Fortaleza de S�o Vicente
Fortaleza de São Vicente | |
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Vista aérea da fortaleza e do farol de São Vicente, em 2024. | |
Tipo | forte, antigo mosteiro, edifício histórico |
Estilo dominante | Abaluartado |
Construção | Século XVI |
Promotor(a) | D. João III |
Aberto ao público | |
Estado de conservação | Bom |
Património de Portugal | |
Classificação | Imóvel de Interesse Público [♦] |
DGPC | 73329 |
SIPA | 2891 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Sagres |
Coordenadas | 37° 01′ 23″ N, 8° 59′ 46″ O |
Localização em mapa dinâmico | |
[♦] ^ DL 44 075 de 5 de Dezembro de 1961 |
A Fortaleza de São Vicente é um monumento militar em Sagres, na região do Algarve, em Portugal. Consiste nos vestígios de uma fortificação, com um farol no seu interior.[1] Foi construída no século XVI para proteger a faixa costeira e um convento já existente no local.[1] Em 1587 foi destruída pelo corsário britânico Francis Drake, e reconstruída em 1606.[2] Em meados do século XIX foi construído um farol no local, que foi substituído por um novo nos princípios do século XX.[3] Em meados da década de 2000, o cabo de São Vicente foi encerrado ao público para a execução de obras.[4]
Descrição
[editar | editar código-fonte]A fortaleza situa-se no Cabo de São Vicente, o ponto mais a Sudoeste da faixa costeira portuguesa, que era considerado vital para a defesa do Algarve.[5] Apresenta uma planta de forma poligonal, com um baluarte na fachada virada para terra, e duas entradas para a praça forte, uma principal na muralha, e outra que se abre lateralmente, de menores dimensões.[5] A porta principal tem um arco de volta perfeita e é rematada pelo escudo de Portugal.[5] Tinha originalmente uma ponte levadiça.[1] No interior ainda sobreviveram alguns compartimentos pertencentes à fortaleza, com abóbada de berço e rematados por terraços.[5] Junto à entrada existe uma lápide comemorativa da construção do farol em 1846.[6]
Por seu turno, as antigas instalações do convento foram substituídas por edifícios de apoio ao farol.[5] Porém, no interior do complexo encontra-se um espaço aberto, rodeado parcialmente por paredes abertas em oito arcos, que poderá ter sido o antigo claustro.[3] Também existem vestígios de algumas cisternas.[3] Os edifícios da fortaleza apresentam uma arquitectura maneirista.[3] De acordo com um artigo publicado em 1842 no jornal O Panorama, o convento estava «construido sobre tres picos de rocha, por entre os quaes passa o mar, que alli é mui fundo e escuro, e quando bate encapellado no fraguedo salta por cima dos telhados do convento d'uma para a outra banda».[7]
O convento e a fortaleza, e o local onde se inseriam, foi descrito na obra Crónica da Piedade de frei Manuel de Monforte, transcrita no artigo de 1842:[7]
“ | É o logar onde está situado o convento uma estreita ponta, ou lingua de terra firme, que sahindo quasi duas leguas fóra do outro circuito do grosso da terra, entra pelo mar oceano, adelgaçando-se cada vez mais em modo pyramidal, até dar em largura de um tiro de pedra de mar a mar: ambos os lados são de altos riscos e de viva rocha, que terá em partes mais de 70 braças de altura, e em algumas dellas tanto a pique como se fosse feita a prumo. Passado este estreito que fica a modo de collo, fortificado como um muro, se dilata algum tanto mais o sitio, em que está uma fortaleza, e este nosso convento como que faz alli cabeça áquella ponta de terra. Não ha em todo aquelle termo fonte de agua doce, senão dahi uma legua, e não mui boa, nem ainda a salgada do mar se póde haver para o serviço, senão é com engenhos de grande trabalho, perigo e custo; mas vive-se de cisternas de agua chovediça, que os ares daquelle sitio tornam tao boa, que lhe não faz vantagem a mais approvada das melhores fontes. Nenhumas arvores estão por ese Cabo, salvo alguns pequenos zimbros: nem ha hortaliça ou frescura alguma, mais que o deserto semeado de algumas flores agrestes, como são, cravos, cravelinas, e outras desta sorte que sustentando-se só o rocio do céu excedem a todas as