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Chatô, o Rei do Brasil

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Chatô, o Rei do Brasil
Chatô, o Rei do Brasil
Pôster promocional do filme.
 Brasil
2015 •  cor •  102 min 
Gênero comédia
Direção Guilherme Fontes
Produção Guilherme Fontes
Júlio Uchoa
Roteiro João Emanuel Carneiro
Matthew Robbins
Guilherme Fontes
Baseado em Chatô, o Rei do Brasil
(livro de Fernando Morais)
Elenco Marco Ricca
Andréa Beltrão
Paulo Betti
Leandra Leal
Eliane Giardini
Gabriel Braga Nunes
Companhia(s) produtora(s) Zoebra Filmes
Lançamento 19 de novembro de 2015
Idioma português
Orçamento R$ 8.641.000[1]

Chatô, o Rei do Brasil é um filme brasileiro, dirigido e produzido por Guilherme Fontes, com roteiro baseado na obra homônima de Fernando Morais.

Chatô traz uma versão romantizada da vida do Paraibano Assis Chateaubriand, magnata da comunicação e fundador dos Diários Associados.[2][3] No longa, ele é interpretado por Marco Ricca, identificando traços de personalidade como o cinismo e o deboche, além de seu lado mulherengo e extrovertido.[4] A vida de Chateaubriand é analisada a partir de um AVC, que o faz delirar com um julgamento transmitido pela TV em pleno horário nobre de domingo, onde antigos amores e desafetos se unem para o acerto de contas.[5]

O filme começou a ser produzido em 1995, com previsão de lançamento para 1997, e depois adiado para 1999, ano em que foi interrompido.[6][7] O material foi engavetado devido à suspeita de que, na primeira tentativa de lançar-se como diretor, Guilherme Fontes tenha se envolvido em um grande escândalo de mau uso de verbas governamentais destinadas ao cinema e à cultura. O filme só foi concluído em 2015.[8]

Guilherme Fontes buscou inspiração no clássico Cidadão Kane, de Orson Welles; em Martin Scorsese, Federico Fellini; e no Cinema Novo.[7][9]

Partindo do momento em que Assis Chateaubriand sofre uma trombose em 1960, a narrativa também conta suas origens, de criança pobre na Paraíba a magnata da mídia, e põe Chatô imaginando estar sendo julgado em um programa de televisão.[10]

Para evitar complicações com familiares e herdeiros, a maioria dos personagens reais tiveram seus nomes alterados, ou seus papéis combinados em amálgamas.[14]

Guilherme Fontes declarou que seu interesse em adaptar a vida de Assis Chateaubriand era "um Forrest Gump brasileiro", bem como "uma tragicomédia musicada, minha estratégia pessoal para, no futuro, reinventar personagens da história brasileira e construir uma nova dramaturgia". Para garantir que a ambiciosa produção fosse realizada, Guilherme Fontes articulou uma parceria com a American Zoetrope de Francis Ford Coppola. Montou um escritório no quartel general da empresa em San Francisco e passou oito meses discutindo instâncias técnicas, artísticas e promocionais da produção, incluindo vários subprodutos, como os documentários televisivos 'Dossiê Chatô e Cinco dias que abalaram o Brasil (sobre Chateaubriand e suicídio de Getúlio Vargas, respectivamente) e uma sitcom chamada O Caudilho e o Jagunço, sobre as relações de Chateaubriand e Getúlio.[10][15] A Zoebra Filmes foi fundada em julho de 1998 no Jardim Botânico.[16]

A primeira versão do roteiro foi feita pelo cineasta gaúcho Carlos Gerbase, autor de diversas minisséries da TV Globo. Após passar por mais três roteiristas, o texto foi traduzido para o inglês e mandado para a American Zoetrope. Os americanos gostaram, mas adicionaram que não dava para avaliar sem conhecer o livro. Às pressas, uma equipe do Instituto Alumni traduziu o livro de Fernando Moraes em uma semana ao custo de US$20 mil, enviada por e-mail para a Zoetrope. Após ler o livro, o estúdio pediu ao roteirista Matthew Robbins para criar seu script. Robbins viajou para o Rio, leu Chatô, o Rei do Brasil repetidamente em um apartamento no Copacabana Palace, e chegou a visitar a cidade natal de Chateaubriand, a pequena cidade de Umbuzeiro no agreste da Paraiba, antes de voltar para Los Angeles para escrever seu roteiro. A versão de Robbins foi então vertida para o texto final por João Emanuel Carneiro.[14]

O produtor executivo Júlio Uchôa justificou o elevado orçamento de 8 milhões de reais, 70% dos quais se originaram das leis de captação de recursos, dizendo que "o cinema brasileiro não está montado como indústria". A produção transcorria seis dias por semana, em doze horas diárias, principalmente no Pólo Rio de Cine e Vídeo, em Jacarepaguá. Setenta cenários diferentes foram usados, incluindo locações reais na cidade do Rio de Janeiro e no Nordeste.[10] Marco Ricca, escalado para interpretar Chatô, engordou 13 quilos e usou cinco perucas e variados apliques para ficar mais parecido com seu personagem.[14] Ricca declarou não ter baseado sua interpretação no livro, mas na compulsividade do diretor Guilherme Fontes, tentando "fazer com que o personagem fosse simpático ao público, porque a falta de caráter dele é tão evidente que na primeira cena já poderia haver um pré-julgamento". Ambições da produção incluíram 5700 figurantes, e efeitos especiais para imitar a Copacabana dos anos 50 e Nova York no inverno.[10]

