Saltar para o conteúdo

Sincretismo político

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A pol�tica sincr�tica, ou pol�tica espectral-sincr�tica, integra elementos de todo o espectro pol�tico convencional, da Esquerda (pol�tica)Direita (pol�tica). Essa abordagem foi influenciada pelo Sincretismo e pela Sincretismo religioso O cerne da pol�tica sincr�tica reside na ideia de que adotar uma postura de neutralidade pol�tica e/ou combinar elementos tanto da esquerda quanto da direita pode levar a um objetivo de reconcilia��o ou erradica��o de ambos.[1]

O sincretismo pol�tico pode tomar posi��es que n�o se enquadram no espectro pol�tico convencional, conjugar posi��es de ambos os lados pol�ticos ou ainda manter posi��es de neutralidade, optando por combinar - ou n�o - elementos associados com a esquerda e com a direita.[2][3][4]

Exemplos hist�ricos

[editar | editar c�digo-fonte]

A Falange Espanhola, por exemplo, tradicionalmente considerada de extrema-direita, apresentava-se como sincr�tica,[5] por atacar tanto a esquerda como a direita tradicional, considerando ambas suas "inimigas" e declarando-se nem de esquerda nem de direita, mas uma terceira posi��o.[6]

No Reino Unido, o surgimento do New Labour sob Tony Blair e Gordon Brown foi uma aposta na Terceira Via, misturando pol�ticas econ�micas neoliberais, como a privatiza��o banc�ria, com pol�ticas socialmente progressistas.[7]

Estados Unidos da Am�rica

[editar | editar c�digo-fonte]
Retrato de Franklin D. Roosevelt.

Nos Estados Unidos, os adeptos da Terceira Via abra�am o Conservadorismo fiscal em maior medida do que os liberais sociais tradicionais e advogam alguma substitui��o do Bem estar social pelo trabalho assistido, e �s vezes t�m uma prefer�ncia mais forte por solu��es de mercado para problemas tradicionais (como nos mercados de polui��o), enquanto rejeitam o Laissez-faire puro e outras posi��es do direito-libert�rio.[8] Esse estilo de governar foi firmemente adotado e parcialmente redefinido durante a administra��o do Presidente Bill Clinton. O cientista pol�tico Stephen Skowronek introduziu o termo "Terceira Via" na interpreta��o da pol�tica presidencial americana. Tais presidentes minam a oposi��o ao adotar pol�ticas dela em um esfor�o para ocupar o centro e, com isso, alcan�ar a domina��o pol�tica.[9][10][11] Essa t�cnica � conhecida como triangula��o e foi usada por Bill Clinton e outros Novos Democratas que buscavam ir al�m da reputa��o do liberalismo do New Deal do partido em resposta ao realinhamento pol�tico da d�cada de 1980. Atrav�s dessa estrat�gia, Clinton adotou temas associados ao Partido Republicano, como conservadorismo fiscal, reforma do bem-estar social, desregulamenta��o e pol�ticas de lei e ordem. Famosamente, ele declarou no Discurso do Estado da Uni�o de 1996 que "a era do grande governo acabou".[12][13] Nos Estados Unidos, o movimento Patriot Front, por rejeitar tanto o Partido Republicano (Estados Unidos) e o Partido Democrata (Estados Unidos), pode se considerar de "Terceira Posi��o"

Segunda Rep�blica Congolesa/Zaire

[editar | editar c�digo-fonte]

No Congo, o Mobutismo, foi a ideologia oficial do Movimento Popular da Revolu��o (MPR) e a principal ideologia estatal do Zaire durante a Guerra Fria. Essa doutrina abra�ava e exaltava os pensamentos, vis�es e pol�ticas do presidente zairense autoproclamado "Pai da Na��o", Mobutu Sese Seko. O Mobutismo, em s�ntese, se baseava-se em uma doutrina de nega��o tanto do Comunismo (Bloco Sovi�tico), quanto do Capitalismo liberal (Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte). Ao mesmo tempo que Mobutu tentava se manter como N�o-Alinhado, o governo do Zaire fez alian�as com a China de Mao Zedong e os Estados Unidos de Ronald Reagan.

Bandeira do Zaire e símbolo do Movimento Popular da Revolução e do mobutismo.