dos jardins cultivados na suavidade do cheiro. Os ares neste celebre promontorio são os mais salubres e temperados de quantos no mundo os homens tem visto; porque nunca de verão se sente a molestia da calma, nem d'inverno o rigor do frio, e se algum se sente [que contudo não chega a ser penoso] é de verão, pelo muito refresco e viração do mar, que sempre corre. Deste bom temperamento e da mesma natureza do clima ser tal que faz digerir o mantimento com muita facilidade, e apetecer novo alimento o calor natural, vem que raramente aqui se adoece: e a não ser assim mal podéra ser habitado este convento, porque o mais perto, e visinho povo que tem, é de duas leguas, e esse tão mal provido de medico e cousas necessarias para os enfermos que se algum religioso adoece em S. Vicente se vai curar ao nosso convento em Lagos, que está em distancia de sete leguas. - tem neste logar os olhos em que exercitar sua natural potencia, dilatando-se a uma e outra parte pelas largas e espaçosas aguas do mar oceano, nem faltam a cada passo novas occasiões de gosto em que occupa-la, porque é muita a frequencia e variedade de embarcações, que vem demandar este cabo, [...] que se veem passar de uma parte a outra tão visinhas da rocha que muitas vezes estão os navegantes com os religiosos á falla. [...] Porem o que é gosto sem contrapezo, é ver os exercitos de monstros marinhos que a miudo apparecem no meio das aguas, como em claro espelho; ora os da mesma especie, como em danças festejando; ora os de contrarias naturezas uns com outros cruelmente combatendo com muitas mortes e derramamento de sangue, soprando com colera, e lançando ao alto grandes golpes d'agua com frande furia e notavel estrondo. Outros seguem a outros peixes mais fracos e miudos, de que alli multiplica o mar infinita copia, porque vivem isemptos das redes e livres dos laços dos pescadores, que os inquiete ou diminúa; ainda que não seguros das aves de rapina, de que ha grande numero e diversidade. [...] Todas estas cousas fazem aos olhos uma vista agradavel e ao logar aprazivel. - Alem disso foi sempre este logar famoso em o mundo, assim por ser ultimo fim, e termino occidental da terra, e terem vindo a elle muitos philosophos insignes a experimentar uma cousa que tinham por maravilha, que é ver pela manhã no oriente sahir das aguas do mar o sol, quando nasce, e fazendo seu curso sempre por cima dellas, tornar-se a esconder á tarde nas mesmas aguas do mar em o poente; como tambem pelo nome que tinha de Sacro Promontorio, entre os geographos assaz celebre e conhecido. Este nome lhe deram os antigos, por ter sido nelle sepultado Tubal neto de Noé, que sendo o primeiro povoador desta nossa Hespanha, depois do universal diluvio, o escolheu por sua morte para sepultura; e pelo famoso templo que Hercules libyco edificou depois naquella parte, onde se mandou enterrar; e vindo a cega gentilidade a adora-lo por deus, e de diversas longiquas partes em romaria a offerecer-lhe sacrificios, crendo mil ficções, como era persuadirem-se que faziam os deuses alli de noite festas e jogos e tinha seus passatempos, tinham aquelle logar em tanta veneração e respeito que não ousavam chegar a elle antes de amanhecer, nem depois do sol posto, e finalmente, quando haviam de chegar, eram com muitas e supersticiosas ceremonias. Mas tudo isto se acabou e extinguiu depois que Hespanha deixou a gentilidade, e recebeu fé catholica, principalmente depois que os catholicos trouxeram de Valença o corpo de S. Vicente e o sepultaram neste cabo, em o qual lugar tem seu templo, por cuja causa esquecendo-se o nome de Promontorio Sagrado, conservando-se a verdade das palavras e o sentido [pois hoje é mais sagrado do que o foi em nenhum tempo] se chama Cabo de S. Vicente... | ” |
No interior da fortaleza situa-se o Farol de São Vicente, que é considerado um dos de maior alcance na Europa, possuindo clarões rotativos com um feixe luminoso que pode ser visível a cerca de 43 milhas, estando igualmente equipado com um sinal sonoro.[8]
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes
[editar | editar código-fonte]A ocupa��o humana no Cabo de S�o Vicente remonta � pr�-hist�ria, tendo sido recolhidos materiais l�ticos de tipologia musteriense e mirense no local, cronologicamente integrados nos per�odos do Paleol�tico e Mesol�tico,[9] pe�as em pedra polida do Neol�tico, e um espeto em bronze da Idade do Ferro.[10] V�rios autors cl�ssicos, como �foro, Artemidoro e Estrab�o referem, provavelmente baseados no P�riplo massaliota, que no cabo existiam mon�litos de fun��o religiosa, que eram rodeados pelos visitantes, e depois utilizados em liba��es.[10] Em 1639 foi descoberta uma sepultura de inuma��o na extremidade do cabo virada a poente, com uma l�pide epigrafada, que provavelmente remontava ao per�odo romano.[11]
O promont�rio tornou-se um local de peregrina��o crist�, por ser o local do t�mulo lend�rio de S�o Vicente,[5] que foi martirizado pelos romanos no s�culo IV.[12] O historiador quinhentista Duarte Nunes de Le�o, na sua obra Descri��o do Reino de Portugal, refere que os restos mortais do santo foram transportados de barco em conjunto com um grupo de crist�os, que tinham fugido de Val�ncia devido �s persegui��es dos mouros, tendo sido sempre seguidos por um corvo.[13] Segundo a lenda, o barco chegou ao cabo, tendo os crist�os constru�do ali uma pequena ermida para guardar o corpo do santo, e algumas casas para sua habita��o, que continuaram a ser ocupadas pelos seus descendentes.[13] O ge�grafo �rabe Al Idrissi mencionou que no local existia o Templo do Corvo, em cujo telhado viviam dez aves, que nunca abandonavam aquele local.[14] O templo em que alegadamente se situava o t�mulo do santo foi demolido pelas for�as mu�ulmanas no s�culo XII.[5] Segundo a tradi��o, alguns membros da comunidade foram mortos, enquanto que outros foram levados como cativos.[13] Dois destes crist�os ter�o sido libertados pelo rei D. Afonso Henriques ap�s uma batalha contra o rei mouro Ismar, tendo informado o monarca que S�o Vicente estava enterrado no cabo.[13] D. Afonso Henriques ter� ent�o ido pessoalmente a Sagres � procura dos restos mortais do santo, mas sem sucesso.[13] S� v�rios anos ap�s a Conquista de Lisboa � que os crist�os puderam voltar com seguran�a ao Cabo de S�o Vicente, tendo o cad�ver sido desenterrado e enviado para Lisboa de barco, onde chegou em 1175[12] ou 1176.[13] Segundo a lenda, o barco foi sempre acompanhado por um corvo, que ter� vivido durante v�rios anos na S� de Lisboa, onde foi depositado o santo.[13] S�o Vicente passou a ser o padroeiro de Lisboa,[15] e o barco e os corvos tornaram-se s�mbolos da cidade.[13] Um dente ter� sido transportado para Abrantes, motivo pelo qual est�o representados v�rios corvos no bras�o de armas daquela localidade, como s�mbolos de S�o Vicente.[16]
Constru��o do convento e da fortaleza
[editar | editar c�digo-fonte]Por volta de 1260, o rei D. Afonso III ter� determinado a constru��o de um hospital ou albergaria, a ser utilizado pelos peregrinos que iam visitar o t�mulo de S�o Vicente.[3] Um outro motivo para a instala��o desta casa seria a manuten��o de uma comunidade permanente neste ponto, que devido � sua localiza��o geogr�fica estava constantemente sobre amea�a dos inimigos.[17] Durante o reinado de D. Dinis, entre 1279 e 1325,[3] O complexo da igreja foi ampliado, tornando-se num cen�bio, conhecido como Convento do Corvo.[5] Durante o reinado de D. Fernando, entre 1367 e 1383, este concedeu ao seu capel�o-mor, Vasco Louren�o, as rendas, os direitos e ofertas que pertenciam � capela e ermida de S�o Vicente do Cabo.[3] Em 29 de Janeiro de 1387, o rei D. Jo�o I fez uma doa��o semelhante, ao seu capel�o-mor, Martim Gon�alves.[3] Segundo a tradi��o, o Infante D. Pedro ordenou a constru��o de uma ermida no local onde esteve sepultado o santo.[18]
