho e Favela | Domingo do Divino Espírito Santo | Pela manhã, ocorre uma missa seguida de café da manhã. À tarde ocorre a quebra da murta da Santíssima Trindade: os brincantes do Laguinho e da Favela retornam ao Quilombo do Curiaú para quebrar a murta. Em seguida, caminham com os galhos de murta pelas ruas do bairros do Laguinho e da Favela, ao som do toque das caixas, até a casa do festeiro. A partir das 18hs começa a quarta roda de marabaixo do Laguinho e a segunda roda de marabaixo da Favela. Em ambos os locais a festa terminará somente na manhã da segunda-feira seguinte. |
Segunda-feira seguinte ao Domingo da Murta da Santíssima Trindade (21/05/2021). | Laguinho e Favela | Segunda-feira da Levantação do Mastro da Santíssima Trindade | Depois de uma noite inteira de marabaixo, às 06hs da manhã da segunda-feira ocorre a levantação dos mastros da Santíssima Trindade. Os dois mastros são erguidos na frente da casa do festeiro: um deles é pintado de azul e branco e outro tem galhos de murta presos por toda sua extensão. No alto de ambos os mastros é pregada uma pequena bandeira azul e branca, representando a Santíssima Trindade. Ocorre, ainda, o terceiro baile dançante (Laguinho) |
Primeiro sábado após à levantação dos mastros da Santíssima Trindade (26/05/2018) | Laguinho | Quarto e último baile dançante. | |
Primeiro domingo após a levantação dos mastros da Santíssima Trindade (27/05/2018) | Laguinho e Favela | Domingo da Santíssima Trindade | Pela manhã, ocorre uma missa. À tarde ocorre um almoço. Na Favela, o almoço é denominado “Almoço dos Inocentes”, momento no qual é ofertado alimento a doze crianças da comunidade e depois para o público em geral. |
Corpus Christi (31/05/2018) | Laguinho e Favela | Corpus Christi | Pela manhã, ocorre uma missa. À noite, das 18hs à meia-noite, ocorre a quinta roda de marabaixo do Laguinho e terceira roda de marabaixo da Favela. |
Domingo seguinte a Corpus Christi (03/05/2018) | Laguinho e Favela | Domingo do Senhor (encerramento do ciclo) | Eventos de encerramento. À tarde ocorre a derrubada dos mastros e a escolha do novo festeiro: o primeiro a tocar na bandeira posicionada no alto dos mastros se torna o anfitrião do ciclo do ano seguinte. Das 18 à meia-noite ocorre a sexta (no Laguinho) e quarta (na Favela) roda de marabaixo, a última do ciclo. |
Bibliografia
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Referências
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- "Marabaixo" (IPHAN, 2019)
- "Ladrões de Marabaixo" (Canal Futura, 2015)
- "Marabaixo, Ciclo de Amor, Fé e Esperança" (ABDC, 2008)
- "Percursos da Tradição - Dança do Marabaixo" (SESC/SP, 2019)
- "Música Negra do Amapá" (Eduardo Pereira)
- "Marabaixo - A Dança Africana" (Rede Amazônica, 1993)