Saltar para o conteúdo

Afro-brasileiros

Origem: Wikip�dia, a enciclop�dia livre.
Afro-brasileiros[1][2][3]
Popula��o de pretos por munic�pio segundo o censo de 2022
Popula��o total

Pretos: 20.656.458
10,2% da popula��o brasileira

Regi�es com popula��o significativa
 S�o Paulo 3 546 562
Bahia Bahia 3 164 691
 Rio de Janeiro 2 594 253
 Minas Gerais 2 432 877
 Pernambuco 909 557
 Maranh�o 854 424
Par� Par� 793 621
 Rio Grande do Sul 709 837
 Goi�s 648 560
 Cear� 595 694
 Paran� 485 781
 Esp�rito Santo 429 680
 Piau� 400 662
 Mato Grosso 360 698
 Para�ba 316 572
 Santa Catarina 309 908
 Rio Grande do Norte 302 749
 Distrito Federal 301 765
 Alagoas 298 709
 Sergipe 283 960
 Tocantins 199 394
 Amazonas 193 667
 Mato Grosso do Sul 179 101
 Rond�nia 136 793
 Amap� 86 662
 Acre 71 086
 Roraima 49 195
L�nguas
Portugu�s
Religi�es
63,2% Catolicismo romano
23,5% Protestantismo
0,31% Religi�es afro-brasileiras
9,18% Sem religi�o definida (dos quais 0,27% s�o ateus e 0,04% agn�sticos)
3,55% Outras religi�es e cren�as.[4]
Grupos �tnicos relacionados

Angolanos, Mo�ambicanos, Congoleses, Nigerianos, Beninenses, Camaroneses, Gaboneses, Guineenses, Senegaleses, Afro-americanos, Afro-latino-americanos, Afro-caribenhos, Afro-jamaicanos

Afro-brasileiros,[5] negros, pretos[6] ou afrodescendentes[7] s�o os termos usualmente adotados, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica, para designar a parcela da popula��o brasileira autoidentificada como descendente de povos nativos da �frica subsaariana.

De acordo com uma pesquisa do IBGE realizada em 2008 nos estados do Amazonas, da Para�ba, de S�o Paulo, do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e no Distrito Federal, apenas 11,8% dos entrevistados reconheceram ter ascend�ncia africana, enquanto que 43,5% disseram ter ancestralidade europeia, 21,4% ind�gena e 31,3% disseram n�o saber a sua pr�pria ancestralidade. Quando indagados a dizer de forma espont�nea a sua cor ou ra�a, 49% dos entrevistados se disseram brancos, 21,7% morenos, 13,6% pardos, 7,8% negros, 1,5% amarelos, 1,4% pretos, 0,4% ind�genas e 4,6% deram outras respostas.[8] Por�m, quando a op��o "afrodescendente" foi apresentada, 21,5% dos entrevistados se identificaram como tal.[9] Quando a op��o "negro" tamb�m foi apresentada, 27,8% dos entrevistados se identificaram com ela.[8]

Durante o per�odo da escravid�o, entre os s�culos XVI e XIX, o Brasil recebeu aproximadamente quatro a cinco milh�es de africanos, que constitu�am cerca de 40% de todos os africanos trazidos para as Am�ricas. Muitos africanos que escaparam da escravid�o fugiram para os quilombos, comunidades onde podiam viver livremente e resistir � opress�o. Em 1850, o Brasil determinou a proibi��o definitiva do tr�fico transatl�ntico de escravos e, em 1888, o pa�s aboliu a escravid�o, tornando-se o �ltimo na Am�rica a faz�-lo. O Brasil tem sua paisagem cultural e social profundamente moldada pelos afro-brasileiros. Suas contribui��es s�o especialmente not�veis nos esportes, na culin�ria, na literatura, na m�sica e na dan�a, com elementos como samba e capoeira refletindo esse legado. Nos tempos contempor�neos, os afro-brasileiros ainda enfrentam disparidades socioecon�micas e discrimina��o racial, continuando a lutar por igualdade racial e justi�a social.

Conceito de afro-brasileiro

[editar | editar c�digo-fonte]

O antrop�logo Darcy Ribeiro considerava o contingente negro e mulato "o mais brasileiro dos componentes do nosso povo" uma vez que, desafricanizado pela escravid�o e n�o sendo ind�gena nem branco reinol, s� restava a ele assumir uma identidade plenamente brasileira.[10] Isto n�o quer dizer que negros e mulatos tenham se integrado � sociedade brasileira sem serem estigmatizados. Muito pelo contr�rio, muitos brasileiros desenvolveram vergonha das suas origens negras, seja pelo fato de que descender de escravos remete a um passado de humilha��es e sofrimentos que deveria ser esquecido ou pelos estere�tipos negativos que foram constru�dos em torno da negritude, associando-a a mazelas sociais como a pobreza e a criminalidade.[10][11][12]

A atriz Camila Pitanga autodeclara-se negra, mas apenas 27% dos brasileiros a consideram como tal, segundo pesquisa do Datafolha.[13]
O futebolista Ronaldo autodeclara-se branco, mas 64% dos brasileiros o consideram preto ou pardo, segundo pesquisa do Datafolha.[13]

Portanto, assumir-se negro no Brasil sempre foi muito dif�cil, por todo o conte�do ideol�gico anti-negro que historicamente se desenvolveu no pa�s, onde ainda hoje impera a ideologia do branqueamento e um padr�o branco-europeu est�tico e cultural.[11] Portanto, no Brasil, apenas as pessoas de pele preta retinta s�o consideradas negras, sendo que o mulato j� � pardo e portanto meio-branco e, se tiver a pele um pouco mais clara, passa a ser visto como branco. No passado, era raro o mulato saltar para o lado negro de sua dupla natureza uma vez que, diante da massa de negros afundados na mis�ria, com eles n�o queria se confundir.[10]

Nos �ltimos anos, contudo, cada vez mais brasileiros se assumem como negros. Isso � consequ�ncia do sucesso dos negros americanos, vistos pelos brasileiros como uma "vit�ria da ra�a" e, principalmente, devido � ascens�o social de parcela da popula��o afrodescendente que, tendo acesso � educa��o e a melhores oportunidades de emprego, deixa de ter vergonha de assumir a sua cor.[10]

Ra�a � um conceito social, pol�tico e ideol�gico, n�o tendo uma sustenta��o biol�gica, uma vez que n�o � poss�vel separar biologicamente seres humanos em ra�as distintas.[14] Em um pa�s profundamente miscigenado como o Brasil, n�o � f�cil definir quem � negro, uma vez que muitos brasileiros, aparentemente brancos, s�o parcialmente descendentes de africanos, assim como muitos negros s�o parcialmente descendentes de europeus. Acrescenta-se a isso o grande n�mero de pardos, cuja classifica��o racial pode ser bastante amb�gua.[15] A atriz Camila Pitanga autodeclara-se negra mas, em uma pesquisa do Datafolha, apenas 27% dos entrevistados classificaram a atriz como de cor preta (36% disseram que ela � parda). O jogador Ronaldo Fen�meno, por sua vez, disse em uma entrevista que se considera branco, mas, segundo a mesma pesquisa, 64% dos brasileiros o consideram preto ou pardo, e somente 23% como branco. O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi classificado como pardo por 42% dos entrevistados, ao passo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que j� disse ser "mulatinho", foi classificado como branco por 70%, como pardo por 17% e como preto por 1%. A atriz Ta�s Ara�jo, autodeclarada negra, � vista como tal por apenas 54%.[13]

Para o Movimento Negro, s�o consideradas negras todas as pessoas que t�m essa "apar�ncia". Para o antrop�logo Kabegele Munanga, da USP, a quest�o � problem�tica e, segundo ele, deve prevalecer a autoclassifica��o. Portanto, se uma pessoa, aparentemente branca, se declara negra e se candidata a uma vaga com base em cotas raciais, a sua decis�o deve ser respeitada.[16]

Josu� de Castro, um dos grandes cientistas sociais brasileiros, era afrodescendente.
Nilo Pe�anha, o s�timo Presidente do Brasil, era mulato.

Em 2007, um caso pol�mico chamou a aten��o da m�dia brasileira: dois irm�os, g�meos id�nticos, concorreram no vestibular da UnB sob o sistema de cotas. Na universidade havia uma banca que, ap�s analisar as fotos dos candidatos, definia quem era negro e quem n�o era. Ap�s terem suas fotos analisadas pela banca, um dos g�meos foi considerado negro, e o outro n�o.[17] O soci�logo Dem�trio Magnoli considera perigoso a instaura��o de "tribunais raciais" no Brasil, o que aproximaria o pa�s das na��es racialistas e paranoicas do s�culo passado. Em 1933, a Alemanha nazista definiu como judeu aquele que tinha ao menos um quarto de "sangue judaico" (equivalente a um av�). Em 1935, o pr�prio Hitler alteraria a regra, e passou-se a considerar como judeu somente quem tinha mais de dois ter�os de "sangue judaico", sendo alem�es os "meio-judeus" (ou seja, com apenas dois av�s judeus). Nos Estados Unidos sob as Leis de Jim Crow, era considerada negra qualquer pessoa com uma gota de sangue africano (one-drop rule), mesmo que n�o aparentasse s�-la.[18] Na �frica do Sul do Apartheid, quando havia d�vida sobre a negritude da pessoa, era feito o "teste do pente": se o pente enroscasse no cabelo, a pessoa era negra, e se o pente deslizasse at� o ch�o, era branca.[15]

No censo do IBGE de 2010, 7,6% dos brasileiros identificaram sua cor ou ra�a como preta, 43,1% como parda e 47,7% como branca.[19] Esses dados, contudo, devem ser analisados com cautela, haja vista a hist�rica tend�ncia ao branqueamento que se observa nas classifica��es raciais no pa�s.[10][11] Frequentemente, textos acad�micos e jornal�sticos classificam como popula��o negra a soma dos pretos e pardos - o IBGE, por�m, n�o adota essa classifica��o.[20] Essa metodologia � questionada por alguns, uma vez que a maioria dos pardos s�o mesti�os, que n�o se identificam nem como negros, nem como brancos, mas como um grupo separado.[21] Al�m disso, muitos pardos n�o s�o descendentes de africanos, mas de �ndios, principalmente nos estados do Norte.[22]

O Estado brasileiro, que historicamente assumiu diversas atitudes claramente racistas, como no final do s�culo XIX, quando proibiu a entrada de imigrantes africanos e asi�ticos no pa�s, ao mesmo tempo em que promovia a entrada de imigrantes europeus,[23][24] recentemente tem se redimido e tomado atitudes pol�ticas que visam a melhora das condi��es de vida da popula��o negra, tanto do ponto de vista s�cio-econ�mico como ideol�gico. Dentre as quais, a Lei n.� 10.639 de 2003, que tornou obrigat�rio o ensino da Hist�ria da �frica e da cultura afro-brasileira nas escolas,[25] a Lei n.� 12.288 de 2010, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial,[26] a Lei n.� 12.519 de 2011, que instituiu o Dia Nacional de Zumbi e da Consci�ncia Negra,[27] a Lei n.� 12.711 de 2012, que tornou obrigat�ria a reserva de cotas raciais no Ensino Superior[28] e a Lei n.� 12.990 de 2014, que tamb�m tornou obrigat�ria a reserva de cotas para negros nos concursos p�blicos.[29]

A escravid�o no mundo

[editar | editar c�digo-fonte]
Pessoa escravizada sendo açoitada, em pintura de Jean-Baptiste Debret

Segundo o historiador Orlando Patterson, praticamente não existe ser humano que não seja descendente de escravos ou de senhores de escravos. A escravidão foi adotada em diversas sociedades humanas, em diferentes regiões do mundo, vigorando nas populações mais primitivas até as civilizações mais sofisticadas.[30]

No que viria a ser o Brasil, a escravidão já era praticada pelos índios, na sua forma mais primitiva, bem antes da chegada dos europeus. Entre os tupinambás, a escravidão não tinha um valor econômico, vez que os cativos serviam para serem exibidos como troféus de valor militar e honra ou como carne a ser devorada em rituais canibalescos que poderiam acontecer até quinze anos após a captura.[30]

Pesquisas arqueológicas mostram que a escravidão foi praticada na Europa pelo menos desde o Neolítico. Com a revolução urbana, iniciada a partir do V milênio a. C., os prisioneiros de guerra, no lugar de serem sacrificados em cerimônias antropofágicas, passaram a ser usados como trabalhadores cativos. O sistema escravista alcançou seu auge entre os europeus nas civilizações grega e romana, época em que milhares de pessoas foram traficadas como escravas no Mar Negro e no Mediterrâneo. A maioria desses escravos eram europeus, embora também viessem das colônias na África e na Ásia. A escravidão declinou no norte da Europa no fim da Idade Média, porém persistiu no sul até a Idade Moderna.[30]

Entre os povos mais primitivos da África Subsaariana, assim como entre os índigenas do Brasil, os escravos raramente tinham um valor econômico, sendo símbolo de prestígio. Porém, a medida que os povos subsaarianos mais simples passaram a ter contato com povos mais avançados, os escravos geralmente constituíam a única mercadoria que eles poderiam oferecer em troca de bens de luxo.[30] Em 1580 a.C, navios já partiam do Egito para a Somalilândia com o único objetivo de capturar escravos. Com o avanço do islamismo na Península Arábica e no Norte da África, o tráfico de escravos negros se intensificou, com a formação de postos comerciais na África oriental por comerciantes árabes. No início da Idade Média, traficantes árabes penetraram a África ocidental e iniciaram o tráfico transaariano de escravos, que culminou na escravização de milhões de africanos negros que foram mandados para as regiões islamizadas do norte da África e para os países árabes.[30]

O tráfico transatlântico de escravos

[editar | editar código-fonte]
Principais regiões de comércio de escravos na África entre os séculos XV e XIX

Nenhum continente foi tão afetado pela escravidão como a África. O último e o maior sistema escravista da história da humanidade foi o tráfico de africanos para as Américas. Praticamente todos os povos da Europa ocidental estiveram envolvidos nesse altamente lucrativo tráfico, embora Portugal, Holanda, Inglaterra e França se tenham destacado. Com a chegada dos europeus ao continente africano no século XVI, o tráfico de escravos, intenso há vários séculos, cresceu ainda mais. Em troca de mercadoria e dinheiro oferecidos pelos comerciantes europeus, vários povos africanos venderam pessoas de tribos vizinhas para os traficantes de pessoas.[30]

Como resultado do estímulo econômico advindo do comércio de escravos, surgiram na África Estados centralizados cuja economia estava fortemente dependente da venda de escravos, como Daomé e o Império Axante. Neste processo, os comerciantes europeus e a elite africana lucravam por meio da escravização de milhões de africanos. De maneira geral, havia oito meios pelos quais as pessoas poderiam ser escravizadas:[30]

  • Captura em guerras;
  • Rapto;
  • Pagamento de tributos e impostos;
  • Dívida;
  • Punição por crimes;
  • Abandono e venda de crianças;
  • Auto-escravização;
  • Nascimento

A maioria dos africanos chegou às Américas por meio de rapto, ou seja, foram vítimas de ataques e incursões feitas com o único propósito de se adquirir escravos.[30] A maioria dos raptos eram feitos por intermediários africanos, que penetravam tribos vizinhas e vendiam os seus membros aos europeus embora, em muitos casos, os raptos fossem feitos pessoalmente pelos portugueses. A segunda forma mais comum da escravização foi por meio de capturas em guerras. Prisioneiros de guerra eram reduzidos à escravidão pela tribo vencedora e destinados à escravidão nas Américas. Rapto e captura em guerras não devem ser confundidos pois, no primeiro caso, a tribo é atacada com o único objetivo de se obter escravos e, no segundo, a tribo é escravizada como consequência de ter sucumbido na guerra. Patterson estima que, dos 1,6 milhão de africanos entrados no Novo Mundo antes do final do século XVII, 60% podem ter sido prisioneiros de guerra, enquanto menos de um terço foi raptado. Porém, dos 7,4 milhões entrados entre 1701 e 1810, 70% foram raptados e 20% foram vítimas de guerra.[30]

Destinos dos escravos africanos (1519–1867)[31]
Destino Porcentagem
América Portuguesa 38,5%
América Britânica (menos a América do Norte) 18,4%
América Espanhola 17,5%
América Francesa 13,6%
América do Norte Inglesa 6,45%
América Inglesa 3,25%
Antilhas Holandesas 2,0%
Antilhas Dinamarquesas 0,3%

Por que os africanos?

[editar | editar código-fonte]

Teria sido muito mais barato aos europeus obter escravos na própria Europa do que enviar navios para a costa africana, com o objetivo de capturar mão de obra. Para os europeus, o grupo de indivíduos elegíveis para a escravidão era muito mais restrito do que para os africanos. A expansão ultramarina colocou os europeus em contato com povos "que diferiam mais deles, cultural e fisicamente, do que qualquer outro povo com o qual eles tinham interagido no milênio anterior". Na Europa, a hipótese de escravizar outros europeus nunca foi levantada, ao passo que, na África, havia grupos africanos dispostos a vender outros africanos para serem escravizados. Assim, a principal causa para a escravização em massa de africanos foi "um descompasso entre as concepções africana e europeia a respeito da elegibilidade para a escravização, em cujas raízes encontram-se a cultura, as normas sociais, que não estão claramente ligadas à economia".[32] Segundo o historiador David Eltis, "A África era uma massa continental muito maior, que abrigava mais diversidade de populações humanas do que se poderia encontrar em qualquer outra área de tamanho comparável no mundo. Não é de estranhar que os africanos não tivessem uma concepção continental de pertencimento — isto é, de povos que não se podia escravizar".[33]

Concomitantemente, no continente americano, os povos ameríndios estavam morrendo aos milhares e o número de colonos europeus dispostos a cruzar o Atlântico era muito pequeno. Assim, os colonizadores buscaram na África a mão de obra necessária para desenvolver as colônias.[32]

A escravidão no Brasil

[editar | editar código-fonte]
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Olinda é a mais antiga igreja do Brasil pertencente a uma irmandade de negros.[34]
Ver artigo principal: Escravidão no Brasil

O Brasil recebeu cerca de 38% de todos os escravos africanos que foram trazidos para a Am�rica.[35] A quantidade total de africanos subsaarianos que chegaram ao Brasil tem estimativas muito variadas: alguns citam mais de tr�s milh�es de pessoas, outros quatro milh�es.[36][37] Segundo uma estimativa, de 1501 a 1866, foram embarcados na �frica com destino ao Brasil 5.532.118 africanos, dos quais 4.864.374 chegaram vivos (667.696 pessoas morreram nos navios negreiros durante o trajeto �frica-Brasil). O Brasil foi, de longe, o pa�s que mais recebeu escravos no mundo. Em compara��o, no mesmo per�odo, com destino � Am�rica do Norte foram embarcados 472.381 africanos, dos quais 388.747 chegaram vivos (83.634 n�o sobreviveram).[38] De acordo com a estimativa do IBGE, o n�mero total de africanos que chegou ao Brasil foi de 4.009.400.[39]

Francisco F�lix de Sousa (1754-1849), traficante de escravos tido como dono de uma grande fortuna em seu tempo, era mulato (ou mesti�o indefinido).[40][41][42][43]
Francisco Paulo de Almeida (1826-1901), primeiro e �nico Bar�o de Guaraciaba, t�tulo concedido pela Princesa Isabel.[44] Negro, possuiu uma das maiores fortunas do per�odo imperial, chegando a ser dono de aproximadamente mil escravos.[44][45]

Os portugueses lideraram o tr�fico de escravos por s�culos. Herdaram da tradi��o isl�mica sua cultura t�cnica, fundamentalmente para a navega��o, produ��o de a��car e incorpora��o de negros escravos para a for�a de trabalho.[10] A m�o de obra escrava de africanos na produ��o de a��car j� estava sendo utilizada nas ilhas atl�nticas da Madeira e dos A�ores � �poca do descobrimento do Brasil, seguindo uma nova forma de organiza��o de produ��o: a fazenda.[10] No in�cio do s�culo XVI, cerca de 10% da popula��o de Lisboa era composta por escravos africanos, n�mero surpreendentemente alto para um contexto europeu.[46] Os portugueses, mais do que qualquer outro povo europeu, estavam culturalmente condicionados a lidar com povos de pele mais escura e preparados para contingenciar ind�genas ao trabalho for�ado e a aliciar multid�es de africanos com o intuito de viabilizar seus interesses econ�micos. O Brasil se configurou como uma forma��o colonial-escravista de car�ter agromercantil. Primeiramente, o portugu�s usou do trabalho for�ado do ind�gena. Por�m, com a deteriora��o dessa popula��o abor�gene, o tr�fico de pessoas oriundas da �frica se intensificou gradativamente, passando a compor a massa de trabalhadores no Brasil.[10]