O principal impulsionador da instala��o do convento foi D. Fernando Coutinho, Bispo de Silves nos princ�pios do s�culo XVI,[7] que ordenou a constru��o de v�rias casas junto � ermida, onde passava parte do ano.[18] Determinou depois a instala��o de um convento naquele local para os monges da Ordem de S�o Jer�nimo,[18] que j� em 1476 tinham sido autorizados a fundar uma casa na Diocese de Silves pelo Papa Sisto IV.[18] D. Fernando Coutinho entregou o convento aos frades com a condi��o de que manteriam em funcionamento um farol numa torre, cuja constru��o ele tamb�m ter� ordenado.[18] Este farol tinha como fun��o evitar os naufr�gios, que sucediam com frequ�ncia naquela �rea.[18] Com efeito, segundo o artigo de 1842, �ainda que o Cabo de S. Vicente seja bem conhecido dos navegantes, n�o poucas embarca��es ahi tem naufragado, tomando-o os pilotos mais �quem ou alem donde elle dem�ra, principalmente se o demandam da parte do norte, sendo ent�o facil o engano com a Ponta da Carrapateira e a Torre d'Aspa, pontos mais altos que o Cabo, e que se avistam primeiro; e como a costa � asperrima e intratavel certa � quasi com tal equivoco a perdi��o do navio. [...] Do Cabo vai a terra levantando at� a Torre d'Aspa, obra de uma legua distante delle, e como dissemos mai alta, e � avistada dos que navegam do norte a mais de sete leguas do que procede a confus�o dos mareantes, ainda mais por haver alli uma pequena enseada, dita a Ponta Ruiva, onde algumas embarca��es tem dado � costa feitas peda�os�.[7]
Al�m disso, o Cabo de S�o Vicente era considerado ideal para os membros da Ordem, devido � sua origem erem�tica procuravam pontos isolados e junto ao oceano.[19] O bispo tamb�m faz grandes doa��es aos monges, que consistiam no chamado Assento de Santo Antonio, composto por forro e isento situado na Serra de Monchique, com vinhas, pomares, oliveiras e terrenos de semear; uma quinta em Vila Nova de Portim�o, que nos princ�pios do s�culo XX ainda era conhecida como Quinta do Bispo; os telheiros e moinhos naquele concelho; uma outra quinta em Messejana, no concelho de Ourique; o chamado Casal do Cabo, com terrenos em que ele tinha adquirido ao cabido; uma quinta em frente da cidade de Lisboa, e um pomar em Aljezur.[18] Estas doa��es, conhecidas como herdamentos, foram confirmadas pelo rei D. Manuel por um documento de 5 de Mar�o de 1514.[3] O Convento de S�o Vicente foi uma das v�rias casas mon�sticas constru�das por iniciativa de D. Fernando Coutinho, incluindo os Conventos de S�o Francisco em Lagos e no concelho de Silves, e o Convento de Santa Clara em Tavira, entre outros.[18] Por�m, a sua ocupa��o do Convento do Corvo foi muito breve, existindo registos da sua presen�a apenas ap�s 1514, e logo em 1516 abandonaram as instala��es,[19] tendo sido a �nica casa dos frades jer�nimos na regi�o do Algarve.[20] Devido � sua localiza��o, o convento dos jer�nimos era considerado como uma casa rural, tendo sido um dos dois edif�cios no Algarve a terem esta tipologia, sendo o outro o Eremit�rio dos Pegos Verdes, situado na zona serrana.[21]
Assim, D. Fernando Coutinho convidou os frades frades capuchos da Cust�dia da Piedade para ocuparem o convento,[22] tendo garantido as mesmas doa��es e a mesma obriga��o de manter em funcionamento o farol.[18] O convento passou assim para os frades capuchos em 1516.[19] Este foi o primeiro n�cleo desta ordem no Algarve, e o quarto em territ�rio nacional, tendo a sua instala��o no Cabo de S�o Vicente sido feita no �mbito de um processo de amplia��o para Sul, que tinha nascido no Alentejo.[23] Esta fase de ocupa��o do convento integrou-se num per�odo de expans�o da rede mon�stica no Algarve, que se iniciou nos princ�pios do s�culo XVI e prolongou-se at� meados do s�culo XVII, motivada principalmente pelo crescimento da contra-reforma, que levou � reorganiza��o e multiplica��o das ordens religiosas.[24]
