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Orquestra Sinfônica de Porto Alegre

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(Redirecionado de OSPA)
Concerto da OSPA no salão de atos da UFRGS, em 2009.

A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) é um conjunto musical brasileiro sediado em Porto Alegre. Foi fundada em 17 de dezembro de 1949 sob os auspícios do Orfeão Rio-Grandense, mas conflitos administrativos levaram à sua extinção em outubro do ano seguinte para ser refundada como uma entidade independente, o que ocorreu em 23 de novembro de 1950. Em 22 de janeiro de 1965 foi encampada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, tornando-se uma fundação vinculada à Secretaria da Cultura.[1]

Suas atividades têm sido importantes para a educação musical do público gaúcho e, contando com uma escola de música, para a formação de novas gerações de intérpretes. A OSPA teve em sua história maestros de renome e trouxe para para seus concertos um grande número de solistas e maestros convidados brasileiros e estrangeiros. Criou um público cativo, é um dos ícones culturais de Porto Alegre,[2] a mais antiga sinfônica do Brasil em atividade ininterrupta desde sua fundação, uma das mais importantes do pais, e ganhou reconhecimento internacional. Sua extensa agenda de concertos já atingiu a maioria das cidades do estado.[3] Em 2010 a Prefeitura a declarou Patrimônio Imaterial da cidade.[4]

Desde fins do s�culo XIX os m�sicos de Porto Alegre haviam se conscientizado da necessidade de ser criada uma orquestra sinf�nica est�vel. Alguns grupos foram formados nas d�cadas seguintes, como as orquestras do Club Haydn, a do Centro Musical Porto-Alegrense e a do Sindicato dos M�sicos Profissionais, mas dependiam principalmente de financiamento privado, que n�o foi sempre dispon�vel na medida desejada. Assim, parecia que a sa�da para as dificuldades recorrentes seria uma funda��o amparada pelo Governo do Estado.[1]

Depois que o Orfe�o Rio-Grandense firmou uma parceria com o Governo em 1944, obtendo um financiamento permanente para a organiza��o das temporadas l�ricas oficiais, a materializa��o dos antigos anseios da classe musical porto-alegrense tornou-se vi�vel. Em 1945 o Orfe�o convidou o maestro h�ngaro Pablo Koml�s para dirigir as apresenta��es da �pera Aida, de Verdi. A boa receptividade incentivou Koml�s a retornar � cidade no ano seguinte para reger uma s�rie de concertos sinf�nicos com uma orquestra formada por m�sicos h�ngaros radicados em Porto Alegre e outros recrutados entre os membros do Sindicato, que contribu�ram para firmar sua reputa��o. Em 1949 o Orfe�o teve de substituir seu diretor art�stico, e foi cogitado o nome de Koml�s para a posi��o. Na mesma altura o Orfe�o se preparava para fundar uma orquestra sinf�nica, o que veio a ocorrer em 17 de dezembro, sob a denomina��o de Orquestra Sinf�nica de Porto Alegre. A diretoria foi formada por Cl�vis Leite, presidente; Clot�rio Barbosa, vice-presidente; Paulo Hecker, secret�rio, e Francisco Roberto Eggers, tesoureiro, sendo nomeado Koml�s para organizar o grupo de m�sicos e servir como maestro titular. Em 23 de mar�o de 1950 foi realizado o primeiro concerto no Theatro S�o Pedro, que foi um sucesso. Outros concertos foram realizados nos meses seguintes.[1][5]

A primitiva OSPA havia sido fundada com estatutos e verba pr�prios, mas sua vincula��o ao Orfe�o criou um problema jur�dico e administrativo. Desta forma, em assembleia do seu Conselho Diretor de 31 de outubro de 1950 foi decidida sua extin��o, a fim de eventualmente recri�-la com total independ�ncia. Para este fim, nove dos antigos fundadores reuniram-se com outros simpatizantes e, com o apoio do Sindicato dos M�sicos, em assembleia de 23 de novembro foi fundada a segunda OSPA. A diretoria foi composta por Lu�s Fontoura Junior, presidente; Jo�o Pio de Almeida, Arnaldo Bercht e Lu�s Kelen, vice-presidentes; Francisco Machado Vila e Jo�o Falc�o, secret�rios; Conrado Ferrari, Fernando Kessler e Artur Schaefer, tesoureiros; Enio Marsiaj, Carlos Ferreira de Azevedo, Paulo Vianna Guedes, Jo�o Neugebauer e Ilse Woebcke Warncke, conselheiros. Pablo Koml�s permaneceu na reg�ncia, e em 5 de dezembro era realizado o primeiro concerto com a execu��o da 9� Sinfonia de Beethoven.[1][5]