A escravid�o fincou ra�zes profundas na sociedade brasileira. Os africanos e seus descendentes resistiram durante todos os s�culos contra a escravatura, por meio de rebeli�es ou fugas, formando quilombos. Por�m, possuir escravos era uma pr�tica t�o disseminada e aceita pela sociedade que muitos ex-escravos, ap�s conseguirem a liberdade, tamb�m tratavam de adquirir um cativo para si. Ter escravos significava status e afastava as pessoas do mundo do trabalho pesado, que na mentalidade brasileira apenas os escravos podiam exercer. Portanto, no Brasil escravagista, ningu�m se espantava ao ver um negro ou um mulato comprando um escravo, mas essa cena seria chocante nos Estados Unidos � �poca e dif�cil de ser imaginada pelos brasileiros atualmente.[47] Toda a vida econ�mica do imp�rio ultramarino portugu�s na �frica e na Am�rica se organizava com base no trabalho escravo, e o sentimento abolicionista sempre foi muito d�bil no mundo luso-brasileiro.[48] Em decorr�ncia, o Brasil s� extinguiu o tr�fico de escravos em 1850, sob press�o da Inglaterra e ap�s desrespeitar acordos nos quais se comprometia a abolir o tr�fico. A escravatura s� foi abolida em territ�rio brasileiro em 1888, sendo o Brasil o �ltimo pa�s das Am�ricas a abolir a escravid�o.[49] A escravatura era um dos pilares do Imp�rio do Brasil e, com a aboli��o, o imperador Pedro II perdeu o apoio dos fazendeiros escravistas insatisfeitos por n�o terem recebido indeniza��o, sendo uma das causas da queda da Monarquia no Brasil.[50]

Fluxos imigrat�rios

[editar | editar c�digo-fonte]

Rotas do tr�fico entre Brasil e �frica

[editar | editar c�digo-fonte]
Escravo do Brasil fotografado por Augusto Stahl (c.1865)

O projeto The Trans-Atlantic Slave Trade Database estimou que, durante o tr�fico negreiro, desembarcaram no Brasil 5.099.816 africanos. Ap�s minuciosas an�lises na �frica e nas Am�ricas, os pesquisadores conseguiram tra�ar as origens dos africanos trazidos ao Brasil. Cerca de 68% dos escravos desembarcados no Brasil eram provenientes do Centro-Oeste africano. Atualmente, situam-se nessa regi�o os Estados de Angola, Rep�blica do Congo e Rep�blica Democr�tica do Congo.[51]

Origem dos africanos trazidos ao Brasil[51]
Regi�o de origem N�mero de pessoas Porcentagem Pa�ses na atual regi�o
Centro-Oeste da �frica 3.507.222 68,7% Angola, Rep�blica do Congo e Rep�blica Democr�tica do Congo
Golfo do Benim 908.044 17,8% Parte leste da Nig�ria, Camar�es, Guin� Equatorial e Gab�o
Sudeste da �frica e ilhas do �ndico 288.390 5,6% Mo�ambique e Madagascar
Seneg�mbia 177.625 3,4% Senegal e G�mbia
Golfo do Biafra 133.431 2,5% Togo, Benim e oeste da Nig�ria
Costa do Ouro 62.170 1,2% Gana e oeste da Costa do Marfim
Serra Leoa 14.960 0,2% Serra Leoa
Costa de Barlavento 7.974 0,15% Lib�ria e Costa do Marfim
Totais 5.099.816

Cada �poca da hist�ria do Brasil tem diferentes portos importantes de embarque de escravos, e cada porto recebia escravos provenientes de uma grande regi�o que ia centenas de quil�metros dentro do interior da �frica. Portanto, a origem �tnica dos escravos recebidos no Brasil � muito variada, al�m de se ter alterado ao longo dos s�culos de tr�fico negreiro.

Um fator essencial para a compreens�o das regi�es de origem dos africanos trazidos para o Brasil est� nos ventos e correntes mar�timas do Atl�ntico Norte e do Atl�ntico Sul. Existem dois sistemas de ventos e de correntes mar�timas nos Atl�nticos (que atuam como "rodas-gigantes"): um ao norte do equador e gira no sentido hor�rio; o outro, ao sul, gira no sentido anti-hor�rio. Esses ventos e correntes foram determinantes para que os escravos levados para a Am�rica do Norte e o Caribe fossem origin�rios sobretudo das �reas mais setentrionais da �frica subsaariana, ao passo que, para o Brasil, foram trazidos principalmente africanos das partes mais ao sul, predominantemente de Angola, enquanto que o sudeste da �frica e o golfo do Benim desempenharam pap�is secund�rios.[32]

Apesar disto, os grupos �tnicos acabaram se dividindo por locais, com preponder�ncia dos Bantos no Rio de Janeiro e dos escravos oeste-africanos na Bahia e norte do Brasil.[52] Uma das razões foi o momento histórico em que ocorreu cada ciclo econômico em uma região diferente do Brasil (açúcar no nordeste, ouro em Minas Gerais e café no Rio de Janeiro) e a oferta maior de escravos em uma região da África

Retratos de negras e negros de Pernambuco, por Alberto Henschel (c. 1870)

De modo simplificado, podemos dizer que os escravos africanos trazidos para o Brasil originavam-se nos seguintes locais de embarque:

Quanto às fases de imigração, segundo a periodização de Viana Filho, são definidos:[56]

Na primeira metade do século XIX, em que ocorreu o apogeu do tráfico de escravos para o Brasil, os escravos do oeste-africano iam principalmente para Salvador, enquanto os centro-oeste e leste-africano iam principalmente para o Rio de Janeiro. A razão é simplesmente a distância menor entre portos de embarque e desembarque, transportando uma carga que literalmente perecia com as más condições da viagem. Deste modo, os grandes grupos étnicos acabaram predominando em alguns locais como os bantos no Rio de Janeiro e os escravos oeste-africanos na Bahia e norte do Brasil.[52] Minas Gerais foi um caso peculiar, pois recebeu grande quantidade de escravos oeste-africanos e bantos, sendo que os primeiros predominaram até meados do século XVIII, e os segundos durante o XIX.[58]

Região de desembarque dos africanos trazidos ao Brasil[59]
Regiões de desembarque Número de pessoas Porcentagem
Sudeste do Brasil 2.259.987 46,8%
Bahia 1.545.006 32%
Pernambuco 824.312 17%
Amazônia 141.774 2,9%
Não especificada 50.048 1%
Totais 4.821.127

Retorno à África

[editar | editar código-fonte]

Diversas comunidades de escravos libertos no Brasil retornaram à África entre os séculos XVIII e XIX.[60] Entre eles destacam-se os Tabom, retornados ao Gana em 1835-36,[61] e os Agudás ou Amarôs, no Benim (ver: Francisco Félix de Sousa), no Togo e na Nigéria. Numerosos, esses "brasileiros" estabeleceram-se na região da antiga costa dos Escravos - que abrangia todo o golfo de Benim, indo da atual cidade de Lagos, na Nigéria, até Acra, no Gana. Milton Guran em seu livro "Agudás – os "brasileiros" do Benim" resume: "Os "brasileiros" do Benim, Togo e Nigéria, também conhecidos como agudás, nas línguas locais, são descendentes dos antigos escravos do Brasil que retornaram à África durante o século XIX e dos comerciantes baianos lá estabelecidos nos séculos XVIII e XIX. Possuem nomes de família como Souza, Silva, Almeida, entre outros, festejam Nosso Senhor do Bonfim, dançam a burrinha (uma forma arcaica do bumba-meu-boi), fazem desfiles de Carnaval e se reúnem frequentemente em torno de uma feijoada ou de um kousidou. Ainda hoje é comum os agudás mais velhos se cumprimentarem com um sonoro "Bom dia, como passou?" "Bem, 'brigado'" é a resposta."[62][63]

Imigração africana recente

[editar | editar código-fonte]

Nas décadas recentes, africanos negros têm imigrado ao Brasil,[64] especialmente de países que falam português como Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, em busca de oportunidades de trabalho ou comerciais. Há também um expressivo número de migrantes de países não-lusófonos como Senegal, República Democrática do Congo, Togo e Nigéria, mas a maioria vai para o país latino-americano em condição de refugiados.[65]

Grupos étnicos

[editar | editar código-fonte]
Mulher africana bantu com seu filho no Recife, Capitania de Pernambuco — óleo sobre tela de Albert Eckhout (século XVII). A maioria dos africanos trazidos para o Brasil é de origem bantu

Os portugueses classificavam diversas etnias africanas de forma genérica, sem levar em conta as peculiaridades existentes entre esses diferentes grupos. De maneira geral, os escravos eram identificados de acordo com a região do porto onde embarcaram. Em consequência, um grupo classificado como único pelos portugueses poderia, de fato, abarcar diversas etnias dentro dele.

Em termos gerais, pode-se classificar as culturas africanas vindas ao Brasil em três grandes grupos:[10][66][67]

Os oeste-africanos, oriundos da denominada Costa da Mina, sobretudo da atual Nig�ria e do Benim, eram genericamente denominados de escravos minas ou sudaneses, embora dentro desse grupo gen�rico estivessem inclu�das etnias diversas, como os nag�s, jejes, fantis e axantes, g�s e minas, mal�s (africanos islamizados), hau��s, can�ris, nup�s, gurunsis, fulas e mandingas. Muitos dos escravos trazidos da Costa da Mina eram seguidores da religi�o mu�ulmana. Alguns deles sabiam ler e escrever em �rabe, fato inusitado no Brasil colonial, onde a maioria da popula��o, inclusive a elite, era analfabeta. A influ�ncia isl�mica desses escravos pode ainda ser vista em Salvador, sobretudo no vestu�rio das baianas, com seu caracter�stico turbante mu�ulmano, saias largas e compridas, xales e mantras listradas.[68]

O outro grande grupo que veio para o Brasil foi o dos bantos, a maioria oriunda de Angola, mas esse grupo inclu�a tamb�m escravos de lugares long�nquos, como Mo�ambique.[69]

Os Bantus s�o descendentes de um grupo etnolingu�stico que se espalhou r�pida e recentemente desde a atual regi�o de Camar�es em dire��o ao sul, atingindo tanto o litoral oeste quanto o leste da �frica. Como esta expans�o foi recente, as diferentes na��es Bantus t�m muitos aspectos �tnico-culturais, lingu�sticos e gen�ticos em comum, apesar da grande �rea pela qual se espalharam.[70]

Os Bantus trazidos para o Brasil vieram das regi�es que atualmente s�o os pa�ses de Angola, Rep�blica do Congo, Rep�blica Democr�tica do Congo, Mo�ambique e, em menor escala, Tanz�nia. Pertenciam a grupos �tnicos que os traficantes dividiam em Cassangas, Benguelas, Cabindas, Dembos, Rebolos, Anjicos, Macuas, Quiloas, etc.

Constitu�ram a maior parte dos escravos levados para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para a zona da mata do Nordeste.[52][55][57]

Oeste-africanos

[editar | editar c�digo-fonte]

Os oeste-africanos provinham de uma vasta regi�o litor�nea que ia desde o Senegal at� � Nig�ria, al�m do interior adjacente. A faixa de terra fronteiri�a ao sul da regi�o do Sahel, que se estende no sentido oeste-leste atravessando toda a �frica, � denominada Sud�o. Frequentemente, os escravos de origem oeste-africana s�o chamados de sudaneses, o que causa confus�o com os habitantes do atual Sud�o, que comprovadamente n�o teve sua popula��o escravizada nas Am�ricas. Al�m disto, apenas parte dos escravos de origem oeste-africana vieram da vasta regi�o chamada Sud�o. Os nativos do oeste-africano foram os primeiros escravos a serem levados para as Am�ricas sendo chamados, nesta �poca, de negros da Guin�.[55]

O vestu�rio da baiana reflete a influ�ncia mu�ulmana dos escravos oeste-africanos.[68]

No livro Di�logos das Grandezas do Brasil, de 1610, Ambr�sio Fernandes Brand�o fala da abund�ncia de "escravos da Guin�" existente nas capitanias nordestinas.

(...) porquanto neste Brasil se h� criado um novo Guin� com a grande multid�o d'escravos vindos de l� que nele se acham; em tanto que, em algumas das capitanias, h� mais deles que dos [�ndios] naturais da terra, e lodos os homens que nele vivem tem metida quase toda sua fazenda em semelhante mercadoria.[71]

Os oeste-africanos eram principalmente nativos das regi�es que atualmente s�o os pa�ses de Costa do Marfim, Benim, Togo, Gana e Nig�ria. A regi�o do golfo de Benim foi um dos principais pontos de embarque de escravos, tanto que era conhecida como Costa dos Escravos. Os oeste-africanos constitu�ram a maior parte dos escravos levados para a Bahia.[52] Pertenciam a diversos grupos �tnicos que o tr�fico negreiro dividia, principalmente, em:

Os Mal�s eram escravos de origem oeste-africana, na maior parte falantes da l�ngua ha��a, que seguiam a religi�o mu�ulmana. Muitos deles falavam e escreviam em l�ngua �rabe, ou usavam caracteres do �rabe para escrever em ha��a.[68] Al�m dos Hau��s, isto �, dos falantes de l�ngua ha��a, outras etnias islamizadas trazidas como escravos para o Brasil foram os Mandingas, Fulas, nup�s, Bornu, Gurunsi, etc.

Havia tamb�m oeste-africanos de outras etnias al�m das acima citadas como os Ma�s, Savalu e v�rios outros grupos menores.

Estados de acordo com a percentagem dos negros em 2009
Entrada de escravos africanos no Brasil(IBGE)
Período 1500-1700 1701-1760 1761-1829 1830-1855
Quantidade 510.000 958.000 1.720.000 718.000

Muitos negros foram trazidos para o Brasil como escravos no período colonial e imperial e eram uma parcela grande da população, mas, o crescimento da população negra foi relativamente pequeno em comparação com a entrada de escravos da África subsaariana. Primeiramente, porque os homens eram a grande maioria dos escravos traficados para o Brasil, atingindo quantidades até oito vezes maiores do que a de mulheres.[52] Segundo, porque a mortalidade era muito maior entre os escravos do que entre o resto da população brasileira. Em certos momentos da história do Brasil, o crescimento da população escrava deveu-se somente ao crescimento do tráfico de escravos. Deve ser registrado que não há certeza quanto ao número que entrou porque no Brasil não foi realizado censo da população brasileira antes de 1872.[72] O que é certo, porém, é que o número de africanos trazidos foi grande, porém, a maior parte deles era do sexo masculino, com expectativa de vida no geral muito baixa. Nas palavras de Auguste de Saint-Hilaire: "Uma infinidade de negros morreu sem deixar descendência".[73] Tanto é que a população inteira do Brasil, estimada em 4 milhões por volta de 1823, abrangendo todos os segmentos da população (brancos, pardos e mestiços em geral, africanos livres e escravos, e índios), corresponde ao número total de africanos que, de acordo com alguns, teria vindo ao Brasil durante todo o período colonial,[74] não se podendo dizer, então, que o número de africanos trazidos corresponda àquele que contribuiu, efetivamente, para o crescimento demográfico do país.

A população negra cresceu com força com a melhoria de tratamento dos escravos que ocorreu depois do fim do tráfico com a Lei Eusébio de Queirós de 1850.[carece de fontes?] No primeiro levantamento sobre a cor da população feito no Brasil, em 1872, os resultados foram os seguintes: 4.188.737 pardos, 3.787.289 brancos e 1.954.452 pretos, sendo assim, os pretos eram o terceiro maior grupo, como ainda o são. No segundo levantamento feito, em 1890, houve um tímido aumento da população preta, os resultados foram os seguintes: 6.302.198 brancos, 5.934.291 pardos e 2.097.426 pretos, o que mostra que os pretos continuaram sendo o terceiro maior grupo da população brasileira naquela época mas que não tiveram o mesmo rápido crescimento populacional que os brancos e pardos tiveram entre 1872 e 1890.[75]

Evolução em valores absolutos da população de cada cor
Evolução em porcentagem relativa à população total

Os escravos homens, jovens, mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados. Havia um grande desequilíbrio demográfico entre homens e mulheres na população de escravos. No período 1837-1840, os homens constituíam 73,7% e as mulheres apenas 26,3% da população escrava. Os navios negreiros embarcavam mais homens do que mulheres.[carece de fontes?] Além disto, os donos de escravos não se preocupavam com a reprodução natural da escravaria, porque era mais barato comprar escravos recém trazidos pelo tráfico internacional do que gastar com a alimentação de crianças.[76] O número de crianças era inferior, de 3% a 6% dos embarcados.[carece de fontes?]

Os fatores que contribuíram para a brusca diminuição no número relativo de negros foram diversos. Primeiro, houve a grande imigração europeia para o Brasil na segunda metade do século XIX e na primeira metade do XX. Segundo, a mortalidade era bem maior entre os pretos, que, em geral, não tinham acesso à boa alimentação, saneamento básico e serviços médicos.

Referindo-se à diminuição de negros na população brasileira, João Batista de Lacerda, único latino-americano a apresentar um relatório no I Congresso Universal de Raças, em Londres, no ano de 1911, escreveu que: "no Brasil já se viram filhos de métis (mestiços, pardos) apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca[...]. Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência do atavismo(…) mas a influência da seleção sexual (…) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(…) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio".

A política de imigração brasileira no século XX não era somente um meio do governo de ocupar terras não ocupadas, conseguir mais mão de obra e desenvolver-se, mas também de "civilizar" e "embranquecer" o país com população europeia. O decreto número 528 de 1890, assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Até ser revogado em 1907, este decreto praticamente proibiu a imigração de africanos e asiáticos para o Brasil.[77] Apesar de necessitar muito de mão de obra pouco qualificada em vários momentos históricos, depois do fim do tráfico de escravos para o Brasil nunca se pensou em trazer imigrantes livres da África.