Por�m, desde os primeiros anos de exist�ncia que o convento foi alvo de ataques, com pelo menos tr�s invas�es, uma de piratas luteranos, e duas vezes pelos mouros, motivo pelo qual foi ordenada a constru��o de uma fortaleza para o proteger.[7] Esta ter� sido ordenada pelo rei D. Jo�o III (1502-1557),[7] ou por D. Fernando Coutinho, por volta de 1516,[3] para proteger o convento e o grande n�mero de peregrinos que o visitavam,[8] e ao mesmo tempo defender a costa dos ataques dos piratas mu�ulmanos.[1] Construiu igualmente uma muralha entre a Fortaleza de Belixe e um ponto na costa a Norte, conhecido como Arma��o Nova, criando desta forma um espa�o fechado onde se situava o convento.[18] Segundo alguns autores, o primeiro farol funcionou entre 1515 e 1520.[25] Em 21 de Junho de 1520, D. Fernando Coutinho concedeu novas propriedades ao convento, com casas e uma cerca, no sentido de lhe providenciar o sustento, devido � falta de terrenos ar�veis nas proximidades.[3] Com efeito, o artigo de 1842 refere que �o espa�o porem que do promontorio ou peninsula de Lagos que se estende at� a do Cabo � arido, pedregoso, batido dos ventos em todas as esta��es, e s� cria matto rasteiro e plantas marinhas�, embora acrescenta que ainda existiam algumas fontes de subsist�ncia na �rea: �todavia abuda em ca�a miuda, e nos pesqueiros se tomam muitos e deliciosos mariscos e peixes de sabor delicado�.[7] Assim, a cerca do convento n�o estava situada nas imedia��es, como era normal neste g�nero de edif�cios, mas numa propriedade situada a cerca de quatro quil�metros de dist�ncia, num local posteriormente conhecido como Quinta do Vale Santo.[3] Segundo a obra Aspecto do reino do Algarve nos s�culos XVI e XVII. A descri��o de Alexandre Massai (1621), do investigador L�vio da Costa Guedes, um documento de 1573 menciona que o rei estava interessado na instala��o de um convento da Ordem de Cristo no promont�rio de S�o Vicente, de forma a defender a regi�o dos assaltos dos turcos e mouros.[17]
O ataque mais devastador foi feito pelas for�as do cors�rio brit�nico Francis Drake,[7] que destru�ram tanto o convento com o forte[3] em 1587, como parte de um ataque �s defesas da regi�o de Sagres, durante uma campanha militar ao longo da costa da Pen�nsula Ib�rica.[5] Segundo o artigo do jornal O Panorama de 1842, �os inglezes que ele capitaneava, [...] entrando nos poucos edificios do Cabo, largaram-lhe fogo em 25 de maio de 1587, e tudo ardeu, menos a capella do St.��.[7] Os religiosos refugiaram-se nos conventos de Lagos e Portim�o, e s� regressaram em 1606, ano em que foi conclu�da a reconstru��o da fortaleza,[3] por ordem do rei D. Filipe III de Espanha.[5] O complexo ganhou uma nova configura��o com estas obras, tendo �a porta da igreja que d'antes era para o mar, olhando ao sul, ficou nesta segunda construc��o para a parte da terra, e a sepultura do St.� martyr, de grades a dentro, est� � m�o direita de quem entra, mettida na parede do altar collateral desse lado.[7] Por�m, o farol n�o foi reconstru�do durante esta campanha de obras.[7]
S�culos XVIII e XIX
[editar | editar c�digo-fonte]O complexo foi depois danificado pelos sismos de 1719 e 1722, e sofreu graves danos pelo Terramoto de 1755, tendo as obras de restauro sido ordenadas pela rainha D. Maria.[3] O convento e a igreja foram abandonados na sequ�ncia do processo da extin��o das ordens religiosas, em 1834.[3] Desde a destrui��o do farol primitivo pelas for�as de Francis Drake, foram feitas v�rias tentativas para a sua reconstru��o,[26] incluindo uma portaria de 8 de Agosto de 1835,[7] mas o impulso definitivo só foi dado em 1846,[26] quando o governo de D. Maria II ordenou a construção de um farol no local.[3] A instalação desta estrutura inseriu-se numa fase de grande desenvolvimento da rede faroleira em território nacional, iniciada no século XVIII, e inspirada por medidas semelhantes levadas a cabo noutros países europeus.[27]
Séculos XX e XXI
[editar | editar código-fonte]Nos princípios do século XX foi construído um novo farol, levando ao desaparecimento dos restos do convento e da igreja, que foram substituídas por construções do Ministério da Marinha,[3] e de de apoio ao farol.[5] Do complexo original permaneceu apenas a fortaleza, em avançado estado de degradação.[3] A fortaleza foi classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 4075, de 5 de Dezembro de 1961.[28] Em 1969, foi danificada por um sismo.[3]
