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Música da África

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�frica

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Cultura da �frica

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A m�sica tradicional da �frica, dada a vastid�o do continente, � historicamente antiga, rica e diversificada, com diferentes regi�es e na��es da �frica tendo muitas tradi��es musicais distintas. A m�sica na �frica � muito importante quando se trata de religi�o. M�sica e can��es s�o usadas em rituais e cerim�nias religiosas, para passar hist�rias de gera��o em gera��o, bem como para cantar e dan�ar.

A m�sica tradicional na maior parte do continente � transmitida oralmente (ou auditivamente) e n�o est� escrita.[1] Nas tradi��es musicais da �frica Subsaariana, muitas vezes se baseia em instrumentos de percuss�o de todas as variedades, incluindo xilofones, djembes, tambores e instrumentos produtores de sons, como o mbira ou "piano de polegar".[2][3]

A m�sica e a dan�a da di�spora africana, formada em graus variados nas tradi��es musicais africanas, incluem a m�sica dos Estados Unidos e muitos g�neros afro-caribenhos, como soca, calipso e zouk. Os g�neros musicais latino-americanos, como a rumba, a conga, a bomba, a cumbia, a salsa e o samba foram fundados sobre a m�sica de africanos escravizados e, por sua vez, influenciaram a m�sica popular africana.[2]

Caracter�sticas gerais

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Como a m�sica da �sia, da �ndia e do Oriente M�dio - com efeito, estudiosos percebem fortes influ�ncias do Isl� e do Sudeste Asi�tico na m�sica africana -,[1] � uma m�sica altamente r�tmica. A m�sica africana consiste em padr�es r�tmicos complexos,[1] geralmente envolvendo um ritmo tocado contra o outro para criar polirritmia. A polirritmia mais comum toca tr�s batidas em cima de duas, como uma trinca tocada contra notas retas. Al�m da natureza r�tmica da m�sica, a m�sica africana difere da m�sica ocidental, na medida em que as v�rias partes da m�sica n�o combinam necessariamente de forma harmoniosa.

Os m�sicos africanos, ao contr�rio dos m�sicos ocidentais, n�o procuram combinar sons diferentes de um modo que agrade aos ouvidos. Em vez disso, seu objetivo � expressar a vida, em todos os seus aspectos, por meio do som. Cada instrumento ou parte pode representar um aspecto particular da vida ou um car�ter diferente; a linha de passagem de cada instrumento / pe�a � mais importante do que como os diferentes instrumentos e partes se encaixam.

Compreender a m�sica africana torna-se ainda mais dif�cil quando se considera que n�o existe uma tradi��o escrita; h� pouca ou nenhuma m�sica para estudar ou analisar. Isso torna quase imposs�vel anotar a m�sica - especialmente as melodias e harmonias - usando a equipe ocidental. Existem diferen�as sutis no tom e na entona��o que n�o se traduzem facilmente para a nota��o ocidental.

Dito isto, a m�sica africana � a que mais se aproxima das escalas tetrat�nicas (tr�s notas), pentat�nicas (cinco notas), hexat�nicas (seis notas) e heptat�nicas (sete notas). A harmoniza��o da melodia � realizada cantando em ter�os, quartos ou quintas paralelos. Outra forma distintiva da m�sica africana � a sua natureza chamada-e-resposta: uma voz ou instrumental toca uma pequena frase mel�dica, e essa frase � ecoada por outra voz ou instrumento. A natureza de chamada-e-resposta se estende ao ritmo, onde um tambor vai tocar um padr�o r�tmico, ecoado por outro tambor tocando o mesmo padr�o. A m�sica africana tamb�m � altamente improvisada. O padr�o r�tmico central � tipicamente tocado, com os bateristas improvisando novos padr�es sobre os padr�es originais est�ticos.

XaviAlan P. Merriamer Vatin[4] estudou na��es de candombl� no estado brasileiro da Bahia (descendentes de distintas na��es e grupos �tnicos africanos) quanto ao seu patrim�nio musical espec�fico. Reuniu dados hist�ricos, etnogr�ficos, lingu�sticos e confrontando-os no respeito da pertin�ncia relativa a sua origem, interpenetra��es de civiliza��es e revelou a exist�ncia de constantes e diverg�ncias, bem como de um n�mero consider�vel de empr�stimos e influ�ncias rec�procas tanto no plano etnogr�fico como estritamente musical. Sinteticamente falando encontrou 20 toques: 8 s�o origin�rios da na��o Queto; 7 origin�rios da na��o J�je; 4 da na��o Angola e um total de 15 empr�stimos rec�procos. Analise similar tem sido feita nos grandes grupos etno-lingu�sticos africanos bem como da m�sica popular da �frica correlacionando estas com a denominada m�sica negra ao redor do mundo.