A família escrava

[editar | editar código-fonte]

Durante muitos anos, diversos historiadores e antropólogos sustentaram que, no Brasil, os escravos não formavam famílias. Florestan Fernandes afirmava que os escravos eram an�micos, n�o tinham solidariedade entre si e a fam�lia, n�o apenas a linhagem, como a nuclear, com o pai presente, nunca existiu.[78] Para esses autores, a uni�o entre negros era passageira, gerando filhos ileg�timos, sendo que os la�os de parentesco e a vida familiar eram destru�dos pela venda, pelos obst�culos impostos pelos senhores quanto � forma��o de fam�lias entre os escravos e pelo com�rcio interno que desmantelava essas uni�es. As poucas fam�lias que existiam eram centradas na m�e e, quase sempre, os filhos eram criados sem a presen�a do pai.[79]

M�e e filha negras no s�culo XIX. Os la�os familiares eram importantes na vida dos escravos

Estudos mais recentes, contudo, refutam essas ideias. Apesar de incipientes, as novas pesquisas mostram que eram altas as taxas de casamentos entre escravos, feitos na igreja, nas regi�es de plantation do Sudeste do Brasil. Indicam tamb�m uma estabilidade impressionante nessas fam�lias, havendo conviv�ncia pr�xima entre pais e filhos. Nas propriedades grandes e antigas, em particular, essa estabilidade era evidente nas diversas fam�lias extensas encontradas, nas quais existiam membros de tr�s gera��es convivendo com seus irm�os adultos e respectivos filhos. Este foi, pelo menos, o quadro encontrado no Oeste Paulista e no Vale do Para�ba oitocentista.[78]

Havia, contudo, diferen�as regionais. Na Bahia tanto para o s�culo XVIII quanto para o XIX, as taxas de ilegitimidade eram alt�ssimas, denotando a falta de casamentos formais entre escravos, sendo que algumas par�quias sequer registraram um �nico filho leg�timo. Em contrapartida, na freguesia de Campos dos Goitacases, no Rio de Janeiro setecentista, a taxa de legitimidade entre as crian�as nascidas de escravos era elevad�ssima, sendo metade do total, chegando a 86% em algumas freguesias. Ainda n�o se sabe explicar a raz�o dessas diferen�as regionais, embora possam denotar que os n�veis de assimila��o cultural variavam entre as etnias africanas. Enquanto no Sudeste do Brasil a maioria dos escravos era banto, considerado mais facilmente assimil�vel na tradi��o cat�lica (embora isso possa ser questionado), no Nordeste e, em particular, na Bahia, a maioria dos escravos era nag�, sendo que Salvador foi palco de diversas revoltas escravas que n�o foram observadas no resto do Brasil. Isso indicaria que o nag� estava menos disposto a aceitar as regras familiares impostas pelo catolicismo.[78]

De qualquer maneira, n�o se pode dizer que os escravos eram an�micos. Mesmo nas regi�es onde n�o imperava a forma��o de fam�lias segundo as normas cat�licas, havia outras maneiras pelas quais os escravos podiam criar seus la�os familiares, como na substitui��o dos pais biol�gicos por outros parentes e tamb�m na inclus�o de n�o parentes para preencher os vazios na fam�lia extensa.[78] De maneira geral, os casamentos formais eram pouco frequentes no Brasil colonial, mesmo entre os livres, quer brancos, quer de ascend�ncia africana. Em 1805, na comarca de Sabar�, em Minas Gerais, apenas 29,7% dos brancos, 24,5% dos mulatos e 21,4% dos negros haviam se casado na igreja.[79]

Para Florestan Fernandes, os senhores destru�am as fam�lias escravas para viabilizar a manuten��o do escravismo, vez que criariam escravos an�micos, sem uni�o e sem poder de organiza��o. Florentino e G�es t�m uma vis�o oposta, sustentando que os senhores incentivavam a forma��o de fam�lias entre os escravos pois a cria��o desses la�os afetivos coibiam as revoltas internas, garantindo a paz nas senzalas.[78]

Hebe Maria Mattos sustenta que, no Brasil, a forma��o dessas fam�lias n�o construiu uma identidade negra e escrava, em oposi��o a uma identidade branca e livre, como ocorreu nos Estados Unidos. A fam�lia, embora n�cleo fundamental na vida dos cativos, n�o criou uma identidade racial, mas uma que aproximava os escravos dos homens livres pobres.[78]

Miscigena��o

[editar | editar c�digo-fonte]

O processo de miscigena��o entre africanos, europeus e ind�genas foi fundamental na constitui��o da popula��o brasileira. O fen�meno, contudo, n�o levou a uma democracia racial, como quiserem alguns autores, vez que ra�a, cor da pele, origem e classe social sempre exerceram influ�ncia direta nas oportunidades de mobilidade social dos habitantes do Brasil. Alguns autores, como Gilberto Freyre e S�rgio Buarque de Holanda defendiam a tese de que, entre os portugueses, havia aus�ncia ou pouqu�ssimo preconceito de ra�a, fato que explicaria a sua propens�o � miscigena��o racial.[80] Estudiosos posteriores, como C. R. Boxer, discordavam dessa teoria pois, segundo ele, os portugueses eram um dos povos mais racistas de sua �poca, sendo que desenvolveram, entre os s�culos XVI e XVIII, um complexo mecanismo de "limpeza de sangue" que produzia inabilita��es e criava estigmas de toda a sorte contra descendentes de judeus, mouros, �ndios, negros e outros.[46][80]

Se os portugueses eram nada, pouco ou muito racistas, esse ju�zo depender� das diferentes interpreta��es hist�ricas, contudo a teoria de que eles estavam mais propensos a se miscigenar com outras ra�as � derrubada a medida que se analisa a situa��o nas outras col�nias portuguesas. Ao contr�rio do Brasil, na �frica e na �ndia nenhuma miscigena��o expressiva ocorreu entre os portugueses e os nativos.[80] Em consequ�ncia, o que se extrai dessas an�lises � que o processo de miscigena��o no Brasil foi oriundo de um projeto portugu�s de ocupa��o e explora��o do territ�rio brasileiro, que j� estava definido at� certo ponto. Portugal tinha uma popula��o muito pequena, portanto n�o conseguiria apenas com colonos portugueses firmar a explora��o agr�ria no territ�rio colonial brasileiro.[80] A Coroa portuguesa precisava de uma camada intermedi�ria de mesti�os e de ex-escravos negros e mulatos para viabilizar seus projetos econ�micos.[23] Em consequ�ncia, apesar das exig�ncias de "limpeza de sangue" terem se tornado uma obsess�o em Portugal,[46] na col�nia, haja vista a falta cr�nica de pessoas brancas, sobretudo de mulheres, a Coroa frequentemente tinha que fazer "vista grossa" quanto � origem mesti�a, sobretudo dos indiv�duos que galgavam poder na sociedade colonial. Isso, contudo, n�o eliminava a inferioriza��o e as maiores dificuldades de ascens�o social que enfrentavam essas pessoas.[79]

Miscigena��o entre negros e brancos

[editar | editar c�digo-fonte]

Explora��o sexual

[editar | editar c�digo-fonte]
Negra com turbante fotografada por Albert Henschel (c.1870)
Mulher negra da Bahia fotografado por Marc Ferrez (c.1885)
Mo�a mulata fotografada por Albert Henschel (c.1869)
"Doze anos � a idade flor das africanas. Nelas h� de quando em quando um encanto t�o grande, que a gente esquece a cor...As negrinhas s�o geralmente fornidas e s�lidas, com fei��es denotando agrad�vel amabilidade e todos os movimentos cheios de uma gra�a natural, p�s e m�os plasticamente belos. Dos olhos irradia um fogo t�o peculiar e o seio arfa em t�o ansioso desejo, que � dif�cil resistir a tais sedu��es".[81]

Durante v�rios s�culos, no mundo ocidental, as mulheres, independentemente da ra�a ou origem, viveram subordinadas aos homens e foram frequentemente v�timas de viol�ncia f�sica e sexual. Nas sociedades escravocratas, a situa��o era particularmente pior vez que, em qualquer lugar onde h� escravid�o, os escravos s�o frequentemente v�timas de explora��o sexual por parte dos seus senhores, seja em rela��es heterossexuais ou homossexuais.[30][46] Para as mulheres, o cen�rio era ainda mais degradante e, no caso do Brasil, al�m da explora��o sexual t�pica da hierarquiza��o senhor-escrava, somava-se a misoginia racista que se formou na sociedade colonial. Os homens dirigiam palavras chulas e investidas sexuais sobre as negras escravas ou forras e mulatas, enquanto para as brancas eram destinados os galanteios e palavras amorosas. A mulher de origem africana, assim como a ind�gena no primeiro s�culo de coloniza��o, foi frequentemente degradada � situa��o de objeto sexual dos homens brancos.[82]

A beleza das mulheres africanas era frequentemente elogiada pelos viajantes europeus que chegavam ao Brasil, particularmente das escravas oriundas da Costa da Mina, que tinham a pele mais clara e, embora continuassem ex�ticas, aproximavam-se do padr�o de beleza apreciado na Europa.[47] Contudo, o fato de os colonizadores portugueses terem se sentido sexualmente atra�dos pelas mulheres ind�genas, negras e mulatas n�o pode ser equivocadamente interpretado como aus�ncia do preconceito racial, vez que muitas dessas rela��es eram desiguais e hierarquizadas e feitas � base de viol�ncia e sadismo.[83]

A mulher de origem africana, particularmente a mulata, assim como todas as pobres de maneira geral, vistas como um objeto sexual a ser desfrutado pelos homens abastados, � uma concep��o que ecoa na sociedade at� os dias atuais. Como escreveu Darcy Ribeiro, "O que caracteriza o portugu�s de ontem e o brasileiro de classe dominante de hoje � a duplicidade de seus padr�es de rela��o sexual: um, para rela��es dentro de seu c�rculo social, e outro, oposto, para com a gente de camadas mais pobres".[10]

N�o se pode, contudo, acreditar que a gera��o da ampla camada de mesti�os e mulatos no Brasil tenha sido resultado somente da explora��o sexual dos senhores sobre as suas escravas. Sem negar sua exist�ncia, tamb�m existiam relacionamentos consensuais, normalmente concubinatos, alguns bastante duradouros, entre homens brancos e mulheres de cor.[47] Segundo o historiador Manolo Florentino, "A miscigena��o brasileira tem muito mais a ver com o portugu�s pobre que interage matrimonialmente e sexualmente com as mulheres negras do que propriamente com homens de elite mantendo rela��es sexuais com mulheres pobres negras escravizadas".[84]

Relacionamentos e concubinatos no passado

[editar | editar c�digo-fonte]

Na sociedade hierarquizada e excludente do Brasil colonial, as desigualdades social, racial e de origem entre os noivos obstaculizavam os casamentos legais. Quase sempre o Estado portugu�s impedia a uni�o entre pessoas de condi��es desiguais, chegando a instaurar processos para examinar a origem dos nubentes. Em consequ�ncia, negros e mulatos s� podiam casar com pessoas de igual condi��o. Contudo, a falta de mulheres brancas na col�nia empurrava muitos homens brancos para relacionamentos com mulheres de cor. Dificilmente esses relacionamentos eram oficializados na igreja, haja vista a rigidez da legisla��o portuguesa, resultando em concubinatos, alguns passageiros, outros duradouros.[47]

O concubinato com homens brancos, por um lado, era vantajoso para as mulheres negras e mulatas vez que, ao alcan�arem a liberdade, conseguiam diminuir o estigma da escravid�o e da cor, para elas pr�prias e, sobretudo, para seus descendentes. Por outro lado, a situa��o de concubinas lhes negava os privil�gios legais inerentes � condi��o de esposa. O casamento oficial permitia � mulher tomar posse do pec�lio do marido, mas a concubinagem n�o, a n�o ser que a companheira fosse agraciada no testamento, o que frequentemente acontecia. Algo que parecia positivo no concubinato, todavia, era o fato de que evitava a perpetua��o, nos documentos oficiais, dos estigmas de cor e da antiga condi��o de escrava da m�e. Em uma sociedade na qual a linhagem era supervalorizada e na qual a "marca" da escravid�o era passada de gera��o em gera��o, a oculta��o de uma origem escrava e negra na fam�lia era considerada vantajosa. Era o processo de "branqueamento", tanto biol�gico como social, que muitas ex-escravas legavam a seus descendentes.[47]

A Igreja Cat�lica tentava como podia reprimir o concubinato, considerado crime. De tempos em tempos, as vilas e arraiais eram visitados por bispos, as chamadas Visitas Eclesi�sticas, com o intuito de apurar os crimes morais e de f� praticados pelos habitantes da col�nia. Os moradores eram compelidos a confessar seus pr�prios crimes e a delatar outras pessoas. Nesses momentos, alguns confessavam o que j� era p�blico e not�rio, enquanto outros aproveitavam da situa��o para se vingar de vizinhos ou inimigos. Contudo, a Igreja, apesar dos intentos, por muito tempo n�o conseguiu controlar a prolifera��o dos concubinatos no Brasil.[47]

A miscigena��o de africanos no Brasil ocorreu sobretudo atrav�s de concubinatos envolvendo mulheres negras ou mulatas e homens brancos de origem portuguesa. Em um levantamento de pessoas acusadas de concubinato na Comarca do Rio das Velhas, em Minas Gerais, entre 1727 e 1756, os n�meros mostram que entre os concubinos, 92% eram homens brancos. Por�m, das concubinas, 52,1% eram africanas, 35,1% crioulas (negras brasileiras) ou mesti�as, e apenas 11,8% eram brancas. Havia, portanto, um n�tido predom�nio de concubinato envolvendo um homem branco (92%) e uma mulher negra ou mulata (87,2%).[85] Por muito tempo, a historiografia associava a pr�tica disseminada da concubinagem no Brasil colonial � aus�ncia de moral, � condi��o de extrema pobreza desses indiv�duos, aos parcos recursos para realizar um casamento, � pouca disponibilidade de mulheres brancas etc. Estas explica��es n�o levavam em conta a influ�ncia das culturas africana e ind�gena nesse contexto. As mulheres africanas e suas descendentes crioulas, pardas e mulatas tinham percep��es culturais diferentes das europeias. Para muitas dessas mulheres, permanecer solteira n�o representava uma degrada��o, mas uma virtude.[85] O casamento cat�lico na igreja, t�o valorizado na cultura portuguesa, ainda n�o era uma prioridade para as mulheres de origem africana no Brasil colonial. Apenas mais tarde � que houve uma valoriza��o do casamento no Brasil, e as mulheres solteiras passaram a ser estigmatizadas. Isso se deu atrav�s da importa��o da cultura portuguesa, disseminando aspectos culturais como a devo��o � Santo Ant�nio (santo casamenteiro).[82] A Igreja Cat�lica se esfor�ou para instituir o casamento monog�mico na Europa no s�culo XIII. Foi um processo �rduo de normatiza��o de comportamento feito � base de grande repress�o. No Brasil, este processo s� se concretizou a partir da segunda metade do s�culo XIX, ap�s a transfer�ncia da corte portuguesa para o Brasil. Antes disso, proliferavam no Brasil formas heterodoxas de organiza��o familiar, imperando o concubinato e as rela��es tempor�rias. O papel da mulher no Brasil tamb�m era mais din�mico do que se esperava para os padr�es cat�licos de mulher recatada e devota, que se tentava imprimir.[47] S� no s�culo XIX, atrav�s de enorme repress�o sexual, � que a concep��o de que o sexo servia apenas para reprodu��o se instalou no Brasil e o casamento passou a ser a norma a ser seguida. Tal concep��o s� viria a se dissolver a partir da revolu��o sexual que se disseminou pelo mundo ocidental na d�cada de 1960.[86]

Considerado o maior nome da literatura brasileira,[87][88][89][90][91] Machado de Assis era filho de pai mulato e m�e portuguesa

Na concep��o de muitas mulheres de origem africana no Brasil colonial, o concubinato n�o restringia a liberdade das mulheres como o casamento, e ainda era uma forma de ascens�o social, pois muitas escravas conseguiam a liberdade ao se unirem a homens brancos. Estes, ap�s a morte, costumavam deixar bens para os filhos tidos com a concubina. Mulheres de origem africana figuravam em rela��es endog�micas, polig�micas ou mesmo rela��es monog�micas, onde elas eram o centro dessa estrutura. Muitas ex-escravas, ap�s conseguirem a liberdade, ca�am na pobreza, por n�o dominarem algum of�cio, somado ao preconceito por serem mulheres, de cor e ex-escravas. Algumas forras viviam em situa��o mais degradante do que alguns escravos, como os dom�sticos. Outras, por sua vez, se inseriam no mercado de trabalho e conseguiam uma ascens�o social, acumulando riquezas. Estas moravam sozinhas, adquiriam escravos e desenvolviam atividades econ�micas. H� v�rios relatos de mulheres negras e pardas forras, durante o per�odo colonial, que desfrutavam de um padr�o de vida equiparado ao da elite, principalmente em Minas Gerais, onde a ascens�o social era mais male�vel. Gozavam da liberdade de decidir o futuro de suas vidas, contrastando com a situa��o de submiss�o de muitas mulheres brancas, que primeiro viviam sob o jugo dos seus pais, para depois terem que se submeter ao marido, passando a viver praticamente enclausuradas dentro de casa. A figura mais emblem�tica da ascens�o social das mulheres de ascend�ncia africana no Brasil colonial � Chica da Silva, mas muitas outras mulheres forras desconhecidas alcan�aram ascens�o social semelhante.[47]

J� no final do s�culo XIX, a mistura entre negros brasileiros e imigrantes italianos n�o era incomum, conforme anotou um membro do Comiss�rio Geral de Emigra��o (CGE), em tom preconceituoso: "A degrada��o n�o para nem diante da distin��o de ra�a: n�o s�o incomuns os casamentos de italianos com negras e, o que � pior, de mulheres italianas com negros". Contudo, os casamentos eram exce��es, sendo que a maioria dessas rela��es eram concubinatos, o que deixava em aberto um poss�vel retorno do imigrante para a It�lia e tamb�m refletia um preconceito de cor desses italianos, ao n�o assumirem formalmente seus relacionamentos com brasileiros de pele mais escura.[92]

A miscigena��o atualmente

[editar | editar c�digo-fonte]

Segundo o censo de 2010, 70% dos brasileiros casam com pessoas da sua mesma ra�a ou cor. Conforme a pesquisa, a cor � um dos fatores que os brasileiros levam em conta na hora de escolher seu parceiro, al�m da renda e do n�vel educacional. O fato de negros e pardos serem o grupo com menor rendimento e n�vel de instru��o contribui para a racializa��o dos matrim�nios. De acordo com os dados, 75,3% dos homens brancos casam com mulheres brancas, 69% dos pardos casam entre si, assim como 65,4% dos ind�genas, 44,2% dos amarelos e 39,9% dos negros.[93][94]

Influ�ncia cultural

[editar | editar c�digo-fonte]
Ver artigo principal: Cultura afro-brasileira
Em Pernambuco surgiram o primeiro folguedo e o primeiro ritmo afro-brasileiros: a Congada e o Maracatu. Na foto, cortejo de Maracatu Na��o no Recife.[95][96]
A capoeira � uma arte brasileira criada pelos negros. Considera-se que a express�o cultural tenha surgido no Quilombo dos Palmares, na ent�o Capitania de Pernambuco.[97]
Museu Afro Brasil, em S�o Paulo
Museu Afro-Brasileiro, em Salvador

Os africanos no Brasil conseguiram preservar uma parca heran�a africana. Todavia, apesar de ter sido pequena, essa heran�a africana, somada � ind�gena, deixou para o Brasil, no plano ideol�gico, uma singular fisionomia cultural. Os negros trazidos como escravos eram capturados ao acaso, em centenas de tribos diferentes e falavam l�nguas e dialetos n�o intelig�veis entre si. O fato de todos serem negros n�o ensejava uma unidade lingu�stico-cultural quando submetidos � escravid�o. A pr�pria religi�o, que atualmente serve como uni�o entre os afro-brasileiros, na �poca da escravid�o, devido � diversidade de credos, os desunia. Em consequ�ncia, a diversidade lingu�stica e cultural trazida pelos escravos, aliada � hostilidade entre as diferentes tribos e � pol�tica de evitar que escravos da mesma etnia ficassem concentrados nas mesmas propriedades, impediram a forma��o de n�cleos solid�rios que retivessem o patrim�nio cultural africano.[10]

A cultura brasileira foi influenciada pela africana, sobretudo nas �reas onde houve maior concentra��o do elemento negro (no Nordeste a�ucareiro e nas regi�es mineradoras do centro do pa�s). Por�m, uma vez inseridos na nova sociedade, nela os escravos foram se aculturando. De fato, enquanto nenhum idioma africano sobreviveu no Brasil, os negros, ironicamente, tiveram papel crucial no "aportuguesamento" do Brasil e na expans�o da l�ngua portuguesa. Eles foram o agente de europeiza��o que difundiu a l�ngua do colonizador, ensinando aos escravos rec�m-chegados o novo idioma e os aculturando no novo ambiente. Assim, o escravo transitava entre o negro bo�al, rec�m-chegado da �frica, sem saber falar o portugu�s ou o falando de forma bastante limitada, sem que isso o impedisse de desempenhar as tarefas mais pesadas. Por outro lado, havia o negro ladino, j� adaptado e mais integrado na nova cultura.[10]

Apesar de n�o terem conseguido preservar grande parte da sua heran�a, os africanos conseguiram exercer influ�ncia no meio cultural em que se concentraram, influenciando o portugu�s falado no Brasil e impregnando todo o contexto cultural com o pouco que pode preservar. Nessa esteira, por exemplo, o catolicismo no Brasil assumiu caracter�sticas populares mais discrepantes que qualquer das heresias t�o perseguidas em Portugal. A influ�ncia africana sobreviveu, em grande parte, pelo menos no plano ideol�gico, nas cren�as religiosas e nas pr�ticas m�gicas, nas reminisc�ncias r�timicas e musicais e nos gostos culin�rios dos brasileiros.[10]

Uma das consequ�ncias do com�rcio de escravos foi estabelecer contato entre o que estava afastado, provocando a conviv�ncia de pessoas de diferentes origens e determinando a miscigena��o, n�o somente biol�gica, mas tamb�m cultural. Ao chegarem ao Brasil, os africanos deviam adotar, em princ�pio, um modo de vida calcado no de seus senhores. Entretanto, � preciso assinalar que, em contato com seus senhores os escravos se europeizavam, por uma curiosa reviravolta, estes mesmos senhores se africanizavam em contato com seus escravos.[98]

A Bahia se africanizava e em toda parte se encontrava o negro, com sua cultura, seus costumes, seu inconsciente. Mesmo sem o querer, ele os transmitia � nova sociedade na qual estava integrado � for�a, e sem perceber, era assimilado o que o negro ensinava. A sociedade organizada segundo as normas portuguesas n�o levava em conta que uma tal influ�ncia fosse poss�vel. Entretanto, ela se fazia sentir, lenta e discretamente, de maneira tanto mais eficaz porquanto n�o tinha car�ter combinado e deliberado, o que, na �poca, teria provocado uma viva oposi��o.[99]

Influ�ncia no portugu�s falado no Brasil

[editar | editar c�digo-fonte]

