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Base militar

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(Redirecionado de Quartel-general)
Vista aérea do quartel do Regimento de Guarnição n.º 1, base militar do Exército Português na Ilha Terceira.
 Nota: "Quartel" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Quartel (desambiguação).

Uma base militar ou quartel é uma instalação vocacionada para responder às necessidades das forças armadas, sendo normalmente operada e mantida pelas mesmas. Existem inúmeros tipos de bases militares, que podem ter funções operacionais ou logísticas, podem ser de natureza permanente ou temporária e podem ser terrestres, aéreas ou navais. Independentemente do tipo, quase todas as bases militares incluem — em maior ou menor grau — instalações para alojamento de pessoal militar e para armazenamento de material, para realizar guerras,[1] bem como meios para assegurar a sua segurança e defesa imediata.

Segundo o documento escrito pelo engenheiro militar Jorge Stumpf Vasconcellos, denominado "Princípios de Defesa Militar",[2] sendo este tipo de construção destinada para a concentração de tropas que já era utilizada na antiguidade. Alguns historiadores militares, segundo esse mesmo autor, fazem também referência à organização ou ordenação em que o "quartel" (a quarta parte general ou cardeal, do ponto cardeal), do comando de um oficial general ou almirante (se o quartel for naval); pois é antiga a organização ou ordem militar de quatro em quatro (melhor e mais coesa organização militar) ou em até de seis em seis (menor organização militar em coesão militar em comandos), isso desde os tempos dos soldados ou marinheiros romanos e antes disso até, nos soldados e marinheiros de Sun Tzu, segundo tratados históricos. Havendo alguns trabalhos históricos que consideram a Grande Muralha da China, como um agrupamento de quartéis de infantaria e cavalaria para a defesa da China.

O autor explica também que geralmente e com esse fim são os quartéis construídos em posição dominante no terreno (rosa dos ventos), o chamado "quartel-general", comandava os demais quart�is, em posi��es estrat�gicas de vigia. Os castelos da Idade M�dia lembram em muito pela sua forma e funcionalidade os quart�is ou aquartelamentos modernos, devido a sua mesma operacionalidade hist�rica.

Foi em torno de 1671 que Jean Louvois, conselheiro do rei de Fran�a ao codificar os fundamentos organizacionais dos diversos ex�rcitos tanto de mar quanto terrestre, constituindo-os como perfil permanente e profissional, assim definiu que os militares deveriam se concentrar num local que servisse de ponto de refer�ncia, encontro, vigil�ncia, que dominasse o terreno ou na��o que deveriam manter sobre soberania e principalmente de onde poderiam emanar as ordens para as tropas de forma organizada. Desta forma, os quart�is deveriam ser dotados de defesas contra ataques externos, e ao mesmo tempo um local seguro e de domin�ncia em caso de cerco pelo inimigo.

Os primeiros quart�is ou tamb�m mais modernamente chamados de "base" ou "fortalezas", com funcionalidades organizacionais atuais de soberania tanto terrestre, como mar�tima e a�rea, isso �, sem o necess�rio perfil ou forma tradicional de castelos ou grande muralhas, foram constru�dos pela primeira vez em 1692 por Vauban, general e estrategista. Sua forma foi definida quadrada ou como querem alguns historiadores na forma "aquartelada (aparentemente quadrada, com at� cinco a seis lados)", em torno do s�culo XVIII.

Designa��es

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Base Operacional Avan�ada de Logar, base t�tica tempor�ria multinacional no Afeganist�o.

Al�m dos in�meros tipos existentes, as bases militares podem ser designadas de muitas maneiras, que variam de acordo com o pa�s, o ramo das for�as armadas, a �poca, a fun��o, as condi��es de opera��o, a tradi��o e diversos outros fatores.

Designa��es comuns de bases de �mbito terrestre incluem "quartel", "pol�gono", "caserna", "arsenal", "dep�sito", "posto", "pres�dio", "campo", "�rea militar", "forte", "paiol" ou "guarni��o".

J� bases de �mbito naval t�m designa��es como "base naval", "esta��o naval", "porto militar", "arsenal" ou "ponto de apoio naval".

Uma base de �mbito aeron�utico pode ter designa��es como "base a�rea", "base da for�a a�rea", "base aeronaval", "aer�dromo-base" ou "aer�dromo militar".

