Paço Ducal de Vila Viçosa
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O Paço Ducal de Vila Viçosa é um importante monumento situado no Terreiro do Paço da vila alentejana do Distrito de Évora. Foi durante séculos a sede da Sereníssima Casa de Bragança, uma importante família nobre fundada no século XV, que se tornou na casa reinante em Portugal, quando em 1 de Dezembro de 1640 o 8º Duque de Bragança foi aclamado Rei de Portugal (D. João IV) e deu início à Dinastia de Bragança.
É uma das obras-primas da arquitectura civil portuguesa da Idade Moderna, assumindo-se que a sua traça se deve ao arquitecto régio Nicolau de Frias, que terá iniciado o projecto cerca de 1577 a mando do sexto Duque D. João I, interrompendo a obra com a Batalha de Alcácer Quibir e retomando-a com celeridade em 1583, já a mando do Duque D. Teodósio II. O término, que decorre já no primeiro terço do século XVII, deveu-se ao arquitecto Pero Vaz Pereira.[1]
O Paço Ducal de Vila Viçosa está classificado como Monumento Nacional desde 1970.[2][3]
Origem
[editar | editar código-fonte]Vila Viçosa tornou-se sede do importante ducado de Bragança quando D. Fernando (1403-1461) sucedeu a seu pai, tornando-se o 2º Duque de Bragança, em 1461. Na verdade, o 2º Duque de Bragança recebera de seu avô, o Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira, o título de Conde de Arraiolos, pelo que quando chegou a Duque, não quis trocar as planuras alentejanas pelo Paço Ducal de Guimarães. Assim se estabeleceram os Bragança em Vila Viçosa, no primitivo Paço do Castelo. Porém, o seu filho, também D. Fernando (3º Duque de Bragança), veio a ser executado em 1483, por ordem de D. João II, acusado de traição, tendo a família sido exilada para Castela, de onde só regressaram em 1496, após a morte do Rei. Uma vez reabilitado o Ducado, o 4º Duque, D. Jaime, não quis habitar o Paço do Castelo, por estar ligado à memória do seu pai, mandando construir um palácio novo, no sítio chamado do Reguengo, assim começou a ser erguido o que é hoje o magnífico Palácio Ducal de Vila Viçosa.
Obras de D. Jaime
[editar | editar código-fonte]As obras, comandadas por D.Jaime, iniciaram-se em 1501, sendo dessa época o claustro e a zona da capela, bem como as actuais salas da Armaria. Porém nova tragédia atingiria a ilustre família, quando D.Jaime, suspeitando (injustamente) da fidelidade de sua jovem mulher, a Duquesa D. Leonor de Gusmão, a mandou degolar. Entretanto a Casa de Bragança crescia em poder e em riqueza, fruto dos laços de parentesco com a Casa Real e com os feitos do Duque D. Jaime, que em 1513 comandou a vitoriosa expedição a Azamor.
Obras de D. Teodósio I
[editar | editar código-fonte]O 5º Duque, D. Teodósio I, nomeado Condestável do Reino, em 1535, conseguiu negociar o casamento da sua irmã D. Isabel com o Infante D. Duarte (irmão do Rei D. João III). Aproveitando a necessidade de ampliar o Palácio para as faustosas festas do matrimónio real, em 1537, o Duque mandou construir a imponente fachada do palácio, revestida a mármore, ao gosto italiano, que hoje podemos admirar.
Casa de férias dos Reis da Dinastia de Bragança
[editar | editar código-fonte]O Pal�cio conheceu ainda v�rias obras e melhoramentos at� 1640, data em que o Duque de Bragan�a foi feito Rei, levando grande parte do seu not�vel recheio para o Pal�cio da Ribeira, em Lisboa. Doravante, o Pal�cio de Vila Vi�osa seria apenas uma resid�ncia de ca�a e recreio para a fam�lia dos seus propriet�rios, agora senhores do trono de Portugal. D. Jo�o IV manteve por�m a independ�ncia da Casa de Bragan�a relativamente � Coroa, destinando-a para morgadio do herdeiro do trono. No s�culo XVIII, D. Jo�o V fez ainda alguns melhoramentos (capela, cozinha e pavilh�o dos quartos novos), na sequ�ncia das suas visitas a Vila Vi�osa, nomeadamente para a chamada troca das princesas (casamento do pr�ncipe D.Jos� com uma Infanta de Espanha e do Pr�ncipe das Ast�rias com a Infanta D.Maria B�rbara), ocorrida na fronteira do Caia, em 1729. Nesta campanha de obras, D. Jo�o V encomenda a Domenico Dupr� a s�rie de retratos r�gios da Sala dos Tudescos de Vila Vi�osa, pintados entre 1727-1729.[4] Tamb�m D. Maria I fez ainda alguns melhoramentos, acrescentando o corpo das Salas de Jantar e dos Vidros. Finalmente, no final do s�culo XIX, o velho Pa�o seria ainda objecto de algumas obras, fruto da predilec��o que os Reis D. Carlos e D. Am�lia tinham por ele. D.Carlos apreciava muito o Pal�cio calipolense, aqui passando largas temporadas, quando promovia com os seus amigos (raramente trouxe convidados oficiais a Vila Vi�osa) grandes ca�adas na extensa Tapada Ducal.