Atualmente, nenhum idioma africano � falado correntemente no Brasil. Hoje, a maioria dos pesquisadores acreditam que dialetos crioulos devem ter existido no pa�s no passado, mas todos tiveram exist�ncia ef�mera. Contudo, nos 400 anos que a l�ngua portuguesa teve contato com os idiomas africanos no Brasil, diversas influ�ncias dessas l�nguas foram absorvidas na fala brasileira.[100][101][102]

Os escravos oeste-africanos foram numerosos no Brasil, contudo exerceram uma menor influ�ncia no portugu�s. Dentre as l�nguas oeste-africanas, tamb�m chamadas de "sudanesas", as mais importantes foram as da fam�lia cu�, faladas no Golfo do Benim. Seus principais representantes no Brasil foram os iorub�s e os povos de l�nguas do grupo jeje-fon, conhecidos antigamente como minas ou jejes. A influ�ncia das suas l�nguas hoje se limitam sobretudo aos l�xicos relacionados �s religi�es afro-brasileiras (Iemanj�, Xang�, Oxum, Ox�ssi etc.)[101]

O portugu�s do Brasil foi influenciado mais profundamente pelas l�nguas bantas, dada a antiguidade da presen�a desses africanos na col�nia, sendo que veio da regi�o banta da �frica o maior n�mero de escravos recebidos pelo Brasil e eles se espalharam por diversas regi�es do territ�rio brasileiro. Os idiomas deste ramo que mais tiveram for�a no Brasil foram o quicongo, o quimbundo e o umbundo. O quicongo � falado na Rep�blica Popular do Congo, na Rep�blica Democr�tica do Congo e no norte de Angola. O quimbundo � a l�ngua da regi�o central de Angola, enquanto o umbundo � falado no sul de Angola e em Z�mbia.[101]

A influ�ncia africana no portugu�s do Brasil n�o se limitou ao enriquecimento com a encorpora��o de novas palavras, mas tamb�m influenciou a fon�tica, a morfologia, a sintaxe, a sem�ntica, o ritmo das frases e a m�sica da l�ngua. Na fonologia, a tend�ncia do brasileiro de omitir as consoantes finais das palavras e transform�-las em vogais (fal no lugar de falar, diz no lugar de dizer, Brasiu no lugar de Brasil) assemelha-se � estrutura sil�bica banto e iorub�, que nunca termina em consoante. Por influ�ncia africana, os ditongos ei e ou, reduziram-se na l�ngua popular do Brasil (chro no lugar de cheiro, pxe no lugar de peixe e bjo no lugar de beijo). Tamb�m se atribui � influ�ncia negra as af�reses violentas encontradas na fala brasileira (t� no lugar de est�, oc� no lugar de voc�, cabar no lugar de acabar) entre outras influ�ncias.[100][101][102]

Renato Mendon�a conseguiu arrolar cerca de 350 palavras de origem africana usadas no portugu�s do Brasil, enquanto que Yeda Pessoa de Castro encontrou 3 mil termos de reconhecida proveni�ncia africana em sua pesquisa de campo na Bahia.[100] Muitas dessas palavras ainda n�o constam nos dicion�rios brasileiros, devido � falta de novas pesquisas na �rea.[102] Muitas palavras usadas no Brasil e origin�rias de idiomas africanos n�o existem ou s�o pouco usadas no portugu�s de Portugal, vez que se limitam � realidade brasileira, tais como acaraj�, vatap�, berimbau, bob�, cafun� (estalidos com o polegar no alto da cabe�a), moleque (menino, garoto), cambada (corja, s�cia), canjica, quilombo, sinh� (forma popular de senhora) e v�rias outras. Certos l�xicos portugueses ca�ram em desuso no Brasil e foram substitu�dos por palavras de origem africana, como se observa a seguir:[100]

Palavra portuguesa Palavra mais usada no Brasil L�ngua de origem[100]
Insultar Xingar Do quimbundo xinga (injuriar, ofender)
Dormitar Cochilar Do quimbundo koxila (cabecear com sono)
Trapo Mulambo Do quimbundo mulambo (trapo, roupa esfarrapada)
Benjamim Ca�ula Do quimbundo kazuli (o filho mais mo�o, o �ltimo da fam�lia)
�leo-de-palma Dend� Origem africana (palmeira do Congo e da Guin�, introduzida no Brasil desde o s�culo XVI)
N�degas Bunda Do quimbundo mbunda (n�degas, assento)
Vespa Marimbondo Do quimbundo ma, prefixo plural da quarta classe + rimbondo, vespa (inseto, vespa)
Sinete Carimbo Do quimbundo ka, prefixo diminutivo + rimbu, reparti��es

(objeto usado nas reparti��es e casas de neg�cio)

Aguardente Cacha�a Origem africana (aguardente)

Discrimina��o

[editar | editar c�digo-fonte]
Ver artigo principal: Racismo no Brasil
Terreiro da Casa Branca, em Salvador

O preconceito racial no Brasil � o que alguns autores chamam de preconceito "de marca", ou seja, que recai sobre o fen�tipo do indiv�duo (tipo de cabelo, tra�os e cor da pele). Ele n�o recai diretamente sobre a ancestralidade, pois no Brasil as classifica��es raciais se baseiam mais na apar�ncia f�sica da pessoa do que na ancestralidade. � um racismo que aparece como express�o de foro �ntimo, mais apropriado ao recesso do lar.[103] A escravid�o foi abolida, houve a universaliza��o das leis, mas o padr�o tradicional de acomoda��o racial n�o foi alterado, mas apenas camuflado. Apesar da t�o falada "miscigena��o brasileira", um sistema enraizado de hierarquiza��o social com base em crit�rios como classe social, educa��o formal, origem familiar e na ra�a continuaram. Se ap�s a Segunda Guerra Mundial o darwinismo racial foi perdendo for�a e o conceito biol�gico de ra�a foi se desmontando, o "preconceito de cor" fazia as vezes da ra�a.[103]

Os anos 70 representaram a chegada de todo um movimento de contesta��o dos valores vigentes no Brasil, por meio de pol�tica oficial e, sobretudo, alternativa, na literatura e m�sica. Nessa �poca surgiu o Movimento Negro Unificado (MNU) que, ao lado de outras organiza��es paralelas, passaram a discutir as formas tradicionais de poder. A exist�ncia de movimentos negros no Brasil, por�m, � bastante antiga. Os movimentos de mobiliza��o racial existem no Brasil desde o s�culo XIX. No p�s-aboli��o, a popula��o negra foi marginalizada, o que a levou a criar dezenas de grupos (gr�mios, clubes ou associa��es) em alguns estados, como a Sociedade Progresso da Ra�a Africana (1891), em Lages, Santa Catarina; a Sociedade Uni�o C�vica dos Homens de Cor (1915), a Associa��o Protetora dos Brasileiros Pretos (1917), ambas no Rio de Janeiro e o Club 13 de Maio dos Homens Pretos (1902) e o Centro Liter�rio dos Homens de Cor (1903), em S�o Paulo. No in�cio do s�culo XX, existiam centenas de associa��es negras espalhadas pelo Brasil.[104] Data de 1931 a cria��o da Frente Negra Brasileira e do seu jornal, e peri�dicos dedicados ao tema j� circulavam no Brasil.[103]

O racismo no Brasil est� nas diferen�as no acesso � educa��o e ao lazer, na distribui��o desigual de rendas, marcas da discrimina��o que fugiam � al�ada oficial, mas que eram evidentes no cotidiano. A desconstru��o do mito da democracia racial circunscreveu o tema racial a uma quest�o de classe e abandonou a cultural. O tema racial parecia subsumido � luta entre classes e seu problema n�o seria resolvido por meio do enfrentamento de suas especificidades. Os estudos mais recentes, todavia, demonstraram que o preconceito de cor n�o estava exclusivamente atrelado a uma quest�o econ�mica e social, mas que continuava como um divisor da sociedade.[103]

O racismo brasileiro � de foro �ntimo, presente na intimidade, mas camuflado quando toma a esfera p�blica. Ele se reflete nas rela��es pessoais mais �ntimas, num modelo antigo de hierarquiza��o social e de oportunidades desiguais entre os cidad�os. Reflete-se em pr�ticas reiteradas, como o "elevador social", reservado ao moradores do pr�dio e o "elevador de servi�os", reservado aos servi�ais, majoritariamente negros. Na situa��o econ�mica se aflora, assim como na rela��o com a justi�a, sendo que os r�us negros t�m 80% de chance a mais de serem incriminados que os brancos. O Brasil vive uma dicotomia, ao exaltar a miscigena��o racial e cultural mas de, ao mesmo tempo, perceber-se um pa�s extremamente desigual.[103]

Casos de racismo divulgados

[editar | editar c�digo-fonte]

Casos bem divulgados de racismo fazem parte da Hist�ria recente do Brasil. Em 1950, a atriz negra norte-americana Katherine Dunham foi impedida de se hospedar em um hotel de S�o Paulo por ser "pessoa de cor". O caso rendeu cr�ticas de Gilberto Freyre na tribuna da C�mara dos Deputados e foi um dos motivadores para a edi��o da Lei Afonso Arinos, a primeira lei antirracista do Brasil.[105]

No futebol, os casos de racismo s�o antigos no Brasil. O esporte teve uma origem elitista, dominado por brancos, no in�cio do s�culo XX. Por�m, paulatinamente, o futebol tornou-se motivo de divers�o para jovens negros e pobres, que se tornariam os grandes nomes do futebol brasileiro, at� hoje. Contudo, nos primeiros tempos, houve grande resist�ncia � participa��o de jogadores negros. Para o Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1921, o Presidente da Rep�blica Epit�cio Pessoa "recomendou" que a sele��o n�o levasse jogadores negros para a Argentina pois, segundo ele, era necess�rio projetar uma imagem "melhor" do Brasil para os estrangeiros. Em decorr�ncia, jogadores famosos na �poca, como o mulato Arthur Friedenreich, ficaram de fora do campeonato.[106] Naquela altura, era comum que jogadores negros e mulatos usassem p�-de-arroz no rosto e alisassem os cabelos para serem aceitos.[106] Pel�, durante sua carreira, foi ridicularizado pelos colegas e pela m�dia em decorr�ncia da sua cor, embora o jogador tenha-se negado a participar de qualquer luta antirracista.[107]

Maria J�lia Coutinho foi v�tima de ataques racistas nas redes sociais, em 2015, e procurou a pol�cia. A jornalista recebeu o apoio de milhares de pessoas, que fizeram a hashtag "somostodosMaju" ser o assunto mais postado nas redes sociais.[108]

Nos �ltimos anos, v�rios brasileiros negros famosos continuam sendo v�timas de racismo. Apenas em 2014 um �rbitro e tr�s jogadores de futebol foram v�timas de ataques de conte�do racista por parte da torcida brasileira: o �rbitro M�rcio Chagas, no in�cio de 2014; o zagueiro do Sport Club Internacional, Paul�o; o Arouca, ent�o jogador do Santos, e o goleiro Aranha, ent�o do Santos, que foi insultado de "macaco" por parte da torcida do Gr�mio.[109] No �ltimo caso, o Gr�mio foi exclu�do da Copa do Brasil pelo Tribunal de Justi�a Desportiva.[110] Contudo, os quatro torcedores identificados como ofensores escaparam de ser julgados pelo crime de inj�ria racial, porquanto fizeram um acordo judicial, comprometendo-se a comparecer a uma delegacia em todos os dias de jogos do Gr�mio, trinta minutos antes da partida.[109]

Mulheres negras com visibilidade na m�dia tamb�m foram v�timas da intoler�ncia. Em 2015, a jornalista da Rede Globo Maria J�lia Coutinho foi alvo de ataques racistas nas redes sociais. A hashtag: #SomostodosMaju teve ampla repercuss�o nas redes sociais e o caso foi exposto no Jornal Nacional, pelos �ncoras William Bonner e Renata Vasconcellos, na presen�a de Maria J�lia.[111] A jornalista procurou a pol�cia, que descobriu posteriormente que um dos suspeitos do crime era um adolescente de 15 anos de idade, de Carapicu�ba, interior de S�o Paulo.[112] Tamb�m em 2015, a atriz Ta�s Ara�jo teve seu perfil no Facebook atacado por ofensores com mensagens de conte�do racista. A hashtag #SomosTodosTa�sAra�jo, em defesa da artista, virou "trending topic" no Twitter. Nas redes sociais, a atriz escreveu "N�o vou me intimidar" e procurou a pol�cia, que investiga o caso.[113]

Segundo a ONG SaferNet Brasil, em 2014 houve um aumento de 34,15% das p�ginas indicadas como racistas e de 365,46% das p�ginas de conte�dos relacionados � xenofobia no Brasil.[114] O suposto anonimato da Internet tornou a rede um ambiente prop�cio para os racistas se manifestarem, ao ponto de o racismo ser o segundo crime de direitos humanos mais praticado nas redes brasileiras, atr�s apenas da pornografia infantil.[115] Por�m, segundo o especialista Leonardo Zanatta, "Se houver uma coopera��o entre a rede social e a pol�cia brasileira, � f�cil chegar at� os respons�veis por atos racistas, ainda que tudo seja deletado".[116]

Em 2014, o Brasil registrou 7 mil den�ncias no Disque Racismo, uma m�dia de 700 por m�s.[117]

Indicadores s�cio-econ�micos

[editar | editar c�digo-fonte]
Ver artigo principal: Problemas sociais do Brasil
Catadores de lixo no Recife. Mais de 70% dos brasileiros que vivem na mis�ria s�o negros ou pardos

Um relat�rio da UFRJ divulgado em 2011 aponta que tem crescido a parcela de negros e pardos no total de desempregados.[118] De acordo com o relat�rio, em 2006, 54,1% do total de desocupados eram negros e pardos (23,9% de homens e 30,8% de mulheres). Pouco mais de 10 anos antes, ou seja, em 1995, os negros e pardos correspondiam a 48,6% desse total (25,3% de homens e 23,3% de mulheres).[118]

Em rela��o aos que est�o empregados, as diferen�as entre as ra�as tamb�m s�o claramente percept�veis: em 2006, o rendimento m�dio mensal real dos homens brancos equivalia a R$ 1.164,00, valor 56,3% superior � remunera��o obtida pelas mulheres brancas (R$ 744,71), 98,5% superior � conseguida pelos homens negros e pardos (R$ 586,26) e 200% � obtida pelas mulheres negras e pardas.[118]

Um levantamento do MDS divulgado em 2011 estima que, na parcela extremamente pobre da popula��o, 50,5% s�o mulheres e 70,8% declararam ser pretas ou pardas. O Censo 2010 apurou que, dos 16 milh�es de brasileiros vivendo em extrema pobreza (ou com at� R$ 70 mensais), 4,2 milh�es s�o brancos e 11,5 milh�es s�o pardos ou pretos.[119]

Diferen�as sociais baseada na origem �tnica

[editar | editar c�digo-fonte]

Os indicadores sociais revelam que no Brasil os trabalhadores brancos recebem o dobro dos trabalhadores negros e pardos.[120]

Hist�rico da desigualdade

[editar | editar c�digo-fonte]
Mulher sendo carregada na liteira por seus escravos, em S�o Paulo, 1860

A desigualdade social entre brancos e negros e mulatos no Brasil remonta aos tempos coloniais. Embora nos primeiros dois s�culos de coloniza��o a maioria da popula��o de origem africana no Brasil fosse escrava, no s�culo XVIII houve um incr�vel crescimento das alforrias e negros e mulatos livres chegaram a formar a maioria da popula��o em algumas capitanias. Por�m, as leis e decretos vindos da Coroa Portuguesa e as pr�ticas sociais impediram enormemente o progresso econ�mico dessa popula��o. Os libertos de ascend�ncia africana eram discriminados por leis que, frequentemente, deixavam de distingui-los dos escravos. Essas leis eram mais evidentes com rela��o a porte de armas e no uso de certas vestimentas. Pessoas de origem africana eram proibidas de ocupar cargos p�blicos, uma vez que era necess�rio comprovar a "pureza de sangue" para se candidatar.[79]

Escrava bab� e ama de leite com o menino Eugen Keller na prov�ncia de Pernambuco, 1874

O negro e o mulato livres tinham tr�s possibilidades de ganhar a vida. A primeira era obter a independ�ncia financeira a qualquer custo tirando proveito de qualquer oportunidade comercial que surgisse. A segunda era deixar-se absorver no sistema escravocrata como feitor e trabalhador assalariado. A �ltima era desistir de enfrentar os desafios e as desvantagens de ser um indiv�duo de cor e entregar-se � vagabundagem. Muitos ex-escravos tinham imensa dificuldade em se integrar ao mundo dos livres. No cativeiro, tudo que se exigia de um escravo era sua for�a f�sica.[79] A institui��o escravocrata minava a sua iniciativa, a capacidade de tomar decis�es, a oportunidade de demonstrar lideran�a e a capacidade de autocontrole. Apenas os indiv�duos mais determinados e resolutos conseguiam ultrapassar essas barreiras psicol�gicas. Portanto, os negros e mulatos nascidos livres tinham mais oportunidades que aqueles nascidos escravos e alforriados depois. E, por fim, os mulatos de pele mais clara, mesmo os nascidos no cativeiro, tinham mais chances de ser assimilados no "mundo branco" do que os negros de pele mais escura, mesmo os nascidos livres.[79]

Assim, enfrentar a sociedade livre mostrou-se uma tarefa complicada para a crescente popula��o de negros e mulatos livres no per�odo colonial. Socialmente marginalizados, desprovidos de recursos financeiros, muitos viviam em situa��o mais prec�ria do que os escravos. A Coroa Portuguesa e as autoridades municipais brasileiras nada fizeram para resgatar essa popula��o da marginalidade. N�o havia nenhuma pol�tica de recupera��o social ou ajuda financeira. As �nicas organiza��es do Brasil colonial que tinham alguma preocupa��o com os indiv�duos de origem africana foram as irmandades leigas.[79] A Santa Casa de Miseric�rdia, �nica fonte institucionalizada de assist�ncia social de todo o imp�rio mar�timo portugu�s, costumava oferecer dotes para mulheres negras e mulatas em idade de se casar, cuidava dos doentes de gra�a e ajudava pessoas a aprender algum of�cio. Em consequ�ncia, as irmandades do Brasil colonial ajudavam, at� certo ponto, a aliviar os problemas decorrentes da total aus�ncia do Estado e da Igreja na recupera��o social dos negros e mulatos livres na sociedade colonial brasileira.[79]

Ap�s a Aboli��o da Escravatura

[editar | editar c�digo-fonte]
A carta original da Lei �urea, que aboliu a escravid�o no Brasil em maio de 1888
"Depois que os �ltimos escravos houverem sido arrancados ao poder sinistro que representa para a ra�a negra a maldi��o da cor, ser� ainda preciso desbastar, por meio de uma educa��o viril e s�ria, a lenta estratifica��o de 300 anos de cativeiro, isto �, de despotismo, supersti��o e ignor�ncia." - Joaquim Nabuco, abolicionista brasileiro.[121]

O Estado brasileiro independente n�o mudou a sua pol�tica em rela��o � popula��o negra e mulata. A medida que mais e mais pessoas de origem africana iam se libertando da escravid�o, passavam a engrossar a popula��o de marginalizados na entrada de vilas e cidades.[10]

No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel, como regente do trono na aus�ncia de seu pai, o Impedor Pedro II, proclamou a aboli��o da escravatura. A aboli��o n�o trouxe a transforma��o econ�mica e social esperada pelos abolicionistas. O Brasil continuou sendo um pa�s essencialmente agr�rio, com um sistema paternalista de rela��es sociais e com uma r�gida estratifica��o social. Os propriet�rios de terras (brancos em sua maioria e, por vezes, mulatos claros) praticamente detinham o monop�lio do poder econ�mico, social e pol�tico. Os estratos baixos majorit�rios da sociedade, formados por brancos pobres e descendentes de escravos, a eles se submetiam.[23]

Os cerca de meio milh�o de escravos libertos com a aboli��o foram lan�ados numa sociedade j� multirracial, na qual muitos descendentes de escravos j� se encontravam em liberdade. No s�culo XVIII, havia mais escravos do que livres ou libertos em algumas regi�es do Brasil, sendo que os brancos nunca foram maioria em parte nenhuma do Brasil, at� a imigra��o europeia alterar o perfil demogr�fico de v�rios estados do Sul e Centro-Sul a partir do s�culo XIX. No in�cio do s�culo XIX, a maioria da popula��o de origem africana ainda vivia sob a escravid�o. Em 1819, cerca de 30% da popula��o brasileira era escrava e os libertos constitu�am somente entre 10 e 15%. Por�m, no decorrer desse s�culo, assistiu-se a um crescimento exponencial da popula��o de descendentes de ex-escravos, uma vez que em 1872 os descendentes de ex-escravos j� representavam 42% da popula��o brasileira e os escravos haviam se reduzido para apenas 16%. Neste ano, havia na popula��o parda quase tr�s vezes mais libertos do que escravos.[23]