Algumas designa��es de bases militares podem referir-se diretamente � sua fun��o, tal como "base log�stica", "base de fuzileiros navais", "base de submarinos" ou "base de tropas paraquedistas".

Tipos e fun��es

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Em sentido lato, o termo "base militar" pode referir-se a qualquer estabelecimento que sirva para alojar pessoal e armazenar equipamento de todos os ramos das for�as armadas de um pa�s ou mesmo das suas forças paramilitares e de segurança. Contudo, em sentido restrito, o termo pode aplicar-se só a alguns tipos daqueles estabelecimentos. Por exemplo, "base militar" pode referir-se apenas a instalações do exército ou de outros tipos de forças terrestres como fuzileiros ou guardas nacionais, excluindo assim as instalações usadas pela marinha e força aérea, sendo estas designadas respetivamente "bases navais" e "bases aéreas".

Uma base militar pode ser permanente ou temporária. Normalmente, as bases permanentes têm infraestruturas mais desenvolvidas, sendo utilizadas tanto em tempo de guerra como em tempo de paz. Já as bases temporárias são apenas constituídas tendo em vista uma campanha ou operação militar de duração limitada, sendo desativadas logo que aquelas findem. Exemplos de bases temporárias ou semi-permamentes incluem as bases táticas avançadas — destinadas a apoiar as unidades militares empenhadas em operações numa determinada região —, as bases logísticas — destinadas a prestar apoio logístico às forças em operações — e as bases de fogos — destinadas a executar fogo de artilharia em apoio das forças terrestres em combate.

A maioria das bases militares são áreas fechadas, de acesso restrito, onde só pode entrar o pessoal militar ou civil que ali opere. Existem contudo bases de grande dimensão que incluem áreas residenciais para os seus militares, funcionários civis e respetivas famílias, de acesso menos restrito. Este tipo de base funciona como uma autêntica cidade, dispondo dos seus próprios serviços urbanos como restaurantes, lojas, escolas, hospitais e instalações desportivas.

Geralmente, uma base militar destina-se a alojar uma ou mais unidades militares. Se fôr uma base operacional, além de simplesmente alojar as unidades militares, dispõe também das condições para as projetar rapidamente para as zonas de operações. Contudo, uma base militar pode também funcionar como centro de comando, centro de instrução militar, centro de armazenamento e reparação de equipamento ou centro de teste e desenvolvimento de material.

A maioria das bases militares necessita da assistência vinda do exterior para poder operar. Contudo, algumas delas organizam-se como as antigas fortalezas, dispondo de suficientes abastecimentos de alimentos, água, energia e outras provisões, que permitem aos seus habitantes viver sitiados e isolados do exterior durante longos períodos de tempo.

Instalações militares por país

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Países Lusófonos

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No Brasil, os primeiros quartéis foram construídos a partir de 1701, na forma geral e moderna do general e estrategista Vauban; pois antes dessa data tivemos os nossos quartéis em forma de castelos portugueses, que respondiam pela função dos quartéis e seus necessários quartéis-generais de comandos. Desde o descobrimento do Brasil, em 21 de abril de 1500, quando a armada portuguesa de Pedro Álvares Cabral ainda não tinha desembarcado, posto que chegaram ao anoitecer,[3] podendo eles, o almirante e tripulantes de bordo identificar e ver, no litoral brasileiro os inúmeros pontos de luz ou fogueiras; sugerindo ser de inúmeras tribos de índios ou com mais possibilidade, pela grande experiência militar do próprio almirante, ser de piratas, com mais e bastante certeza; que povoavam o chamado "Ilhéu" (ilha grande), da denominada por eles de "Coroa Vermelha" (nome dado pelo aspecto, visto pelas fogueiras ou pontos de luz, vistas de alto mar pelo almirante), como primeiro nome do que depois se chamaria de "Vera Cruz"; "Terra" de "Santa Cruz" e do "Brasil (que não deixa de se reportar ao primeiro nome)", parte essa da terra que cabia a Portugal a Este do Tratado de Tordesilhas. Desde o início e em posteriores contatos com El-Rei, o Almirante Pedro Álvares Cabral informava que as tais terras careceriam de volumosas somas para a sua segurança, uma vez que deveriam ser resgatadas dos piratas que por sua vez tinham a simpatia dos nativos locais, pois davam presentes, vindos do mundo exterior a eles.

Entrada do Campo Militar de Santa Margarida.

