Saltar para o conteúdo

Macaco-da-noite

Origem: Wikip�dia, a enciclop�dia livre.

Macaco-da-noite[1]
Classifica��o cient�fica e
Dom�nio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Platyrrhini
Fam�lia: Aotidae
Poche, 1908 (1865)
G�nero: Aotus
Illiger, 1811
Esp�cie-tipo
Simia trivirgata
Humboldt, 1811

Aotus infulatus (Kuhl, 1820) � uma esp�cie de primatas n�o humanos, end�mica no Brasil, que s�o chamados de macacos da noite, ou tamb�m de macacos coruja, assim como as demais esp�cies de seu g�nero. Essa esp�cie � constitu�da de animais pequenos, arbor�colas, sem dimorfismo sexual e de h�bitos noturnos. Sobre essa �ltima caracter�stica, est� relacionada � evolu��o de seus olhos grandes, adaptados a ambientes com aus�ncia parcial de luz.[2]

Devido a similaridades com a esp�cie Aotus azarae, existe uma discuss�o taxon�mica se essa de fato seria uma esp�cie v�lida ou se seria uma subesp�cie dos A. azarae.[3] Esses animais s�o utilizados para estudos da mal�ria, devido a resist�ncia ao agente causador.[4] 

Em ingl�s, s�o chamados de "night monkey" ou "owl monkeys.[5]

Distribui��o geogr�fica

[editar | editar c�digo-fonte]

� end�mica no Brasil, ou seja, � uma esp�cie nativa cuja distribui��o est� restrita ao Brasil. Est� presente nos estados do Amap�, Mato Grosso, Maranh�o, Par�, Tocantins e Piau�, sendo residente e nativo em todos estes. Ocorre em pelo menos uma pequena por��o do sul do Amap�, nas Ilhas de Maraj� e Caviana. A partir da�, ocorre ao sul do rio Amazonas, a leste dos rios Tapaj�s e Juruena, ao sul e ao longo da margem direita do rio Guapor�, a leste do rio Corix� Grande at� o rio Itiguira (afluente do rio Paraguai). No leste de sua distribui��o, a esp�cie pode ser encontrada al�m da margem direita do rio Parana�ba, por�m limitando-se com o in�cio e estabelecimento do bioma caatinga em sua forma mais t�pica. A sudeste, sua distribui��o limita-se com rio Manuel Alves Grande (afluente do rio Tocantins) at� a margem esquerda do rio Tocantins (limite ocidental). De maneira geral, a distribui��o compreende a regi�o do arco do desmatamento da Amaz�nia. No entanto, recentemente, esta esp�cie foi registrada nos munic�pios de Caxing� e Buriti dos Lopes, Piau�, representando o primeiro registro tanto da esp�cie como do g�nero no Bioma Caatinga.[6]

Descri��o morfol�gica

[editar | editar c�digo-fonte]

A esp�cie apresenta pelagem de colora��o marrom acinzentada no dorso e cor alaranjada na por��o ventral, que vai do pesco�o at� o peito; em alguns indiv�duos, o alaranjado chega at� a cauda. O comprimento de um macho adulto varia entre 346 mm e 354 mm, se for inclu�do o tamanho da cauda. J� o comprimento de uma f�mea varia entre 341 mm e 373 mm, se for inclu�do o tamanho da cauda. Os machos pesam cerca de 1190 g e as f�meas pesam em torno de 1240 g. Possuem no quarto d�gito de ambos os p�s uma esp�cie de garra e a usam para limpeza. As pernas dessa esp�cie s�o maiores que os bra�os, o que a ajuda a pular entre os galhos das �rvores.[7]

Ecologia e comportamento

[editar | editar c�digo-fonte]

Aotus infulatus s�o macacos considerados frug�voros, preferindo frutas pequenas e maduras, mas tamb�m podem complementar sua dieta se alimentando de folhas, n�ctar, flores e insetos. Eles possuem h�bitos noturnos, o que pode trazer vantagens e desvantagens para a esp�cie. A principal desvantagem est� relacionada a sua vis�o, que durante a noite � afetada. Dessa forma, se torna dif�cil a busca por alimentos, ou seja, durante esse per�odo, os sentidos de olfato e de audi��o s�o importantes na localiza��o e captura dos recursos alimentares. Al�m disso, dificuldade de locomo��o no escuro e fatores como altas temperaturas e diferen�as de umidade podem representar um perigo para esses animais. A vantagem de forragear � noite � a diminui��o da competi��o por alimentos, al�m da presen�a de insetos noturnos maiores, e tamb�m da diminui��o do risco de preda��o, j� que geralmente a maioria dos predadores noturnos n�o se alimenta dessas esp�cies.[8] 

Esses animais passam a maior parte do seu tempo em �rvores, ou seja, s�o considerados arbor�colas, dormem e forrageiam na copa das �rvores ou em folhagens densas. Normalmente, deixam seu local de dormir alguns minutos ap�s o p�r-do-sol e, depois de passar a noite viajando e forrageando, eles retornam antes do nascer do sol. Tornam-se mais ativos em noites de lua cheia; devido a maior disponibilidade de luz, a dist�ncia percorrida por eles durante a noite de lua cheia aumenta at� duas vezes, se comparada com noites escuras, ou seja, sem lua cheia. Apesar de ser uma esp�cie noturna, alguns podem ter uma atividade tanto diurna quanto noturna, como em noites frias e sem lua cheia.[8][9] 