O farol e as suas estruturas de apoio foram encerrados ao público em meados de 2005 para a realização de obras de beneficiação e manutenção, tendo-se mantido a traça original dos edifícios.[26] Os trabalhos foram terminados em Outubro de 2007, e envolveram um investimento superior a meio milhão de Euros.[26] Porém, devido à falta de fundos não foi feita a empreitada correspondente à instalação de um pólo museológico no edifício conhecido como casa da muralha, que se situava junto ao portão de entrada da fortaleza, motivo pelo qual o monumento permaneceu fechado aos visitantes.[26] Em Dezembro desse ano, já estava em fase de preparação o lançamento para a empreitada em falta, prevendo-se nessa altura que as obras iriam ter início durante o primeiro trimestre de 2008.[26] O museu iria funcionar como uma extensão do Museu de Marinha, e contaria igualmente com uma cafetaria.[26] O então presidente da Região de Turismo do Algarve, António Pina, classificou a região do cabo de Sagres como «a jóia da nossa coroa», e previu que após o final das obras de recuperação da fortaleza iria aumentar a procura por parte dos turistas.[26]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de património edificado em Vila do Bispo
- Cabo de São Vicente
- Convento de Nossa Senhora do Desterro (Monchique)
- Farol de Sagres
- Farol do Cabo de São Vicente
- Fortaleza da Arrifana
- Fortaleza de Belixe
- Forte da Ponta da Bandeira
- Forte de São Luís de Almádena
- Fortaleza de Sagres
- Forte de São Clemente
- Forte de São Luís de Almádena
- Posto da Guarda Fiscal de Sagres
- Ribat de Arrifana
- Torre de Aspa
Referências
- ↑ a b c d «Fortaleza do Cabo de São Vicente». Visit Algarve. Região de Turismo do Algarve. Consultado em 26 de Outubro de 2021
- ↑ FERNANDES e JANEIRO, 2005:38
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t NETO, João; XAVIER, António (1998) [1991]. «Fortaleza do Cabo de São Vicente / Convento do Corvo / Convento de São Vicente do Cabo / Farol de São Vicente». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Outubro de 2021
- ↑ REVEZ, Idálio (2 de Março de 2008). «Forte do Belixe, em Sagres, tem os dias contados». Público. Consultado em 28 de Novembro de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k OLIVEIRA, Catarina (2005). «Fortaleza do Cabo de São Vicente». Património Cultural. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Outubro de 2021
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- ↑ a b «Forte de S. Vicente - Cabo de São Vicente, Sagres». Património Militar. Câmara Municipal de Vila do Bispo. Consultado em 26 de Outubro de 2021
- ↑ «Cabo de São Vicente». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Outubro de 2021
- ↑ a b «Cabo de São Vicente (Santuário)». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Outubro de 2021
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- ↑ REIS, 2008:52-53
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 4075, de 5 de Dezembro de 1961. Ministério da Educação Nacional - Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes. Publicado no Diário do Governo n.º 281, Série I, de 5 de Dezembro de 1961.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- FERNANDES, José Manuel; JANEIRO, Ana (Dezembro de 2005). Arquitectura no Algarve: Dos primórdios à actualidade, uma leitura de síntese (PDF). Faro: Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. ISBN 972-643-138-7
- MARADO, Catarina Almeida (2011). «O processo de formação da rede monástico-conventual do Algarve (1189-1834)». Departamento de História, Arqueologia e Património. Promontoria. Ano 9 (9). Universidade do Algarve. p. 16-17. Consultado em 30 de Outubro de 2021 – via Sapientia
- REIS, Cleber da Silva (2008). De sinalizador a atractivo cultural: faróis portugueses numa perspectiva turística (Tese de Mestrado). Universidade de Lisboa. Consultado em 31 de Outubro de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Fortaleza do Cabo de São Vicente / Convento do Corvo / Convento de São Vicente do Cabo / Farol de São Vicente na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- Fortaleza do Cabo de São Vicente na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- «Página sobre a Fortaleza do Cabo de São Vicente, no sítio electrónico Visit Algarve.»