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Tratado de Bucareste (1812)

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O tratado de Bucareste foi um tratado internacional entre o Império Otomano e o Império Russo, foi assinado em 28 de maio de 1812, em Manuc's Inn, em Bucareste, e ratificado em 5 de julho de 1812, no final da Guerra Russo-Turca de 1806-1812. Os otomanos tinham se saído mal na guerra. A Sublime Porta, acima de tudo, queria ficar fora do conflito iminente entre a França de Napoleão e a Rússia. Os russos não queriam uma guerra em duas frentes, então eles fizeram a paz para serem livres para a próxima guerra com a França. Os otomanos haviam se livrado de uma guerra potencialmente desastrosa com uma ligeira perda de território. Este tratado tornou-se a base para futuras relações russo-otomanas.[1]

Guerra russo-turca de 1806

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A guerra foi travada entre o Imp�rio Russo e o Imp�rio Otomano a partir de 1806. Aconteceu ao mesmo tempo que as Guerras Napole�nicas se espalhavam pela Europa. O sult�o Selim III do Imp�rio Otomano foi encorajado pelo Imp�rio Franc�s a remover v�rios senhores de suas terras na Val�quia e na Mold�via. Isto foi devido �s suas posi��es pr�-russas mantidas nos estados vassalos otomanos. Durante isso, os franceses tamb�m se mudaram para a Pen�nsula Balc�nica, aumentando as tens�es com a R�ssia. Para proteger suas fronteiras de uma poss�vel invas�o francesa, a R�ssia moveu milhares de soldados para a Mold�via e Val�quia, o que fez com que o sult�o declarasse guerra � R�ssia.

Inicialmente, uma grande ofensiva otomana foi enviada para Bucareste, Val�quia, que foi ocupada por russos, mas falhou. Na Arm�nia, alguns milhares de soldados russos venceram contra 20 000 das for�as turcas, e ent�o a R�ssia teve uma grande vit�ria naval derrotando a frota otomana. Esta vit�ria naval, juntamente com as outras vit�rias iniciais, levou Selim III a ser deposto. Os russos ent�o destru�ram a frota otomana para estabelecer a supremacia naval. Em 1811, o gr�o-vizir Ahmed Pax� reuniu 60 000 soldados turcos na Bulg�ria controlada pelos otomanos. Depois de alguns meses, eles atacaram os russos, mas foram retidos por tempo suficiente para que os russos recuassem atrav�s do rio Dan�bio. Os turcos perseguiram-nos, mas foram levados para uma emboscada e foram prontamente cercados. Pouco depois dessas batalhas, a R�ssia decidiu que era hora de fazer a paz.[2][3]

O sudeste europeu ap�s o tratado de Bucareste: a Bessar�bia em verde claro

Negocia��es

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As negocia��es tiveram lugar em Bucareste e come�aram em 11 de janeiro de 1812. Os negociadores otomanos foram Mehmed Said Galib Efendi, Reis Efendi, Muftuzade Ibrahim Selim Efendi e Abdulhamid Efendi. Os plenipotenci�rios russos foram Andr� Italinsky, Tenente-General Jean Sabaniev, Joseph Fontone e Antoine Fonton. Inicialmente, a R�ssia se recusou a modificar os termos de paz para dar aos otomanos qualquer benef�cio. Eles queriam ganhar mais terras nos B�lc�s e no C�ucaso do que os otomanos estavam dispostos a dar e queriam o controle de muitos portos e fortalezas turcas ao longo do Mar Negro e do Rio Dan�bio. Foi quando o plenipotenci�rio brit�nico, Stratford Canning, veio a Constantinopla para ajudar a levar o processo adiante. Canning recomendou � R�ssia que fosse mais moderada em suas demandas de territ�rios europeus e asi�ticos, porque se os otomanos fossem empurrados longe demais, eles poderiam recorrer � Fran�a para um aliado. Os franceses, no entanto, tentavam impedir que o acordo fosse alcan�ado. No in�cio de maio, os russos modificaram o fim das exig�ncias a conselho de Canning, para avan�ar no tratado. Eventualmente, o tratado foi assinado por ambas as partes em Manuc's Inn, Bucareste, em 28 de maio de 1812 e ratificado em 5 de julho de 1812.[2][3]

O Espaço Cárpato-Danúbio-Pôntico em 1812 d.C., após o Tratado de Bucareste, que levantou o Problema da Bessarábia.

Sob seus termos, o Budjak e a metade oriental do Principado da Moldávia, entre os rios Prut e Dniester, com uma área de 45 630 km2 (17 617,8 sq mi) (Bessarabia), foi cedido pelo Império Otomano (do qual a Moldávia era vassalo) à Rússia. Além disso, a Rússia obteve direitos comerciais sobre o Danúbio.[2][3]

Na Transcaucásia, os otomanos renunciaram às suas reivindicações para a maior parte da Geórgia ocidental, aceitando a anexação russa do Reino de Imereti, em 1810.  Em troca, eles mantiveram o controle de Akhalkalaki, Poti e Anapa anteriormente capturados pelas tropas russo-georgianas no curso da guerra.[2][3][4]

Além disso, foi assinada uma trégua (artigo 8.º do Tratado) com os sérvios rebeldes e dada autonomia à Sérvia.[4]

O Tratado de Bucareste, assinado pelo comandante russo Mikhail Kutuzov, foi ratificado por Alexandre I da Rússia 13 dias antes da invasão da Rússia por Napoleão.[4]

Referências

  1. Robarts, Andrew (2008). «Bucharest, Treaty of». In: Ágoston, Gábor; Masters, Bruce. Encyclopedia of the Ottoman Empire. Facts On File. p. 94. ISBN 978-0-8160-6259-1 
  2. a b c d William Edward David Allen, Paul Muratoff. Caucasian Battlefields: A History of the Wars on the Turco-Caucasian Border, 1828-1921, Cambridge University Press 2010, p.19, ISBN 978-1-108-01335-2
  3. a b c d Frederik Coene. The Caucasus - An Introduction, Routledge 2010, p.125, ISBN 9780415666831
  4. a b c John F. Baddeley. Russian Conquest of the Caucasus, Longman, Green and Co. 1908, Chapter V