Afora os instrumentos de percuss�o, que s�o os mais importantes da m�sica africana, instrumentos de cordas tamb�m se mostram bastante variados no continente, sendo o arco um exemplo antigo. Harpas tamb�m aparecem em abund�ncia e em grande variedade de tipos.[1]

Instrumentos de sopro tamb�m desempenham papel importante. Nas regi�es em volta do Lago Vit�ria, por exemplo, acredita-se que flautas tenham poderes m�gicos e elas s�o incorporadas em importantes ritos dos povos locais.[1] Trompetas feitas com partes de animais tamb�m s�o comuns.[1]

No que diz respeito ao uso da voz, a polifonia � comum nos cantos africanos.[5]

Instrumentos africanos podem ter fins bastante espec�ficos; por exemplo, h� instrumentos que s� podem ser tocados em determinados rituais, outros que s� podem ser tocados na presen�a de certas figuras e alguns que n�o podem sequer ser vistos por mulheres ou n�o-iniciados.[6]

M�sica por regi�o

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Norte da �frica e o Chifre da �frica

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Aar Maanta tocando com sua banda no Pier Scheveningen Strandweg em The Hague, Holanda

O Norte da �frica � a sede do Antigo Egito e Cartago, civiliza��es com fortes la�os com o Antigo Oriente Pr�ximo e que influenciaram as antigas culturas gregas e romanas. Eventualmente, o Egito caiu sob o dom�nio persa seguido pelo dom�nio grego e romano, enquanto Cartago foi mais tarde governado por romanos e v�ndalos. O Norte da �frica foi mais tarde conquistado pelos �rabes, que estabeleceram a regi�o como o Magrebe do mundo �rabe.

Como os g�neros musicais do Vale do Nilo e do Chifre da �frica,[7] sua m�sica tem la�os estreitos com a m�sica do Oriente M�dio e utiliza modos modos similares (maqamat).[8] A m�sica do norte da �frica tem um alcance consider�vel, desde a m�sica do Egito antigo at� a m�sica berbere e tuaregue dos n�mades do deserto. A m�sica art�stica da regi�o durante s�culos seguiu o contorno da m�sica cl�ssica �rabe e andaluza: os seus g�neros contempor�neos populares incluem o Ra� argelino.

Com estes podem ser agrupados a m�sica do Sud�o e do Chifre da �frica, incluindo a m�sica da Eritreia, Eti�pia, Djibuti e Som�lia. A m�sica somali � tipicamente pentat�nica, usando cinco alturas por oitava, em contraste com uma escala heptat�nica (sete notas), como a escala maior.[7] A m�sica das terras altas da Eti�pia usa um sistema modal fundamental chamado qenet, do qual existem quatro modos principais: tezeta, bati, ambassel e anchihoy.[9] Tr�s modos adicionais s�o varia��es do acima: tezeta minor, bati major e bati minor.[10] Algumas can��es tomam o nome de seu qenet, como tizita, uma can��o de reminisc�ncias.[9]

Oeste, Central, Sudeste e �frica do Sul

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O pioneiro etnomusic�logo Arthur Morris Jones (1889-1980) observou que os princ�pios r�tmicos compartilhados das tradi��es musicais da �frica Subsaariana constituem um sistema principal.[11] Da mesma forma, o mestre baterista e erudito C. K. Ladzekpo afirma a "profunda homogeneidade" dos princ�pios r�tmicos da �frica Subsaariana.[12]

A M�sica tradicional africana � freq�entemente funcional na natureza. As apresenta��es podem ser longas e geralmente envolvem a participa��o do p�blico.[13] Existem, por exemplo, pequenos tipos diferentes de can��es de trabalho, can��es que acompanham o parto, casamento, ca�a e atividades pol�ticas, m�sica para afastar os maus esp�ritos e prestar respeitos aos bons esp�ritos, aos mortos e aos ancestrais. Nada disso � realizado fora do contexto socialista pretendido e muito dele est� associado a uma dan�a em particular. Algumas delas, executadas por m�sicos profissionais, s�o m�sica sacra ou cerimonial e m�sica de corte realizada nas cortes reais.