Portanto, quando da Aboli��o, o Brasil j� possu�a uma grande classe de libertos, de variados tons de pele, e uma tradi��o longa, que remontava aos prim�rdios da coloniza��o, de ascens�o social por parte de um pequeno n�mero de escravos alforriados. Uma car�ncia centen�ria de m�o de obra branca qualificada e semiqualificada no Brasil colonial obrigou os colonizadores portugueses a legitimar a cria��o de uma classe de ex-escravos que fosse capaz de exercer essas atividades, tend�ncia essa que provavelmente continuou no s�culo XIX.[23]

A ascens�o social dos descendentes de africanos dependia de diversos fatores. A cor da pele, a textura capilar e os tra�os faciais se mostravam elementos determinantes da categoria racial a qual pertenceria uma pessoa. O patrim�nio e a posi��o social aparente, como a vestimenta e c�rculo social, tamb�m tinham influ�ncia, seguindo a linha de pensamento que no Brasil o "dinheiro embranquece", embora esse fen�meno se limitasse aos mulatos claros. Os limites � ascens�o social dependiam, portanto, da apar�ncia f�sica (quanto mais "negroide", mais dif�cil ela era) e tamb�m do grau de "brancura" social (educa��o, maneiras e renda). Mas n�o era apenas a apar�ncia f�sica que importava, a origem ainda tinha import�ncia no Brasil. Era comum que mesti�os em ascens�o escondessem a sua origem familiar, o que demonstrava que mesmo os mulatos que tinham um fen�tipo que lhes permitia a ascens�o social se sentiam inseguros que sua origem familiar pudesse amea�ar a sua mudan�a social.[23]

O fato � que os libertos de cor, quase invariavelmente mulatos claros, j� desempenhavam um papel importante bem antes da Aboli��o em 1888. Alguns haviam alcan�ado uma consider�vel ascens�o social, ingressando em ocupa��es qualificadas ou se destacando como artistas, pol�ticos e escritores, mesmo quando a escravid�o ainda vigorava. Essa minoria contrastava com a maioria afundada na pobreza. Com a Aboli��o, milhares deixaram as fazendas e passaram a viver da agricultura de subsist�ncia. Em seguida, muitos voltaram para seus antigos senhores e se inseriram novamente na for�a de trabalho. Outros rumaram para as cidades, n�o preparadas para receber esse fluxo de trabalhadores n�o qualificados. No Centro-Sul, os ex-escravos tiveram que competir pelos postos de trabalho com a massa de imigrantes europeus que estava chegando, mais qualificados que eles para sobreviver no mundo capitalista urbano. No Nordeste, decadente economicamente, as oportunidades de emprego eram poucas para todos. Assim, para as classes baixas brasileiras, na qual se encontravam a maioria dos negros e mulatos, a ascens�o social era dific�lima.[23]

Com a Aboli��o, assistiu-se � sa�da dos ex-escravos que n�o queriam mais servir aos seus antigos senhores, seguida � expuls�o dos negros velhos e enfermos das fazendas. Grande n�mero de negros passaram a se concentrar na entrada das vilas e cidades, vivendo em condi��es prec�rias, o que for�ou muitos deles a regressar para o trabalho nos latif�ndios. Com o desenvolvimento da economia agr�cola, outros contingentes de trabalhadores e agregados foram expulsos, engrossando a popula��o das vilas. Essa massa n�o era constitu�da apenas por negros, mas tamb�m por pardos e brancos pobres, que ficavam � disposi��o para o aliciamento de m�o de obra. Essa massa, predominantemente negra e mulata, ainda hoje pode ser vista junto aos conglomerados urbanos brasileiros e em todas as �reas de latif�ndio, vivendo em situa��o de miserabilidade.[10]

Compara��o entre negros e imigrantes

[editar | editar c�digo-fonte]
Escravos em uma planta��o de caf�, em 1885
Imigrantes italianos em uma planta��o de caf� no in�cio do s�culo XX

No final do s�culo XIX, um grande n�mero de imigrantes, sobretudo europeus, foram para o Brasil. A maioria desses imigrantes rumou para o estado de S�o Paulo, onde foram engajados como trabalhadores em planta��es de caf�. Neste momento, estava havendo a transi��o do trabalho escravo para o trabalho assalariado. Muitos imigrantes trabalharam lado a lado de negros e mulatos, exercendo as mesmas fun��es, ou seja, imigrantes europeus e afrodescendentes estavam, inicialmente, no mesmo n�vel social. Por�m, com o passar dos anos os imigrantes e sobretudo seus filhos tenderam a alcan�ar uma incr�vel ascens�o social, enquanto a maioria dos negros e mulatos continuaram pobres.[122]

V�rios autores j� tentaram explicar o porqu� desse fen�meno. Florestan Fernandes explicava que os libertos n�o estavam preparados para competir com imigrantes, porque a desumaniza��o e a viol�ncia da escravid�o tornavam os primeiros an�micos, sem la�os familiares e comunit�rios fortes, sem disciplina e tendentes a enxergar a liberdade como aus�ncia de trabalho. A literatura atual d� mais �nfase ao racismo dos fazendeiros brasileiros, que preferiam contratar imigrantes aos trabalhadores nacionais de origem africana.[122]

O soci�logo Karl Monsma foi mais al�m em sua pesquisa, ao analisar dados censit�rios do munic�pio de S�o Carlos, em S�o Paulo. Embora a pesquisa tenha se limitado a esse estado, ela pode ser aplicada em outras partes do pa�s. Em 1907, em muitos aspectos a situa��o de negros e imigrantes era muito semelhante. A principal ocupa��o dos imigrantes no munic�pio era o colonato, assim como era a principal ocupa��o de negros e mulatos.[122] Isso mostra que os afrodescendentes n�o foram inteiramente exclu�dos das fazendas. Naquela altura, os imigrantes ainda n�o tinham grande acesso � terra: apenas 13% dos italianos e 10,1% dos espanh�is eram propriet�rios, n�mero inferior ao de propriet�rios mulatos (16%) e pretos (13,5%). A tese de Florestan Fernandes, hoje muito criticada, de que negros e mulatos, ap�s a liberdade, passaram a viver em anomia, tamb�m n�o � comprovada. Em S�o Carlos, a porcentagem de fam�lias chefiadas por mulheres foi maior entre os brasileiros brancos (15,8%) do que entre pretos (14,2%) e mulatos (12,8%). As taxas de casamentos de pretos e mulatos era maior do que aquela entre brasileiros brancos o que, num contexto cat�lico tradicional, afasta a tese de uma desorganiza��o familiar.[122]

Quanto � taxa de alfabetiza��o, ela era evidentemente maior entre brasileiros brancos do sexo masculino (61,7%), portugueses (45,6%), espanh�is (45,5%) e italianos (43,8%) do que entre mulatos (30,5%) e pretos (14,7%).[122]

O autor do trabalho chega �s seguintes conclus�es que tentam explicar porque imigrantes e seus descendentes progrediram enormemente no Brasil, enquanto negros e mulatos, na maioria dos casos, continuaram pobres.[122]

  • A grande presen�a de imigrantes europeus pobres barateou a m�o de obra nas fazendas, o que prejudicou trabalhadores negros e outros brasileiros.
  • Em cada nacionalidade imigrante havia uma elite escolarizada com a qual os compatriotas podiam contar para lutar contra os abusos dos fazendeiros e da pol�cia. A elite imigrante tamb�m empregava os compatriotas nas fazendas, oficinas e lojas e ajudava os pobres e analfabetos a lidar com a burocracia do Estado. Essa ajuda tamb�m vinha dos Consulados, onde os imigrantes recebiam assist�ncia para a defesa dos seus direitos. Entre os negros, praticamente n�o havia uma elite, muito menos Consulados, e eles tinham de contar apenas com a ajuda da elite branca local, o que coibia a organiza��o coletiva dos negros. A falta de uma elite negra deixava os negros desorganizados e incapazes de contrapor �s representa��es negativas a eles atribu�das pelos brancos.
  • Os poucos mulatos bem-sucedidos estavam se "embranquecendo" por meio do casamento com pessoas brancas e n�o se identificavam com os negros pobres. Com o passar de uma ou duas gera��es, seus descendentes se tornavam brancos, engrossando a popula��o de brancos bem-sucedidos.
  • As fam�lias dos imigrantes eram, em m�dia, maiores que as dos negros. As fam�lias maiores eram preferidas dos fazendeiros e podiam ganhar mais como empreiteiros ou colonos.
  • A propor��o de brasileiros brancos e imigrantes alfabetizados era muito maior que a de negros. Isso impedia que os negros pudessem buscar empregos melhores no com�rcio e no servi�o p�blico, limitando-se ao trabalho bra�al. O racismo enfrentado nas escolas fazia com que a evas�o escolar fosse alta entre os negros, impedindo a sua forma��o acad�mica.
  • Os negros eram rejeitados pela elite brasileira. Por outro lado, os imigrantes e descendentes se integravam mais facilmente com as elites locais, favorecendo sua ascens�o social.
  • Com a ascens�o social, os imigrantes e descendentes passaram a controlar um n�mero crescente de postos de trabalho e favoreciam os seus semelhantes, internalizando o racismo, excluindo o negro de posi��es de poder e estigmatizando-o como moralmente inferior.

Sal�rio por origem �tnica

[editar | editar c�digo-fonte]

Uma pesquisa realizada em 1998, pelo soci�logo mineiro Simon Schwartzman, mostra que a desigualdade salarial no Brasil tamb�m possui um vi�s �tnico e racial. A pesquisa mostrava que os brasileiros que ganhavam mais eram de cor ou ra�a amarela e branca, enquanto pretos, pardos e ind�genas ganhavam menos. A renda mensal de um brasileiro branco era de R$848,41, maior do que entre ind�genas (R$515,07), pardos (R$440,14) e pretos (R$400,84).[123]

Por origem ancestral, os descendentes de imigrantes ocupavam o topo da pir�mide social brasileira. Os entrevistados que apontaram ter ancestralidade judia, �rabe ou japonesa eram os mais bem sucedidos. Descendentes de judeus ganhavam R$2.047,24 mensais, de japoneses ganhavam R$1.719.14 e de �rabes R$1.759.26.[123]

No grupo intermedi�rio estavam os descendentes de italianos (R$1.135.66), de espanh�is (R$1.134.55), de portugueses (R$1.071.97) e de alem�es (R$976.59). Brancos que disseram ter s� origem "brasileira" ganhavam menos, R$778.09.[123]

Pardos que disseram ter ancestralidade africana ganhavam R$496.14, os de ancestralidade "brasileira", R$431.64. Pretos de ancestralidade africana recebiam R$515.3 e, o grupo mais pobre de todos, pretos de ancestralidade "brasileira", ganhavam R$384.81. Nota-se que pretos e pardos que associaram uma ancestralidade africana ganhavam mais que aqueles que s� se disseram de ancestralidade "brasileira". Isso sugere que uma identifica��o com uma ancestralidade africana est� relacionada a uma posi��o social melhor e, provavelmente, a um maior grau de escolaridade do indiv�duo.[123]

Representatividade na m�dia

[editar | editar c�digo-fonte]
Ta�s Ara�jo foi a primeira protagonista negra de uma telenovela brasileira

Os afrodescendentes t�m pouca visibilidade na m�dia brasileira. Na televis�o brasileira ainda impera o modelo hegem�nico branco, refletindo um anseio por uma euro-norte-americaniza��o do retrato social brasileiro.[124] Apesar da resist�ncia cultural e pol�tica de grupos negros, a televis�o brasileira ainda n�o foi capaz de representar os valores, experi�ncias e import�ncia desse grupo formador da popula��o brasileira.[124] A telenovela, importante produto da ind�stria cultural brasileira, j� representou v�rias classes sociais, mas os centros de suas tramas sempre rodam em torno de uma classe m�dia branca e suas rela��es com os ricos. A "classe m�dia da Zona Sul" � retratada nas novelas brasileiras de forma destacada e glamourizada, e os personagens negros s�o retratados a partir da vis�o dos brancos. Os personagens negros aparecem como "empregados fi�is e anjos da guarda dos protagonistas e personagens mais relevantes do hor�rio nobre". Mesmo a classe m�dia negra, quando retratada nas novelas, aparece de forma t�o normal e assimilada, sem liga��o com a cultura afro-brasileira, que poderia ser interpretada por atores brancos.[124]

O Brasil produz telenovelas desde a d�cada de 1960, por�m s� em 1996 � que uma atriz negra, Ta�s Ara�jo, se tornou protagonista, em Xica da Silva. Sobre os t�tulos de ter sido a primeira atriz negra a se destacar em diversas �reas da televis�o, Ta�s Ara�jo declarou que dispensaria esses t�tulos pois "mostram o preconceito e o atraso existentes no meu pa�s". Indagada sobre o porqu� de haver t�o poucos negros na televis�o brasileira, a atriz declarou: "Porque vivemos num pa�s recheado de preconceito. Existem muitos atores negros no mercado, bons profissionais e muito bem preparados para enfrentar qualquer personagem".[125] Reflexo n�tido disso aconteceu em 1970, na adapta��o do livro americano Uncle Tom's Cabin para a televis�o feita pela Rede Globo. Quem foi escalado para fazer o papel do Tio Tom�s, que no livro era um personagem negro, foi o ator branco S�rgio Cardoso. Para parecer negro, Cardoso teve que se pintar de preto durante toda a novela. Numa outra adapta��o do livro de Jorge Amado, na novela Porto dos Milagres, de 2001, praticamente todos os atores eram brancos, embora no livro original a hist�ria se passasse na Bahia e o pr�prio autor descrevia que os personagens fossem em sua maioria negros.[126] Em 2013, a Rede Globo foi acusada de racismo nas redes sociais por n�o haver um �nico ator negro na novela Amor � Vida. Em resposta, a emissora argumentou que "n�o divide elenco pela cor de pele e que a escala��o das novelas se d� por compatibilidade art�stica com a personagem e a hist�ria".[127]

Em 2018, novamente a Rede Globo foi criticada pela aus�ncia de pessoas negras em sua programa��o, dessa vez em decorr�ncia da novela Segundo Sol, ambientada no estado da Bahia, onde, segundo o censo, cerca de 80% da popula��o se declara de cor preta ou parda; todavia, entre os atores da novela, quase todos eram brancos. Dos 27 atores da novela, apenas tr�s eram negros e nenhum deles tinha um papel de destaque. Grande parte do p�blico estranhou e indignou-se com essa falta de representatividade, o que levou o Minist�rio P�blico do Trabalho (MPT) do Rio de Janeiro a notificar a Rede Globo sobre o assunto, recomendando que a emissora respeite a diversidade racial existente no Brasil.[128] Em comunicado, a emissora admitiu que a representatividade foi "menor do que gostaria".[129] Esse caso teve inclusive repercuss�o internacional, com mat�ria publicada no jornal brit�nico The Guardian.[130]

No Brasil, os personagens negros s�o frequentemente estereotipados, normalmente em pap�is submissos, de empregada dom�stica, motorista, servi�al, guarda-costas ou favelado. As negras normalmente s�o retratadas como mulheres com grande apetite sexual e exacerbada sensualidade. Os homens negros, por sua vez, estereotipados como malandros e criminosos.[126] Embora desde a d�cada de 1970 os movimentos negros no Brasil lutem por uma maior representa��o de afrodescendentes na m�dia, a televis�o brasileira ainda segue o padr�o do "branqueamento" e, apesar dos avan�os, em muitas novelas os personagens negros s�o simplesmente ignorados. Com exce��o de produ��es com tem�tica escravagista, das 98 telenovelas produzidas pela Rede Globo na d�cada de 1980 e de 1990, em 28 delas simplesmente n�o havia sequer um personagem negro. Em apenas 28% delas mais de 10% dos atores eram negros, em um pa�s onde pelo menos 50% da popula��o � formada por descendentes de africanos. A telenovela, ao n�o refletir a real composi��o �tnica da popula��o brasileira, concilia-se com a nega��o da diversidade racial do Brasil. Atores morenos ou mesti�os tamb�m n�o s�o destacados. Telenovelas com uma tem�tica que d� destaque � cultura ou �s experi�ncias espec�ficas dos afro-brasileiros raramente s�o retratadas no hor�rio nobre, ficando restritas a algumas miniss�ries.[124]

Em setembro de 2020, Ludmilla tornou-se a primeira cantora afro-latina a a atingir a marca de um bilh�o de reprodu��es no Spotify.[131]

No meio publicit�rio brasileiro a situa��o n�o � diferente. H� negros em apenas 3% dos comerciais de televis�o. Na d�cada de 1980, movimentos negros e publicit�rios renomados se reuniram para analisar a falta de negros na publicidade brasileira. Chegou-se � conclus�o que o negro era ignorado pois a propaganda pretendia retratar um modelo de fam�lia da classe m�dia brasileira, onde a presen�a negra seria escassa. Ademais, o negro n�o seria consumidor, os clientes n�o estariam aceitando a inclus�o do negro em seu produto e, por fim, a publicidade seria um reflexo de uma sociedade preconceituosa. O cineasta mineiro Joel Zito Ara�jo, que fez um amplo trabalho sobre a representa��o do negro na m�dia brasileira, afirmou: "na l�gica dessa maioria, preto � igual a pobre, que � igual a consumo de subsist�ncia". Como muitos brasileiros ainda vivem sob a �gide do mito da democracia racial, muitos publicit�rios e produtores simplesmente acreditam que a quest�o racial n�o � importante, o que elimina a preocupa��o em retratar a diversidade racial do Brasil.[124]

Por�m, nos �ltimos anos, a publicidade brasileira tem percebido que muitos negros v�m ascendendo socialmente, transformando-se em potenciais consumidores. Dos brasileiros que ganham mais de vinte sal�rios m�nimos, 28% s�o negros. Somado a isso, h� anos h� press�o de grupos e de pol�ticos negros para que haja uma maior representa��o dessa parcela da popula��o. Assim, de forma paulatina a visibilidade do negro na publicidade vem aumentando. Por�m, em muitos casos, os publicit�rios escalam para as suas propagandas um �nico negro, rodeado de brancos, seguindo a linha do politicamente correto.[124]

A "branquidade normativa", ou seja, os brancos tidos como o padr�o a ser seguido, n�o � algo exclusivo dos meios de comunica��o do Brasil, sendo tamb�m uma constante em diversos pa�ses da Am�rica Latina. Nesses pa�ses, negros, �ndios e mesti�os, sobretudo, s�o desvalorizados. Na m�dia latino-americana, ter um fen�tipo branco e, preferencialmente, o n�rdico, � associado com valores positivos, como intelig�ncia, habilidade, educa��o, beleza, honradez e amabilidade. S�o pa�ses que vivem uma dualidade pois, apesar de haver uma promo��o oficial da miscigena��o e um orgulho em um contexto internacional, o padr�o branco � aquele tido como normal, e os outros grupos s�o exclu�dos ou estereotipados.[132]

Negros nos livros did�ticos

[editar | editar c�digo-fonte]

Nos livros did�ticos brasileiros, h� uma invisibilidade dos negros e uma disparidade em rela��o � representa��o de brancos. Em uma pesquisa, nos textos n�o verbais analisados, em apenas 11% h� representa��o de negros, embora mais de 40% da popula��o brasileira se defina como preta ou parda.[133] A representa��o dos negros nos livros escolares acontece com uma �nfase no lado pejorativo e degradante dessas pessoas. Em mais de 72% das representa��es nos livros, o negro est� exposto sob uma perspectiva negativa e em somente 30% de forma positiva. No meio escolar brasileiro, a representa��o dos negros no livro did�tico est� normalmente associada com o que h� de pior, com a delinqu�ncia, as drogas, a escravid�o, a mis�ria, o lixo.[133] Frequentemente fazem refer�ncias � cor do personagem de forma negativa. A maioria dos professores entrevistados dizem n�o perceber essa representa��o negativa do negro ou n�o d� a devida import�ncia ao tema, muitas vezes delegando o preconceito ao pr�prio aluno negro. Para a maioria dos professores, o racismo existente na sociedade n�o adentra o meio escolar. A �tica dos alunos, por outro lado, se mostrou mais agu�ada quanto � percep��o dessa discrimina��o. A maioria dos estudantes relataram que percebem que nos livros did�ticos h� uma maior representa��o do grupo branco do que do negro, apenas 11,11% disseram que tanto brancos quanto negros s�o representados de forma igual. Por�m uma minoria entende isso como uma manifesta��o de racismo. Os alunos, ao terem contato com o livro, associam os personagens ali contidos com os colegas de classe. Como a maioria dos negros s�o retratados de forma pejorativa no livro did�tico, os colegas negros passam a ser estigmatizados e ridicularizados, gerando s�rios reflexos na sua forma��o.[133]