O Movimento Popular da Revolução (MPR) foi estabelecido como o Partido único legalmente aceito no Zaire. Inicialmente, Mobutu projetou a constituição do Zaire para permitir um partido de oposição nominal, mas mais tarde argumentou que a constituição apenas recomendava, sem exigir, resultando na criação de um Estado de Partido único e na proibição de todos os outros partidos políticos em 1966. A ideologia, estabelecida no Manifesto de N'sele,[14] incorporava os princípios do "Nacionalismo", da "Revolução" e da "autenticidade". A revolução foi descrita como uma "verdadeira revolução nacional, essencialmente pragmática", rejeitando tanto o Capitalismo quanto o Comunismo, favorecendo uma "revolução nacional". O Manifesto de N'sele também delineou as intenções do governo, incluindo a expansão da autoridade do governo nacional, a modernização das normas trabalhistas, a busca pela independência econômica e a promoção de um "nacionalismo autêntico" no Zaire.[15]

Atualmente, a ideologia sobrevive em organizações como a União dos Democratas Mobutuistas de Nzanga Mobutu.

Enéas Carneiro, candidato à presidência do Brasil em três ocasiões, intitulava-se nacionalista apenas, rejeitando o eixo Esquerda e direita (política) por considerá-los obsoletos.[16]

Outros Exemplos

[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «syncretism, n.». Oxford University Press. 2 de março de 2023. Consultado em 22 de abril de 2024 
  2. Griffin, Roger (7 de setembro de 1995). Fascism (paperback). Col: Oxford readers second printing ed. Oxford, England, UK: Oxford University Press. pp. 8, 307. ISBN 978-0192892492 
  3. Kallis, Aristotle A. (25 de dezembro de 2002). The Fascism Reader. [S.l.]: Routledge. p. 71. ISBN 978-0415243599 
  4. Blamires, Cyprian. World Fascism: A Historical Encyclopedia (hardcover) (em ABC-CLIO e Inc.) 5 ed. Santa Barbara, California, USA: ABC-CLIO, Inc. pp. 14, 561. ISBN 978-1576079409. Consultado em 27 de outubro de 2012 
  5. Fernandez, Paloma Aguilar (agosto de 2002). Memory in Amnesia: The Role of the Spanish Civil War in the Transition to Democracy (hardcover). Oxford, England, UK; New York, New York, USA: Berghahn Books. ISBN 978-1571817570. Consultado em 27 de outubro de 2012 
  6. Griffin, Roger (7 de setembro de 1995). Fascism (paperback). Col: Oxford readers second printing ed. Oxford, England, UK: Oxford University Press. p. 189. ISBN 978-0192892492. Consultado em 27 de outubro de 2012 
  7. McAnulla, Stuart (setembro de 2010). «Heirs to Blair's third way? David Cameron's triangulating conservatism». British Politics (3): 286–314. ISSN 1746-918X. doi:10.1057/bp.2010.10. Consultado em 22 de abril de 2024 
  8. Harris, John F. (2005). The survivor: Bill Clinton in the White House. New York: Random House 
  9. Harris, John F. (2005). The survivor: Bill Clinton in the White House. New York: Random House 
  10. Skowronek, Stephen (2001). The politics presidents make: leadership from John Adams to Bill Clinton 4. print ed. Cambridge, Mass.: Belknap Press of Harvard Univ. Press 
  11. Valelly, Rick (13 de julho de 2021). «AN OVERLOOKED THEORY ON PRESIDENTIAL POLITICS». Princeton University Press: 124–128. Consultado em 22 de abril de 2024 
  12. «Ashtown, 6th Baron, (Christopher Oliver Trench) (23 March 1931–27 April 1990)». Oxford University Press. Who Was Who. 1 de dezembro de 2007. Consultado em 22 de abril de 2024 
  13. «The Presidency of Bill Clinton, January 20, 1993 – January 20, 2001». 2300 N Street, NW, Suite 800, Washington DC 20037 United States: CQ Press. 2009: 551–572. Consultado em 22 de abril de 2024 
  14. Kithima, A. R. (1967). «Manifeste du Mouvement Populaire de la Révolution 'M.P.R.'». Études congolaises (em inglês) (3): 66–79. Consultado em 22 de abril de 2024 
  15. Merrill, James A. (janeiro de 1994). «A Guest Editorial». Obstetrical & Gynecological Survey (1): 1–2. ISSN 0029-7828. doi:10.1097/00006254-199401000-00001. Consultado em 22 de abril de 2024 
  16. Dr. Enéas Carneiro - Esquerda ou Direita?, consultado em 9 de outubro de 2022 
Ícone de esboço Este artigo sobre política ou um(a) cientista político(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.