Problemas judiciais

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Em 22 de fevereiro de 2008 a Controladoria-Geral da União (CGU) determinou que Fontes e Yolanda Machado Medina Coeli, sócios proprietários da Firma Guilherme Fontes Filme Ltda, devolvessem aos cofres públicos o valor de R$ 36,5 milhões. A auditoria da CGU concluiu pela "irregularidade" das contas. O processo foi instaurado pela Ancine do Ministério da Cultura.[17]

O ator e diretor Guilherme Fontes foi condenado a três anos, um mês e seis dias de reclusão por sonegação fiscal pela juíza da 19ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Denise Vaccari Machado Paes.[18]

Fontes, no entanto, não será preso; por decisão judicial, a pena foi convertida em trabalho comunitário de sete horas semanais - pelo mesmo período -, além do pagamento de 12 cestas básicas de R$ 1 mil para instituições sociais no Rio de Janeiro.[6]

A sentença é de 8 de março de 2010, mas só foi publicada no dia 8 de abril e veiculada pela mídia em 27 de abril. No dia 19, o ator entrou com recurso questionando a decisão.

A ação judicial refere-se ao ano de 1995, quando a empresa de Fontes - a Guilherme Fontes Filmes Ltda - iniciou a captação de recursos para a produção do longa-metragem "Chatô - O Rei do Brasil", primeiro filme dirigido por ele e que demorou vinte anos para ser concluído.[19][20]

Em 2014, Fontes foi mais uma vez condenado e teria que devolver R$ 66,2 milhões aos cofres públicos. Em nota, o ator informou que pretendia recorrer da decisão do tribunal. “Aos amigos e aos fãs respondo mais uma vez: lutarei contra toda e qualquer violência contra minha pessoa. E esta me parece ser mais uma. Mas vamos falar de flores: antes do Natal, iniciaremos o lançamento do filme. A partir de dezembro inicio o primeiro dos 10 previews oficiais que faremos em todo o Brasil”, disse Fontes. Além dos R$ 66,2 milhões, o ator teria que pagar uma multa de R$ 5 milhões.[21][22]

Melhor Diretor - prêmio APCA - Associação paulista de críticos de arte de São Paulo Grande vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2016, levando os 4 prêmios concedidos a longa-metragens:[23]

Melhor Direção de Fotografia em Longa-Metragem – José Roberto Eliezer, ABC

Melhor Direção de Arte em Longa-Metragem – Gualter Pupo

Melhor Montagem em Longa-Metragem – Felipe Lacerda e Umberto Martins, ABC

Melhor Som em Longa-Metragem – Mark van der Willigen, Pedro Lima, Sérgio Fouad e Marcelo Cyro

Referências

  1. Guilherme Fontes garante que 'Chatô, O Rei do Brasil' custou R$ 8 milhões. G1. Consultado em 2015-11-15.
  2. «Acredite! Chatô ganha data de lançamento». AdoroCinema. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  3. «Enfim,'Chatô': filme de Guilherme Fontes sai-se bem com as emendas». O Globo. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  4. «Chatô - O Rei do Brasil». Adoro Cinema. Consultado em 21 de abril de 2016 
  5. «Guilherme Fontes cria distribuidora própria para lançar Chatô nos cinemas». www.diariodepernambuco.com.br. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  6. a b "Guilherme Fontes é condenado a três anos de prisão por sonegação fiscal", O Globo, 27 de abril de 2010 (visitado em 28-4-2010).
  7. a b «Cheio de polêmicas o filme Chatô, de Guilherme Fontes, estreia em Brasília». Correio Braziliense. Consultado em 21 de abril de 2016 
  8. «'Chatô' lembra desfile de carnaval e não dá vergonha alheia; G1 já viu». Cinema. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  9. «Chatô é um épico atemporal que tem muito a ver com o Brasil de hoje.». A Tarde. Consultado em 21 de abril de 2016 
  10. a b c d e Garcia Lima, César. "Uma Visita ao Set de Chatô". SET, maio de 1999 (pp.54-57)
  11. «Marco Ricca fala sobre Chatô pela 1ª vez depois de quase 20 anos - Notícias - UOL Cinema». cinema.uol.com.br. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  12. a b Enfim,‘Chatô’: filme de Guilherme Fontes sai-se bem com as emendas, acesso em 07 de dezembro de 2015.
  13. «Guilherme Fontes se embaralhou nas contas de 'Chatô', afirma Paulo Betti - 13/11/2015 - Ilustrada - Folha de S.Paulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  14. a b c d Morais, Fernando. "Chatô, o Filme". Playboy Brasil, maio de 1999 (pp.87-93)
  15. Guilherme Fontes diz que apresenta
  16. Parceria se resume a estúdio
  17. "CGU vê quebra de contrato em 'Chatô, o Rei do Brasil'", G1, 22 de fevereiro de 2008 (visitado em 28 de abril de 2010).
  18. «"O dinheiro é público, mas o filme é meu!", diz Guilherme Fontes, diretor de "Chatô, o Rei do Brasil"». Radioatividade. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  19. «Após 20 anos, filme Chatô, o Rei do Brasil ganha seu primeiro trailer - Notícias - UOL Cinema». cinema.uol.com.br. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  20. «Guilherme Fontes estreia após 20 anos o filme 'Chatô, o Rei do Brasil' - Celebridades - O Dia». O Dia. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  21. «Guilherme Fontes terá que pagar R$ 71 milhões à União por 'Chatô'». Pop & Arte. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  22. «Entenda por que caso Chatô não se repetiria hoje em dia - Notícias - UOL Cinema». cinema.uol.com.br. Consultado em 13 de novembro de 2015 
  23. ABCINE