Essa esp�cie de macacos da noite possui um sistema de acasalamento monog�mico,[2] n�o apresentam dimorfismo sexual e vivem em pequenos grupos de aproximadamente quatro indiv�duos, com o macho principalmente participando do cuidado parental, zelando pela prote��o e alimenta��o da sua prole. Os indiv�duos jovens se dispersam do seu grupo com aproximadamente 2 a 3 anos.[9] 

Esses animais costumam usar sinais qu�micos para comunica��o, atrav�s de marca��es com urina e outras substâncias odoríferas secretadas pelas suas glândulas de cheiro.  Dessa forma através do odor liberado é possível que ocorra a identificação do sexo, da idade e dos membros dos grupos permitindo, portanto, a comunicação entre eles. Além disso, essas marcações ajudam no deslocamento durante noites mais escuras e auxiliam no retorno aos locais de dormir.[2]

Relação com a malária

[editar | editar código-fonte]

Aotus infulatus é uma importante espécie para estudos com a malária porque ele consegue suportar a infecção provocada por espécies de parasitas causadores da infecção humana, devido a capacidade de seu sistema imunológico em suprimir os parasitas. Em um estudo feito na Amazônia Oriental,[10] utilizaram animais intactos e esplenectomizados (sem o baço). Foi inoculado neles eritrócitos contendo Plasmodium falciparum, onde os animais de fato mostraram-se suscetíveis (principalmente os espécimes esplenectomizados) e assim, modelo confiável para estudos da patologia desses microrganismos, para assim desenvolver novas drogas ao combate da malária e vacinas

Pesquisas com esses animais possuem obstáculos pois é difícil obter reagentes específicos para trabalhar com eles e assim avaliar melhor as reações imunes vindas da infecção ou da vacinação. Em resposta a isso, foi feita uma análise genética para avaliar a expressão de citocinas de A. infulatus e Saimiri sciureus, se baseando no DNA humano através de sequenciamento e amplificação genética. Os pares de primers para para IL8, IL17, IL18, IL27 e MIF não conseguiram gerar produtos de amplificação. Quando comparou o DNA humano com o do não-humano encontrou-se um grau de similaridade maior que 90% das interleucinas, exceto a IL3 e IL4 e esses resultados podem ser explicados por pequenas variações nas sequências dos DNAs. Dessa forma essas sequências podem ser a base para o desenvolvimento de ferramentas moleculares, como primers para PCR específicos para A. infulatus. e S. sciureus.[4]

Conservação

[editar | editar código-fonte]

Essa espécie, de acordo com a IUCN, encontra-se classificado como NT (Near Threatened – Quase Ameaçada).[11] Os principais fatores envolvidos com a ameaça desta espécie são a construção de assentamentos rurais (conjunto de unidades agrícolas), atividades agrícolas, pecuária, desmatamento, construção de mais áreas de geração de energia, aumento na quantidade de transportes rodoviários, desconexão e redução no habitat e caça. Fatores mais específicos seriam a redução do habitat no Maranhão e Leste do Pará devido ao desmatamento e fragmentação em tais áreas, a atividade das usinas hidrelétricas em Jamanxim e Tapajós, expansão no cultivo de soja e asfaltamento da transamazônica e BR-163.[3]

Referências

  1. Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. pp. 139–141. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b c COSTA, Renata (2013). «Ecologia cognitiva e forrageio social de macacos-da-noite (Aotus infulatus e A. nigriceps) em cativeiro» (Dissertação de mestrado): 1-66. Consultado em 25 de novembro de 2017 
  3. a b PINTO, Thieres.; et al. (2012). «Avaliação do Risco de Extinção de Aotus infulatus (Kühl, 1820) no Brasil». Consultado em 25 de novembro de 2017 
  4. a b F.A., Alves; et al. (2010). «DNA sequencing of 13 cytokine gene fragments of Aotus infulatus and Saimiri sciureus, two non-human primate models for malaria». 52 (3): 151-155. doi:10.1016/j.cyto.2010.09.004 
  5. Harris, Roger (2014). Amazon Highlights: Peru, Brazil, Colombia, Ecuador. UK/USA: Bradt. ISBN 9781841623740 
  6. PINTO, Thieres, ROBERTO, Igor (2016). «Distribution extension of Aotus azarae infulatus (Kuhl,1820) (Primates: Aotidae) and ?rst record from the Caatinga biome». 12 (4). Consultado em 25 de novembro de 2017 
  7. LANG, Kristina (2005). «Primate Factsheets: Owl monkey (Aotus) Taxonomy, Morphology, & Ecology». Consultado em 25 de novembro de 2017 
  8. a b THE PRIMATA. «Kuhl's Owl Monkey (Aotus infulatus)». Consultado em 25 de novembro de 2017 
  9. a b CORLEY, Margaret, FERNANDEZ-DUQUE, Eduardo (2016). «Owl Monkeys (Aotinae)». The International Encyclopedia of Primatology: 1-2. doi:10.1002/9781119179313.wbprim0067 
  10. CARVALHO, Leonardo; et al. (2000). «Aotus infulatus Monkey is Susceptible to Plasmodium falciparum Infection and May Constitute an Alternative Experimental Model for Malaria». Short Communication. 95: 363-365. doi:10.1590/S0074-02762000000300011 
  11. IUCNRELIST (2008). «Aotus azarae ssp. infulatus». doi:10.2305/IUCN.UK.2008.RLTS.T43932A10841312.en 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Macaco-da-noite