Por�m, esta segunda funda��o n�o contou com o apoio financeiro do Governo, e desde logo seu financiamento se revelou dif�cil, sendo necess�rio recorrer � colabora��o de m�sicos amadores para preencher os quadros. Em 1953 foi assinado um conv�nio com a Prefeitura, que inclu�a uma subven��o monet�ria e a autoriza��o para a utiliza��o de membros da Banda Municipal em caso de necessidade. Esse apoio foi fundamental para que a OSPA pudesse organizar um roteiro de atividades permanente. Outros conv�nios firmados em 1954 com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e o Governo Federal injetaram mais recursos, mas o pagamento era irregular e os sal�rios dos m�sicos atrasavam com frequ�ncia.[1]

Concerto da OSPA no Audit�rio Ara�jo Viana em 2015.

A situa��o permaneceu dif�cil at� a d�cada de 1960, o que levou � encampa��o definitiva da orquestra pelo Governo do Estado, criando-se uma funda��o atrav�s do decreto de lei n� 17.173 de 22 de janeiro de 1965, sob forma de autarquia. Os m�sicos foram reconhecidos nos seus direitos como funcion�rios p�blicos, assim como os estrangeiros, desde que se naturalizassem. Desde ent�o a OSPA � um �rg�o da Secretaria Estadual de Cultura.[1]

Com o suporte governamental os m�sicos ganharam um grande aumento de sal�rio, as atividades se estabilizaram e seu n�mero aumentou, mantendo uma m�dia de 70 concertos por ano. Em 1969 foi criado o Coral Sinf�nico e em 1970 iniciaram as excurs�es para fora do estado, a primeira delas com apresenta��es em S�o Paulo e Rio de Janeiro. Na gest�o do presidente Jorge Alberto Furtado (1972-1974) foram criadas a Escola de M�sica e a Orquestra de C�mara, e na excurs�o de 1973 quase todas as capitais brasileiras foram visitadas, recebendo cr�ticas muito favor�veis de v�rios jornais, que a descreveram como a melhor sinf�nica do Brasil naquela �poca. 1975 foi um ano dif�cil, muitos m�sicos migraram para S�o Paulo e as finan�as estavam deficit�rias, mas novos conv�nios firmados com os governos estadual e federal corrigiram os problemas, e em 1976 a OSPA surgia revigorada.[6]

A aposentadoria de Koml�s em 1977 causou um grande abalo na institui��o, j� que ele, junto com Moys�s Vellinho, presidente de 1952 a 1972, foram os principais respons�veis pela continuidade do grupo e pela consolida��o do prest�gio adquirido. Um novo regente e diretor art�stico, David Machado, s� foi empossado em maio de 1978, mas ele tinha uma vis�o diferente e fazia outras exig�ncias, criando-se um ambiente de conflito com o presidente da funda��o, Oswaldo Goidanich, e com os m�sicos, e seu contrato foi rescindido em 1980. [6] Foi substitu�do por Eleazar de Carvalho, que tinha um enorme prest�gio internacional e permaneceu na dire��o art�stica at� 1987, sendo recontratado para o per�odo de 1991 e 1992,[7] dando novo impulso �s atividades de concerto e ao aperfei�oamento t�cnico da orquestra e reativando o Coral Sinf�nico.[8] Na gest�o de Evandro Matt� (2015-) foi obtido o Palacinho para sediar a Escola de M�sica, foi criado Coro Jovem, o programa de excurs�es pelo interior foi retomado, e depois de muitos anos alugando o Teatro Leopoldina para suas apresenta��es e ensaios, chegou a bom termo o antigo projeto de uma sede pr�pria que inclu�sse uma sala de concertos, que se tornou a Casa da M�sica da OSPA, instalada em um amplo espa�o do Centro Administrativo do Estado.[9][10][11]