A educadora Andreia Lisboa de Sousa, ao analisar a representa��o do negro na literatura infanto-juvenil, chegou � conclus�o de que a representa��o negativa e degradante do negro leva a uma extrema baixa autoestima dos alunos negros: "Os instrumentos legitimadores como fam�lia, escola e m�dias tendem a desqualificar os atributos do segmento �tnico-racial negro", afirmou ela.[134]

A partir de 2010, ganhou repercuss�o na m�dia e nos meios jur�dicos brasileiros a quest�o em torno da obra de Monteiro Lobato, Ca�adas de Pedrinho, publicada em 1933. No livro em quest�o, a personagem negra Tia Anast�cia � chamada de "macaca de carv�o" e referida como pessoa que tem "carne preta".[135] A obra, cuja leitura � obrigat�ria nas escolas p�blicas, foi alvo de mandado de seguran�a impetrado pelo Instituto de Advocacia Racial (Iara) perante o Supremo Tribunal Federal. No referido rem�dio constitucional, o Iara demandava que a quest�o fosse decidida pela Presid�ncia da Rep�blica e requeria a retirada do livro de Lobato da lista de leitura obrigat�ria, para que as crian�as brasileiras n�o ficassem expostas ao seu alegado conte�do racista. Tal pedido j� havia sido feito e negado pela C�mara de Educa��o B�sica, pelo Plen�rio do Conselho Nacional de Educa��o e pelo ministro da Educa��o. Tamb�m requeria que o MEC inclu�sse "notas explicativas" nos livros fornecidos �s bibliotecas e que apenas a "professores preparados a explicar as nuances do racismo do Brasil da Rep�blica Velha" fosse permitido o lecionamento acerca do livro. Em 2014, o ministro Luiz Fux, ap�s an�lise t�o somente do pedido de liminar, sem adentrar o m�rito, concordou com o parecer da Procuradoria-Geral da Rep�blica de que o presidente n�o � omisso se decide n�o avocar um tema para si.[136] � sabido que Monteiro Lobato era abertamente racista, sendo membro da Sociedade Eug�nica de S�o Paulo, grupo que pregava a superioridade da ra�a branca sobre as demais. Em correspond�ncia a um amigo, n�o escondeu que defendia a atua��o da Ku Klux Klan no Brasil, grupo racista que promovia assassinatos, linchamentos e outras atrocidades contra negros nos Estados Unidos.[nota 1] Em suas obras, a personagem negra Tia Anast�cia � constantemente retratada de forma pejorativa e discriminat�ria.[nota 2] Os meios de comunica��o brasileiros, majoritariamente, posicionaram-se contr�rios ao parecer desfavor�vel � obra de Lobato, frequentemente alegando que se tratava de uma tentativa de "censura" e de um "atentado � livre express�o de ideais".[137]

Pesquisas gen�ticas

[editar | editar c�digo-fonte]

Perfil da popula��o brasileira

[editar | editar c�digo-fonte]

"� de se supor que, por esse caminho, a popula��o brasileira se homogeneizar� cada vez mais, fazendo com que, no futuro, se torne ainda mais coparticipado por todos um patrim�nio gen�tico multirracial comum. Ningu�m estranha, no Brasil, os matizes de cor dos filhos dos mesmos pais, que v�o, frequentemente, do moreno amulatado, em um deles, ao branco mais claro, no outro; ou combinam cabelos lisos e negros de �ndio ou duros e encaracolados de negro, ou sedosos de branco, de todos os modos poss�veis; com diferentes aberturas de olhos, formas de boca, conforma��es nasais ou propor��es das m�os e p�s. Na verdade, cada fam�lia brasileira de antiga extra��o retrata no fen�tipo de seus membros caracter�sticas isoladas de ancestrais mais pr�ximos ou mais remotos dos tr�s grandes troncos formadores. Conduzindo, em seu patrim�nio gen�tico, todas essas matrizes, os brasileiros se tornam capazes de gerar filhos t�o variados como variadas s�o as faces do homem."

O Povo Brasileiro, Darcy Ribeiro, pag. 16.[138]

Uma recente pesquisa gen�tica, encomendada pela BBC Brasil, analisou a ancestralidade de 120 brasileiros auto-declarados pretos que vivem em S�o Paulo.[139] Foram analisados o cromossomo Y, herdado do pai, e o DNA mitocondrial, herdado da m�e. Ambos permanecem intactos atrav�s de gera��es porque n�o se misturam com outros materiais gen�ticos provenientes do pai ou da m�e, salvo as raras muta��es que podem ocorrer. O DNA mitocondrial de cada pessoa � herdado da sua m�e, e esta o herdou do ancestral materno mais distante (a m�e da m�e da m�e etc). J� o cromossomo Y, presente apenas nos homens, � herdado do pai, e este o herdou do ancestral paterno mais distante (o pai do pai do pai etc).

Miscigena��o racial dos brasileiros
Valores arredondados provenientes de duas pesquisas independentes feitas respectivamente com brasileiros negros e com brasileiros brancos
Lado Origem Negros Porc.(%)[140] Brancos Porc.(%)[141]
Materno
(DNAmt)
�frica subsaariana 85% 29%
Europeia 2,5% 38%
Amer�ndia 12,5% 33%
Paterno
(Cromossomo Y)
�frica subsaariana 48% 2%
Europeia 50% 98%
Amer�ndia 1,6% 0%

Esta pesquisa mostrou propor��es quase iguais de pessoas com cromossomo Y provenientes da Europa (50%) e da �frica subsaariana (48%) no grupo de brasileiros negros que foi analisado. Com seguran�a pode-se afirmar que metade (50%) desta amostra de pretos brasileiros s�o descendentes de pelo menos um europeu homem. Por outro lado, esta pesquisa mostrou que no grupo de brasileiros e brasileiras pretos analisados, cerca de 85% das pessoas tinham DNA mitocondrial originado de uma antepassada da �frica subsaariana e 12,5% de uma �ndia.[140]

Se o grupo analisado representa uma boa amostra da popula��o brasileira, pode-se dizer que os brasileiros negros descendem pelo lado paterno tanto de europeus quanto de africanos subsaarianos, embora pelo lado materno sejam na maior parte descendentes de africanas subsaarianas (85%). Nota-se tamb�m que uma parte consider�vel (12,5%) deste grupo de brasileiros autodeclarados pretos � descendentes pelo lado materno de pelo menos uma ancestral �ndia.

Daiane dos Santos, 40,8% de ancestralidade europeia, 39,7% africana e 19,6% amer�ndia de acordo com um estudo de seu DNA

A mesma pesquisa gen�tica tamb�m analisou a ancestralidade de brasileiros negros famosos. O resultado surpreendeu ao mostrar que pessoas auto-classificadas e consideradas pretas perante a sociedade apresentam alto grau de ancestralidade europeia. Alguns resultados obtidos foram:

Outra pesquisa gen�tica sugere que uma quantidade consider�vel de brasileiros brancos n�o carregam em si apenas DNA proveniente de povos europeus, tendo tamb�m DNA proveniente de �ndios e africanos, devido a miscigena��o. Como esperado, o ancestral n�o europeu est� mais comumente do lado materno. De acordo com essa pesquisa os brasileiros brancos seriam resultado mais da miscigena��o com �ndias do que com africanas subsaarianas, embora a diferen�a seja pequena.[141] (os resultados desta pesquisa foram colocados na mesma tabela com a pesquisa gen�tica de brasileiros negros anteriormente mencionada) A mesma pesquisa permitiu comparar o grau de miscigena��o dos brasileiros brancos com o de estadunidenses brancos, comprovando-se, como esperado, que os primeiros s�o mais miscigenados, embora tamb�m tenha havido miscigena��o entre os segundos.[141]

De acordo com esse mesmos estudo gen�tico, 45% de todos os brasileiros, brancos e pretos, teriam cerca de 90% de genes africanos subsaarianos; e que cerca de 86% possuem 10% ou mais de genes africanos subsaarianos. Mas esse pr�prio estudo admite que seus limites de confian�a s�o amplos e foram feitos por extrapola��o (extrapola��o de 173 amostras de Queixadinha, Norte de Minas Gerais, para todo o Brasil): "Obviamente estas estimativas foram feitas por extrapola��o de resultados experimentais com amostras relativamente pequenas e, conseq�entemente, t�m limites de confian�a bastante amplos".[141] Um outro estudo gen�tico autoss�mico, tamb�m levado a cabo pelo geneticista brasileiro S�rgio Pena, em 2011, e contando com aproximadamente 1000 amostras de todas as regi�es do pa�s, "negros", "pardos" e "brancos" (de acordo com suas respectivas propor��es na popula��o brasileira), concluiu que: "Em todas as regi�es estudadas, a ancestralidade europeia foi a predominante, com propor��es variando de 60,60% no Nordeste a 77,70% no Sul do pa�s". A ancestralidade africana encontra-se presente em grau alto em todas as regi�es do Brasil. E a ind�gena, em grau menor, tamb�m encontra-se presente em todas as regi�es do Brasil. Os "negros" possuem significativo grau de ancestralidade europeia e, em menor grau, ancestralidade ind�gena.[147] Esse estudo foi realizado com base em doadores de sangue, sendo que a maior parte dos doadores de sangue no Brasil v�m das classes mais baixas (al�m de enfermeiros e demais pessoas que laboram em entidades de sa�de p�blica, representando bem, assim, a popula��o brasileira).[148]

De acordo com um estudo gen�tico autoss�mico feito em 2010 pela Universidade Cat�lica de Bras�lia e publicado no American Journal of Human Biology, a heran�a gen�tica europeia � a predominante no Brasil, sendo que no sul esse percentual � mais alto.[149] Esse estudo se refere � popula��o brasileira como um todo: "Um novo retrato das contribui��es de cada etnia para o DNA dos brasileiros, obtido com amostras das cinco regi�es do pa�s, indica que, em m�dia, ancestrais europeus respondem por quase 80% da heran�a gen�tica da popula��o. A varia��o entre regi�es � pequena, com a poss�vel exce��o do Sul, onde a contribui��o europeia chega perto dos 90%. Os resultados, publicados na revista cient�fica "American Journal of Human Biology" por uma equipe da Universidade Cat�lica de Bras�lia, d�o mais peso a resultados anteriores, os quais tamb�m mostravam que, no Brasil, indicadores de apar�ncia f�sica como cor da pele, dos olhos e dos cabelos t�m relativamente pouca rela��o com a ascend�ncia de cada pessoa.[149] Outro estudo gen�tico autoss�mico recente, de 2009, tamb�m indica que a ancestralidade europeia � mais importante, seguida da africana, e depois da amer�ndia. "Todas as amostras (regi�es) encontram-se mais perto dos Europeus do que dos Africanos ou dos Mestizos do M�xico", do ponto de vista gen�tico.[150]

De acordo com um estudo autoss�mico realizado em 2008, pela UnB, a popula��o brasileira � formada pelos componentes europeu, africano, e ind�gena, com as seguintes propor��es: 65,90% de contribui��o europ�ia, 24,80% de contribui��o africana e 9,30% de contribui��o ind�gena.[151]

Um estudo gen�tico de 2013, com base em popula��es urbanas de v�rias partes do Brasil, chegou � seguinte conclus�o: "seguindo um gradiente Norte Sul, a ancestralidade europeia foi a principal em todas as popula��o urbanas (com valores at� 74%). As popula��es do Norte t�m propor��o significativa de ancestralidade ind�gena que � duas vezes maior do que a contribui��o africana. No Nordeste, Centro Oeste e Sudeste, a ancestralidade africana foi a segunda mais importante. Todas as popula��es estudadas s�o no geral miscigenadas, sendo a varia��o maior entre indiv�duos do que entre popula��es".[152]

Um estudo gen�tico de 2015, o qual tamb�m analisou dados de 25 estudos de 38 diferentes popula��es brasileiras concluiu que: a ancestralidade europeia � quem mais contribuiu para a ancestralidade dos brasileiros, seguida da ancestralidade africana, e amer�ndia. O percentual encontrado foi: 62% de contribui��o europeia, 21% africana e 17% ind�gena. A regi�o sul tem o maior percentual de ancestralidade europeia (77%). A regi�o nordeste tem o maior percentual de contribui��o africana (27%). E a regi�o norte tem o maior percentual de contribui��o ind�gena (32%).[153]

O povo brasileiro �, em verdade, o resultado do encontro de europeus, africanos e ind�genas:
"A correla��o entre cor e ancestralidade gen�mica � imperfeita: ao n�vel individual n�o se pode prever com segura a cor da pele ou seu n�vel de ancestralidade europeia, efricana e emer�ndia nem o oposto. Independentemente da sua cor de pele, a grande maior parte dos brasileiros possui um n�vel de ancestralidade europeia muito alto. Tamb�m, independentemente de sua cor de pele, a maior parte dos brasileiros possui um grau significativo de ancestralidade africana. Finalmente, a maior parte dos brasileiros t�m um grau significativo e muito uniforme de ancestralidade ind�gena. A alta variabilidade observada em brancos e negros sugere que cada brasileiro possui uma propor��o �nica e singular de ancestralidades europeia, africana e ind�gena. Assim, a �nica maneira de se lidar com os brasileiros n�o � considerando eles como membros de categorias segundo a cor da pele, mas sim em uma base de pessoa para pessoa, como 190 milh�es de seres humanos com um genoma e hist�rias de vida singulares".[154]

De acordo com um estudo autoss�mico de 2009, as heran�as europeia e africana s�o as mais importantes. A composi��o do Sudeste foi assim encontrada, de acordo com um estudo de 2009: 60.7% europeia, 32.0% africana 7.3% amer�ndia.[155] Um estudo gen�tico realizado em 2010[156] encontrou a seguinte composi��o: 79,90% de contribui��o europeia, 14,10% de contribui��o africana e 6,10% de contribui��o ind�gena. J� de acordo com outro estudo gen�tico de 2011, a composi��o do Sudeste � a seguinte:[147] 74,20% de contribui��o europeia, 17,20% de contribui��o africana e 7,30% de contribui��o ind�gena. Um estudo gen�tico mais recente, de 2013,[152] por sua vez, encontrou os seguintes resultados: 61% de contribui��o europeia, 27% de contribui��o africana e 12% de contribui��o ind�gena.

Um estudo gen�tico de 2009 revelou que 'brancos', 'pardos' e 'negros', no Rio de Janeiro, possuem, no geral, as tr�s ancestralidades, sendo o componente africano mais importante nos 'negros', embora tamb�m presente nos 'brancos' e em grau significativo nos 'pardos'.[157]

Ancestralidade gen�mica de indiv�duos n�o relacionados no Rio de Janeiro"[157]
Cor N�mero de indiv�duos amer�ndio africano europeu
Branco 107 6.7% 6.9% 86.4%
Pardo 119 8.3% 23.6% 68.1%
Preto 109 7.3% 50.9% 41.8%

De acordo com um estudo gen�tico de 2011,[147] a composi��o gen�tica do Rio de Janeiro seria: 18,9% de contribui��o africana, 73,70% de contribui��o europeia e 7,4% de contribui��o ind�gena.

Um estudo gen�tico mais recente, de 2013,[152] encontrou a seguinte composi��o para o Rio de Janeiro: 31,10% de contribui��o africana, 55,20% de contribui��o europeia e 13,70% de contribui��o ind�gena.

Um estudo de ancestralidade aut�ssomica, realizado 2009, entre estudantes do Cefet, escola p�blica de educa��o profissional de Nil�polis (Baixada Fluminense), revelou que a correla��o entre ancestralidade autodeclarada e ancestralidade real era baixa. Pessoas que se autoidentificaram como "pretas", nesse estudo, acusaram, em m�dia, ancestralidade em torno de 52% europeia, africana 41% e amer�ndia 4%. Pessoas que se autoidentificaram como "pardas" revelaram ancestralidade, em m�dia, 80% europeia, 12% africana e 8% amer�ndia. Os pardos se achavam quase 1/3 amer�ndios, 1/3 africanos e 1/3 europeus; no entanto, sua ancestralidade europeia foi superior a 80%". Os brancos praticamente n�o apresentaram grau de miscigena��o significativo. A maior parte dos brancos registrou ancestralidade europeia superior a 90%, e 1/3 dos pardos tamb�m revelou ancestralidade superior a 90%. Pardos e negros revelaram ancestralidade europeia superior �quela que imaginavam ter[158][159]

Em S�o Paulo, tanto brancos como negros apresentam grande ancestralidade africana. Um estudo encontrou m�dia de 25% de ancestralidade africana nos "brancos" da cidade de S�o Paulo (entre 18-31%), e 65% nos "pretos" da mesma cidade (entre 55-76%).[160] Em Campinas, um estudo encontrou ancestralidade 45% africana, 41% europeia e 14% ind�gena em pessoas com hemoglobina S (mais prevalente em africanos e seus descendentes). Este mesmo estudo revelou que em apenas 53% dos indiv�duos a sua ancestralidade africana era vis�vel no fen�tipo.[161]

De acordo com um estudo gen�tico sobre a popula��o do estado de S�o Paulo, de 2006, a contribui��o africana seria de 14%, a europeia de 79% e a ind�gena 7%. J� de acordo com outro estudo mais recente, de 2013, o grau de contribui��o africana foi estimado em 25,5%, o europeu em 61,9% e o ind�gena em 11,6%.[162]

Um estudo gen�tico realizado com pessoas de Belo Horizonte revelou que a ancestralidade dos belo-horizontinos � 66% europeia, 32% africana e 2% ind�gena. Por outro lado, na localidade de Marinhos, habitada principalmente por quilombolas, a ancestralidade � 59% africana, 37% europeia e 4% ind�gena (para aqueles cuja fam�lia vive na localidade desde o in�cio do s�culo XX, a ancestralidade africana sobe para 81%).[163] De maneira geral, os mineiros apresentam muito baixo grau de ancestralidade ind�gena, enquanto a ancestralidade europeia (principalmente portuguesa) e africana predominam. Isto se deve ao fato de que a popula��o ind�gena foi exterminada, ao mesmo tempo que chegavam � regi�o contingentes enormes de escravos africanos e colonos portugueses, diluindo a contribui��o ind�gena na popula��o. Em rela��o ao componente europeu (portugu�s), apesar de ter sido numericamente inferior ao componente africano, o primeiro acabou por predominar, devido �s altas taxas de mortalidade e baixos �ndices de reprodu��o entre os escravos. A pr�pria imigra��o de italianos e outros europeus para Minas Gerais no final do s�culo XIX contribuiu para aumentar o grau de ancestralidade europeia.[164]

V�rios outros estudos gen�ticos j� foram feitos contemplando diferentes grupos raciais e geogr�ficos de Minas Gerais. De maneira geral, todos os estudos concluem que a popula��o de Minas Gerais � intensamente miscigenada, sendo a ancestralidade europeia alta, seguida pela africana e, menos importante, a ind�gena. Poucos mineiros t�m ancestralidade predominantemente europeia ou africana, a maioria tem mistura significativa de ambas as origens. Em um estudo gen�tico, 13,8% dos mineiros portadores de anemia falciforme testados tinham mais de 85% de ancestralidade europeia e 11,05% dos portadores de anemia falciforme tinham mais de 85% de ancestralidade africana. A maioria deles, 73,37%, apresentou n�veis intermedi�rios de mistura (entre 15 e 85%).[165] Isso tamb�m acontece em quase todas as regi�es do Brasil, segundo outros estudos.[147][166][167][168]

Diferentes estudos gen�ticos estimando a contribui��o africana, europeia e amer�ndia em Minas Gerais.
Origem da amostra Africana Europeia Amer�ndia
Ouro Preto (todas as cores/"ra�as")[169] 33,3% 50,3% 16,4
Ouro Preto (brancos)[169] 18,0% 70,4% 11,6%
Ouro Preto (morenos claros)[169] 31,4% 52,1% 16,4%
Ouro Preto (morenos escuros)[169] 47,6% 33,6% 18,8%
Ouro Preto (negros)[169] 67,1% 16,6% 16,4%
Minas Gerais (portadores de anemia falciforme)[165] 47,3% 39,7% 13,0%
Minas Gerais (n�o portadores de anemia falciforme)[165] 33,8% 57,7% 3,5%
Queixadinha, Cara� (brancos)[168] 32,0% ? ?
Queixadinha, Cara� (pardos)[168] 44,0% ? ?
Queixadinha, Cara� (pretos)[168] 51% ? ?
Minas Gerais (brancos)[170] 16,1% 70,8% 13,1
Minas Gerais (cores/"ra�as" n�o especificadas)[162] 28,9% 59,2% 11,9%
Montes Claros (cores/"ra�as" n�o especificadas)[171] 39,0% 52,0% 9,0%
Manhua�u (cores/"ra�as" n�o especificadas)[171] 19,0% 73,0% 8,0%
Belo Horizonte (cores/"ra�as" n�o especificadas)[172] 32,0% 66% 2,0%
Marinhos, Brumadinho [163][164][171][173] 59,0% 37,0% 3,7%

De acordo com um estudo gen�tico autoss�mico de 2009, a heran�a europeia � a dominante no Nordeste, respondendo por 66,70% da popula��o, o restante sendo africano (23,30%) e amer�ndio (10%). O Nordeste encontra-se, assim, ent�o constitu�do: 66,70% europeu, 23,30% africano e 10% amer�ndio.[150]

De acordo com um estudo gen�tico de 2011, "em todas as regi�es estudadas, a ancestralidade europeia foi a predominante, com propor��es variando de 60,60% no Nordeste a 77,70% no Sul do pa�s".