Com efeito, foi neste pal�cio que o Rei D.Carlos dormiu a sua �ltima noite antes de ser assassinado, em 1 de Fevereiro de 1908 (conservando-se intactos desde ent�o os seus aposentos). No �ltimo reinado, o pa�o de Vila Vi�osa acolheu ainda a visita do Rei Afonso XIII de Espanha a D. Manuel II, em Fevereiro de 1909.
O Pal�cio na actualidade
[editar | editar c�digo-fonte]Ap�s a proclama��o da rep�blica, em 1910, o Pal�cio de Vila Vi�osa, bem como todos os bens da Casa de Bragan�a, permaneceram na posse do Rei D.Manuel II, por serem bens familiares do Rei e n�o do Estado. Em 1933, na sequ�ncia das disposi��es testament�rias de D. Manuel II (falecido em 1932), o Pal�cio integrou a Funda��o da Casa de Bragan�a, que abriu as suas portas ao p�blico, como museu. Nessa �poca o Pa�o recebeu ainda grande parte dos bens m�veis, obras de arte e a preciosa biblioteca do rei exilado (provenientes da resid�ncia de Londres).
O Pal�cio apresenta uma grande colec��o de obras de arte (pintura, mobili�rio, escultura, etc..), sendo particularmente nobres as salas do primeiro piso, de que s�o exemplos as Salas da Medusa, dos Duques (com retratos de todos os duques at� ao s�culo XVIII, no tecto) e de H�rcules, muitas delas enobrecidas com bel�ssimos fog�es de sala de m�rmore esculpido. Permanecem particularmente vivas no pal�cio as mem�rias dos dois �ltimos reinados (fruto da especial predilec��o que por ele tiveram os soberanos), como se pode observar nos aposentos régios e nos inúmeros exemplares da obra artística do rei D.Carlos (aguarelas e pastel). A cozinha apresenta uma das maiores colecções de baterias de cozinha, em cobre. São ainda de realçar a Biblioteca (com exemplares bastante preciosos) e a armaria. Nas antigas cocheiras está instalada uma secção do Museu Nacional dos Coches, onde entre outras carruagens, se pode admirar o landau que transportava a Família Real no dia do regicídio.
Iluminação
[editar | editar código-fonte]Até 2021 o Paço Ducal era iluminado por projetores simples equipados com lâmpadas de 250 W de iodetos metálicos, sendo que passou a ser iluminado por projetor VIENA com uma potência de 200 W com um rendimento luminoso de 130 lm/W, equipado com LEDs Philips no módulo ótico e alimentado por um driver MeanWell – um equipamento robusto, com garantia de uma redução de consumos e com um rendimento muito superior à solução existente.[5]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ A fachada do Paço Ducal de Vila Viçosa e os seus arquitectos Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira: uma nebulosa que se esclarece, por Vitor Serrão, Revista Callipole, nº 22, 2015
- ↑ Ficha na base de dados da DGPC
- ↑ Ficha na base de dados SIPA
- ↑ LEMOS, Diogo (2019–2020). «O despontar do rococó em Portugal: o genre pittoresque e os retratos da Sala dos Tudescos do Palácio de Vila Viçosa». Caleidoscópio - Edição e Artes Gráficas, S.A. ARTIS - Revista de História da Arte e Ciências do Património (7-9): 58-63
- ↑ «Vila Viçosa: Paço Ducal com iluminação inovadora»
Ligações externas
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