Musicologicamente, a �frica Subsaariana pode ser dividida em quatro regi�es:[11]

  • A regi�o oriental: inclui a m�sica de Uganda, m�sica do Qu�nia, Qu�nia, Ruanda, Burundi, Tanz�nia, Malawi, Mo�ambique e Zimb�bue bem como as ilhas de Madagascar, Seicheles, Maur�cia e Comores. Muitos deles foram influenciados pela m�sica �rabe e tamb�m pela m�sica da �ndia, pela m�sica da Indon�sia, pela Indon�sia e pela m�sica da Polin�sia. Polin�sia. As tradi��es est�o principalmente na corrente principal da l�ngua subsaariana povos de l�ngua niger-congoleses.
  • A regi�o sul: inclui a m�sica da �frica do Sul, Lesoto, Essuat�ni, Botswana, Nam�bia e Angola.
  • A regi�o central: inclui a m�sica do Chade, da Rep�blica Centro-Africana, da Rep�blica Democr�tica do Congo e da Z�mbia, incluindo a m�sica pigmeu.
  • A m�sica da �frica Ocidental: inclui a m�sica do Senegal e da G�mbia, da Guin� e Guin�-Bissau, Serra Leoa e Lib�ria, das plan�cies do interior do Mali, N�ger e Burkina Faso, as na��es costeiras da Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Nig�ria, Camar�es, Gab�o e Rep�blica do Congo, bem como ilhas como S�o Tom� e Pr�ncipe.

A �frica Austral, Central e Ocidental s�o similarmente na tradi��o musical subsaariana. Eles tamb�m t�m v�rias influ�ncias auxiliares, das regi�es mu�ulmanas da �frica e, nos tempos modernos, das Am�ricas e da Europa Ocidental.

A m�sica popular africana, como a m�sica tradicional africana, � vasta e variada. A maioria dos g�neros contempor�neos de m�sica popular africana se baseia na poliniza��o cruzada com a m�sica popular ocidental. Muitos g�neros de m�sica popular como o blues, jazz, salsa, zouk e rumba derivam em graus variados de tradi��es musicais da �frica, levadas para as Am�ricas por africanos escravizados. Esses ritmos e sons foram posteriormente adaptados por g�neros mais recentes, como rock e rhythm and blues. Da mesma forma, a m�sica popular africana adotou elementos, particularmente os instrumentos musicais e as t�cnicas de est�dio de grava��o da m�sica ocidental. O termo afropop (tamb�m denominado afro-pop ou afro pop) � usado �s vezes para se referir � m�sica pop africana contempor�nea. O termo n�o se refere a um estilo ou som espec�fico,[14] mas � usado como um termo geral para a m�sica popular africana.[15]

Nomes not�rios

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G�neros de m�sica popular africana:

Ibo tocando um arco musical.

Referências

  1. a b c d e f The Larousse Encyclopedia of Music 1982, p. 21.
  2. a b «Definitions of Styles and Genres: Traditional and Contemporary African Music». CBMR. Columbia University 
  3. Estrella, Espie. «African music». Music Education. about.com 
  4. Vatin, Xavier. dez., 2001. Música e Transe na Bahia: as nações de candomblé abordadas numa perspectiva comparativa. Ictus: 7-17. Bahia disponível em pdf
  5. The Larousse Encyclopedia of Music 1982, pp. 21-22.
  6. The Larousse Encyclopedia of Music 1982, p. 22.
  7. a b Abdullahi, Mohamed Diriye (2001). Culture and customs of Somalia. Greenwood. pp. 170–171. ISBN 978-0-313-31333-2.
  8. Hoppenstand, Gary (2007). The Greenwood Encyclopedia of World Popular Culture, Volume 4. Greenwood Press. p. 205. ISBN 978-0-313-33255-5.
  9. a b {{{2}}}. "{{{1}}}", The New Grove Dictionary of Music and Musicians, ed. S. Sadie and J. Tyrrell (London: Macmillan, 2001), {{{3}}}, {{{4}}}.
  10. Abatte Barihun, Notas do encarte do álbum Ras Deshen , 200.
  11. a b Jones, A. M. (1959). Studies in African Music. London: Oxford University Press. 1978 edition: ISBN 0-19-713512-9.
  12. Ladzekpo, C. K. (1996). "Cultural Understanding of Polyrhythm". Foundation Course in African Music.
  13. GCSE Music – Edexcel Areas of Study, Coordination Group Publications, UK, 2006, p. 36.
  14. BBC Afropop
  15. Marco Antonio Miguel. «Congotronics». Editora Escala. Raça Brasil. 159 páginas 
  • Geoffrey Hindley, ed. (1982). «Music of the oral traditions: African music». The Larousse Encyclopedia of Music (em inglês) 2ª ed. Nova York: Excalibur. ISBN 0-89673-101-4 

Ligações externas

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