De acordo com um estudo gen�tico realizado em 1965, pelos pesquisadores norte-americanos D. F. Roberts e R. W. Hiorns, a ancestralidade m�dia do nordestino � predominantemente europeia (grau por volta de 65%), com contribui��es menores, mas importantes, da �frica e dos ind�genas brasileiros (25% e 9% respectivamente).[174]

De acordo com um estudo gen�tico (DNA autoss�mico) de 2011, pardos e brancos de Fortaleza possuem ancestralidade africana, e tamb�m ind�gena, mas a heran�a europeia responde por mais de 70% da ancestralidade tanto de "pardos" como de "brancos".[147]

De acordo com um estudo gen�tico de 2005, em S�o Lu�s do Maranh�o a contribui��o africana para a popula��o foi estimada em 19%. A europeia, 42; e a ind�gena, 39%[175]

Um estudo gen�tico realizado no Rec�ncavo baiano confirmou o alto grau de ancestralidade africana na regi�o. Foram analisadas pessoas da �rea urbana dos munic�pios de Cachoeira e Maragojipe, al�m de quilombolas da �rea rural de Cachoeira. A ancestralidade africana foi de 80,4%, a europeia 10,8% e a ind�gena 8,8%.[176] Em Salvador a ancestralidade predominante � africana (49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e ind�gena (14,5%). O estudo tamb�m concluiu que soteropolitanos que possuem sobrenome com conota��o religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade africana (54,9%) e a pertencer a classes sociais menos favorecidas.[177]

Nas capitais nordestinas analisadas (assim como no Nordeste em geral) a ancestralidade africana � expressiva em todas elas, embora a europeia seja a principal, na maior parte delas, e na regi�o Nordeste como um todo. Sem especificar a cor das pessoas analisadas, para a popula��o de Aracaju chegou-se a um �ndice de 62% de ancestralidade europeia, 34% africana e 4% ind�gena.[178]

Para a popula��o de Natal, tamb�m sem especificar a cor dos pesquisados, de acordo com um estudo antigo baseado em polimorfismos sangu�neos encontrou a seguinte composi��o: ancestralidade encontrada foi 58% europeia, 25% africana e 17% ind�gena.[179] J� a ancestralidade de migrantes nordestinos que moram em S�o Paulo � 59% europeia, 30% africana e 11% ind�gena.[178] Segundo outro estudo, de 1997, para toda a popula��o nordestina, a ancestralidade estimada seria de 51% europeia, 36% africana e 13% ind�gena.[180]

De acordo com um estudo gen�tico de 2013, a composi��o gen�tica da popula��o de Pernambuco � 56,8% europeia, 27,9% africana e 15,3% amer�ndia.[166]

De acordo com um estudo gen�tico de 2013, a composi��o gen�tica da popula��o de Alagoas � 54,7% europeia, 26,6% africana e 18,7% amer�ndia.[166]

De acordo com um estudo gen�tico autoss�mico feito em 2010 pela Universidade Cat�lica de Bras�lia e publicado no American Journal of Human Biology, a heran�a gen�tica europeia � a predominante no Brasil, respondendo por volta de 80% do total, sendo que no Sul esse percentual � mais alto e chega a 90%.[149] Assim, a ancestralidade europeia � a principal no Sul, e a africana significativa, assim como a amer�ndia.

De acordo com outro estudo gen�tico autoss�mico de 2009, a heran�a europeia �, sim, a dominante no Sul do pa�s, respondendo por 81,50% do total, o restante sendo amer�ndio (9,2%) e africano (9,3%).[150]

Estudos gen�ticos realizado no estado do Paran� entre "afrodescendentes" (negros ou mulatos de diferentes tom de pele) mostram que o grau de mistura � muito vari�vel. Os "mulatos claros" ou "mulatos m�dios" apresentam grau semelhante de ancestralidade africana e europeia (44% europeia, 42% africana e 14% ind�gena). Por sua vez, os "mulatos escuros" ou "negros" do Paran� s�o predominantemente africanos, sendo a ancestralidade 72% africana, 15% europeia e 6% ind�gena. Mesmo entre os "brancos" do Paran�, os �ndices de ancestralidade africana s�o expressivos, por�m bastante vari�veis, indo desde um m�nimo de 3% em um estudo, a um m�ximo de 17% em outro.

Na regi�o Norte a contribui��o africana tamb�m � importante, junto com as ancestralidades europeia e ind�gena.

De acordo com um estudo autoss�mico de 2009, a composi��o da regi�o Norte seria a seguinte: 60.6% europeia, 21.3% africana e 18.1% amer�ndia.[155] Um estudo gen�tico realizado em 2010[156] encontrou a seguinte composi��o: 71,10% de contribui��o europeia, 18,20% de contribui��o africana e 10,70% de contribui��o ind�gena.

J� de acordo com outro estudo gen�tico de DNA autoss�mico (de 2011), a composi��o do Norte � a seguinte:[147] 68,8% de contribui��o europeia, 10,5% de contribui��o africana e 18,50% de contribui��o ind�gena.

Um estudo gen�tico de DNA autoss�mico mais recente, de 2013,[152] por sua vez, encontrou os seguintes resultados: 51% de contribui��o europeia, 17% de contribui��o africana e 32% de contribui��o ind�gena.

De acordo com o estudo gen�tico de 2011, a composi��o gen�tica da popula��o de Bel�m � 69,70% europeia, 10,90% africana e 19,40% amer�ndia.[181] J� de acordo com o estudo gen�tico de 2013, a composi��o gen�tica da popula��o de Bel�m � 53,70% europeia, 16,80% africana e 29,50% indígena.[152]

De acordo, também, com o estudo genético de 2013, a ancestralidade dos habitantes de Manaus é 45,9% europeia, 37,8% indígena e 16,3% africana.[162] De outro lado, de acordo com o mesmo estudo, a ancestralidade dos habitantes de Santa Isabel do Rio Negro, comunidade isolada no norte do estado do Amazonas, é 75,80% indígena, 7,4% africana e 16,80% europeia.[152]

No Centro-Oeste

[editar | editar código-fonte]

De acordo com estudos autossômicos realizados, a ancestralidade africana responde por 21,70% da herança da população no Centro Oeste. A europeia, 66,30%; e a indígena, 12,00%.[150][182]

Comunidades quilombolas

[editar | editar código-fonte]

A comunidade remanescente de Quilombo, inicialmente chamado Quilombo, são espaços e comunidades autônomas criados por populações formadas a partir de situações de resistência social e cultural — pessoas negras escravizadas — no contexto do Brasil Colônia, com funcionamento baseado na cultura e tradição (normalmente em comum) das pessoas que neles habitavam;[183] os escravizados, que fugiam em busca de liberdade, se organizaram em comunidades autônomas (século XVI–XIX), como o mais conhecido deles o Quilombo dos Palmares, assim resgataram a cosmovisão africana e os laços de família. Ocorrendo um aumento com o enfraquecimento do sistema aristocrático no país e, pela crescente do movimento abolicionista na década de 1761.

Com o fim da escravidão no país, o conceito de quilombo foi redefinido ao longo do tempo, pois continuavam a existir fora do contexto histórico no qual surgiram.[184][185][186] Modernamente, quilombo é um espaço de resistência com o direito à propriedade de suas terras e manutenção de sua cultura própria. É um tipo de organização de pessoas que faz a ocupação da terra na forma de uso comum, com seu uso obedecendo a sazonalidade ambiental.

Os moradores dos quilombos denominam-se quilombolas, que atualmente são os descendentes dos escravizados fugitivos,[187] reconhecidos desde 2007 pelo Governo do Brasil como comunidade tradicional — realizam práticas diárias de produção com desenvolvimento sustentável[188] — com modo de vida ligado ao meio-ambiente e cultura diferenciada da cultura predominante local.[189]

Segundo o censo de 2022, a população quilombola é de 1.327.802 pessoas. A Região Nordeste possui 5.386 localidades quilombolas, 64% do total. A Bahia abriga 29,90% da população quilombola, seguida pelo Maranhão, com 20,26%. Juntas, essas duas unidades da federação concentram 50,16% da população quilombola do país.[190]

No Censo Demográfico de 2022, 20.656.458 de brasileiros se identificaram como pretos, o que representou 10,17% da população totalː[191]

Segundo o censo do IBGE de 2022, a região Sudeste concentra 43,58% da população preta do Brasil e o Nordeste, 34,5%. Portanto, 78,08% dos pretos brasileiros vivem nessas duas regiõesː[191]

Os estados com maior percentual de cidadãos pretos no Censo de 2022 do IBGE são:[192]

Unidade federativa População preta
Bahia 22,38
Rio de Janeiro 16,16
Tocantins 13,19
Sergipe 12,85
Maranhão 12,61
Piauí 12,25
Minas Gerais 11,84
Amapá 11,81
Espírito Santo 11,21
Distrito Federal 10,71

Por município

[editar | editar código-fonte]

Segundo o censo demográfico de 2022, São Paulo era a cidade brasileira com a maior população autoidentificada como preta, com 1.160.073 indivíduos se identificando como pretos. Ela é seguida pelo Rio de Janeiro com 968.428, Salvador com 825.509, Belo Horizonte com 312.920, Brasília com 301.765, Recife com 182.546, Feira de Santana com 180.190, Fortaleza com 171.018, Porto Alegre com 168.196 e São Luís com 167.885.[193] Em termos proporcionais, dos dez municípios brasileiros com maior população preta, nove estavam Bahia e um no Maranhãoː

  1. Serrano do Maranhão (MA)ː 58,48%
  2. Antônio Cardoso (BA)ː 55,08%
  3. Ouriçangas (BA)ː 52,79%
  4. Cachoeira (BA)ː 51,83%
  5. Santo Amaro (BA)ː 50,87%
  6. Conceição da Feira (BA)ː 50,27%
  7. São Francisco do Conde (BA)ː 49,91%
  8. Pedrão (BA)ː 49,67%
  9. Salinas da Margarida (BA)ː 47,09%
  10. São Gonçalo dos Campos (BA)ː 47,02%

Brasileiros negros famosos

[editar | editar código-fonte]
Ver também a categoria: Afro-brasileiros

Notas

  1. Em uma correspondência, Lobato escreveu sobre o Brasil: "Paiz de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan, é paiz perdido para altos destinos. André Siegfried resume numa phrase as duas attitudes. "Nós defendemos o front da raça branca – diz o Sul – e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brazil." Um dia se fará justiça ao Klux Klan; tivéssemos ahi uma defeza desta ordem, que mantem o negro no seu lugar, e estariamos hoje livres da peste da imprensa carioca – mulatinho fazendo o jogo do gallego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destróe a capacidade constructiva".[137]
  2. "Esse não é o único livro da série do Pica-pau Amarelo que contém tais imprecações contra Anastácia. O livro que dá início à coleção, Reinações de Narizinho, de 1931, abre a primeira página apresentando todos os personagens. À Anastácia cabe o epíteto de "negra de estimação". Nesse livro Lobato refere-se à personagem 56 vezes usando o termo "a negra", ao invés de seu nome. Pelo menos 13 vezes tal chamamento é acompanhado de alusões pejorativas aos seus "beiços", ou às vezes "beiçaria", ao tamanho avantajado de sua boca, "a maior boca do mundo", "de caber dentro uma laranja", ou ainda a sua ignorância "tudo que ela não entendia era [para ela] inglês".[137]