A OSPA tamb�m teve como regentes titulares/diretores art�sticos os maestros Fl�vio Chamis, Tulio Belardi, Arlindo Teixeira, Cl�udio Ribeiro, Ion Bressan, Isaac Karabtchevsky e Tiago Flores. Muitos foram os artistas de renome que passaram pela OSPA. Entre eles, Friedrich Gulda, Antonio Janigro, Janos Starker, Pierre Fournier, Mischa Maisky, Bruno Gelber, Kurt Redel, Montserrat Caball�, Luciano Pavarotti e Josep Carreras, entre outros. Solistas brasileiros como Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Roberto Szidon, Miguel Proen�a, Antonio Meneses, Hugo Vargas Pilger, Jean-Louis Steuermann e Alexandre Dossin tamb�m se apresentam regularmente nas temporadas da OSPA.[12]

Presidentes da Funda��o OSPA

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Diretores art�sticos / regentes titulares

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Regentes assistentes

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Regentes auxiliares

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Pr�mios e indica��es

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Ano Categoria Indica��o Resultado
1998[13] Disco de M�sica Erudita M�sica Nova do Rio Grande do Sul Indicado
2010[14] Espet�culo do Ano 20º Concerto Oficial comemorativo aos 60 anos da Ospa - 9ª Sinfonia de Beethoven - Regência Isaac Karabtchevsky Indicado
2010[15] Prêmio Especial do Juri Homenagem pelos 60 anos da orquestra Venceu
2014[16] Espetáculo do Ano Chimango - O Musical (com Arthur Barbosa) Indicado
2015[17] Espetáculo do Ano O Grande Encontro - 3ª Edição - Música dos Gaúchos (OSPA e vários artistas[18]) Indicado
2022[19] Álbum de Música Erudita OSPA e Convidados (OSPA e vários artistas) Venceu
Álbum do Ano OSPA e Convidados (OSPA e vários artistas) Venceu

Referências

  1. a b c d e f Corte Real, Antônio. Subsídios para a História da Música no Rio Grande do Sul. Movimento, 1984, 2ª edição, pp. 99-128
  2. "Réquiem para o teatro da OSPA". Editorial J, 26/09/2011
  3. Bartz, Guilherme Furtado. Vivendo de música : trabalho, profissão e identidade uma etnografia da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, de Porto Alegre. Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2018, pp. 65-66
  4. Pereira, Marli Rejani d'Ávila. Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre. Secretaria Municipal da Cultura / Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural, s/data, s/pp.
  5. a b Simões, Julia da Rosa. Na pauta da lei: trabalho, organização sindical e luta por direitos entre músicos porto-alegrenses (1934-1963). Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2016, pp. 118-121
  6. a b Hohlfeldt, Antonio & Valles, Rafael Rosinato. Dois pioneiros da comunicação no Rio Grande do Sul: Oswaldo Goidanich, Roberto Eduardo Xavier. Edipucrs, 2008, pp. 60-69
  7. "Ospa homenageia o maestro Eleazar de Carvalho em seu centenário". Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, 25/06/2012
  8. Eizirik, Moysés. Imigrantes judeus: relatos, crônicas, perfis. Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, 1986, p. 107
  9. Maluf, Jamil. "Conversa com o maestro Evandro Matté". Programa Intérprete, Rádio Cultura FM, 23/06/2017
  10. "Como o maestro Evandro Matté conquistou a direção artística de três orquestras gaúchas". Zero Hora, 16/07/2018
  11. "Programa Frente a Frente — Evandro Matté". TVE-RS, 05/04/2018
  12. História. OSPA.
  13. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. «Indicados ao Prêmio Açorianos de Música - 1998». Consultado em 17 de abril de 2018 
  14. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. «Indicados ao Prêmio Açorianos de Música - 2010». Consultado em 3 de maio de 2018 
  15. "Vencedores do Prêmio Açorianos de Música - 2010". Prefeitura Municipal de Porto Alegre
  16. Prefeitura Municipal de Porto Alegre (1 de dezembro de 2015). «Prêmio Açorianos de Música ocorre nesta terça-feira». Consultado em 7 de maio de 2018 
  17. Prefeitura Municipal de Porto Alegre (5 de outubro de 2016). «Prêmio Açorianos de Música anuncia lista completa de indicados». Consultado em 8 de maio de 2018 
  18. Prefeitura Municipal de Porto Alegre (24 de novembro de 2015). «O Grande Encontro terá a Ospa e músicos gaúchos no Araújo Vianna». Consultado em 8 de maio de 2018 
  19. "Cerimônia revela vencedores do Açorianos de Música". Prefeitura de Porto Alegre, 23/11/2022

Ligações externas

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