A grande maioria das bases do Ex�rcito Portugu�s s�o tradicionalmente designadas "quart�is". Cada um dos edif�cios de alojamento, sobretudo de pra�as, que comp�em um quartel � designado "caserna". Administrativamente, cada quartel corresponde normalmente a um �rg�o de base da Componente Fixa do Sistema de For�as, respons�vel por realizar forma��o, sustenta��o e apoio geral ao Ex�rcito. A maioria destes �rg�os designa-se "escola" ou "regimento". No quartel de cada �rg�o de base podem estar instaladas uma ou mais unidades operacionais do Ex�rcito (batalh�es, companhias independentes ou equivalentes). Apesar de no per�metro de alguns quart�is existirem blocos habitacionais para os militares e suas fam�lias, esta n�o � a pr�tica comum. Normalmente, estes vivem inseridos nas comunidades civis locais, habitando em resid�ncias privadas ou em edif�cios de habita��o do Ex�rcito situados fora dos quartel. A maioria dos quart�is foi constru�da entre as d�cadas de 1950 e de 1960, segundo o modelo CANIFA, com caracter�sticas muito semelhantes entre si, cada um incluindo casernas e outras instala��es para alojamento de um regimento com cerca de 1000 militares e ocupando uma �rea que pode ir dos 100 000 m� aos 200 000 m�. O Ex�rcito Portugu�s disp�e de instala��es maiores, designadas "�reas militares" ou "campos militares", a maior das quais � o Campo Militar de Santa Margarida, ocupando uma �rea de 64 000 000 m� e com uma guarni��o de cerca de 5000 militares.

A principal base militar da Marinha Portuguesa � a Base Naval de Lisboa, que agrupa administrativamente diversas instala��es navais localizadas no estu�rio do Tejo, das quais a principal � a Esta��o Naval do Alfeite. No Per�metro Militar do Alfeite, est�o tamb�m instalados outros �rg�os da Marinha, incluindo a Base de Fuzileiros. Para al�m da base Naval de Lisboa, a Marinha disp�e de uma s�rie de instala��es secund�rias, onde se incluem v�rios pontos de apoio naval, para suporte dos navios estacionados ou em tr�nsito pelas v�rias zonas mar�timas.

As principais bases militares e aer�dromos da For�a A�rea Portuguesa s�o as bases a�reas. Al�m das bases a�reas, a For�a A�rea disp�e de bases a�reas secund�rias designadas "aer�dromos de manobra". Algumas das instala��es log�sticas da For�a A�rea, que n�o s�o destinadas a atividades de voo, s�o simplesmente designadas "bases".

Pa�ses N�o-Lus�fonos

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Caserna Julius Leber em Berlim, Alemanha.

A grande maioria das bases terrestres das For�as de Defesa da Alemanha s�o designadas "Kaserne" (casernas). Isto aplica-se tanto aos aquartelamentos do Ex�rcito Alem�o, como �s instala��es similares em terra da Marinha, da For�a A�rea e mesmo da Pol�cia de Interven��o. As bases navais da Marinha Alem� s�o designadas "Marinest�tzpunkte" (pontos de apoio da Marinha). As bases a�reas da For�a A�rea Alem� s�o designadas Fliegerhorste (literalmente "ninhos de �guia") e os aer�dromos do Ex�rcito s�o designados "Heeresflugpl�tze" (campos de avia��o do Ex�rcito).

Monumento na entrada principal da Base das For�as Canadianas de Petawawa.

Todas as instala��es principais das For�as Armadas Canadianas s�o genericamente designadas "bases das For�as Canadianas" (CFB, Canadian Forces bases em ingl�s e BFC, Bases des forces canadiennes em franc�s), independentemente de serem bases terrestres, a�reas, navais ou conjuntas. Para uma instala��o ser classificada como BFC � necess�rio que a� esteja estacionada permanentemente uma ou mais unidades militares principais, como regimentos do Ex�rcito, navios da Marinha ou alas da For�a A�rea.

As instala��es secund�rias s�o designadas genericamente "esta��es das For�as Canadianas" (CFS, Canadian Forces stations em ingl�s e SFC, Stations des forces canadiennes em franc�s). Cada esta��o das For�as Canadianas destina-se apenas a alojar uma pequena unidade, como uma esta��o de radar. Para efeitos administrativos, a maioria destas instala��es foi desclassificada como entidade aut�noma, passando a funcionar como um destacamento da BFC mais pr�xima.