Referências

  1. «Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288, de 20 de junho de 2010)». Consultado em 11 de fevereiro de 2021 
  2. «brasil_1_2». www.ibge.gov.br. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  3. «IBGE usa classificação de cor preta; grupo negro reúne pretos e pardos». Consultado em 12 de fevereiro de 2021 
  4. «IBGE - População residente por cor ou raça e religião». Consultado em 3 de março de 2015 
  5. IBGE. Território brasileiro e povoamento: »negros» - a herança cultural negra e racismo
  6. IBGE. Evolução da população brasileira, segundo a cor - 1872/1991
  7. IBGE. PCERP - Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População 2008 - Metodologia
  8. a b «Características étnico-raciais da população» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 3 de Setembro de 2013 
  9. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 23 de Julho de 2011. Arquivado do original (PDF) em 2 de Setembro de 2012 
  10. a b c d e f g h i j k l m n o RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. link. [1. ed., 1995].
  11. a b c Petrônio José Domingues. Negros de alma branca-. [S.l.]: 34 
  12. Rocha, Elaine Pereira. "Antes índio que negro"[ligação inativa]. In: Dimensões — Revista de História da Ufes, 2006; 18:203-220
  13. a b c «Cor de celebridades revela critérios "raciais" do Brasil». Folha de S.Paulo 
  14. «As raças não existem». historianet.com.br 
  15. a b Celia Maria Marinho de Azevedo. "Anti-racismo e seus paradoxos: reflexões sobre cota racial, raça e racismo"
  16. «Cópia arquivada». Consultado em 8 de Janeiro de 2014. Arquivado do original em 8 de Janeiro de 2014 
  17. «G1 > Vestibular e Educação - NOTÍCIAS - Cotas na UnB: gêmeo idêntico é barrado». g1.globo.com 
  18. MAGNOLI, Demétrio. Uma Gota de Sangue, Editora Contexto 2008 (2008))
  19. IBGE. Censo Demográfico 2010. 2010
  20. «Panorama Nacional e Internacional da Produção de Indicadores Sociais - A investigação étnico-racial pelo IBGE» (PDF). Instuto Brasileiro de Geografia e Estatística. p. 189. Consultado em 14 de janeiro de 2021 
  21. MAGNOLI, Demétrio. Uma Gota de Sangue, Editora Contexto 2008 (2008).
  22. «Genocídio racial estatístico». Academia Brasileira de Letras 
  23. a b c d e f g Thomas E. Skidmore (1989). Preto no Branco - Raça e Nacionalidade no Pensamento Brasileiro. [S.l.]: Companhia das Letras. pp. 391– 
  24. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 8 de Janeiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 12 de Novembro de 2010 
  25. «L10639». www.planalto.gov.br 
  26. «L12288». www.planalto.gov.br 
  27. «L12519». www.planalto.gov.br 
  28. Educacao, Ministerio da. «:: Lei de Cotas para o Ensino Superior ::». portal.mec.gov.br 
  29. «L12990». www.planalto.gov.br 
  30. a b c d e f g h i j PATTERSON, Orlando. Escravidão e Morte Social. Editoria EDUSP, 2008.
  31. Stephen D. Behrendt, David Richardson, and David Eltis, W. E. B. Du Bois Institute for African and African-American Research, Harvard University. Based on "records for 27,233 voyages that set out to obtain slaves for the Americas". Stephen Behrendt (1999). «Transatlantic Slave Trade». Africana: The Encyclopedia of the African and African American Experience. Nova Iorque: Basic Civitas Books. ISBN 0-465-00071-1 
  32. a b c David Eltis (Emory University), 2007. «Um breve resumo do tráfico transatlântico de escravos - A escravização de africanos (visitado 30 de dezembro de 2016)». Consultado em 30 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2016 
  33. David Eltis (Emory University), 2007. «Um breve resumo do tráfico transatlântico de escravos - O fim do tráfico de escravos (visitado 30 de dezembro de 2016)». Consultado em 30 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2016 
  34. «Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil» (PDF). UFF. Consultado em 4 de março de 2017 
  35. Yi, Editor J. F. Ade Aja (9 de novembro de 2017). «História Geral da África – Vol. VI – África do século XIX à década de 1880». UNESCO – via Google Books 
  36. «Desembarque estimado de africanos». Brasil: 500 anos de povoamento. IBGE. Arquivado do original em 8 de Maio de 2013 
  37. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (2000). «Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento». Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. Rio de Janeiro: [s.n.] p. 223 
  38. «Cópia arquivada». Consultado em 18 de Setembro de 2011. Arquivado do original em 25 de Maio de 2014 
  39. Barreiro, Felipe Miguel Marmello. «Página 404 - IBGE :: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística». www.ibge.gov.br. Consultado em 29 de Agosto de 2008. Arquivado do original em 8 de Maio de 2013 
  40. «De Souza - Benim». Cartasdafrica.com. Consultado em 17 de novembro de 2019. Arquivado do original em 9 de março de 2008 
  41. OLTRAMANI, Alexandre (10 de dezembro de 2003). «Veja, edição 1832». Veja. Consultado em 17 de novembro de 2019 
  42. Dolores Cantus. Fernando Poo (1778–1900). «Una Aventura Colonial Española en el África Occidental» (PDF). Tesisenxarxa.net. p. 195. Consultado em 17 de novembro de 2019. Arquivado do original (PDF) em 24 de julho de 2011 
  43. SILVA, Alberto da Costa e. Francisco Félix de Souza, mercador de escravos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/EdUERJ, 2004
  44. a b Barretto Briso, Caio (5 de março de 2008). «Um barão negro, seu palácio e seus 200 escravos». O Globo. Consultado em 5 de setembro de 2018 
  45. Lopes, Marcus (15 julho 2018). «A história esquecida do 1º barão negro do Brasil Império, senhor de mil escravos». BBC. Consultado em 5 de setembro de 2018 
  46. a b c d Toby Green (2011). Inquisição- O Reinado do Medo. [S.l.]: Objetiva. pp. 463–463 
  47. a b c d e f g h Júnia Ferreira Furtado (2009). Chica da Silva e o Contratador de Diamantes - O Outro Lado do Mito. [S.l.]: Companhia das Letras. 403 páginas 
  48. «OS NEGOCIANTES DE ESCRAVOS E A PRESSÃO INGLESA PELA ABOLIÇÃO DO TRÁFICO TRANSATLÂNTICO (1830-1850)» (PDF). uff.br 
  49. Celia Maria Marinho de Azevedo (2003). Abolicionismo: Estados Unidos e Brasil, uma história comparada: século XIX. [S.l.]: Annablume. pp. 249–249 
  50. «Cópia arquivada». Consultado em 18 de Setembro de 2011. Arquivado do original em 19 de Novembro de 2011 
  51. a b «Regiões de origem dos Africanos desembarcados no Brasil». 2015. Consultado em 4 de junho de 2015. Arquivado do original em 27 de Outubro de 2013 
  52. a b c d e «PINHEIRO, Flávio; COSTA, Cristiane. A escravidão e seus mitos. Entrevista com Manolo Florentino. Jornal do Brasil, 21 de Julho de 2001 (visitado 10 de setembro de 2008)». Consultado em 11 de setembro de 2008. Arquivado do original em 3 de maio de 2004 
  53. a b «CURTIN, Philip. "Goree and the Atlantic Slave Trade". History Net (Visitado em 10 de outubro de 2008)». Consultado em 14 de outubro de 2008. Arquivado do original em 2 de abril de 2016 
  54. a b Les Guides Bleus: Afrique de l'Ouest(1958 ed.), p. 123
  55. a b c d «UNESCO 2000. Slave Route Project. Projeto Rota dos Escravos. Mapa das Rotas de Escravos. (Visitado em 10 de setembro de 2008)» (PDF) 
  56. VIANNA FILHO, Luiz. O negro na Bahia. São Paulo: José Olympio, 1946. link.
  57. a b «REZENDE, Rodrigo Castro. As Nossas Áfricas: Um Estudo Comparativo sobre a Composição Étnica dos Escravos nas Minas Gerais dos Séculos XVIII E XIX» 
  58. AS NOSSAS “ÁFRICAS”: UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A COMPOSIÇÃO ÉTNICA DOS ESCRAVOS NAS MINAS GERAIS DOS SÉCULOS XVIII E XIX.
  59. «Regiões de desembarque de africanos no Brasil». 2015. Consultado em 4 de junho de 2015. Arquivado do original em 27 de Outubro de 2013 
  60. Brasil - África: como se o mar fosse mentira, de Rita Chaves, Carmen Secco e Tânia Macedo (Unesp).
  61. O primeiro livro sobre a história dos tabons ("Tabom. A comunidade de afro-brasileiros do Gana") foi escrito pelo brasileiro Marco Aurelio Schaumloeffel.
  62. * Os “brasileiros” do Benin Milton Guran Arquivado em 14 de maio de 2008, no Wayback Machine.
  63. Agudás, um pedaço do Brasil no Benin. BBC.
  64. «A visita ao Ilê Axé Opô Afonjá». Arquivado do original em 19 de Setembro de 2007 
  65. «Refúgio em números (6ª edição)» (PDF). ACNUR 
  66. NINA RODRIGUES, Raimundo. Os Africanos no Brasil. 6. ed. São Paulo: Ed. Nacional; [Brasília]: Ed. Universidade de Brasília, 1982. [1. ed., 1932.]
  67. RAMOS, Arthur. O negro brasileiro: ethnographia religiosa e psychanalyse. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1940. link Arquivado em 24 de janeiro de 2018, no Wayback Machine.. [1. ed., 1934.]
  68. a b c FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 51. ed. São Paulo: Global, 2006. [1. ed., 1933.]
  69. [1]
  70. DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aço. São Paulo: Editora Record, 2002. ISBN 85-01-05600-6
  71. Confraria do IAGP (1883). «Descrição geral da capitania da Paraíba». Revista do Instituto Archeológico e Geográphico Pernambucano (IAGP). Consultado em 15 de fevereiro de 2015 
  72. «Censo 2000». www.ibge.gov.br 
  73. Viagem à província de São Paulo, fls. 69, Livraria Itatiaia Editora Ltda, 1976)
  74. VAINFAS, Ronaldo, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva, 2002
  75. «IBGE teen». Consultado em 29 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 21 de Dezembro de 2010 
  76. TOLEDO, Renato Pompeu de. À Sombra da Escravidão Arquivado em 7 de junho de 2008, no Wayback Machine. (visitada em 22 de agosto de 2008)
  77. «LIMA, Silvio Cezar de Souza. Os filhos do império celeste: a imigração chinesa e sua incorporação à nacionalidade brasileira. Rede de Memória Virtual Brasileira (visitada em 22 de agosto de 2008)». Arquivado do original em 31 de Março de 2009 
  78. a b c d e f UFF. Família escrava e trabalho.
  79. a b c d e f g h RUSSEL-WOOD, A. J. R. Escravos e Libertos no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização brasileira, 2005.
  80. a b c d http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_dossie/artg8-1.pdf
  81. Carl Schlichthorst. O Rio de Janeiro como é (1825-26). Apud: Maria Lúcia Mott. A Criança Escrava na Literatura dos Viajantes. 1979, p. 64.
  82. a b Mary del Priore (2011). Histórias íntimas-sexualidade e erotismo na História do Brasil. [S.l.]: Planeta. pp. 254–254 
  83. Elisa Larkin Nascimento (2003). O Sortilégio da Cor - Identidade, Raça e Gênero no Brasil. [S.l.]: Summus Editorial. pp. ––– 
  84. «BBCBrasil.com - Reporter BBC - Metade de negros em pesquisa tem ancestral europeu». www.bbc.co.uk 
  85. a b «D08A021.pdf (objeto application/pdf)» (PDF). www.cedeplar.ufmg.br. Consultado em 22 de junho de 2011 
  86. Mary del Priore (2011). Histórias íntimas-sexualidade e erotismo na História do Brasil. [S.l.]: Planeta. pp. 254–254 
  87. Candido, 1970, p.18.
  88. Fernandez, 1971, pp.255-256.
  89. Damata, Fernandes, Luz, 2007, p.236.
  90. Achcar, 2005, p.9.
  91. Giron, 2008, p.136.
  92. Angelo Trento, Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil. Studio Nobel, 1989. ISBN 852130563X, 9788521305637.
  93. EXAME. Brasileiros preferem casar com pessoas da mesma cor.
  94. IG. IBGE: 70% dos casamentos no País ocorrem entre pessoas da mesma cor.
  95. «Congada: Festa folclórica une tradições africanas e ibéricas». UOL. Consultado em 3 de março de 2017 
  96. «O maracatu». Nova Escola. Consultado em 3 de março de 2017 
  97. «Estado é exaltado em festa nacional». Ministério da Cultura. Consultado em 12 de abril de 2019. Arquivado do original em 17 de novembro de 2018 
  98. [2]
  99. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 20 de Junho de 2012. Arquivado do original (PDF) em 26 de Outubro de 2011 
  100. a b c d e «FUNAG» (PDF). www.funag.gov.br 
  101. a b c d «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 14 de Janeiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 23 de Setembro de 2015 
  102. a b c «FUNAG» (PDF). www.funag.gov.br 
  103. a b c d e Lilia Moritz Schwarcz (1998). História da Vida Privada no Brasil - Contrastes da intimidade contemporânea. [S.l.]: Companhia das Letras. pp. – 
  104. Domingues, Petrônio. «Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos». Tempo. 12 (23): 100–122. ISSN 1413-7704. doi:10.1590/S1413-77042007000200007 – via SciELO 
  105. Maggie, Yvonne (1 de dezembro de 2008). «Pela igualdade». Revista Estudos Feministas. 16 (3): 897–912. doi:10.1590/S0104-026X2008000300011 – via SciELO 
  106. a b Mario Filho (1947). O Negro no Futebol Brasileiro. [S.l.]: MAUADX 
  107. «Pelé foi alvo de racismo na carreira, mas ignorou luta antirracista - Futebol - UOL Esporte». uol.com.br 
  108. «Maria Júlia, do Jornal Nacional, é destaque nas redes após ser alvo de racismo - Jornal Opção». jornalopcao.com.br. 3 de julho de 2015 
  109. a b Renata Mendonçar (2014). «Caso Aranha fica sem julgamento; 'Falta consciência negra ao Judiciário', diz OAB». BBC 
  110. «GaúchaZH». zh.clicrbs.com.br 
  111. Redação do Portal da Impresa, página visitada em 4 de julho de 2015.
  112. «Polícia identifica suspeito de publicar ofensas contra Maria Júlia Coutinho». globo.com. 7 de julho de 2015 
  113. «Polícia investiga se crime contra Taís Araújo foi racismo ou injúria racial». globo.com. 3 de novembro de 2015 
  114. «Crimes de racismo, xenofobia e tráfico de pessoas cresceram na internet». ebc.com.br 
  115. «Racismo tem a internet como um feroz aliado na propagação do preconceito». www.diariodepernambuco.com.br 
  116. «Mesmo deletado, perfil de racista pode ser rastreado, diz especialista». www.diariodepernambuco.com.br 
  117. «Aumenta o número de denúncias envolvendo racismo - JBr.». www.jornaldebrasilia.com.br 
  118. a b c «Relatório Anual das Desigualdades Raciais - UFRJ» (PDF). afrobras.org.br. Consultado em 2 de Novembro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 4 de Novembro de 2011 
  119. Monteiro, André (10 de maio de 2011). Número de pobres pardos ou pretos é quase o triplo de brancos. Folha Online, acesso em 10 de maio de 2011
  120. «Salário de brancos é o dobro do recebido por negros e pardos - Economia - R7». noticias.r7.com. Consultado em 19 de Junho de 2013. Arquivado do original em 7 de Janeiro de 2014 
  121. Joaquim Nabuco. O abolicionismo (1883). São Paulo, 1938, p.5.
  122. a b c d e f Monsma, Karl. «Vantagens de imigrantes e desvantagens de negros: emprego, propriedade, estrutura familiar e alfabetização depois da abolição no oeste paulista». Dados. 53 (3): 509–543. doi:10.1590/S0011-52582010000300001 – via SciELO 
  123. a b c d http://www.schwartzman.org.br/simon/pdf/origem.pdf
  124. a b c d e f «Os negros representados na revista Raça Brasil» 
  125. «Taís Araújo, a primeira protagonista negra da TV: "Esse título mostra o preconceito do meu país".». Consultado em 7 de Agosto de 2011. Arquivado do original em 7 de Janeiro de 2014 
  126. a b Joel Zito Araúo (2004). A Negação do Brasil. [S.l.]: Senac. pp. 331– 
  127. «F5 - televisão - Globo responde a críticas por ausência de personagens negros em "Amor à Vida" - 10/06/2013». f5.folha.uol.com.br 
  128. «MPT notifica Globo sobre falta de representação racial em novela». Estadão. Consultado em 15 de maio de 2018 
  129. Globo admite 'representatividade menor do que gostaria' em novela
  130. Bahia is Brazil's blackest state – but you'd never guess it from latest TV soap
  131. «Ludmilla quebra recorde e se torna artista afrolatina mais ouvida do Spotify». Billboard Brasil. Nielsen Business Media, Inc. 20 de janeiro de 2024. Consultado em 4 de julho de 2021 
  132. «Racismo e Discurso na América Latina» (PDF). ufpr.br [ligação inativa]
  133. a b c Candida Soares da Costa (2007). «Percepção de alunos e professores sobre a discriminação racial no livro didático» (PDF) 
  134. Andreia Lisboa de Sousa. A representação da personagem feminina negra na literatura infanto-juvenil brasileira. [S.l.: s.n.] 
  135. «Discussão sobre racismo na obra de Monteiro Lobato continua hoje em reunião no MEC - Notícias - UOL Educação». uol.com.br 
  136. «Fux nega liminar para tirar Caçadas de Pedrinho de escolas públicas». conjur.com.br 
  137. a b c Feres Júnior, João; Nascimento, Leonardo Fernandes; Eisenberg, Zena Winona (1 de março de 2013). «Monteiro Lobato e o politicamente correto». Dados. 56 (1): 69–108. doi:10.1590/S0011-52582013000100004 – via SciELO 
  138. «Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, page 09». colegiosaofrancisco.com.br [ligação inativa]
  139. «Especial Raízes Afro-brasileiras». BBC. Maio de 2007 
  140. a b «DNA do Negro - Negros de Origem Europeia» 
  141. a b c d «Estudos Avançados - Pode a genética definir quem deve se beneficiar das cotas universitárias e demais ações afirmativas?». Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  142. «Daiane dos Santos é 'protótipo da brasileira'. BBC.com» 
  143. «Neguinho da Beija-Flor tem mais gene europeu. BBC.com» 
  144. «Ninguém sabe como me definir, diz atriz negra e '70% europeia'. BBC.com» 
  145. «Tenho orgulho de ser quase 100% africana. BBC.com» 
  146. «Milton Nascimento é '99,3% africano'. BBC.com» 
  147. a b c d e f Pena, Sérgio D. J.; Pietro, Giuliano Di; Fuchshuber-Moraes, Mateus; Genro, Julia Pasqualini; Hutz, Mara H.; Kehdy, Fernanda de Souza Gomes; Kohlrausch, Fabiana; Magno, Luiz Alexandre Viana; Montenegro, Raquel Carvalho; Moraes, Manoel Odorico; Moraes, Maria Elisabete Amaral de; Moraes, Milene Raiol de; Ojopi, Élida B.; Perini, Jamila A.; Racciopi, Clarice; Ribeiro-dos-Santos, Ândrea Kely Campos; Rios-Santos, Fabrício; Romano-Silva, Marco A.; Sortica, Vinicius A.; Suarez-Kurtz, Guilherme (16 de fevereiro de 2011). «The Genomic Ancestry of Individuals from Different Geographical Regions of Brazil Is More Uniform Than Expected». PLOS ONE. 6 (2): e17063. doi:10.1371/journal.pone.0017063 – via PLoS Journals 
  148. Comunicação, iSee. «Seja um amigo doador - Estatísticas sobre os doadores de sangue». www.amigodoador.com.br. Consultado em 26 de Agosto de 2016. Arquivado do original em 2 de Maio de 2012 
  149. a b c Reinaldo José Lopes (5 de outubro de 2009). «DNA de brasileiro é 80% europeu, indica estudo». Folha de S. Paulo. Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  150. a b c d «Allele frequencies of 15 STRs in a representative sample of the Brazilian population» (PDF). Consultado em 29 de dezembro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 8 de Abril de 2011 
  151. «"O impacto das migrações na constituição genética de populações latino-americana"» (PDF). unb.br 
  152. a b c d e f [3]
  153. Rodrigues de Moura, Ronald; Coelho, Antonio Victor Campos; de Queiroz Balbino, Valdir; Crovella, Sergio; Brandão, Lucas André Cavalcanti (10 de setembro de 2015). «Meta-analysis of Brazilian genetic admixture and comparison with other Latin America countries». American Journal of Human Biology. 27 (5): 674–680. doi:10.1002/ajhb.22714 – via Wiley Online Library 
  154. «Brazilian Journal of Medical and Biological Research - DNA tests probe the genomic ancestry of Brazilians». Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  155. a b de Assis Poiares, Lilian; de Sá Osorio, Paulo; Spanhol, Fábio Alexandre; Coltre, Sidnei César; Rodenbusch, Rodrigo; Gusmão, Leonor; Largura, Alvaro; Sandrini, Fabiano; da Silva, Cláudia Maria Dornelles (1 de fevereiro de 2010). «Allele frequencies of 15 STRs in a representative sample of the Brazilian population». Forensic Science International. Genetics. 4 (2): e61–63. PMID 20129458. doi:10.1016/j.fsigen.2009.05.006 – via PubMed 
  156. a b Lins, Tulio C.; Vieira, Rodrigo G.; Abreu, Breno S.; Grattapaglia, Dario; Pereira, Rinaldo W. (1 de março de 2010). «Genetic composition of Brazilian population samples based on a set of twenty-eight ancestry informative SNPs». American Journal of Human Biology. 22 (2): 187–192. doi:10.1002/ajhb.20976 – via Wiley Online Library 
  157. a b «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 27 de Janeiro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 22 de Maio de 2014 
  158. «pensamento.pdf (objeto application/pdf)» (PDF). www.laboratoriogene.com.br. Consultado em 22 de junho de 2011. Arquivado do original (PDF) em 22 de Maio de 2014 
  159. «Negros e pardos do Rio têm mais genes europeus do que imaginam, segundo estudo». Consultado em 29 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 6 de Julho de 2011 
  160. «História, Ciências, Saúde-Manguinhos - Reasons for banishing the concept of race from Brazilian medicine». Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  161. «Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia - The complexity of racial admixture in Brazil: hemoglobin S as an ethnic marker in its population». Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  162. a b c Manta, Fernanda Saloum de Neves; Pereira, Rui; Vianna, Romulo; Araújo, Alfredo Rodolfo Beuttenmüller de; Gitaí, Daniel Leite Góes; Silva, Dayse Aparecida da; Wolfgramm, Eldamária de Vargas; Pontes, Isabel da Mota; Aguiar, José Ivan; Moraes, Milton Ozório; Carvalho, Elizeu Fagundes de; Gusmão, Leonor (20 de setembro de 2013). «Revisiting the Genetic Ancestry of Brazilians Using Autosomal AIM-Indels». PLOS ONE. 8 (9): e75145. doi:10.1371/journal.pone.0075145 – via PLoS Journals 
  163. a b [4]
  164. a b [5]
  165. a b c da Silva, Maria Clara F.; Zuccherato, Luciana W.; Lucena, Flavia C.; Soares-Souza, Giordano B.; Vieira, Zilma M.; Pena, Sérgio D.J.; Martins, Marina L.; Tarazona-Santos, Eduardo (20 de outubro de 2011). «Extensive admixture in Brazilian sickle cell patients: implications for the mapping of genetic modifiers». Blood. 118 (16): 4493–4495. PMC 3204916Acessível livremente. PMID 22021456. doi:10.1182/blood-2011-06-361915 – via PubMed Central 
  166. a b c Saloum de Neves Manta, Fernanda; Pereira, Rui; Vianna, Romulo; Rodolfo Beuttenmüller de Araújo, Alfredo; Leite Góes Gitaí, Daniel; Aparecida da Silva, Dayse; de Vargas Wolfgramm, Eldamária; da Mota Pontes, Isabel; Ivan Aguiar, José; Ozório Moraes, Milton; Fagundes de Carvalho, Elizeu; Gusmão, Leonor (20 de setembro de 2013). «Revisiting the Genetic Ancestry of Brazilians Using Autosomal AIM-Indels». PLoS ONE. 8 (9). PMC 3779230Acessível livremente. PMID 24073242. doi:10.1371/journal.pone.0075145 – via PubMed Central 
  167. «Cópia arquivada». Consultado em 15 de outubro de 2010. Arquivado do original em 6 de julho de 2011 
  168. a b c d Pena, Sérgio D. J.; Bortolini, Maria Cátira (1 de abril de 2004). «Pode a genética definir quem deve se beneficiar das cotas universitárias e demais ações afirmativas?». Estudos Avançados. 18 (50): 31–50. doi:10.1590/S0103-40142004000100004 – via SciELO 
  169. a b c d e http://www.funpecrp.com.br/gmr/year2013/vol12-4/pdf/gmr3257.pdf
  170. «7913t01». www.scielo.br 
  171. a b c http://www.funpecrp.com.br/gmr/year2010/vol9-4/pdf/gmr911.pdf
  172. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp057440.pdf</ref[ligação inativa]
  173. «Cópia arquivada». Consultado em 1 de Fevereiro de 2014. Arquivado do original em 30 de Dezembro de 2013 
  174. «Cópia arquivada». Consultado em 1 de Março de 2012. Arquivado do original em 31 de Março de 2012 
  175. Ferreira, Francileide Lisboa; Leal-Mesquita, Emygdia Rosa; Santos, Sidney Emanuel Batista dos; Ribeiro-dos-Santos, Ândrea Kely Campos (1 de março de 2005). «Genetic characterization of the population of São Luís, MA, Brazil». Genetics and Molecular Biology. 28 (1): 22–31. doi:10.1590/S1415-47572005000100004 – via SciELO 
  176. «Genetics and Molecular Biology - β-globin haplotypes in normal and hemoglobinopathic individuals from Reconcavo Baiano, State of Bahia, Brazil». Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  177. Machado, TMB; Bomfim, TF; Galvão-Castro, B; Abé-Sandes, K (setembro de 2008). Ancestralidade genômica e tipos de sobrenomes em Salvador-BA (PDF). 54º Congresso Brasileiro de Genética. Salvador, BA: Sociedade Brasileira de Genética. ISBN 978-85-89109-06-2. Consultado em 22 de junho de 2011. Arquivado do original (PDF) em 26 de Abril de 2011 
  178. a b «sans.pdf (objeto application/pdf)» (PDF). www.fhuce.edu.uy. Consultado em 22 de junho de 2011. Arquivado do original (PDF) em 17 de Julho de 2011 
  179. «Blood polymorphisms and racial admixture in two Br... [Am J Phys Anthropol. 1982] - PubMed result». Consultado em 29 de dezembro de 2010 
  180. «Color and genomic ancestry in Brazilians». www.ncbi.nlm.nih.gov. Consultado em 22 de junho de 2011 
  181. «The Genomic Ancestry of Individuals from Different Geographical Regions of Brazil Is More Uniform Than Expected». Plasone.org. Consultado em 21 de abril de 2012 
  182. «Untitled Document» (PDF). Consultado em 29 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 6 de Julho de 2011 
  183. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 444.
  184. «Você sabe o que é um quilombo?». EBC. 20 de novembro de 2012. Consultado em 20 de novembro de 2021 
  185. Gerais, Universidade Federal de Minas. «'Outra estação' conta a história de dois quilombos de Belo Horizonte». Universidade Federal de Minas Gerais. Consultado em 20 de novembro de 2021 
  186. «Quilombos: o que são, no Brasil e Quilombo dos Palmares». Toda Matéria. Consultado em 20 de novembro de 2021 
  187. «Quilombolas: quem são, origem, tradição, condições». Brasil Escola. Consultado em 22 de setembro de 2023 
  188. «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018 
  189. «Por que tradicionais?». Instituto Sociedade População e Natureza. Consultado em 18 de julho de 2018 
  190. «Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas em 1.696 municípios | Agência de Notícias». Agência de Notícias - IBGE. 27 de julho de 2023. Consultado em 11 de setembro de 2024 
  191. a b «Tabela 9605: População residente, por cor ou raça, nos Censos Demográficos». sidra.ibge.gov.br. Consultado em 25 de dezembro de 2023 
  192. «Tabela 9605: População residente, por cor ou raça, nos Censos Demográficos». sidra.ibge.gov.br. Consultado em 25 de dezembro de 2023 
  193. «Tabela 9605: População residente, por cor ou raça, nos Censos Demográficos». sidra.ibge.gov.br. Consultado em 25 de dezembro de 2023 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Afro-brasileiros