Estados Unidos da Am�rica

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Aquartelamentos de uma brigada na USAG de Fort Liberty.

As bases militares dos v�rios ramos das For�as Armadas dos EUA s�o, na maioria dos casos, grandes instala��es que podem ocupar centenas de quil�metros quadrados de �rea e ter uma popula��o residente de mais de 100 000 pessoas, entre militares, funcion�rios civis e respetivos familiares. Normalmente, as bases congregam aquartelamentos para o pessoal das unidades ali estacionadas, dep�sitos de material, zonas de treino e manobras, aer�dromos e bairros residenciais para os funcion�rios e fam�lias. Os bairros residenciais disp�em de todas as infraestruturas e servi�os que poderiam ser encontrados numa cidade, incluindo correios, lojas, restaurantes, centros recreativos, escolas e instala��es desportivas. Em termos legais, as bases militares dos EUA constituem circunscri��es administrativas aut�nomas, n�o sujeitas �s autoridades civis locais, dispondo das suas pr�prias autoridades policiais, judiciais e administrativas particulares. Frequentemente, as bases s�o baptizadas com o nome de um militar not�vel.

No que diz respeito �s bases do Ex�rcito dos EUA, as mesmas s�o administradas pelo Comando de Gest�o de Instala��es (IMCOM, Installation Management Command), o qual � respons�vel por disponibilizar servi�os, facilidades e infraestruturas eficazes, eficientes e normalizadas aos militares, civis e suas fam�lias. As principais bases s�o as guarni��es do Ex�rcito dos Estados Unidos (USAG, U.S. Army garrisons), que consistem, na maioria dos casos, em grandes instala��es multifuncionais que servem de aquartelamento a grandes unidades militares e de �reas de instru��o e manobra. A maioria das USAG situadas no territ�rio dos EUA inclui na sua designa��o oficial o termo "fort" (forte). Al�m das USAG, o Ex�rcito dos EUA disp�e de outras instala��es mais especializadas, vocacionadas para a log�stica, que incluem as f�bricas de muni��es do Ex�rcito (AAP, Army ammunitions plants), os dep�sitos do Ex�rcito (Army depots), os dep�sitos qu�micos (chemical depots) e os arsenais (arsenals).

Estabelecimento comercial na zona residencial da Base do Corpo de Marines de Camp Pendleton.

O Corpo de Marines dos EUA disp�e de bases militares terrestres genericamente designadas "Marine Corps bases" (bases do Corpo de Marines) e de bases a�reas designadas "Marine Corps air stations" (esta��es a�reas do Corpo de Marines). Tradicionalmente, grande parte das bases dos Marines tem uma designa��o que inclui o termo "camp" (acampamento).

A Marinha dos EUA disp�e de bases navais e de bases aeronavais. Nas primeiras incluem-se as esta��es navais (naval stations), as bases anf�bias navais (naval amphibious bases), as bases submarinas navais (naval submarine bases) e as atividades de suporte naval (naval support activities). Nas segundas incluem-se as esta��es a�reas navais (naval air stations) e as facilidades a�reas navais (naval air facilities). Al�m destas, a Marinha dos EUA disp�e de instala��es designadas "naval bases" (bases navais) que congregam administrativamente duas ou mais bases de diferentes tipos, sob o mesmo comando.

As principais bases a�reas da For�a A�rea dos EUA s�o designadas "Air Force bases" (bases da For�a A�rea) quando localizadas no territ�rio dos EUA e "air bases" (bases aéreas) quando localizadas em território estrangeiro. As bases onde existe pouca ou nenhuma atividade de voo são designadas "Air Force stations" quando nos EUA e "air stations" quando no estrangeiro. A Força Aérea dos EUA também dispõe de uma série de aeródromos secundários designados "fields" (campos) ou "auxiliary fields" (campos auxiliares), bem como outras instalações.

Notas e referências

  1. «US students speak out on the way forward in the fight to end school shootings after Uvalde massacre». World Socialist Web Site (em inglês). Consultado em 10 de junho de 2022 
  2. Publicação da Biblioteca do Exército, 1939.
  3. Em torno de vinte horas, segundo o Diário de Bordo e outros documentos históricos de bordo das naves, presentes no Museu Naval da Torre de Tombo, cidade do Porto, Portugal.

Ligações externas

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